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4. 1. CONCEITOS

A ideia basilar do presente projeto nasce da leitura de dois elementos fundamentais: a casa tradicional de Lospalos e o contexto atual da própria cidade. Ou seja, a casa tradicional de Lospalos interpretada à luz do tempo presente. A casa tradicional que representa o passado e a cidade que representa o presente. Da leitura da necessidade concreta da cidade surge o programa e da leitura da casa tradicional nasce a forma. Os dois conceitos, programa e forma, são conjugados por forma a obter um resultado final, coerente e harmonioso.

Ao contrário do que é "normal" num projeto, que se começa mediante a proposição do programa, este iniciou-se pela especulação formal e espacial, a partir da qual evoluiu para a definição do programa. O processo deve-se ao facto de a base de todo o desenvolvimento ser, antes de mais, a vontade da valorização de um objeto existente, a casa tradicional de Lospalos, particularmente no sentido da atualização da sua conceção formal, espacial e construtiva: o programa, isto é, o ser Centro Cultural resulta daí para dar à forma uma função coerente.

Esta, digamos, hierarquização (da forma à função) corresponde, não a um princípio absoluto de fazer o projeto, mas sim à natureza relativa pela qual se deve começar, pois, uma vez que o projeto foi avançando, o processo tornou-se mais complexo e já não tão linear quanto isso: as decisões foram sendo tomadas tendo em consideração todos os aspetos (formal, funcional e técnico), já não um após outro, mas quase todos ao mesmo tempo, ou, pelo menos, todos correlacionados, onde a mudança de um influencia o outro.

Para atingir a coerência e a harmonia pretendidas, colocaram-se em jogo outros conceitos, especialmente escrutinados na leitura da casa tradicional de Lospalos, tais como a leveza, a continuidade, a fluidez, o equilíbrio, a verticalidade, a unidade e o movimento.

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Fig. 39

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4. 2. IMPLANTAÇÃO

Como já foi mencionado, na Parte I, o novo edifício do Centro Cultural instalar-se-á no lugar outrora ocupado por um equipamento público, cuja demolição deixou o terreno vazio. A implantação tem como referência este indício e, também, devido à parte do terreno a ser ocupada pelo construído, portanto, a do lado este, ser a maior em relação à do lado oeste tendo em conta que, quase a meio do terreno, está localizada a casa tradicional de Lospalos.

Estas opções surgiram de forma mais espontânea, pela primeira observação feita sobre o terreno, mas depois deu-se uma leitura mais atenta pela qual as opções foram sendo reforçadas.

É de recordar que o terreno faz parte de um todo ("quarteirão") dividido em três parcelas: uma primeira, ocupada pelo complexo do Centro de Saúde Comunitária, uma segunda, pelos dois equipamentos culturais e, uma terceira, pela casa tradicional de Lospalos. Esta última (o local da implantação), está delimitada, a oeste, pelos edifícios de equipamentos culturais, a norte, pela rua principal e a praça/o campo de futebol (no lado de lá), a sul, por uma rua secundária, em cujo lado oposto estão as habitações e, a este, por uma rua (continuação da secundária) e depois um vazio indefinido.

O "quarteirão" tem um formato oblongo, sendo que a primeira parcela é a parte mais alargada, que se torna mais estreita à medida em que se avança para a segunda e a terceira. Assim, visto do ponto de vista volumétrico, a primeira é caraterizada, principalmente, pelo volume "pesado" do Centro de Saúde Comunitária, construção portuguesa de alvenaria, ao qual se juntam outros edifícios complementares mais "leves", do período indonésio. A segunda parcela é caraterizada pelas construções "leves" dos equipamentos culturais e a terceira, pela construção, mais "leve" ainda, da casa tradicional.

Independentemente do grau da intencionalidade desta organização, a massa construída parecia seguir a forma do "quarteirão": na parte maior localizada a construção mais "pesada" e na parte menor a menos "pesada",

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de tal forma que, seguindo esta lógica, parecia ser perturbador implantar o Centro Cultural (de volume consideravelmente grande) na ponta leste do quarteirão.

Na verdade, neste ponto em que as linhas limite do quarteirão convergem e as duas ruas se cruzam era necessário algum elemento significativo de remate. A casa tradicional, por si, ao nosso ver, não era suficiente para desempenhar esse papel, primeiro porque a sua localização é bastante recuada em relação à parte este do terreno, deixando nesta um vazio considerável, e segundo, porque esta mesma casa tradicional nunca teve uso, pois funciona simplesmente como um objeto escultórico. Nestes termos, considerámos ser pertinente implantar "nesse vazio" o Centro Cultural, cuja presença trará ao quarteirão - e consequentemente à cidade - uma nova força para a vivência e a leitura da cidade. O novo objeto arquitetónico, particularmente com a volumetria que o carateriza funcionará como um elemento de remate e constituirá um foco que equilibrará o próprio "quarteirão" (volumetricamente falando).

Quanto às referências geométricas, o edifício do Centro Cultural está implantado paralelamente à rua principal (como o são também os equipamentos culturais preexistentes) e distancia-se 14 metros da casa tradicional preexistente, sendo esta a distância necessária para ganhar um certo equilíbrio entre os elementos edificados e estes com os espaços vazios contíguos. A entrada está virada para a casa tradicional, estabelecendo a ligação, que se estende aos outros dois equipamentos (o edifício de escritório e o edifício polivalente), através de um percurso de terra batida, paralelo ao passeio da rua principal (mas já dentro do perímetro do terreno). Outro percurso, perpendicular ao primeiro, atravessa o terreno ligando a rua principal e a rua secundária: este percurso permite o acesso ao Centro Cultural, a partir das duas ruas (Fig. pág. 97 e 98).

Os espaços exteriores, embora sem desenhos próprios, não são "sobrantes" entre os edificados, pois são vazios propositados de modo a assegurar "espaço de respiro" e a imprimir alguma naturalidade à intervenção, por isso não se recorre a tratamento especial mas deixa-se permanecer como natural o chão (Fig. 8, 12 e pág. 98).

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4. 3. CONFIGURAÇÃO FORMAL E ESPACIAL

Aludindo aos elementos figurativos presentes na casa tradicional de Lospalos, na conceção do Centro Cultural retomou-se a figura da árvore, tão assumida que transparece, não apenas no aspeto formal e exterior, constituindo-o internamente: “um tronco”, no qual "circula" a escadaria principal de distribuição, torna-se o eixo central da composição, caraterizada pela vertical.

De planta quadrangular, tal como a casa tradicional de Lospalos, a volumetria é constituída, verticalmente, por três componentes: o espaço subterrâneo (zonas de apoio), o espaço térreo (galerias de encontro) e o espaço aéreo (zonas de exposição e biblioteca).

Tirando o piso subterrâneo, adotado para o aproveitamento do terreno e como base do corpo principal, a volumetria à vista reflete a composição da casa tradicional, ao liberar o espaço térreo, sobrelevar os pisos principais e cobri-los com um teto de quatro águas, acentuado e anelado superiormente por uma entrada de luz vertical: sob esta fonte de luz a escadaria circula, como uma veia da planta se movimenta em direção à luz (Fig. 43 e 44).

O rés-do-chão é totalmente livre, a não ser o volume da caixa de escada, de planta centralizada, que marca a entrada. Ao redor desta ladeiam as galerias de encontro, marcadas por pilares que evocam a floresta (arvoredo): uns (localizados à face das fachadas) transformam-se em planos no encontro com o volume sobrelevado, outros (mais recuados) atravessam os pisos, desde o subterrâneo ao superior, onde acabam por suportar o teto (Fig. 46, 47 e 48).

A imagem do arvoredo é patente, tanto pelo interior como pelo exterior. Se pelo exterior se denota a procura dessa imagem exprimida em toda a volumetria, desde o rés-do-chão (através dos pilares) aos espaços principais que resultam como que do entrelaçamento desse arvoredo; pelo interior a mesma ideia é patenteada pelos pilares enfileirados nos espaços.

Do ponto de vista espacial, prevalece a intenção da criação do espaço interior que difere do espaço exterior, de forma que essa diferença

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Fig. 45

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não fosse drástica e total, mas neutra, isto é, na relação entre o espaço interior e o espaço exterior, houvesse uma continuidade e fluidez. Esta intenção é sugerida porque não obstante o tipo de espaço que o programa propõe (que requer concentração no interior) não se pretende criar um ambiente interior inusitado.

Há geralmente nas construções comuns em Timor uma tal "desdramatização" na relação entre o interior e o exterior, que difere, por exemplo, da experiência nas cidades mais consolidadas onde essa relação é (in)tensa.

Na conceção do Centro Cultural de Lospalos tentámos captar essa, digamos, naturalidade, em que o interior não é totalmente autónomo do exterior, mas há uma relação franca. Com efeito, julgamos que esta relação é conseguida, primeiro, graças ao espaço térreo liberto: as galerias de encontro no rés-do-chão, no fundo, funcionam como uma espécie de antecâmara, espaço neutro, que permeia o interior e o exterior. Outra situação que possibilitam esta relação são as aberturas francas, particularmente na zona da biblioteca.

Nos espaços interiores propriamente ditos, os quatro pisos distinguem-se naturalmente pelas funções que ocupam, sendo caraterizados pelas próprias disposições interiores e pelas aberturas que estabelecem a relação com o exterior. A iluminação natural é fundamental na caraterização dos espaços, na medida em que a planta dos pisos é a repetição do mesmo formato quadrado e a altura dos pés-direitos não varia, a não ser a do piso térreo, sutilmente mais baixa, e a do piso superior, mais alta devido à altura do teto.

Assim, visto do ponto de vista da abertura/iluminação, o Centro Cultural dispõe-se através de diferentes ambientes. O espaço do rés-do- chão/galerias de encontro é semiaberto, tratando-se de espaço de transição. A partir deste acede-se ao edifício: o primeiro piso que alberga a receção e o espaço de exposição é caraterizado por um ambiente mais contido, graças às janelas quadradas, em pequeno formato, expostas ao longo das quatro paredes que sugerem, ora paragem, ora movimento, pois funcionam como,

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além de fontes de luz, "quadros vivos" sobre o envolvente, que se misturam com os objetos de exposição quando são colocados nas paredes.

O segundo piso, ou seja, o piso da biblioteca, está marcado por longas aberturas que "correm" pelas paredes do norte e sul, enquanto as aberturas mais curtas, nas do este e oeste, e também pela abertura vertical da claraboia. Aqui, em vez de contenção, procurou-se um ambiente mais "funcional" e mais leve, a luz inunda todo o espaço, permitindo boa disposição para o estudo.

A mesma luz da claraboia vai atravessar verticalmente todo o edifício, chegando ao piso subterrâneo e criando uma caixa de luz que ilumina o compartimento onde estão localizados as instalações sanitárias e os arrumos.

É pela abertura e encerramento, ou melhor, vazio e matéria, que aqui se desencadeia a linguagem. São de identificar, assim, os gestos básicos, na conceção do Centro Cultural: o vertical e o horizontal.

Na casa tradicional de Lospalos o movimento vertical é relevante, sobretudo pelo valor simbólico. O gesto é revelado exclusivamente pela matéria, ao não registar qualquer abertura sob orientação dessa direção. Mas depois resguarda-se em relação ao exterior, ou melhor, à natureza através do encerramento total no teto, da pouca abertura nas paredes e da elevação da base da casa: enfim, toda uma afinação que perspetiva o espaço ideal onde habitar.

Ora, se na casa tradicional se regista o encerramento, no Centro Cultural sugere-se a abertura. Todo o movimento vertical, que se lança a partir do piso subterrâneo e culmina com a entrada da luz no teto, é equilibrado com as aberturas/vazios efetuadas nas paredes exteriores.

O próprio jogo das fachadas, o cheio e vazio, procura o equilíbrio nesse sentido, entre o vertical e o horizontal: um equilíbrio que não seja estático, mas que sugira movimento.

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Fig. 47 | Maquete de estudo

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Fig. 49 | Maquete de estudo

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4. 4. MATERIAIS E SISTEMAS CONSTRUTIVOS

A escolha dos materiais para a construção arquitetónica compromete-se com várias questões, desde a mais elementar relacionada com a disponibilidade, passando por aspetos técnicos (de preparação e aplicação), até os valores mais indescritíveis de natureza, dita, estética. Em cada material aplicado estão contidos, além do peso físico, o peso financeiro, social, psicológico.

Na escolha dos materiais, depara-se com “o que há?” e “para que é?”. “O que há?” evidencia o facto de que a arquitetura é feita com materiais concretos, logo, disponíveis, no local ou mesmo materiais locais. E “para que é?” remete para a finalidade da aplicação desses mesmos materiais que consiste, em última instância, em melhorar as condições de habitabilidade, criando o conforto e o bem-estar.

Assim, perante os ditames materiais e técnicos, construtivos, uma interrogação se impõe. Se o emprego dos materiais se confina à melhoria de habitabilidade, ao conforto e ao bem-estar, isso seria possível apenas com os materiais disponíveis? Os materiais locais? Naturalmente, há muito a considerar nesta questão que não se restringe ao puro aspeto material e técnico, uma vez que se relaciona com dinamismos de variada ordem.

Na escolha dos materiais para o Centro Cultural deparámo-nos com algumas questões que merecem atenção. Na construção original da casa tradicional de Lospalos é de realçar que nenhum outro material é utilizado senão os materiais naturais de origem vegetal, nem mesmo nas pregagens se utilizam pregos (que não havia na altura), pois tudo é feito por entalhes, cavilhas, ou cordame (Fig. 51). Até o uso da pedra é muito circunscrito, sendo apenas usada no calço dos pilares e na lareira para apoiar as panelas da cozinha. Assim, ressalta-se um princípio no uso dos materiais que deve estar ligado à crença tradicional. Mas, com o passar do tempo, este princípio desmistificou-se e começou a incluir-se a pedra no embasamento da casa e, inclusive, o uso de novos materiais, como o cimento. Há já, numa aldeia remota, por exemplo, casas tradicionais construídas mesmo sobre pilares de

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Fig. 51 | Detalhe construtivo da casa tradicional de Lospalos

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betão e cobertura de chapa de zinco (Fig. 52); naturalmente uma reprodução não muito feliz, pois o zinco, sem sistemas de ventilação, transmite muito calor durante a época quente, e faz muito barulho com a queda de chuva (o mesmo não se sucede com a fibra de gamuti).

Mas, desta experiência, uma coisa fica patente quanto à identidade da casa tradicional: mesmo "coberta" com novos materiais, que não sejam os tradicionais, estão lá as formas, uma pessoa olha para ela e reconhece logo que se trata de uma casa tradicional de Lospalos.

No presente projeto, uma escolha inicial dos materiais incidiu sobre o betão, pela sua solidez. Porque numa sociedade em que ainda se guardam traumas de casas destruídas e queimadas em tempos de instabilidade social e política, a apresentação de uma construção em betão representaria estabilidade e segurança. Além de que, sendo o betão um material moderno, por excelência, introduziria uma nova maneira de construir que se desconhece até ao momento, daí exigir-se-ia o emprego de pessoas qualificadas, coisa que, também, é necessária para garantir a qualidade de construção e alternar, consequentemente, o tipo de construção praticado na cidade.

Esta hipótese, porém, não ficou de pé, pois logo nos apercebemos que isso significaria "desmaterialização", portanto, a desvalorização do conceito tradicional que passa pelo uso de materiais vegetais, cuja valorização constitui um apelo maior a considerar. Antes de mais, porque a identidade integral de uma arquitetura é validada, não apenas pela forma e espaço, mas também pelo material que a concretiza.

Com efeito, no presente caso, a interpretação sobre o material, deve significar adotar mesmo os materiais tradicionais, atualizando ou adaptando as metodologias construtivas à dimensão do novo objeto proposto. Assim, optámos pela madeira nas estruturas e revestimentos e a fibra de gamuti na cobertura (idênticos aos utilizados na casa tradicional de Lospalos, sendo apenas no piso subterrâneo que se opta pelo betão) (Fig. 53, 54 e pág. 117).

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Fig. 53 | Maquete de estudo

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Disponibilidade

Apesar de a madeira ser o material identitário da arquitetura tradicional de Lospalos, o seu uso não é recorrente nas construções comuns na cidade de Lospalos, pelo menos não de modo como é aplicado na casa tradicional, tanto em estrutura como em revestimento, pois a população tende a recorrer mais ao uso de blocos, pelo que o uso de madeira é restrito a estruturas de cobertura e portas e janelas. Esta ocorrência deve-se ao facto de, na cidade de Lospalos, os materiais de construção, neste caso a madeira, serem obtidos, já não como nas aldeias remotas, diretamente nas florestas e pelos próprios aldeões, mas através de lojas ou carpintarias (que também a vendem). Estas lojas ou carpintarias têm mão-de-obra para derrubar as árvores (normalmente com motosserras), cortar os troncos por medidas convencionadas, transportá-los por carro, secá-los e prepará-los para o uso na construção. Trata-se de um processo muito rudimentar, pois a madeira não é submetida a nenhum tratamento especial, os fornecedores limitam-se a cortar e disponibilizá-la em estado áspero. Só quando for para empregá-la na construção é que se costuma passar (por quem a vai construir) um tipo de óleo preto para a proteger do ataque dos insetos.

A disponibilidade da madeira para venda também não costuma ser abundante, uma vez que conta apenas com estes pequenos vendedores (não obstante a abundância na natureza, "à espera" de extração por empresas mais especializadas), mesmo assim dá para satisfazer as eventuais procuras, por preços mais ou menos acessíveis.

Na perspetiva da construção do Centro Cultural que propomos, a obtenção dos materiais para a construção será, obviamente, através desta metodologia, mas, em princípio, os cortes serão feitos tendo em atenção o dimensionamento e o sistema construtivo adotado no projeto.

Estruturas

No que respeita às estruturas, há a considerar dois tipos: a de betão, no que se refere ao piso subterrâneo (cave), e a de madeira, referente ao

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corpo principal da construção (Fig. pág. 107 e 117). A aplicação do metal é pontual como elemento de reforço e de conexão.

Sobre a fundação em betão armado (a base da construção) são erguidos os pilares de betão sob uma matriz quadriculada de 3x3 metros (Fig. pág. 106 e 107). Ainda no piso subterrâneo (cave), uma laje e quatro paredes de betão "isolam" o interior da terra compacta. As paredes e os pilares de betão, chegando à face da terra, dão lugar à estrutura de madeira, cuja transição se faz por ligações metálicas, que se alteiam 30 cm do piso do rés-do-chão (uma laje maciça), por forma a evitar que os pilares de madeira contactem diretamente com o chão (Fig. pág. 111).

No piso térreo concretizam-se duas formas de pilares: pilares alinhados às fachadas que têm a forma de "Y", a evocar a forma da árvore, reforçados por estruturas metálicas, e pilares recuados, em forma linear (Fig. pág. 112). Sobre os pilares são montadas as vigas principais que, por sua vez, dão apoio aos barrotes, cujos contactos são feitos, também, por peças metálicas (Fig. pág. 106). O pé-direito tem 3,5 m de modo a garantir a esbelteza pretendida neste piso.

No primeiro piso o sistema estrutural repete-se e a altura do pé- direito mantém-se, uma vez que se trata de um espaço relativamente mais fechado: além da função expositiva, propõe-se uma altura razoável no pé- direito de modo a permitir pendurar, eventualmente, nas paredes os objetos, e a auxiliar a criação de um ambiente agradável (e não acanhado) para a contemplação (Fig. pág. 104 e 105).

No segundo piso surge uma variação na altura dos pilares, pois os perimetrais são reduzidos para 3 m e, adequadamente aumentados, acompanham a inclinação da cobertura e do teto (35º) (Fig. pág. 104 e 105). A cobertura é de quatro águas, coroada por uma claraboia, os seus primeiros elementos estruturais, os frechais e as terças, apoiam-se direitamente nos pilares e sobre estas são montados os caibros e as ripas, que avançam para além das paredes, criando o beirado, enquanto na parte superior, para a claraboia, se arma uma estrutura em madeira, em forma de quadrado (3x3 m), encimada por uma estrutura metálica para a fixação do vidro (Fig. pág. 106 e 110).

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A escada tem uma estrutura autónoma, sendo encastrada num cilindro oco que perpassa todos os pisos, criando, assim, um movimento circular. Este cilindro, de estrutura de aço, funciona como elemento estrutural, mas também arquitetónico, pois um cilindro oco colocado dentro de um paralelepípedo deve produzir efeitos interessantes quando a luz o alcança. A planta corresponde a um círculo dentro de um quadrado, como formas básicas e abstratas relevantes nesta conceção (Fig. pág. 100, 104 e 111).

Revestimentos

Todos os revestimentos, quer dos pavimentos, quer das paredes, são em madeira, exceto a cobertura que é em fibra de gamuti e o pavimento do piso do rés-do-chão que é betão polido e o da zona balneária em mosaico cerâmico (Fig. pág. 100). No revestimento das paredes, pelo exterior, opta- se pela aplicação de lambrins em madeira maciça, com perfil de arestas (macho e fêmea), colocados verticalmente; e, pelo interior, também por lambrins, mas variáveis no dimensionamento e na colocação, sendo mais

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