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RUI VAZ Populaçã

4. GESTÃO DO PARQUE NO QUADRO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA ILHA DE SANTIAGO

4.2. A Gestão dos Recursos Naturais

4.2.1. Os recursos, as potencialidades e os usos tradicionais

4.2.3.5. Promoção do turismo

O turismo é olhada como uma das poucas fontes de recursos que podem fazer descolar a economia de Cabo Verde. Para que tal possa vir a acontecer, terão que ser realizados avultados investimentos para viabilizar um desenvolvimento turístico a nível tal que os efeitos sobre o emprego, a economia e as finanças públicas tenham grande impacto a nível nacional.

Não haverá turismo de qualidade sem elevada qualidade de vida da população residente baseada na conservação dos recursos naturais, um ambiente saudável, bem como a elevação dos níveis dos serviços da educação, saúde, lazer, ao mesmo tempo os investimentos em aeroportos, estradas, portos, hotéis, água potável e saneamento, energia eléctrica, transportes colectivos, telecomunicações, bons transportes marítimos, á disposição da população.

O facto do turismo em Cabo verde ter sofrido na ultima década um acréscimo significativo é uma boa razão para a aposta no Turismo Rural como forma a que as ilhas , concelhos e zonas essencialmente rurais em que inclui a zona de Rui Vaz e toda a Serra de Pico de Antónia que possam captar parte desse turismo, criando uma alternativa ao turismo de sol e praia, característico das ilhas do Sal, Boa Vista e Maio que são as ilhas onde se concentra o grosso da actividade turística.

91 O Turismo representa um sector que desde que, promovido de forma sustentável, poderá vir a contribuir para o desenvolvimento estratégico de Rui Vaz da Serra do Pico de Antónia e para a melhoria da qualidade de vida das populações locais.

Isso atenuaria as cada vez maiores dificuldades existentes nas populações rurais que vivem principalmente da agricultura, participando activamente no desenvolvimento da sua comunidade.

A promoção do turismo emerge como actividade eleita pelo governo para viabilizar a promoção do desenvolvimento rural, particularmente no Parque Natural de Rui Vaz da Serra do Pico de Antónia.

A zona de Rui Vaz da Serra do Pico de Antónia possui vários pontos de interesse turístico.

Quanto ao turismo rural, Rui Vaz é uma zona com grande potencialidade para pratica do agroturismo, para além do panorama paisagístico.

Estando localizada na zona alta, a 4 km da Vila pode-se praticar o turismo de montanha, turismo ecológico, turismo para repouso e ainda para algumas actividades desportivas como: percurso pedestre, alpinismo, para pente, cannyonig, etc. a que se associa um clima ameno, fresco e com uma paisagem peculiar, caracterizada pela presença de uma vegetação exuberante.

As Ribeiras, cortadas por uma densa vegetação, são peças - chaves na qualidade da paisagem, em cuja contemplação tem uma importante interferência o traçado das estradas, que unem as montanhas e os vales. Isto permite ter, para a observação, o encantamento de vistas excepcionais. Por conseguinte, é o principal recurso de oferta, que se coloca igualmente como pedra angular para o desenvolvimento do turismo rural, voltado para o lazer, a aventura.

Rui Vaz e Serra do Pico de Antónia fazem parte de uma cordilheira de montanhas que se localizam na parte Sudeste (SE) da ilha de Santiago que culminam no ponto mais alto da ilha, Pico de Antónia com 1394 m. O relevo aliado a altitude contribui para a determinação de uma sucessão de quadros paisagísticos com tipos de comunidades vegetais de composição florística relativamente diversificada. Desse quadro paisagístico fazem parte o perímetro florestal de Longueira, Vale de São Jorge dos Órgãos e Ribeirão Galinha. Gera-se assim uma das paisagens rurais mais atractivas da ilha, sobretudo quando observadas do miradouro de S. Jorge dos Órgãos, as encostas escarpadas, inseridas na cabeceira da Ribeira Seca, cobertas, durante a maior parte do ano, pela vegetação semi - natural perene. A flora autóctone pode ser, pormenorizadamente, apreciada pelos visitantes que optarem pelo percurso pedestre,

92 tendo como ponto de partida o Monte Tchota, e como destino o povoado de pico de Antónia e ainda permite-nos ver todo o panorama do vulcão de Fogo.

Durante o período compreendido entre os meses de Agosto a Dezembro a vegetação do fundo dos vales e dos paredões rochosos é beneficiada pela água que durante esse período ainda alimenta a zona montante das ribeiras que atravessam a Serra de Pico de Antónia.

Nesta localidade encontra-se um empreendimento turístico do tipo Pousada, denominado Quinta da Montanha.

Fig. 21 - Pousada Quinta da Montanha, foto da autora, 02 de Agosto de 2009

Quinta da Montanha é uma unidade tipo pousada que apresenta todas as condições para receber visitantes e incentiva a practica do turismo sustentavel. É frequentado por turistas nacionais e internacionais durante todo o ano quer para alojamento e serviço de restauração quer para passeios guiados dentro da comunidade.

O artesanato local traduz-se numa longa tradição, que embora sendo uma actividade pouca expressiva do ponto de vista económico, se associa ao desenvolvimento do turismo. A sua importância advém também da necessidade de preservação do património cultural.

Nota-se, no entanto, que sem a componente formação, não se pode assegurar o efectivo desenvolvimento de turismo, daí que as entidades vocacionadas têm apostado na formação de guias turísticos locais e na formação/reciclagem de empregados de bares e restaurantes, entre outros. As iniciativas desenvolvidas neste sentido abrangem a Câmara Municipal em parceria com outras instituições locais, nomeadamente a Morabi, a Cabo Verde Investimentos e a Delegacia de Saúde, a Associação ADIRV, permitindo assim, a prestação de um serviço de melhor qualidade.

A Associação para o Desenvolvimento Integral de Rui Vaz (ADIRV) tem tido iniciativas de formação de guias locais, já com quatro guias formados, no entanto, ainda não existe a garantia de emprego aos formados segundo informação da presidente da Associação.

93 Por outro lado, a Associação já tem um projecto em andamento para a construção de bomgolos para hospedagem dos visitantes, exposição de artesanatos, plantas endémicas, etc.

Há todo um engajamento para a criação de prestações de serviços, no sentido de criar emprego da população feminina, que aliás é a mais activa na localidade e a mais afectada pela situação de desemprego.

Devido a falta de um plano de gestão, nota-se que as acções tendentes à promoção do turismo na região não têm sido conciliadas com as exigências em matéria de sustentabilidade ambiental. É de evidenciar a perturbação da biodiversidade provocada pela invasão do perímetro florestal para a apanha e corte ilícito de árvores, pela ocupação de espaços florestais para a prática da agricultura e criação de animais, e servindo algumas vezes como espaços para acumulação de lixo, embora ainda em pequena escala.

Realça-se, que o desenvolvimento do turismo na região, encontra-se na sua fase embrionária, oferecendo, no entanto, óptimas potencialidades ambientais para o seu desenvolvimento.

O turismo rural pode ser fomentado e valorizado nas áreas de Rui Vaz da Serra de Pico de Antónia, devendo para que tal aconteça, as autoridades competentes, em estreita colaboração com as comunidades locais, criar mecanismos que contribuam para uma boa gestão da vegetação e da paisagem rural dessas áreas.