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3. Estudo de casos

3.1. Projecto Himalaya

O Concurso Solar Padre Himalaya teve a sua 1ª edição em 2004 e contou com 400 participantes; na edição de 2005 contou com 556; e na edição de 2006 participaram, distribuídos por 226 equipas, mais de 750 participantes. Mais importante do que o aumento destes elementos interessados em cooperar nesta iniciativa está o facto de o interesse em participar não estar ligado a nenhum prémio monetário. As equipas vencedoras em cada escalão recebem um prémio simbólico e todas as restantes equipas também recebem apenas lembranças no final das provas. Este facto leva-nos a concluir que o incentivo à participação está na própria actividade participativa.

Depois de alguns anos sem se concretizar, o concurso voltou a decorrer no ano de 2010, contando com 330 equipas inscritas. Esta competição, dirigida às escolas nacionais, é organizada em três modalidades, as quais englobam diferentes níveis de escolaridade (2º e 3º Ciclos, e ensino profissional). Os alunos são desafiados a apresentar protótipos na área da energia solar, nos quais se aplicam a conversão

Fig. 8: Fundação da EDP. Imagem do local da apresentação final do concurso Rali Solar 2010. (Foto da autora).

fotovoltaica, o aproveitamento térmico ou a produção de biocombustíveis. O concurso foi composto por provas eliminatórias regionais ao longo do ano lectivo e uma prova final, no mês de Maio de 2010, no Museu de Electricidade, em Lisboa (fig. 8). Os grupos inscritos tiveram direito a um kit específico, a partir do qual foi elaborado o protótipo final do projecto a concurso. Os participantes receberam formação através de workshops organizados em diferentes regiões do

Fig. 9: Exemplo do processo registado de um trabalho apresentado a concurso. (Ciência Viva 2009)

país, consoante a localização das escolas inscritas. Em conjunto com o protótipo, as equipas entregaram um relatório com as fases de desenvolvimento e uma apresentação em powerpoint do projecto. Pela primeira vez, este ano, uma das categorias do concurso foi de tema livre: as equipas puderam apresentar um projecto de um produto à sua escolha.

Nas edições anteriores o processo de criação de novos conceitos era mais limitado; havia à partida ideias de produtos pré-estabelecidos como o relógio solar, o carro solar ou o barco solar. As equipas seguiam as instruções de como construir o objecto e depois criavam o seu próprio modelo solar. O que era importante neste conceito era ensinar a seguir um processo completo de projecto (fig. 9). Apesar do apoio e dos incentivos dos professores por detrás das equipas, foi visível o entusiasmo dos participantes na actividade de projecto e construção do protótipo. Como exemplo deste entusiasmo, ainda a edição do concurso de 2010 do concurso solar Padre Himalaya estava a meio, foi documentado um caso de sucesso no Jornal “O Público”. Como forma de incentivar os alunos de uma turma profissionalizante de cozinha, um professor de Ciências decidiu incluir o projecto do carro solar nas suas aulas. O objectivo era concorrer ao actual concurso Padre Himalaya com um carro solar telecomandado construído com materiais reciclados. O referido professor aproveitou também para levar a sua turma a concorrer a um outro concurso europeu, no qual os alunos ficaram classificados em primeiro lugar.

Antes da apresentação final dos trabalhos, o concurso desenvolveu-se nas seguintes etapas relatadas no respectivo regulamento18

Etapa I: Dezembro de 2009 (um mês)

» Lançamento e divulgação do Concurso Rali Solar » Inscrição on-line das equipas

» Distribuição do material de trabalho de apoio às equipas (kit experimental)

» Publicação de conteúdos de apoio às equipas na página web

Etapa II: Janeiro e Fevereiro de 2010 (2 meses)

» Continuação da distribuição do material de trabalho de apoio às equipas » Workshops para os professores coordenadores das equipas, a realizar

18 Ciência Viva, Regulamento geral do concurso Solar Padre Himalaya, Acesso 30 Nov. 2009, <http://www. cienciaviva.pt/ralisolar/RaliSolar_RegGeralweblogo.pdf>.

nos seguintes centros Ciência Viva:

» Centro Ciência Viva do Algarve - Tavira: 6 de Fevereiro de 2010

» Centro Ciência Viva da Floresta - Proença–a–Nova: 20 de Fevereiro de 2010

» Centro Ciência Viva de Vila do Conde: 27 de Fevereiro de 2010

» Fórum de discussão e esclarecimento de dúvidas através de plataforma interactiva

Etapa III – Março e Abril de 2010 (2 meses)

» Envio pelas equipas do relatório de trabalho do protótipo a concurso, cinco dias antes da prova eliminatória regional correspondente

» Provas eliminatórias regionais, a realizar nos Centros Ciência Viva » Centro Ciência Viva de Lagos: data a anunciar

» Centro Ciência Viva de Constância: (data a anunciar)

» Visionarium: Centro de Ciência Viva do Europarque (data a anunciar)

Etapa IV – 15 de Maio de 2010 (programação a definir)

» Competição final dos protótipos das modalidades a concurso, a realizar no Museu da Electricidade, em Lisboa.

Das etapas realizadas destacam-se a distribuição de “Kits experimentais” (compostos por mini- células foto-voltaicas, motores de 1.5volt e manual de instruções) e a realização de workshops com os professores coordenadores das equipas, como potenciais factores responsáveis pela motivação da participação observada neste concurso na componente projectual. Existe também o elemento competitivo, dividido em provas eliminatórias regionais e competição final, as quais naturalmente impulsionam a acção participativa, especialmente nas modalidades de corridas. No entanto, foi possível à autora observar, no dia da competição final, a quantidade e a diversidade dos protótipos da modalidade “criassol”19, não ligados ao espírito competitivo das corridas, mas sim ao factor criativo.

Dos diversos protótipos expostos pelos alunos no dia da competição final deste concurso, destacam-se alguns exemplos, como uma mochila com sistema para

19 A modalidade CRIASSOL, dirigida ao 2º CEB e 3º CEB e ao Ensino Secundário/Profissional, explora o tema livre através da construção de modelos e dispositivos solares com aproveitamento fotovoltaico e aproveitamento solar térmico. Trata-se da modalidade no concurso que explora de forma mais vincada a criatividade.

carregar telemóveis ou computadores portáteis, elaborada por um aluno de 11 anos; um forno solar adaptado para piquenique; e até um protótipo funcional de um robô auto-sustentável destinado a limpar as praias.

Este caso de estudo vinca não só o sucesso da actividade participativa como também evidencia o potencial criativo dos alunos. Apesar de não existirem, na informação disponibilizada, indicadores expressivos da correlação entre as técnicas metodológicas usadas e o interesse participativo, considera-se este caso uma referência para o caso exposto na presente dissertação, sobretudo porque evidencia o objecto metodológico como sendo o produto/serviço em si.

Fig. 10: Imagem de um protótipo: mochila construída com embalagens TetraPack. No interior existia um carregador alimentado com a energia recolhida pelos painéis fotovoltaicos. (Foto da autora).

Fig. 11: Imagem de um protótipo: forno solar com adereços para piquenique. (Foto da autora).

Fig. 12: Imagem de um protótipo: carro em cartão com motor para competição na final. (Foto da autora).

Fig. 14: Imagem de um protótipo: robô para recolha de lixo nas praias. Na exposição, os alunos conseguiram mostrar o robô a funcionar. (Foto da autora).

Fig. 13: Imagem de um protótipo: tenda com sistema de ar condicionado natural provocado pelas aberturas e lago artificial.