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O projeto “A identidade histórica e cultural de Porto Nacional: uma acessibilidade através dos acervos”

relatos de uma experiência realizada em Porto Nacional, Tocantins

1. O projeto “A identidade histórica e cultural de Porto Nacional: uma acessibilidade através dos acervos”

A cidade de Porto Nacional, situada na região ociden- tal do Tocantins, foi tombada em 27 de janeiro de 2008, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN),

fato que despertou o interesse dos pesquisadores que compõe o Núcleo de Estudos Urbanos e das Cidades (NEUCIDADES), da

Universidade Federal do Tocantins, que decidiram colaborar com a preservação dos acervos através da elaboração do projeto “A identidade histórica e cultural de Porto Nacional: uma acessibili- dade através dos acervos”.

A iniciativa da equipe responsável pela elaboração e im- plementação do Projeto, fundamenta-se no Estatuto da Fundação Universidade Federal do Tocantins (2003, p. 3), que estabelece como uma das finalidades da Universidade a promoção da di- vulgação dos conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem o patrimônio da humanidade, bem como comunicar o saber por meio do ensino, de publicações ou de outras formas de comunicação.

As Instituições de Pesquisa, Universidades, Museus, Ar- quivos Públicos, Bibliotecas Públicas, Bibliotecas Escolares, sejam elas federais, estaduais, municipais e mesmo as privadas, devem ter como principal finalidade reunir, organizar e preservar acervos de valor histórico, uma vez que são instituições relacionadas com a cultura e têm como principal tarefa, preservar a herança docu- mental para gerações futuras.

A área tombada abrange parte da zona central da cidade e compreende o sítio natural, a malha urbana e as arquiteturas implantadas desde a fundação do município até a década de 1960. Nessa área, estão localizados, além das edificações vernaculares (estilo arquitetônico), os edifícios mais singulares do Centro Histó- rico, como a Catedral, o Seminário, a Cúria e a Casa de Câmara e Cadeia. O local ainda apresenta remanescentes da maior parte do acervo arquitetônico representativo do período do Ciclo do Ouro, no período que inclui a metade do Século XVIII até meados do Século XX. Com o tombamento foi iniciada a revitalização de 120 imóveis do Centro Histórico, valorizando e preservando toda a arquitetura existente, mas mantendo a originalidade dos imóveis e os valores relacionados ao cotidiano da população do lugar.

O projeto, como meio de pesquisa regional, dá conti- nuidade ao projeto “A produção dos instrumentos de pesquisa, através dos acervos da Cúria Diocesana e do Museu Histórico e

Cultural de Porto Nacional/TO”. Os projetos são fundamentados na importância de conservação e preservação do patrimônio histó- rico e cultural da cidade de Porto Nacional, por intermédio de um levantamento dos documentos e objetos existentes nos arquivos. O reconhecimento desses dois acervos como Patrimônio Histórico de Porto Nacional, reforça e valoriza a identidade do povo tocan- tinense. O desafio desse projeto está na organização, preservação e divulgação do patrimônio existente.

Apesar de tratar-se de uma divisão político-administrativa, o impacto causado sobre a cultura do novo Estado é grande, e seme- lhante ao que aconteceu no Mato-Grosso do Sul, onde a população se viu, de um momento para o outro, privada de grande parte de seus referenciais históricos (Goiás e Pirenópolis, assim como Caval- cante, que se localizam hoje no Estado de Goiás). Dessa forma, de acordo com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (2008), o reconhecimento de Porto Nacional vai valorizar a identi- dade do povo tocantinense, a partir do patrimônio pertencente ao Tocantins, de forma que as antigas ligações, tanto com a região de Minas quanto com o Norte do Brasil, sejam também ressaltadas.

O desafio, após o tombamento, concentrava-se na pre- servação e divulgação do patrimônio existente. Despertar o inte- resse da comunidade, assim como de visitantes ou pesquisadores em relação à herança cultural, histórica e documental exige uma interpretação e organização dessas obras fragmentadas em diver- sos objetos históricos. A necessidade de uma interpretação desse arquivo era imediata.

O Museu Histórico e Cultural de Porto Nacional foi fun- dado na década de oitenta e iniciou-se uma campanha de mobi- lização para doação de acervo. Depois de ocupar diversos espa- ços, segundo as informações fornecidas pela Prefeitura Municipal (PORTO NACIONAL, 2008), atualmente está definitivamente ins- talado no prédio restaurado para este fim.

Um olhar nos registros constantes em documentos arqui- vados permite verificar a importância da preservação desse patri- mônio de Porto Nacional e, consequentemente, a necessidade de analisar e organizar os acervos históricos e culturais, como forma de contribuição para a preservação do patrimônio cultural brasilei-

ro. Foi realizado um levantamento dos acervos e registros preser- vados, privilegiando o período cronológico, a partir da fundação do Município até a década de 1960, delimitado pelo IPHAN, na homologação do tombamento de Porto Nacional.

O patrimônio tombado como centro histórico de Porto Na- cional, necessita de uma estrutura apta para recepcionar os visitantes, a fim de que possa ser preservado e revitalizado através do processo de valorização de seus bens. A organização de registros e arquivos existentes no Museu Histórico e Cultural de Porto Nacional se apre- senta como recurso para essa valorização, um ponto de contato entre o visitante, o pesquisador e o patrimônio, a fim de que possam ser orientados de maneira adequada para desfrutar sua visita.

O acervo do museu é representativo da memória social local e a organização da documentação permite resgatar, pre- servar e estimular o desenvolvimento de ações educativas nos museus. O desenvolvimento das atividades de ensino-pesquisa e extensão, promove a integração entre professores, funcionários, graduados e pós-graduados da UFT, estudantes e comunidade geral, através do resgate do passado, mas visando a expansão da Universidade-Comunidade no presente e no futuro.

2. Alguns conceitos sobre patrimônio histórico