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ANEXO I – HABILITAÇÃO 4 Processo de Habilitação

SUBTOTAL CUSTOS

3.1.2 Projeto arquitetônico

Ambos os projetos arquitetônicos da unidade habitacional possuíam dois quartos, um banheiro, cozinha e sala, sendo no Azaleias II (Figura 38) os dois últimos cômodos em planta livre. O projeto do Azaleias I (Figura 37) foi o mesmo utilizado no Jardim Europa I e II em parcerias com arquitetos locais, sob a autoria de Joaquim Melo, apenas com a modificação de 3 m² a mais na área. O projeto foi desenvolvido sob a ótica evolutiva91, direcionando as futuras intervenções dos moradores; se comparado com o projeto do Azaleias II (43,5m²), ele apresenta melhores possibilidades, tanto em metragem92 da aérea quanto na quanto em termos de possibilidade de ampliação: “Esta (casa) é melhor, com certeza. A casa do Resedás é muito ruim, a nossa é mil vezes melhor. Até o Azaleias II é diferente da nossa; a nossa é bem dividida,

91 Rosso (1980): Uma habitação polivalente ou evolutiva é aquela que, dada a maneira como foram concebidos os

seus espaços, permite alterar os usos dentro dela, ocupá-la de maneiras variadas, distribuindo as funções diferentemente. Explica o autor ainda que o conceito de habitação de característica evolutiva exige previsão e projeção no projeto: “Não significa apenas uma abertura à liberdade de adaptação dos usuários, mas também a análise dos graus prováveis de obsolescência de cada parte da habitação”.

92 32m² segundo a Instrução Normativa 44 setembro de 2009 e de 38m² na Instrução Normativa N° 34, de 28 de

nós tivemos sorte...”, afirmou o Entrevistada F. O projeto do II teve autoria da arquiteta Ana Laura Barcelos Amaral Zenun (diretora do Departamento de Engenharia da Prefeitura de São João da Boa Vista) e do engenheiro Nilson Zenun.

O empreendimento enquadrou-se na modalidade de construção em terreno próprio ou de terceiros, pois, como o terreno foi doado pelo município, no ato da contratação os contratos foram assinados pelos beneficiários, os quais passaram a ser os proprietários. Sob o regime de administração direta, as Construtoras A, B e C foram contratadas para o Jardim Azaleias I, e para o II apenas Construtoras A e B. Segundo o responsável da obra: “...as construtoras davam muito problemas. Houve umas que eu pedi para sair; começamos com quatro no Europa e chegamos no final do Azaleias com apenas duas”.

Em ambas etapas, a responsabilidade técnica da execução da obra foi do mesmo engenheiro do Jardim Europa, José Paulo Cirto. “O engenheiro que acompanhava a obra era o Cirto; não era da prefeitura, ele era contratado. Chegamos a levantar uma casa e depois desmanchar porque foi locada errada...”, narrou a Construtora B. Cirto descreveu sua participação: “...eu entrava quando tudo estava pronto, projeto e orçamento. Eu acompanhei apenas a execução, participei de todas as medições da CAIXA. Era tranquilo lidar, eu ficava lá das 6h30 às 17h quase todos os dias...”. Cirto contou também que no Jardim Europa ele era responsável pela execução da obra e a aquisição de material; no Jardim Azaleias ficou apenas com a construção das unidades.

O sistema construtivo foi o de alvenaria estrutural com tijolo maciço e laje radier, solução construtiva que satisfez os proprietários, que, durante as entrevistas, se mostraram realizados em terem uma casa de “material”. Para eles, suas casas eram muito superiores às que estavam sendo entregues pela prefeitura (Parque Resedás). Para Aguiar, a quantidade de unidades impõe a contratação de construtoras:

No Europa e no Azaleias não foi mutirão porque a quantidade de produção de casas, hoje é muito maior; não dá para se aventurar a fazer mutirão. Naquela época, a cidade era menor, então isso era compatível; hoje os conjuntos são para 500/1000 unidades. Um mutirão com mais de 200 famílias é quase impossível de se controlar; você tem que administrar conflitos (AGUIAR, 2015: s/p).

Figura 36: Projeto arquitetônico da unidade habitacional do Jardim Azaleias I.

Fonte: Setor de Habitação do Município de São João da Boa Vista.

Figura 37: Projeto arquitetônico da unidade habitacional do Jardim Azaleias II.

Ambos os projetos arquitetônicos da unidade habitacional possuíam dois quartos, um banheiro, cozinha e sala, sendo no Azaleias II (Figura 38) os dois últimos cômodos em planta livre. O projeto do Azaleias I (Figura 37) foi o mesmo utilizado no Jardim Europa I e II em parcerias com arquitetos locais, sob a autoria de Joaquim Melo, apenas com a modificação de 3 m² a mais na área. O projeto foi desenvolvido sob a ótica evolutiva93, direcionando as futuras

intervenções dos moradores; se comparado com o projeto do Azaleias II (43,5m²), ele apresenta melhores possibilidades, tanto em metragem94 da aérea quanto na quanto em termos de

possibilidade de ampliação: “Esta (casa) é melhor, com certeza. A casa do Resedás é muito ruim, a nossa é mil vezes melhor. Até o Azaleias II é diferente da nossa; a nossa é bem dividida, nós tivemos sorte...”, afirmou o Entrevistada F. O projeto do II teve autoria da arquiteta Ana Laura Barcelos Amaral Zenun (diretora do Departamento de Engenharia da Prefeitura de São João da Boa Vista) e do engenheiro Nilson Zenun.

As especificações técnicas95 mínimas estabelecidos pelo Ministério das Cidades via CAIXA tanto para as questões urbanas quanto para a unidade habitacional foram seguidas nos dois projetos. Foram superiores em alguns quesitos, como na largura mínima da cozinha que era de 1,60m pela CAIXA e nos projetos foram de 2,60m no Azaleias I e de 2,59m no Azaleias II; na sala de estar/refeições que era de mínimo de 2,4m foram também de2,60m no Azaleias I e de 2,59m no Azaleias II. O aquecimento solar era facultativo nas normativas em que foram aprovados os projetos, por isso as unidades não possuem o equipamento, já a questão da ampliação deveria ter sido contemplada em ambos os projetos, mas pode ser aplicada de forma mais eficiente apenas no Jd. Azaleias I.

Embora essas especificações não estejam relacionadas diretamente com a qualidade do produto, pois elas não seriam suficientes para isso, a unidade habitacional não é motivo de reclamação, tendo como referência os levantamentos de campo realizados, a exemplo da

Entrevista com H: "Foi diferenciado, o prefeito Nelsinho falou que essas casa aqui iam ser

diferentes de todas as casas que eles já fizeram, a casa de vocês vai ser diferente, e nossas casas são diferentes mesmo de todas essas aqui..." e também como descreveu a psicóloga do CRAS

93 Rosso (1980): Uma habitação polivalente ou evolutiva é aquela que, dada a maneira como foram concebidos os

seus espaços, permite alterar os usos dentro dela, ocupá-la de maneiras variadas, distribuindo as funções diferentemente. Explica o autor ainda que o conceito de habitação de característica evolutiva exige previsão e projeção no projeto: “Não significa apenas uma abertura à liberdade de adaptação dos usuários, mas também a análise dos graus prováveis de obsolescência de cada parte da habitação”.

94 32m² segundo a Instrução Normativa 44 setembro de 2009 e de 38m² na Instrução Normativa N° 34, de 28 de

setembro de 2011.

do bairro Valim (2017): "...agente nunca teve nenhum tipo de queixa em relação a habitação de lá".

Figura 38: Revestimentos das aéreas molhadas e área de serviço do Jardim Azaleias II.

Fonte: Autora, 2015.

O produto habitacional não foi avaliado com rigor técnico do ponto de vista construtivo (testes de resistência e durabilidade de materiais e soluções construtivas). Para a sua avaliação, quando os entrevistados se mostraram mais abertos ao diálogo era possível fazer a leitura dos ambientes, valendo-se do conhecimento de pesquisas anteriores, e o registro interno da residência.96 Com isso foi possível identificar algumas patologias nítidas aos olhos, como o aparecimento de rachaduras superficiais, a degradação rápida das esquadrias e das péssimas condições da lavanderia, que é externa, com pequena cobertura, sem azulejos em áreas molhadas, ficando assim exposta às intempéries. O relato em relação às esquadrias: "...são ruins de fechar, enrosca, tem que ficar puxando, eu não consigo tenho que chamar eles para fechar, eles dormem cedo e eu tarde, tem vez que tenho que acordá-los, porque não pode dormir com a janela aberta". Entrevistado LU e sobre as condições da unidade:

96Conhecimento Sobretudo advindo da Pesquisa: “Desenvolvimento de Procedimentos Metodológicos para

Avaliação das dimensões relativas ao Processo, Produto e Impactos do Programa Minha Casa Minha Vida e do eixo de Urbanização de Assentamentos Precários do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC-Urban)”, apoiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), realizada como pesquisadora junto ao Grupo de Pesquisa ARQUITEC - ARQUITETURA, TECNOLOGIA E HABITAÇÃO, no IAU USP.

Minha casa não deu problema não, nenhuma dessas casas aqui teve problema, até hoje não vi ninguém reclamar não, os meus pisos não tem nenhum estragado, banheiro a cozinha os pisos estão tudo certinhos, nada estragado, quebrado, nem solto, só essa lavanderia que quando chove vem assim molha, mas é difícil ela entrar para cá, dependendo ela entra debaixo da portas, mas vou colocar aquele negócios na porta para não entrar mais (Entrevistada H).

Figura 39: Ambientes de uma residência no Jardim Azaleias I.

Fonte: Autora, 2017.