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PROJETO MORO AQUI AO LADO

No documento Designa 2013: interface procedings (páginas 61-64)

MORO AQUI AO LADO: PROJETO DE INTERFACE

PROJETO MORO AQUI AO LADO

O projeto denominado “Moro Aqui ao Lado” nasceu no âmbito de um trabalho de Doutoramento em Design que está em progresso, intitulado: Design para uma Museografia Inclusiva: A Fotografia em Contexto Expositivo Urbano. Teve a duração de 3 meses, com início no mês de Abril e término em Junho de 2013. Foi desenvolvido para um grupo de cerca de 15 jovens, com idades compreendidas entre os 12 e os 15 anos, residentes nos Bairros selecionados. Uma vez por semana durante uma hora foi administrado um Workshop orientado pela doutoranda e/ou por outras pessoas ligadas à fotografia com o intuito de ensinar os seus conceitos básicos.

Foi necessário delinear como as propostas projetuais iriam ser desenvolvidas em cada bairro, nomeadamente, a programação dos workshops e todo o fio condutor que proporcionou o tema do trabalho desenvolvido ao longo de três meses tendo em vista a elaboração da exposição final. A linha programática acordada foi aplicada nos três bairros de modo igual, com o fim de serem analisados as opções/caminhos escolhidos por cada um, sem a investigadora interferir de forma categórica e/ou intrusiva, assumindo deste modo a criação estética como conjunta e fundamental para a inclusão social.

Julgámos que seria interessante levar várias pessoas aos workshops para que os participantes pudessem ouvir diferentes comunicadores, cada um deles com um tema de interesse específico a apresentar. Assim, os palestrantes ensinaram fotografia de diferentes perspetivas e consoante as questões que

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melhor dominavam e/ou consideravam mais relevantes. Também sentimos que era importante serem os palestrantes a escolher o tema, pois deste modo, conseguiu-se, da parte deles, um grau de envolvência elevado ao transmitir os seus conhecimentos àqueles jovens.

O planeamento das sessões teve em consideração a experiência profissional dos convidados, assim como, a missão projetual e os conhecimentos que pretendíamos que os jovens captassem. Para o sucesso de um projeto é imprescindível haver uma prévia preparação/planificação das sessões, de forma a conseguir-se passar uma mensagem consistente e objetiva.

A primeira sessão aconteceu no início de Abril de 2013, com a apresentação do projeto, do seu objetivo e dos conteúdos de aprendizagem a concretizar ao longo de aproximadamente 3 meses. A pensar nas faltas ou desinteresse que poderiam surgir por parte de alguns jovens, elaboramos um cartão de identificação, que cada um pintou e onde colocou o seu nome. Também serviu como forma de apoio para as pessoas que me acompanharam ao longo das sessões, pois algumas foram a uma só e, não havendo muito tempo para apresentações, tornou-se mais fácil para o orador identificar o nome do jovem. O uso do cartão de identificação era, portanto obrigatório.

Na segunda e terceira sessão contaram com a presença da fotógrafa Ana Sofia Santos, que fez uma explanação sobre a fotografia analógica. Os jovens tiveram a oportunidade de fotografar com máquinas analógicas e de fazer a revelação das fotografias.

A quarta sessão foi subordinada ao tema do Retrato e contou com a presença do fotógrafo Filipe Inteiro. Consistiu numa breve exposição sobre o retrato e as luzes que se podem utilizar, para depois serem os jovens a fotografarem-se mutuamente. A quinta sessão contou com a presença do fotógrafo Adalberto Santos, o qual determinou que a sessão tivesse a duração de 90 minutos em vez dos 60 minutos habituais. Levou fotografias de autor e de outros para os jovens analisarem e dizerem o que viam. O conceito fundamental que Adalberto Santos quis transmitir foi que a fotografia veicula sempre uma informação.

A sexta sessão ficou a cargo do fotógrafo Carlos Reveles que trouxe imagens suas para ilustrar alguns conceitos de composição na fotografia: equilíbrio, perspetiva, fundo, simetria, profundidade e enquadramento.

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A sétima e oitava sessão foram preenchidas com a minha explanação acerca de conceitos relevantes para o ato de fotografar, nomeadamente: o plano, o ponto de vista, o contraste, a focagem, abertura do diafragma, velocidade do obturador e sensibilidade ISO (sensibilidade fotográfica).

Nas duas sessões seguintes, os fotógrafos Magda Fernandes e José Domingos da Imagerie - Casa das Imagens, ensinaram a técnica de fotografia estenopeica – Pinhole. Na primeira, os jovens construíram a sua câmara fotográfica com uma lata, que lhes fora previamente pedida. Na segunda sessão foram fotografar com a lata e revelaram as suas imagens numa câmara escura improvisada.

Na semana seguinte (décima primeira sessão), os jovens viram todas as suas fotografias capturadas ao longo dos workshops e escolheram as que consideravam melhores e que gostavam de expor na exposição final. Também começaram a pensar como gostariam que as imagens fossem colocadas num poster com as dimensões 1185 mm x 1750 mm, que foi colocado num mupi (mobiliário urbano para informação).

Na última semana terminaram a elaboração da disposição dos elementos

constituídos no poster (tipo de letra, cor, disposição das imagens, legendas, entre outros).

Para além destas sessões também foi possível levar os jovens a ver uma exposição de fotografia “World Press Photo”, a qual decorreu durante o mês de Maio de 2013, no Museu da Eletricidade, em Lisboa.

De 11 de Julho a 4 de Agosto de 2013, realizou-se uma exposição urbana, em Lisboa, com dez mupis. Cada Bairro ficou representado com três mupis, ou seja, seis posters. A exposição realizou-se no jardim em frente ao Museu da Eletricidade, espaço escolhido depois de ter sido feita uma análise dos transportes disponíveis em cada bairro tendo-se, assim, chegado à conclusão que seria um local com alguma acessibilidade, principalmente para dois dos bairros (Bairro Padre Cruz e Bairro da Boavista) e pelo facto de este espaço já ser conhecido pelos jovens que foram à exposição do “World Press Photo”. Os jovens do Bairro Padre Cruz e do Bairro da Boavista foram de transportes públicos até ao Museu da Eletricidade, ficando deste modo a conhecer o caminho para a sua exposição.

Este projeto visa cumprir o objetivo dar a conhecer os três bairros referidos anteriormente às pessoas que não pertencem aos mesmos e, ao mesmo tempo, levar os jovens com condições mais desfavorecidas a conhecer uma arte, neste caso

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a fotografia. Pretende-se também que as futuras gerações apreendam a realidade de todos, deixando de lado a perspetiva de que o conceito de inclusão não se aplica apenas aos que possuem necessidades educativas especiais.

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