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Programas de Gestão, Informação e Promoção do Turismo no Brasil: Transformações e Continuidades.

No documento Turismo e trabalho no Brasil (páginas 134-138)

As Políticas de Turismo no Brasil

3.3 As políticas de Turismo no primeiro governo Lula

3.3.1 Programas de Gestão, Informação e Promoção do Turismo no Brasil: Transformações e Continuidades.

Tendo em vista a nova estruturação das políticas de Turismo, com a criação de Conselhos e Fóruns de gestão e discussão das ações e problemas do desenvolvimento da atividade no plano nacional, estadual e municipal, se aprofunda no governo Lula uma

78 Por outro lado, o Plano Nacional de Turismo previsto da política pública do governo FHC não chegou a ser

realizado, de modo que se assinalava a ausência, na história do país, de um processo completo de planejamento estatal para o Turismo, com a organização conjunta e coerente de uma Política Nacional e de Plano Nacional de Turismo (Sansolo e Cruz, 2006).

mudança de perspectiva sobre importância da participação de amplos setores da sociedade na organização do Turismo e na implantação e avaliação das políticas a ele destinadas. Tal participação, entretanto, dependeu sempre da efetivação dos canais e instrumentos criados, o quê, sem dúvida, se processa de maneira muito distinta com relação a cada um dos atores sociais e instâncias de representação envolvidas.

Nota-se que a preocupação quanto ao andamento das discussões realizadas nos espaços de representação coletiva, bem como, quanto à interlocução e avaliação das ações levadas a cabo pelo MTur, estiveram presentes desde a formulação do PNT, que cria programas específicos para responder a estas questões. Os relatórios de atividades do Ministério apresentados ao Conselho Nacional de Turismo em seus encontros regulares, que também fazem parte do processo interlocução, destacam, neste sentido, no interior do Macroprograma de Gestão e Relações Institucionais, o estabelecimento de dois programas com o intuito de acompanhar as ações e o processo de descentralização da gestão da Política de Turismo (MTur, 2007b).

De um lado, é através do Programa de Acompanhamento do Conselho Nacional de Turismo e Implementação da Política Nacional de Turismo que se encaminhou o processo de articulação e discussão das ações do Ministério com as Câmaras Temáticas, com o CNT e com os demais Fóruns e Conselhos regionais, considerando-se que “(...) muito se avançou na consolidação de um ambiente de discussão e reflexão sobre a atividade por meio da proposta de gestão descentralizada do Plano Nacional de Turismo” (MTur, 2007a:39). Já em termos quantitativos, em 2007 se apontava como resultado do novo desenho de gestão, a participação, dentro dos Fóruns e Conselhos Estaduais (nas 27 Unidades da Federação), de 1.358 representantes diretos e 12.000 indiretos, vinculados às instituições públicas e entidades privadas relacionadas ao segmento (MTur, 2007a), embora alguns autores questionem o grau de capacitação dos atores envolvidos neste processo (Noia, Vieira Junior e Kushano, 2008).

De outro lado, sob o Programa de Avaliação e Monitoramento do Plano Nacional de Turismo, desenvolveram-se ações no sentido de viabilizar o planejamento, o monitoramento e a avaliação de desempenho dos programas e ações do PNT e do Plano Plurianual, por meio de um Sistema Integrado de Gestão do Turismo (SIGTUR), que, no entanto, até o final de 2007 ainda não havia sido implantado plenamente.

Cabe frisar que, inseridos no Macroprograma de Gestão e Relações Institucionais, estiveram ainda o trabalho de sensibilização dos diversos representantes das instâncias de participação social sobre a temática e o Programa Turismo Sustentável e Infância79; a formação de diversos convênios de cooperação internacional para o fortalecimento dos fluxos de turistas estrangeiros, por meio do Programa de Relações Internacionais; as ações de sensibilização e qualificação dos agentes públicos de fronteira; e o trabalho de formulação de um Plano de Competitividade e Estratégia Comercial do Turismo Brasileiro, através de três relatórios específicos (Estudo Microeconômico da Cadeia de Valor do Turismo Brasileiro, Estudo da Competitividade do Turismo Brasileiro e o Estudo do Turismo Brasileiro face ao Quadro Negociador Internacional), coordenados pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos – CGEE.

Com relação à produção de dados e estudos, sem dúvida, essencial ao processo de gestão, aponta-se que dentro do Macroprograma de Informação também houve uma significativa expansão do material produzido e divulgado. Além da criação de um prêmio para trabalhos acadêmicos e jornalísticos sobre o segmento, os convênios e contratos com diversas instituições (FGV, IPEA, IBGE, INFRAERO, SEBRAE, BACEN, entre outras) permitiram a elaboração de vários trabalhos, além daqueles já mencionados80, dando-se continuidade, inclusive, ao trabalho de desenvolvimento da metodologia da Conta Satélite do Turismo, iniciada em 2000 e recomendada pela OMT.

A despeito destes avanços, a consolidação de um sistema de informações e dados sobre a atividade ainda é apontada como um dos principais desafios a serem enfrentados no novo Plano Nacional do Turismo - 2007-2010 (MTur, 2007a), o que afeta todo o processo de gestão e de descentralização proposta às políticas de Turismo.

No âmbito do Macroprograma de Promoção e Apoio a Comercialização, em adição, permaneceu também uma forte ênfase na atração de turistas internacionais, ainda que

79 Reformulado em 2004, mas dando continuidade ao elogiado trabalho realizado desde o governo FHC, o

programa destina-se ao enfrentamento do abuso, do tráfico e da exploração sexual de crianças e adolescentes no Turismo e conta com a participação de diversas entidades, promovendo campanhas e encontros nacionais e internacionais sobre o assunto.

80 A título de ilustração, em 2006, os principais trabalhos realizados foram: os Boletins de Desempenho

Econômico do Turismo; o Estudo da Demanda Turística Internacional - 2004/2005/2006; a Pesquisa Anual de Conjuntura Econômica do Turismo; as Cartas de Conjuntura; o Estudo da Demanda Turística Doméstica - 2006; o Estudo da Demanda Turística em Aeroportos – 2006; o estudo “Meios de Hospedagem – Estrutura de consumo e impacto na economia”; e a compilação e divulgação mensal de dados sobre a movimentação de embarque e desembarque de passageiros nacionais e internacionais (MTur, 2007b).

medidas de estímulo ao Turismo doméstico tenham sido criadas. Desde 2003, o Programa de Promoção Nacional e Internacional do Turismo Brasileiro teve seu orçamento continuamente elevado, atingindo R$ 200,6 milhões em 2006, incluindo-se as emendas parlamentares (MTur, 2007a). O programa, focado na promoção, marketing e apoio à comercialização de produtos, serviços e destinos nacionais, destacou-se inclusive pela captação de eventos internacionais, participação em feiras de Turismo e comerciais e pela realização anual do Fórum Mundial de Turismo para Paz e Desenvolvimento Sustentável.

Em relação à promoção do Turismo no mercado interno, o principal programa concretizado foi o Programa Vai Brasil, em parceria com a Associação Brasileira de Operadores de Turismo (BRAZTOA) e com a Associação Brasileira de Agências de Viagens (ABAV), que visa a incentivar viagens turísticas a preços reduzidos na baixa temporada para diversos destinos nacionais. Em 2007, segundo as informações do programa havia mais de 4 mil empresas cadastradas, disponibilizando cerca de 500 mil pacotes (MTur, 2007a). No entanto, além dos registros de acessos à página eletrônica do programa (2 milhões de junho a dezembro de 2006), não há maiores informações sobre os resultados do programa, o que leva a alguns questionamentos sobre a sua efetividade junto a um público mais amplo81.

Outra ação de destaque do MTur com relação à promoção do Turismo é o Programa de Reposicionamento da Imagem do Brasil, que instituiu, em 2005, o Plano de Marketing do Turismo Brasileiro no Exterior – Plano Aquarela, a Marca Brasil, incorporada a todo programa de promoção e divulgação de produtos brasileiros, e o Plano de Marketing do Turismo para o Mercado Interno – Plano Cores do Brasil, que norteia a estratégia de promoção doméstica do governo. Ressalta-se que dentro deste programa, foram produzidos diversos materiais promocionais de forma descentralizada, por meio dos Fóruns Estaduais, que decidiam sobre a alocação dos recursos, usando uma mesma metodologia e layout.

Quanto ao Programa de Apoio à Comercialização, a principal iniciativa do MTur são os oito Escritórios Brasileiros do Turismo (EBT) no exterior, além de um em Brasília, voltado para a América Latina. Tais EBTs são responsáveis pela promoção do País por meio de exposições, participação em feiras, reuniões de planejamento com representantes

81 Segundo Santos Filho (2008b), de nada adianta “(...) elaborar programas lastreados por uma inteligente e

ardilosa campanha de marketing como foi o caso do “Vai Brasil” em que a diarista Marinete(s) brasileira, não possui computador e nem cartão de crédito para poder solicitar os serviços desse programa”.

do segmento, entre outras atividades, tais como, o Programa Caravana Brasil, que proporcionou cerca de 100 viagens técnicas a jornalistas e operadores turísticos nacionais e internacionais desde 2003, e os Seminários “Descubra o Brasil”, realizados desde 2004 e também direcionados à apresentação e à venda de destinos aos operadores turísticos (MTur, 2007a).

O conjunto das ações e Macroprogramas apresentados, portanto, revelam traços de continuidade fortes com a política anterior, embora novas medidas voltadas para a descentralização política e estímulo ao Turismo doméstico constituam-se como diferenciais importantes.

3.3.2 Desdobramentos do processo de territorialização: Prodeturs e Programa de

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