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Quando se questionam os participantes sobre a existência de um projeto pedagógico escrito, 80% dos alunos, futuros educadores, afirmam que as educadoras cooperantes suas supervisoras tinham um projeto pedagógico escrito, sendo que apenas 50% do total da amostra afirma ter-lhe sido facultado o acesso a esse documento. Por sua vez, 20% dos alunos afirmam que a sua supervisora não tinha um projeto pedagógico escrito, baseando as suas práticas no projeto pedagógico do ano letivo anterior, embora a consulta desse documento não lhes tenha sido facultada. Todas as educadoras cooperantes que participaram neste estudo afirmam ter um projeto pedagógico escrito.

Relativamente à inclusão de objetivos específicos para o domínio da linguagem no projeto pedagógico, 70% dos alunos, futuros educadores, afirmam haver objetivos específicos para o domínio da linguagem oral, 10% afirmam que não e 20% não

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respondem à questão. Quanto às educadoras cooperantes, 75% afirmam descrever no seu projeto pedagógico objetivos no âmbito da linguagem oral, sendo que as restantes 25% afirmam que não. Em relação à linguagem escrita, há também 20% dos alunos que não respondeu à questão colocada, 50% dos alunos, futuros educadores, respondeu de forma afirmativa e 30% de forma negativa. Em relação a esta questão dos objetivos específicos para o domínio da linguagem escrita, 50% das educadoras cooperantes afirmam definir no seu projeto pedagógico objetivos específicos nessa área e os restantes 50% afirmam não definir esse tipo de objetivos.

Quando se pediu aos alunos, futuros educadores, para nomearem os objetivos específicos para a área da linguagem, contemplados no projeto pedagógico da educadora que supervisionava o seu estágio, assim como às educadoras cooperantes, as respostas foram as que se apresentam no quadro seguinte:

Objetivos específicos para o domínio da linguagem referidos por: Alunos, futuros educadores Educadoras cooperantes

- Adquirir palavras. - Ouvir e escutar os outros.

- Compreender as conversas entre adultos e pares tidas em diversos contextos.

- Seguir e participar numa conversa.

- Compreender e seguir uma sequência de duas ou mais ordens.

- Entender instruções.

- Ouvir e compreender histórias lidas em voz alta com e sem apoio de imagens.

- Compreender questões abertas.

- Comunicar para dar informações, fazer pedidos, protestar, recusar, manifestar sentimentos, cumprimentar, dar ordens, partilhar ideias, comentar situações…

- Expressar-se com vocabulário diversificado.

- Os objetivos especificados nas orientações curriculares para a educação pré-escolar.

- Favorecer a comunicação e a capacidade de compreensão e expressão oral.

- Explorar o caráter lúdico da linguagem.

- Levar a criança a compreender a necessidade e as funções da escrita.

Quadro 2 – Objetivos específicos para o domínio da linguagem.

Analisando o quadro anterior, pode concluir-se que os alunos, futuros educadores referem, apenas, objetivos no âmbito da linguagem oral. As educadoras cooperantes para além desses, referem também objetivos no âmbito da escrita.

Ainda sobre esta questão e relativamente à análise dos portefólios reflexivos individuais foi possível concluir que os futuros educadores em formação definem, nas

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suas planificações, objetivos no âmbito da leitura e da escrita. Há uma aluna que, apesar de afirmar que iniciou a sua prática pedagógica na metodologia de projeto, define intenções pedagógicas em vez de objetivos, o que remete para o modelo curricular high-scope. No quadro seguinte, apresentam-se os objetivos definidos pelos alunos, futuros educadores para as atividades de promoção da linguagem oral e abordagem à escrita.

Objetivos definidos pelos alunos, futuros educadores, para as atividades de promoção de leitura e de escrita

Objetivos Portefólios

- Reconhecer letras e palavras no texto escrito. - Reconhecer a divisão silábica.

- Promover a utilização da biblioteca como espaço lúdico de leitura e de escrita. - Promover o gosto pelos livros e pela leitura.

- Utilizar o desenho como forma de escrita.

- Compreender a utilidade dos meios de acesso ao conhecimento.

Portefólio 1

- Utilizar/explorar diferentes tipos de suportes escritos. - Estabelecer comparações entre palavras e imagens.

- Desenvolver a capacidade de escrita através de símbolos pictográficos. - Promover o interesse pelos livros.

- Desenvolver o gosto pela leitura.

- Incentivar a criança para as diversas formas de contar histórias. - Elaboração de recados para casa lidos para as crianças. - Desenvolver a capacidade de identificar letras.

- Desenvolver hábitos de leitura.

- Familiarizar-se com os diferentes materiais que estimulam a leitura.

- Reconhecer a importância da linguagem escrita como meio de comunicação.

Portefólio 2

- Apropriar-se progressivamente da linguagem oral. - Interpretar o quadro de presenças e o quadro das tarefas. - Interessar-se pela leitura.

- Fazer a correspondência de letras e os grafismos das mesmas.

- Desenvolver a capacidade de observação, atenção, concentração e memorização. - Desenvolver a motricidade fina.

- Aprimorar a consciência fonológica. - Revelar curiosidade e desejo de saber.

- Reconhecer letras e símbolos do código escrito.

- Criar símbolos próprios para representar palavras e ideias. - Descobrir formas de representar graficamente algo vivenciado. - Desenvolver a capacidade de realizar desenhos pré-esquemáticos. - Desenvolver a leitura e a escrita.

- Ser capaz de contar o número de sílabas de uma palavra.

- Ser capaz de identificar palavras que começam ou terminam com a mesma sílaba.

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- Ser capaz de escrever o seu nome e palavras que lhe forem fornecidas. - Reconhecer a sílaba inicial em palavras escritas.

- Segmentar o número de sílabas de uma palavra. - Promover contactos com novos impressos da escrita. - Desenvolver o reconhecimento e escrita de palavras. - Fomentar o conhecimento das convenções gráficas. - Promover jogos de escrita.

- Desenvolver a motricidade fina. - Desenvolver a consciência fonológica.

Portefólio 4

Quadro 3 – Objetivos definidos pelos alunos, futuros educadores, para as atividades de promoção da leitura e da escrita.

Tentou aferir-se também se, na existência de projeto pedagógico escrito, este contemplava planificações específicas para o domínio da linguagem e a sua periodicidade, ao que, em relação aos alunos, futuros educadores, apenas se obteve 90% de respostas, 30% afirmativas e 60% negativas. Todas as educadoras cooperantes responderam de forma afirmativa a esta questão. Todos os participantes que responderam de forma afirmativa referiram que as planificações eram elaboradas semanalmente. No que concerne à linguagem oral, 40% dos alunos referem que as planificações contemplam muitas vezes objetivos específicos para o desenvolvimento neste domínio. 10% referem que são sempre contemplados esse tipo de objetivos e 10% referem que poucas vezes se contemplam nas planificações objetivos específicos para o domínio da linguagem oral. Por sua vez, 75% das educadoras cooperantes referem que contemplam sempre, nas suas planificações, objetivos específicos no domínio da linguagem oral e 25% referem que os contemplam poucas vezes. No que diz respeito a objetivos específicos que promovam o desenvolvimento da linguagem escrita, 30% dos alunos referem que estes são contemplados muitas vezes nas planificações das suas supervisoras, 10% referem que são sempre, 10% referem que são poucas vezes e 10% referem que nunca são contemplados objetivos deste tipo nas planificações das suas supervisoras. 30% dos alunos inquiridos não respondeu a esta questão. Das respostas obtidas junto das educadoras cooperantes, 50% responderam que contemplam sempre, nas suas planificações, objetivos específicos no domínio da linguagem escrita, 25% responderam que o fazem muitas vezes e os restantes 25% responderam que nunca o fazem.

Através do inquérito por questionário tentou aferir-se também se as planificações definiam as atividades, as estratégias e os recursos a utilizar na

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intervenção pedagógica no domínio da linguagem. Quanto às atividades, 30% dos alunos, futuros educadores respondeu que as planificações contemplavam sempre atividades de promoção do desenvolvimento da linguagem, 20% referiu que isso acontecia muitas vezes e 10% referiu que eram planificadas poucas vezes atividades no domínio da linguagem. Relativamente às estratégias propostas nas planificações para o desenvolvimento da linguagem, mantêm-se exatamente as mesmas percentagens das respostas para a questão das atividades. Quanto à definição de recursos nas atividades de promoção da linguagem, 30% dos alunos referem que são sempre definidos os recursos necessários para a concretização das atividades e 30% referem que isso acontece poucas vezes. Não responderam a esta questão 40% dos alunos inquiridos.

Relativamente a essa mesma questão, mas colocada às educadoras cooperantes, 75% das respostas afirmaram que se definem sempre as atividades, as estratégias e os recursos para as intervenções no domínio da linguagem e 25% afirmaram que o mesmo acontece poucas vezes.

5.4 – Conceções dos alunos, futuros educadores, e das