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Programa de monitoramento do hidro período da várzea de marés do rio

No documento PREFEITURA MUNICIPAL DE BARREIRINHAS (páginas 40-46)

4 PROGRAMAS, PROJETOS E AÇÕES

4.6 Programa de monitoramento do hidro período da várzea de marés do rio

4.6.1 Introdução

Estuários podem ser conceituados como zonas de mistura da água oceânica com descargas fluviais nas fozes de rios. Os seus limites à montante e jusante são dinâmicos, pois representam um equilíbrio entre as variações sazonais de vazão fluvial e os ciclos diários, quinzenais, mensais e semestrais das marés astronômicas.

No litoral norte brasileiro são comuns os grandes estuários formados pelo encontro de marés de grande altura com as significativas vazões de rios perenes. Em alguns, como o rio Amazonas, a mistura de água doce e salgada ocorre em mar aberto, em plena plataforma continental.

Outra peculiaridade dos estuários em regiões macromareais com rios perenes é o barramento parcial da vazão fluvial pelas marés astronômicas gerando o fenômeno da Maré

Dinâmica, que acrescenta a trechos do rio as características de preamar e baixa-mar diárias e

reversões de fluxo (para montante nas enchentes e para jusante nas vazantes). As regiões fluviais sob efeito da maré de represamento são definidas como estuários de maré dinâmica (ou várzea de marés). Importante ressaltar que a maré dinâmica não implica em salinização do corpo de água, que continua com características de ambiente dulcícola.

Em síntese, os estuários da zona costeira maranhense podem ser subdivididos em estuários salinos e estuários de maré dinâmica. Em ambos se observa o ciclo das marés, mas somente nos primeiros ocorre a salinização do corpo d´água.

O rio Preguiças tem caráter de estuário de maré dinâmica entre Sobradinho e Vassouras, e de estuário salino de Mandacaru a Atins. O estuário de maré dinâmica tem aproximadamente 70 km de extensão e aproximadamente 1000 ha de espelho d´água e volume estimado em 30 milhões de m3. Por sua vez, o estuário salino abriga cerca de 50 milhões de m3 ao longo de um eixo de 16 km de extensão e espelho d´água de quase 2000 ha.

A importância dos recursos hídricos da várzea de marés para o município é estratégica, pois é no estuário de maré dinâmica que é captado toda a água que abastece a sede

municipal e é nele que são lançados todos os seus efluentes. O desafio da gestão do volume hídrico da várzea de marés decorre de duas de suas peculiaridades, que são a reversão de fluxo e a dificuldade em calcular o potencial de diluição de efluentes pelo corpo d´água.

A reversão (inversão de fluxo) representa complicador na determinação de pontos de captação e lançamento de efluentes. Em ambientes fluviais típicos, com a água fluindo sempre de montante para jusante, a prática comum é o posicionamento dos pontos de lançamento de efluentes à jusante dos pontos de captação de água. Contudo, essa regra não pode ser aplicada na várzea de marés, que apresenta reversão diária no sentido de fluxo e torna relativas as posições de montante e jusante.

Complexidade adicional decorre da dificuldade em modelar a capacidade de diluição do corpo d´água, pois o volume escoado de uma várzea de marés difere daquele observado em um rio típico. Nesse último, a vazão (m3/s) é calculada multiplicando a seção úmida do canal (m2) pela velocidade de fluxo (m/s), enquanto que em ambiente com maré dinâmica parte do volume escoado durante a situação de vazante (montante para jusante) poderá retornar durante o período de fluxo de enchente (de jusante para montante).

Finalmente, é importante introduzir dois conceitos sobre a diluição da carga potencialmente poluidora de corpos de água do estuário dinâmico que são o tempo de residência e o tempo de exposição de determinado poluente. O primeiro corresponde ao período necessário para que uma partícula poluente ultrapasse, pela primeira vez, os limites de uma área de referência, enquanto que o tempo de exposição é o período necessário para que a partícula poluente não adentre novamente a área de referência (sendo definitivamente transportada para fora da área de referência).

4.6.2 Objetivos

São objetivos do presente Programa:

a) Identificar os ciclos diários, quinzenais e semestrais de preamares e baixa-mares na várzea de marés do rio Preguiças;

______________________________________________________________________________________ Rua Maria Pandu 08 Olho de Porço – Raposa/MA CEP 65.138-000 (Escritorio): Rua dos Angelins, Quadra J, N.

04A-1 - Renascença I - Săo Luís / MA, CEP: 65.076-030 (+55 98) 3083-5449 / 3088 0093 - E-Mail: sac@gestaoamb.com.br

b) Realizar levantamento batimétrico e medição de velocidades de correntes de superfície e fundo em trechos selecionados do rio Preguiças na zona urbana de Barreirinhas

c) Estimar volumes residentes de renovação em diferentes ciclos de preamar e baixa-mar do rio Preguiças na zona urbana de Barreirinhas

d) Realizar levantamento semicadastral de população residente nas margens entre Sobradinho e São Domingos, e de pontos de captação de água e lançamento de efluentes;

e) Estimar tempos de residência e exposição para a carga poluidora associada ao lançamento de esgotos domésticos no rio Preguiças na zona urbana de Barreirinhas;

f) Elaborar modelo conceitual sobre os cenários de comprometimento e melhoria da qualidade da água de abastecimento público da cidade de Barreirinhas.

4.6.3 Justificativa

O potencial poluidor dos efluentes domésticos da área urbana de Barreirinhas é subestimado em função da crença sobre a grande capacidade de diluição do rio Preguiças, visto como rio de porte significativo pela comunidade local.

Contudo, o rio Preguiças, em Barreirinhas, não é tecnicamente um “rio”, mas sim um corpo de água estuarino conhecido como Várzea de Marés. Esse apresenta reversões de fluxo em ciclos diários de preamar e baixa-mar e, portanto, não tem a mesma capacidade diluidora de um rio típico que escoaria permanentemente de montante para jusante.

Infelizmente, a real capacidade diluidora do rio Preguiças é desconhecida, e inexistem estudos oficiais sobre variáveis e indicadores essenciais para realizar tal avaliação.

A necessidade de estudos sobre a real capacidade de diluição dos efluentes domésticos no rio Preguiças é tornada ainda mais urgente considerando o fato do mesmo ser a principal fonte de abastecimento de água para as dezenas de milhares de pessoas residentes na sede municipal.

4.6.4 Metodologia

O modelo conceitual sobre o potencial de diluição dos efluentes domésticos lançados no rio Preguiças e capacidade de manutenção da qualidade de água utilizada para abastecimento público na cidade de Barreirinhas será desenvolvido a partir de base cartográfica georeferenciada das fontes poluidoras; caracterização batimétrica, correntometria e hidro período; estimativa dos volumes residente e de renovação; e avaliação da vazão efetiva do rio Preguiças.

a) Levantamento semicadastral de população residente nas margens entre Sobradinho e São Domingos será feito a partir de mapeamento de edificações nas margens dos rios em imagem satélite de alta resolução disponível no site Google Earth. Os pontos de lançamento de efluentes serão identificados em vistorias de campo para a área urbana;

b) A caracterização do hidro período utilizará duas estações com linígrafos digitais a serem instaladas em Sobradinho e São Domingos. Os registros de nível serão realizados automaticamente em intervalos de 15 minutos para determinar as variações de hidro período ao longo de ciclo diário, quinzenal, mensal e semestral das marés astronômicas responsáveis pelo barramento hidráulico das águas fluviais;

c) Será feito levantamento batimétrico com ecobatímetro digital acoplado com GPS para estabelecer a seção úmida média em perfis selecionadas para o trecho supracitado. Medições de velocidades médias de correntes de superfície e fundo serão feitas em diferentes situações de preamar e baixa mar e estação chuvosa e seca com sensores ADCP;

d) Será feito monitoramento da qualidade de água usando os parâmetros estabelecidos nas resoluções CONAMA 359 e 420;

e) Será elaborado modelo conceitual de síntese sobre a real capacidade de diluição do rio Preguiças para os efluentes domésticos da zona urbana.

______________________________________________________________________________________ Rua Maria Pandu 08 Olho de Porço – Raposa/MA CEP 65.138-000 (Escritorio): Rua dos Angelins, Quadra J, N.

04A-1 - Renascença I - Săo Luís / MA, CEP: 65.076-030 (+55 98) 3083-5449 / 3088 0093 - E-Mail: sac@gestaoamb.com.br 4.6.5 Público alvo

a) Instituições federais, estaduais e municipais de meio ambiente e recursos hídricos;

b) Instituições de ensino superior maranhenses

4.6.6 Indicadores

a) Estimativas de vazão efetiva e capacidade de diluição do rio Preguiças na área urbana de Barreirinhas;

b) Tempo de residência e exposição de poluentes oriundos de lançamento de esgotos domésticos.

4.6.7 Cronograma

Programa será desenvolvido ao longo das estações chuvosas e seca, de seis meses cada. Importante ressaltar que o objetivo do presente programa é a consolidação de modelo conceitual que permitirá elaborar os cenários de comprometimento e melhoria da qualidade da água de abastecimento público da cidade de Barreirinhas.

O cronograma apresentado no quadro 8 foi elaborado considerando janeiro como o mês de início do programa. A estação chuvosa estende-se de janeiro a julho (M1 a M6) e a estação seca de agosto a dezembro (M8 a M12).

Quadro 8 - Cronograma de ações AÇÕES MÊS 1 MÊS 2 MÊS 3 MÊS 4 MÊS 5 MÊS 6 MÊS 7 MÊS 8 MÊS 9 MÊS 10 MÊS 11 MÊS 12 Levantamento semicadastral de população e pontos de lançamento de efluentes Instalação e manutenção de linígrafos para monitoramento do hidroperíodo * Levantamento batimétrico e correntometria Elaboração de relatório de síntese Elaboração de cenários de comprometimento

______________________________________________________________________________________ Rua Maria Pandu 08 Olho de Porço – Raposa/MA CEP 65.138-000 (Escritorio): Rua dos Angelins, Quadra J, N.

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4.7 Programa de caracterização do regime hídrico dos principais cursos de água perenes

No documento PREFEITURA MUNICIPAL DE BARREIRINHAS (páginas 40-46)

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