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2 CENÁRIOS DISCURSIVOS DA PESQUISA

2.6 Concepções de tecnologia na Educação

2.6.3 Outras experiências de uso do laptop educacional na modalidade 1 para 1

2.6.3.2 Programa Conectar Igualdade – Argentina

O Programa Conectar Igualdade foi concebido como uma política de Estado, criado pelo Decreto Presidencial 459/10, e é gerido pela articulação entre o Ministério da Educação, a Administração Nacional de Seguridade Social, o Ministério de Planejamento Federal, Investimento Público e Serviços e a Chefia de Gabinete dos Ministros. Teve como antecedente o projeto “Una computadora para cada alumno”, criado em 2009, destinado aos estudantes do segundo ciclo das escolas públicas da gestão estatal.

O Programa tem como princípio revalorizar a escola pública e melhorar a qualidade dos processos de ensino e aprendizagem. Prevê a distribuição de 3 milhões e 500 mil de computadores portáteis a estudantes e professores das escolas de Educação Secundária Orientada, Educação Técnica Profissional, Educação Especial e aulas digitais para os Institutos Superiores de Formação Docente de todo o País, nos anos de 2010 e 2013. Até setembro de 2013 foram entregues 3.437.206 notebooks, número próximo da meta de 3.500.000 mil distribuídos em todo o País31. Os laptops educacionais são acompanhados de servidores e roteadores com vistas a organizar uma rede em cada unidade escolar.

Os modelos de laptops educacionais usados pelo Programa Conectar Igualdade são Bangho (fabricação argentina), CDR (fabricação filipina), Depot (fabricação estadunidense), Edunec, Exo (fabricação argentina), Lenovo (fabricação chinesa), Maghallaes (fabricação ianque feita pela Intel e montagem portuguesa), Noblex (fabricação argentina), Positivo (fabricação brasileira) e Samsung (fabricação coreana) e usam dois sistemas operacionais, Linux e Windows. Um grande diferencial do Programa Conectar Igualdade diz respeito à performance dos equipamentos, todos com disco rígido de 250 GB e memória de

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Segundo informações disponíveis em: <http://www.conectarigualdad.gob.ar/seccion/sobre-programa/que- conectar-igualdad-53>. Acesso em: 20 set. 2013.

1GB, enquanto as máquinas do Programa UCA, por exemplo, têm memória de 512 MB e disco rígido de 4GB.

Foram realizadas ações de formação docente, incorporação das tecnologias de informação e comunicação nos conteúdos curriculares e desenvolvimento de produções e conteúdos digitais de qualidade para usos nas ações de ensino e aprendizagem. O laptop distribuído ao professor conta com um conteúdo especialmente desenvolvido para colaborar no planejamento das atividades com o uso do computador. Por intermédio do “Escritorio del docente” estão disponíveis diversas propostas metodológicas, que incluem sequências didáticas, atividades, vídeos, biblioteca, cursos e programas educativos para estimular o docente na utilização dos computadores. Os computadores dos estudantes também foram preparados com um conjunto de recursos disponíveis no “Escritorio Alumnos”, com jogos, programas, vídeos, livros digitais, atividades e cursos.

Entre os objetivos do Programa Conectar Igualdade, estão a promoção da igualdade de oportunidades a todos os jovens do País, proporcionando um instrumento que possibilita a redução da exclusão digital, além de incorporar as famílias para que sejam participantes atuantes, formar sujeitos capazes de utilizar o conhecimento como meio para compreender e transformar seu entorno social, econômico, ambiental e cultural, recuperar e valorizar a escola pública, buscar aproximação com os interesses, necessidades e demandas dos alunos, bem como garantir a eles maior possibilidade de inserção no mundo do trabalho.

Os alunos e docentes são incentivados a levar o computador para casa com o propósito de incluir a família no processo de aprendizagem. Assim como foi pensado um espaço para os docentes e estudantes, com os “Escritorio del docente” e o “Escritorio Alumnos”, foi criado um “Escritorio de Familia”, com informações sobre o Programa “Conectar a Igualdade”, sobre o uso responsável das tecnologias de informação e comunicação e um conjunto de sugestões de páginas eletrônicas para que a família possa visitar. A Área de Avaliação e Acompanhamento do Programa realizou um levantamento referente à primeira etapa de implantação e que corresponde ao período de outubro a dezembro de 2010, por meio de visitas a 39 escolas, entrevistas com 366 membros da comunidade escolar e questionários sobre a percepção das pessoas quanto ao “Conectar a Igualdade”.

Os dados obtidos no estudo indicam que houve muitas dificuldades de ordem técnica e logística, o que implicou a falta de conexão à internet em muitas escolas, comprometendo o uso dos netbooks nas escolas.

A implantação da modalidade 1 para 1 provocou distintas percepções acerca do Programa. Enquanto uns têm a compreensão de que se trata de um direito, outros dizem se tratar de uma política assistencialista, e ainda há os que consideram a distribuição dos computadores como um prêmio. Os professores, por sua vez, reclamam tempo e capacitação para uso dos laptops, mas reconhecem que o programa incentiva um processo de mudança que se faz necessário. Houve ainda queixas quanto à distribuição de computadores para os docentes, o que em algumas escolas não chegou à meta prevista de 10% do número de laptops recebidos pelos estudantes.

O nível de satisfação dos membros da comunidade escolar com a fase inicial do Programa varia de muito alto, com 22,5%; alto, 35%; e, por fim, regular, com 42,5%. Adultos e estudantes têm visões diferenciadas sobre o “Conectar a Igualdade” na escola. Enquanto 85% dos adultos consideram que o programa é fundamental para a escola, esse percentual cai para 69% segundo a opinião dos estudantes. Por outro lado, os dois segmentos têm opiniões muito próximas quando perguntados se o programa contribui para a conclusão da escola secundária: 62% dos adultos responderam afirmativamente e 61% dos estudantes também.

O relatório expressa um conjunto de recomendações, como criar um número de telefone 0800 para tratar das questões de ordem técnica, reforçar o serviço de assistência técnica externa, estimular atividades dentro e fora da escola, fortalecendo laços de solidariedade e colaboração, oferecer meios para uso dos netbooks na escola e com as famílias, estar atento à relação entre experiência e saber, tanto no nível do estudante e docente e dos novos vínculos que passam a se estabelecer entre eles, articular o Programa “Conectar a Igualdade” com outras políticas que fortaleçam a permanência dos estudantes na escola, elaborar políticas que orientem os processos de mudança para a integração das TDIC na modalidade 1 para 1, realizar um acompanhamento das experiências, facilitando a transição da etapa de experimentação para a etapa de integração, inserir as TICs na maior quantidade de espaços curriculares, incentivar o uso dos laptops com fins educacionais, além do uso recreativo e social.

Considerando os resultados analisados nos estudos e pesquisas desenvolvidas neste capítulo, abordaremos a seguir como a implementação do Projeto UCA vem ocorrendo na Escola Flor de Maravilha, como anteriormente anunciado.