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Programa de Revitalização da Indústria Mineral Brasileira

Mapa 6. Mapa de geológico da região de Taió, SC

3. LEGISLAÇÃO MINERAL

3.2. MUDANÇAS RECENTES

3.2.1. Programa de Revitalização da Indústria Mineral Brasileira

O Governo Federal, a partir do ano de 2017, resgatou parte das propostas de 2013 (Projeto de Lei n° 5807/2013, que não logrou êxito à época devido ao quadro de instabilidade política nacional), efetivando novas alterações no Código de Mineração (Decreto-lei n° 227/1967), na legislação tributária incidente no aproveitamento minerário (CFEM) e apresentou a criação de nova entidade reguladora da atividade mineral, a Agência Nacional de Mineração, através do Programa de Revitalização da Indústria Mineral Brasileira, apresentado no dia 25 de julho de 2017 (BRASIL, 2017). Tais ações do programa tiveram como objetivos a elevação da contribuição da atividade extrativa mineral no percentual total do PIB brasileiro; a geração de emprego e renda; a atração de investimentos privados; a maior dinâmica no setor e a modernização da legislação de forma a desburocratizar e oferecer maior segurança jurídica a área (BRASIL, 2017).

Em conjunto com o evento de lançamento parte do Poder Executivo do programa citado acima, foram assinadas as três Medidas Provisórias n° 789, n° 790 e n° 791 de 25 de julho de 2017, e posteriormente, o Decreto-lei n° 9.406/2018, pelo então presidente Michel Temer. Tais matérias apresentaram as maiores e mais significativas mudanças na legislação minerária brasileira nas últimas cinco décadas, e por este motivo, serão analisadas em maior detalhe a seguir.

3.2.1.1. Medida Provisória n° 789/2017

A MP n° 789/2017 dispôs sobre alterações na CFEM com regulamentação presente nas Leis n° 7.990/1989 e n° 8.001/1990, especificamente nos Art. 6° e Art. 2° de cada lei, respectivamente, e alterados pelos art. 1° e art. 2° da MP. Posteriormente, a MP foi consolidada pelo Congresso Nacional através da Lei n° 13.540, de 18 de dezembro de 2017.

O Apêndice A apresenta tabela comparativa entre as modificações no Art. 6° da Lei n° 7.990/1989 em vigência até o momento de adoção da MP n° 789/2017, que trata do enquadramento quanto à aplicabilidade de recolhimento da CFEM por parte da atividade de exploração mineral. Na segunda coluna do quadro em anexo está presente o texto que passou a vigorar através da MP n° 789/2017 e a na terceira coluna a consolidação do texto-lei pelo Congresso Nacional por meio da Lei

n° 13.540/2017.

O Apêndice B apresenta o comparativo entre as modificações no Art. 2° da Lei n° 8.001/1990 em vigência até o momento de adoção da MP n° 789/2017, que trata da aplicação das alíquotas da CFEM incidentes no aproveitamento de substâncias minerais. Na segunda coluna do quadro em anexo está presente o texto que passou a vigorar através da MP n° 789/2017 e a na terceira coluna a consolidação do texto-lei pelo Congresso Nacional por meio da Lei n° 13.540/2017.

A análise interpretativa da transição entre as Leis n° 7.990/1989 e n° 8.001/1990, passando pela MP n° 789/2017 até a Lei n° 13.540/2017 será feita na seção apropriada para discussão posteriormente, assim como seus efeitos práticos na atividade mineradora.

3.2.1.2. Medida Provisória n° 790/2017

O Código de Mineração, como ficou amplamente conhecido o Decreto-Lei n° 227/1967, em conjunto com suas legislações complementares, em especial a Lei n° 6.567/1978 que dispõe sobre regimes especiais de exploração e aproveitamento de substâncias minerais, foi alvo de reformulação por meio da MP n° 790/2017.

A MP n° 790/2017 vigorou entre 25 de julho de 2017 e 28 de novembro do mesmo ano, perdendo sua eficácia após o prazo de 120 dias de vigência, uma vez que mesmo que a Comissão Mista da MPV 790/2017 do Congresso tenha apresentado o Projeto de Lei de Conversão n° 39/2017, não houve esforços significativos por parte do Poder Executivo nem das Casas do legislativo para efetivação da matéria, levando a caducidade de vigência e arquivamento (BRASIL, 2017).

Os Apêndices C e D apresentam o comparativo entre as alterações nos artigos do Decreto-Lei n° 227/1967 e da Lei n°6.567/1978, respectivamente, em vigência até o momento da adoção da MP n° 790/2017.

Adiante neste trabalho haverá a devida discussão dos efeitos temporários causados pelo período de vigência da MP, assim como a conclusão sobre a necessidade de reforma do Código de Mineração.

3.2.1.3. Medida Provisória n° 791/2017

A Agência Nacional de Mineração, autarquia vinculada ao MME e entidade substitutiva ao DNPM na administração pública federal, teve sua criação instituída através da MP n° 791/2017.

A conversão da referida MP pelo Congresso se deu por meio da Lei n° 13.575 de 26 de dezembro de 2017, que trata da consolidação da ANM, extinção definitiva do DNPM e adequação de leis correlatas que citem responsabilidades e competências de gestão, regulação e fiscalização dos recursos minerais por parte da União.

sancionado pelo presidente após apreciação do Congresso Nacional está demonstrado no Apêndice E, excluindo-se os capítulos referentes a “Estrutura Organizacional e Funcionamento” e “Receitas”, que tratam de assuntos de natureza organizacional interna e de autossustento. Destaca-se que devido a serem textos-lei diferentes, mesmo que com natureza e competências similares, não é possível realizar uma equiparação entre a redação de artigos da Lei n° 8.876/94 (instituição do DNPM como autarquia) e da Lei n° 13.575/2017, cabendo a análise das mudanças de atuação entre DNPM e ANM apenas na seção de discussão deste trabalho.

3.2.1.4. Decreto n° 9.406/2018

O Decreto n° 9.406, de 12 de junho de 2018 foi instituído pelo Poder Executivo meses depois da perda de efeito da MP n° 790/2017, de forma a regulamentar de forma complementar o Código de Mineração (Decreto-Lei n° 227/1967) através de quatro capítulos e 84 artigos, sendo assim reconhecido como Regulamento do Código de Mineração. O fato de o Governo Federal optar por legislar via legislação acessória ao invés de dar prosseguimento à conversão da própria MP editada meses antes faz parte de discussões nos âmbitos do Direito Administrativo, Legislativo e Constitucional, fugindo ao escopo deste trabalho, que busca apresentar de forma restritiva as mudanças e os impactos causados no setor da mineração.

As Disposições Preliminares fazem parte do Capítulo I, definindo conceituações a atividade de mineração; jazidas; minas; direito de prioridade e da área livre; pesquisa; lavra; lavra garimpeira e licenciamento, além de estabelecer como fundamentos para o desenvolvimento da mineração o interesse nacional e a utilidade pública no seu art. 2°.

O Capítulo II dispõe sobre os cinco regimes de aproveitamento de recursos minerais mais os dois regimes de exceção, apresentados a seguir:

I - regime de concessão, quando depender de Portaria do Ministro de Estado de Minas e Energia ou quando outorgada pela ANM, se tiver por objeto as substâncias minerais de que trata o art. 1º da Lei nº 6.567, de 1978;

II - regime de autorização, quando depender de expedição de alvará pela ANM; III - regime de licenciamento, quando depender de licença expedida em obediência a regulamentos administrativos locais e de registro da licença na ANM;

IV - regime de permissão de lavra garimpeira, quando depender de permissão expedida pela ANM; e

V - regime de monopolização, quando, em decorrência de lei especial, depender de execução direta ou indireta do Poder Executivo federal.

Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica aos:

I - órgãos da administração direta e autárquica da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, sendo-lhes permitida, por meio de registro de extração, a ser disciplinado em Resolução da ANM, a extração de substâncias minerais de emprego imediato na construção civil, definidas em Portaria do Ministro de Estado de Minas e Energia, para uso exclusivo em obras públicas por eles executadas diretamente, respeitados os direitos minerários em vigor nas áreas onde devam ser executadas as obras e vedada a comercialização; e

II - trabalhos de movimentação de terras e de desmonte de materiais in natura que se fizerem necessários à abertura de vias de transporte e a obras gerais de terraplenagem e de edificações, desde que não haja comercialização das terras e dos materiais resultantes dos referidos trabalhos e ficando o seu aproveitamento restrito à utilização na própria obra. (BRASIL, 2018).

Fazem parte do Capítulo II também os regimes de autorização; de concessão; de licenciamento e de permissão de lavra garimpeira. Infrações e sanções administrativas compõem o Capítulo III, e o capítulo final (Capítulo IV) trata das disposições finais e transitórias.

As principais alterações cometidas pelo Decreto serão discutidas com maior ênfase na seção apropriada para discussões, mas cabe uma prévia de citação dos itens alterados que merecem destaque: obrigações adicionais para a Concessão de Lavra (art. 34); inclusão expressa do fechamento de mina como uma das fases que compõe a atividade de mineração (art. 5°); a previsão de responsabilização do minerador pela recuperação de áreas degradadas (§2° do art. 5°); processo de instituição de servidão mineral (art. 41); alterações na conceituação de termos inerentes a atividade mineral (lavra, lavra ambiciosa, recursos e reservas, contidas na Seção IV, por exemplo) e a considerada pelo presente autor a mais significativa das mudanças: o procedimento de disponibilidade de áreas desoneradas ou extintas aplicadas a editais com previsão de possibilidade por parte da ANM, a seu critério, submeter à área a oferta pública prévia e a leilão eletrônico específico, previstos nos artigos 45 e 46.

3.2.2. Demais Regulamentos do ano de 2017

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