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Projeto “Olimpíadas de abril”

No documento Relatório de Estágio (páginas 99-102)

Nesta fase, os professores devem mobilizar, cuidadosamente, capacidades e potencialidades das crianças, sendo, para isso, crucial que os docentes identifiquem e

3.6. P ROJETOS I MPLEMENTADOS NA PRÁTICA E DUCATIVA

3.6.2. Projeto “Olimpíadas de abril”

Em concordância com o decreto-Lei 139/2012 de 5 de julho de 2012, a escola, de acordo com a sua autonomia, deve desenvolver projectos e atividades. Estas, se forem de cariz interdisciplinar, serão atividades mais ricas (Sanches, 2001). Assim sendo, no dia 24 de abril, realizou-se, na biblioteca, por iniciativa dos professores estagiários, o projeto Olimpíadas de abril, com o objetivo de celebrar os 40 anos do 25 de abril.

Para envolver as várias áreas disciplinares (Português, Matemática, Ciências da Natureza/Educação Musical e HGP), decidiu-se aliá-las à celebração do 25 de abril, demonstrando as suas potencialidades (cf. Anexo 44). A biblioteca tinha quatro postos de atividades, correspondentes às áreas já referidas, ficando cada professor estagiário responsável por uma delas. O funcionamento desta atividade focou-se na organização de grupos, para que os alunos trabalhassem em espírito colaborativo, dividindo-se, assim, pelos quatro postos, e circulando pelas restantes de dez em dez minutos. Em todas áreas eram distribuídos pontos, consoante os resultados obtidos pelos alunos nos vários jogos, para que estes se sentissem motivados. Esses pontos eram registados num cartão (contendo também o nome do grupo, que devia ser relacionado com o tema e era escolhido pelos alunos, bem como a turma a que pertenciam). No final do dia, procedeu-se à contagem dos pontos e afixou-se o resultado no átrio da escola.

Na área do Português, apresentou-se a obra Romance do 25 de Abril, de João Pedro Mésseder, realizando-se a leitura de algumas partes da obra — sendo que depois era feita a exploração dessas partes com os alunos — e a construção de acrósticos. As partes seleccionadas encontravam-se nuns marcadores de livros, que eram oferecidos aos alunos, para que acompanhassem a leitura, funcionando também como recordação desta atividade. A professora estagiária responsável pela área fazia a leitura recreativa dos excertos e depois promovia um momento de discussão entre os alunos, para saber as opiniões e a interpretação que estes tinham sobre o que tinha sido lido.

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Visto que as turmas do 5.º ano não abordavam, neste ano letivo, este conteúdo da história, elaborou-se uma maqueta com imagens alusivas a factos ocorridos antes do 25 de abril e outras relacionadas com o pós 25 de abril, para que compreendessem a importância desta data. A simbologia implícita nas imagens permitiu cativá-los desde logo e, após essa primeira reacção da parte dos alunos, a professora estagiária iniciou a apresentação. Depois, para que os alunos não fossem recetores passivos, envolveu-os, pedindo para continuar o percurso de acordo com os seus conhecimentos prévienvolveu-os, dando apoio sempre que fosse necessário. Motivou-os, assim, pela imagem e permitiu que fossem construtores do conhecimento (ibidem, 2001).

Para terminar as atividades desta área, os alunos tinham de realizar acrósticos relacionados com a temática das Olimpíadas. Mediante a história, em pequenos grupos, realizavam os acrósticos de acordo com palavras que tivessem sido consideradas importantes, para depois apresentar aos restantes colegas. Os grupos que realizassem três acrósticos obtinham dez pontos, dois acrósticos equivaliam a cinco pontos e um acróstico a um ponto. Durante a realização dos acrósticos, era ainda selecionado um aluno para escrever uma mensagem que respondesse à questão

“Achas que a Revolução de 25 de abril foi importante?”. Daqui, a maioria referiu que sim, porque nos deu liberdade para fazer o que antes era proibido ou censurado, articulando especialmente com os momentos selecionados da história lida inicialmente.

Relativamente à área de Ciências da Natureza, optou-se por aliar à Música com o objetivo de demonstrar o que antes do 25 de abril acontecia, ou seja, a transmissão de opiniões, sem que a PIDE (Polícia Internacional e de Defesa do Estado) interferisse nisso, através das letras das músicas. Deste modo, os alunos iniciavam esta área com a audição de uma das músicas características desta época, muitas vezes desconhecidas deste público, especialmente porque a maioria só reconhece a Grândola Vila Morena, de José Afonso. Nesta fase, utilizaram-se as músicas de José Afonso – Vampiros; José Afonso – Grândola Vila Morena; Simone de Oliveira – Desfolhada; Fernando Tordo – Tourada; Sérgio Godinho – Que força é essa;

Ermelinda Duarte – Somos Livres. Posto isto, metade do grupo tinha de realizar uma atividade prática em que escrevia uma mensagem secreta (nome de um cantor ou nome de uma música) para os restantes elementos do grupo a descobrirem. A atividade tornou-se cativante porque grande parte destes alunos não estão familiarizados com algumas músicas do 25 de abril ou até mesmo com atividades práticas, devido a algumas regras da própria escola. Aquando das explicações de como iria ser o procedimento final da experiência, não acreditavam que fosse possível que uma vela fizesse aparecer uma mensagem que estava invisível e isso causou o efeito-surpresa nos alunos. Para finalizar, tinham que tentar adivinhar a quem correspondia a música ou quem era o cantor, identificando-os através das imagens existentes na caixa. A música revela-se, assim, como incentivo ao desenvolvimento pessoal e relacional (Melo, 2005).

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Relativamente à área de HGP, procedeu-se à visualização de um vídeo que continha a informação relativa ao antes, durante e após 25 de abril. Com a visualização, os alunos podiam rever situações das razões que despoletaram a revolução, como esta decorreu e o que dela adveio para Portugal. A narração ficou a cargo do professor estagiário responsável, podendo cativar a atenção dos alunos para os aspetos essenciais do vídeo. Também neste posto, após a visualização do vídeo, os alunos tinham de responder a algumas questões orientadoras levantadas pelo professor estagiário e que serviam, depois, para apoio do jogo final.

Para terminar, através do jogo “Quem quer ser milionário?”, os alunos respondiam a dez questões relacionadas com este marco histórico e, também, com o vídeo visualizado, ganhando pontos por cada resposta correta. A junção do vídeo com o jogo permitiu ter a noção que os alunos são mais recetivos às imagens e que através destas compreendem o que estava a ser abordado. O jogo servia de consolidação desta área, permitindo estabelecer um momento avaliativo.

Na área da Matemática realizou-se o “Jogo do 25”, jogo este semelhante ao afamado “Jogo do 24”, no qual os alunos teriam que, através de diversas estratégias de cálculo, chegar ao resultado 25, sabendo explicá-lo. Por cada cartão resolvido, eram atribuídos pontos. A escolha do 25 em lugar do 24 prendeu-se unicamente com a data desta revolução. Associou, desta forma, o número e o jogo tradicional à data em questão, ligando assim a área da Matemática à da HGP.

À medida que os alunos iam passando pelas diversas áreas, quer os do 5.º ano — que não estavam a abordar este conteúdo —, quer os do 6.º ano, verificava-se um desenvolvimento a nível substancial de conhecimentos. Todos queriam participar, todos queriam falar sobre o que foram aprendendo e o que já sabiam, demonstrando também que, para alguns, o assunto era abordado em casa, pelos próprios pais, pedindo para partilhar isso com os professores estagiários e os colegas. Além de desenvolver o gosto pela HGP, conseguiu ainda demonstrar-se a ligação às outras áreas, de uma forma simples e apelativa, visto que estavam muito motivados e queriam descobrir como isso acontecia em cada posto. Através de recursos a que podem aceder facilmente hoje-em-dia, construiu-se um seguimento de atividades que tiveram uma grande receptividade quer por alunos, quer pelos professores, pois fizeram questão de comunicar a satisfação perante o que foi desenvolvido. Mesmo as turmas com as quais não mantínhamos contacto diário transmitiram o apreço pelo projeto nos corredores ou nas aulas, fazendo-nos chegar a sua opinião através dos professores de HGP. Além disto, sempre que cada posto recebia o último grupo de cada turma, era feito um levantamento de opiniões sobre o projeto, sabendo assim o que tinham gostado mais e o porquê, verificando que uma grande maioria escolhia o posto das Ciências da Natureza/Música pela atividade prática e HGP por causa do jogo. De um modo geral, a participação dos alunos foi cuidada (seguindo as regras e condições de trabalho dos postos), revelando vontade de aprender e saber mais, levando-os a colocar mais questões em todas as áreas. O projeto tornou-se, desta

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forma, um espaço de aprendizagem com uma “porta aberta sobre a curiosidade dos alunos”, que teve sempre em conta as suas motivações, expectativas e interesses para que se tornasse significativo (Cortesão et al., p.36).

No documento Relatório de Estágio (páginas 99-102)