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Programação

No documento 1.2 POR QUÊ ? (páginas 63-66)

3. A GESTÃO DEMOCRÁTICA DA ESCOLA PÚBLICA

4.1 Estrutura do Projeto político – pedagógico

4.1.3 Programação

A Programação são as ações concretas que a escola quer assumir, que objetivam superar as necessidades já identificadas. Como salienta Vasconcellos

(2002) a programação é fruto da realidade – desejo, surge como forma de superação da realidade (mesmo que parcial) em direção ao desejado.

O projeto pedagógico da escola apóia-se no desenvolvimento de uma consciência critica e na cooperação de várias esferas do governo e da comunidade e, principalmente, na autonomia, responsabilidade, e criatividade como processo e produto do projeto (Gadotti,1998).

O projeto pedagógico da escola pode ser considerado como um momento importante de renovação da escola. Projetar significa “lançar-se para a frente”

antever um futuro diferente do presente. Projeto pressupõe uma ação intencionada com um sentido definido, explicito, sobre o que se quer inovar (...) Todo o projeto supõe rupturas com o presente e promessas para o futuro.

Projetar significa tentar quebrar um estado confortável para arriscar-se, atravessar um período de instabilidade e buscar uma nova estabilidade em função a promessa de que cada projeto contém um estado melhor do que o do presente.. um projeto educativo pode ser tomado como promessa ante determinadas rupturas. As promessas tornam visíveis os campos de ação possíveis, comprometendo seus atores e autores. (GADOTTI,1998,p. 18-19).

Mas o Projeto político-pedagógico é uma construção que pode ser muito demorada, pois ele precisa ser discutido pela comunidade escolar. E, principalmente, ele precisa ser compreendido, estar em uma linguagem fácil para que todos possam compreendê-lo e estar em constante avaliação para ver se realmente ele está cumprindo seu papel de ação democrática e participativa. Se o projeto não for bem elaborado, ele pode acabar se tornando apenas um documento burocrático sem ação dentro da escola.

A implantação de um novo projeto político pedagógico enfrentará sempre a descrença de generalizada dos que pensam que de nada adianta projetar uma boa escola enquanto não houver vontade política dos “de cima”.

Contudo o pensamento e a prática dos “de cima” não se modificarão enquanto não existir pressão dos “de baixo” . um projeto político pedagógico deve constituir-se num verdadeiro processo de conscientização e de formação cívica. Deve ser um processo de recuperação da importância e da necessidade do planejamento na Educação. E tudo isso exige certamente uma educação para a cidadania (ibidem, p.21)

As escolas tiveram (e tem) oportunidade de se expressar enquanto instituição

democrática a partir da LDB 9394/1996, pois tem autonomia para executar sua própria proposta pedagógica, essa já é uma grande vitória adquirida pelos “de baixo” e motivo para continuar se lutando por uma educação participativa e em alguns aspectos descentralizada do poder do Estado.

É preciso levar em conta também que a escola não é a única instituição formadora, se aprende também na família, no grupo de amigos, na igreja, nos meios informacionais, etc. Na atualidade, a escola vem perdendo seu espaço para os meios de informação de que os alunos dispõem no seu dia-a-dia (computador, celular, televisão).

A maioria das escolas continua utilizando-se de meios triviais (quadro, giz, caderno, lápis) para promover a construção do conhecimento, enquanto que, fora da escola, o aluno tem acesso a informações e situações de aprendizagem que pode julgar bem mais “interessantes”. Os alunos situam-se no contexto escolar a partir de condutas e valores que foram construídos em outras instâncias, anteriores ou concomitantes à escola.

Portanto, ao tentar promover a construção de algum saber ou conhecimento é preciso estar ciente de que não existe uma forma única e linear para que o conhecimento seja construído, mas, ao contrário, cada pessoa constrói seu próprio conhecimento de acordo com seus interesses e dentro de um contexto que lhe é particular.

Frente a isso, a proposta pedagógica deve ser concebida como algo flexível e passível de mudanças, pois quando se trabalha com seres humanos, com a subjetividade humana, nada pode ser fixo ou acabado, a dialética da ação humana é algo que está sempre presente na escola.

A escola deve fortalecer os aspectos da cultura local, ressaltando suas particularidades. O aluno precisa compreender a gestão local dentro da dinâmica

global, compreender as condições sociais e políticas que impulsionam a produção do espaço local.

A dinâmica da sociedade atual tem gerado mudanças na área da educação.

Frente a isso professores e demais profissionais ligados ao contexto educacional são desafiados constantemente na construção de uma ação educativa que privilegie aspectos que levem o educando a um conhecimento amplo da esfera cognitiva e de relações com sua realidade, com a economia, a política, o seu local e sua região.

A escola não tem um fim em si mesma, ela está a serviço da comunidade, e a gestão democrática é um passo importante para o aprendizado da democracia (Gadotti, 1998). Além de conhecimento a escola também deve ensinar como funciona a política educacional. A instituição de ensino deve estar a par das ações organizativas e da movimentação política da comunidade a que serve. Por isso, escola e comunidade devem trabalhar juntas.

Se não houver necessidade de ação conjunta não é necessário planejar, pois o planejamento não surgiu então de uma real necessidade e pode não se consumar em uma ação positiva e concebida com o escopo de promover mudanças significativas. Pois como salienta Paulo Freire (2002) todo o planejamento educacional tem que responder as marcas e aos valores de sua sociedade. Só assim é que pode funcionar o processo educativo, ora como força estabilizadora, ora como fator de mudança.

4.2. Construção e implementação do Projeto político-pedagógico: algumas

No documento 1.2 POR QUÊ ? (páginas 63-66)