O Deficiente e o Desporto
Não existem grandes diferenças nos motivos, pelos deficientes e pelos atletas dito normais, como responsáveis na sua decisão de praticar desporto.
Ao longo do tempo o conceito de desporto tem sofrido algumas variações devido à evolução da cultura dos diferentes povos e a um melhor conhecimento do fenómeno desportivo. Durante muito tempo o desporto foi associado à masculinidade, à força, resistência e velocidade, ao jovem de ombros largos e perfeito em todo o seu ser.
Esta imagem ficou abalada ao emergir o lema “ Desporto para todos”. Hoje praticam desporto os homens e as mulheres, as crianças e jovens, os adultos e os idosos, os saudáveis e os doentes, os “ normais” e os deficientes.
O deficiente tem direito à prática desportiva. O desporto é um direito que assiste a todos os cidadãos, independentemente da sua condição. O desporto deve chegar a todos e a cada um.
Inicialmente, o desporto para deficientes contemplava uma vertente clinicamente terapêutica. Mais tarde, juntamente como valor fisiológico.
Com esta evolução, passa a ser notório, que, o desporto contribui para o desenvolvimento da performance dos deficientes, para um melhor conhecimento das suas capacidades efetivas, para aumentar a sua autoestima e para alertar a população em geral. Isto é, o desporto dá a possibilidade do deficiente demonstrar à sociedade e a si próprio que ser deficiente não significa ser inválido.
35 Assim, o desporto passa a ter um papel fundamental para o deficiente pois contribui para a sua (re)integração na sociedade.
Então ao participar em atividades desportivas proporciona ao deficiente:
Auto conceito / imagem corporal
Capacidade física
Ajustamento social
Favorecer a imagem corporal, contribuindo para o “aceite” do corpo e consequente relação corporal e afetiva com os outros.
O desporto deverá permitir ao doente visualizar um caminho positivo para a vida, orientando o seu comportamento para a saúde, para a sua personalidade, para a sua vida em sociedade, para a sua motricidade e perante si mesmo.
Eis alguns exemplos de modalidades desportivas:
Atletismo (a pé ou em cadeira de rodas)
Natação
Futebol (de 5 e de 7)
Boccia
Basquetebol (a pé ou em cadeira de rodas)
Voleibol
Ténis (a pé ou em cadeira de rodas)
Ténis de Mesa (a pé ou em cadeira de rodas)
Ciclismo (triciclo, bicicleta e tandem)
Xadrez Goal Ball Bowling Ginástica Pesca Tiro
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Tiro com Arco
Esgrima
Halterofilia
Judo
Remo (na água ou indoor)
Vela
Hipismo
Programação de animação desportiva para pessoas com deficiência mental
A deficiência mental refere-se a um estado de funcionamento atípico no seio da comunidade, manifestando-se logo na infância, em que as limitações do funcionamento intelectual (inteligência) coexistem com as limitações de comportamento adaptativo.
Atitudes, comunicação e comportamentos
Recolha de informações (história familiar, ambiente socioeconómico,...).
Determinar as capacidades da pessoa. Não subestimar as capacidades e interesses.
Não assumir que a pessoa com deficiência terá também outras.
Com uma pessoa em cadeira de rodas ou baixa estatura assumir a posição de sentado em frente da mesma.
Ser paciente, sem ser super-protector ou indulgente.
Não assumir de imediato que uma pessoa em cadeira de rodas necessita de ajuda.
Permitir a participação em todas as atividades que se oferece ao grupo.
Comunicar de forma aberta e clara independentemente da sua incapacidade.
Ofereça ajuda para realização das atividades, mas não o faça antes de lhe ser solicitada.
Repetir as instruções e sempre que possível demonstrar. Dar feedback frequentes.
Use terminologia apropriada na comunicação.
Limite as barreiras do envolvimento.
Explicar a atividade e assegurar-se que a pessoa percebeu as instruções.
Assegurar de que o tempo de execução é suficiente. Permitir a repetição.
Rever todos os procedimentos de segurança. Alguns indivíduos podem não ter a noção do risco.
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Caso uma PPDM caia espere indicação da pessoa se precisa de ajuda. Se for pedida ajuda, pergunte de que forma o deve fazer.
Não remova os equipamentos auxiliares da área de atividade das PPDM.
Elabore programas que permitam oportunidades de sucesso, novas experiências e desafios para os participantes.
Providenciar igualdade de oportunidades na realização das atividades. Adaptar as atividades.
Encontrar soluções para que as pessoas se sintam em segurança, desejem agir e possam conquistar autonomia.
Atividades
Dança tradicional/ moderna
Tiro com arco
Atividades em aparelhos com cordas
Escalada Jogos tradicionais Atividades aquáticas Musculação/ cardiofitness Passeios pedestres Materiais Materiais similares
Ser criativos, inovadores e ter a capacidade de adaptar os equipamentos, sem desprezar nunca os aspectos de segurança.
Critério de participação deve ser adequado ao potencial do participante, às possibilidades de adaptação dos equipamentos e às questões de segurança e não relativa deficiência do sujeito.
Espaços
Fase inicial é; preferível que as sessões decorram em espaços mais reservados e só depois do grupo estar preparado que devemos “utilizar espaços abertos”.
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É necessário criar condições no espaço físico envolvente que restrita o movimento e a participação, reduzir as barreiras arquitetónicas –portas, escadas, etc., e as barreiras naturais.
Nº de pessoas a enquadrar
Atividades Nº máx. Pessoas a enquadrar
Nº máx. PPDM
Dança tradicional/ moderna 1 15
Tiro com arco 3 8
Atividades em aparelhos com cordas 3 8 Escalada 3 8 Jogos tradicionais 2 8 Atividades aquáticas 3 11 Musculação/ cardiofitness 2 8 Passeios pedestres 2 8 Aspectos de segurança: Linguagem simples. Flexíveis e criativos.
Sessões previamente preparadas.
Informar os técnicos que ajudam a enquadrar a atividade sobre os aspectos de segurança e sobre o plano de sessão.
Sobre o risco da atividade, planear quando e como o comunicamos às pessoas, porque se sentem insegurança já não realizam a atividade.
Tipo de organização das atividades
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Visualização de revistas e vídeos
Desenho
Conversámos
Selecionamos os alunos de acordo com o seu interesse pela atividade
Formámos um grupo de 9 utentes
Primeira Fase Escalada - Numa parede indoor os alunos efetuaram travessias laterais. Como equipamento de segurança foram usados capacetes e colchões para eventuais quedas.
Segunda fase Escalada - Exemplificamos a escalada de uma via de 3 metros numa parede em outdoor, após o qual os alunos iniciaram a realização.
Terceira fase Escalada - Abrimos duas vias de 5 metros, uma ao lado da outra. Como estratégia o técnico escalou ao mesmo tempo que o aluno dando-lhe feedbacks positivos e de informação sobre qual a melhor presa para agarrar. Com alguns alunos não foi necessário utilizar esta estratégia uma vez que não apresentaram receio na realização.
Passeio Pedestre - Alguns conselhos…
Caminhadas Curtas e Pedagógicas;
Foto Paper;
Jogos Tradicionais ou lúdicos (pistas);
Brincadeiras”;
Comunicação;
Muitas Paragens;
Fotografia;
Tiro com Arco - Alguns conselhos…
•1º Distância Pequena (+-3/4 metros)
•Ajudar a efetuar a puxada com pequena abertura, sempre com apoio •+ de 4 metros só se o grupo tiver experiência ou se já passamos a 1ª fase
40 •2 monitores para o controlo do grupo em espera;
•Atividade de risco (zona de segurança);
Dança Tradicional e Moderna - Alguns conselhos…
Música Tradicional (Zumba na Caneca)
Música Moderna (Portuguesa ou Brasileira)
Gestos Simples (comer, beber, chuto, palmas)
Repetir e repetir…
Promover Espetáculos
Recomendamos para o ensino de atividades de recreação e de desporto de natureza com PPDM, que as habilidades básicas ou fundamentais sejam incluídas e consideradas como conteúdos básicos numa primeira fase dos programas de intervenção.
Só após haver um nível de execução adequados e deverá avançar para o ensino/experimentação das suas formas mais exigentes e para a sua integração em atividades desportivo-motoras mais complexas.
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