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3.4. O Quadro Legal e a Implantação do Parque Natural de Rui Vaz da Serra do Pico de Antonia

3.4.1. O quadro legal do Parque Natural

O primeiro ensaio de destaque, no sentido de criação de um diploma protegendo especificamente parcelas do território nacional, com vista à salvaguarda de recursos naturais, surgiu em 1990, com a Lei nº79/III/90 de 26 de Maio.

Considera-se como pertences do domínio público do Estado e declaram-se como reservas naturais, a ilha de Santa Luzia e todos os ilhéus que integram o arquipélago de Cabo Verde, designadamente os ilhéus Branco, Raso, de Santa Maria, Seco ou Rombo, de Cima e ilhéu Grande, de Curral Velho e Baluarte13.

Esta lei surgiu na sequência de trabalhos de investigação levados a cabo sobretudo pelo Instituto Nacional de Investigação para o Desenvolvimento Agrário (INIDA) com vista ao levantamento dos recursos naturais nomeadamente da flora e da fauna.

Os trabalhos de investigações científicas evidenciaram o estado criticam que se encontravam os ecossistemas, pressionando deste modo, a intervenção do Governo na criação de um quadro legal de protecção do ambiente.

Medidas administrativas, institucionais e legais foram tomadas para levar a cabo o quadro de protecção do ambiente e do ordenamento do território nacional.

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71 A criação do Parque Natural de Rui Vaz da Serra do Pico de Antónia enquadra-se nesse conjunto de medidas tomadas.De entre os vários diplomas criadas em Cabo Verde, destacamos os que constituíram marcos no surgimento deste Parque Natural.

A Constituição da República de Cabo Verde no artigo 72º reconhece a todos os cidadãos o direito ao ambiente nos seguintes termos:

1. Todos têm direito a um ambiente sadio e ecologicamente equilibrado e o dever de o defender e valorizar.

2. Para garantir o direito ao ambiente, incumbe aos poderes públicos:

a) Elaborar e executar políticas adequadas de ordenamento do território, de defesa e preservação do ambiente e de promoção do aproveitamento racional de todos

os recursos naturais, salvaguardando a sua capacidade de renovação e estabilidade ecológica;

b) Promover a educação ambiental, o respeito pelos valores do ambiente, a luta contra a desertificação e os efeitos da seca.

Em 1993 foi publicada a Lei n.º 85/IV/93 de 16 de Julho que define as Bases do Ordenamento do Território Nacional e o Planeamento Urbanístico, teve como objectivo o ordenamento integrado do território nacional com vista a uma melhor utilização das potencialidades regionais e valorização dos recursos naturais.

A Lei N.º 86/IV/93 de 26 de Julho, definiu as Bases da Política do Ambiente. Este diploma definiu como objectivo da política do ambiente “optimizar e garantir a continuidade de utilização dos recursos naturais, qualitativa e quantitativamente, como pressuposto básico de um desenvolvimento auto- sustentado.

Decreto- Legislativo n.º 14/97, de 1 de Julho - Estabelece os princípios fundamentais destinados a gerir e a proteger o ambiente contra todas as formas de degradação, com o fim de valorizar os recursos naturais, lutar contra a poluição de diversas natureza e origem e melhorar as condições de vida das populações no respeito pelo equilíbrio do meio.

Lei n.º 48/V/98 de 6 de Abril. - Regula a actividade florestal - O Diploma aplica- se às árvores e florestas que não sejam cultivadas para fins agrícolas, ao exercício da actividade florestal e aos terrenos submetidos ao regime florestal ou susceptíveis de serem arborizados ou florestados em Cabo Verde e desde que não sejam destinados a actividades predominantemente agrícolas.

Resolução n.º 3/2000 de 31 de Janeiro - Aprovação da Estratégia Nacional e Plano de Acção sobre a Biodiversidade.

72 Resolução n.º 4/2000 de 31 de Janeiro - Aprovação do Programa de Acção Nacional de Luta Contra a Desertificação e de Mitigação dos Efeitos da Seca (PAN).

Decreto-Regulamentar No 7/2002, de 30 de Dezembro - Estabelece medidas de conservação e protecção de espécies da flora e da fauna ameaçadas de extinção, enquanto componentes da biodiversidade e parte integrante do património natural de Cabo Verde.

Decreto-Lei No 3/2003 de 24 de Fevereiro - Estabelece o regime jurídico dos espaços naturais, paisagens, monumentos e lugares que, pela sua relevância para a biodiversidade, pelos seus recursos naturais, função ecológica, interesse socio-económico, cultural, turístico ou estratégico, merecem uma protecção especial e integram-se na Rede Nacional das Áreas Protegidas, contribuindo assim para a conservação da natureza e o desenvolvimento autosustentado do país.

“O presente diploma visa estabelecer o regime jurídico dos espaços naturais, paisagens, monumentos e lugares que, pela sua relevância para a biodiversidade, pelos seus recursos naturais, função ecológica, interesse sócio-económico, cultural, turístico ou estratégico, merecem uma protecção especial e integrar-se na Rede Nacional das Áreas Protegidas, contribuindo assim para a conservação da natureza e o desenvolvimento do país” (Artigo 1º do Decreto-Lei Nº3/2003)

O artigo 6º do supracitado diploma define Parques Naturais nos seguintes termos:

1. Parques naturais são espaços amplos que contêm predominantemente sistemas naturais com habitat, espécies ou mostras representativas da biodiversidade do país, onde pode haver população local que aproveite os recursos vivos segundo as práticas tradicionais.

2. A gestão dos parques naturais deve ser orientada de modo a garantir a conservação das espécies, dos habitat e dos processos ecológicos, para a melhoria das condições de vida da população local, assim como do acessos das pessoas às respectivas áreas, com fins recreativos, espirituais, educativos ou científicos, tendo em conta os objectivos da conservação.

3. Os parques naturais sobre áreas marinhas podem adoptar a denominação de parque marinho.

Depois da sua classificação, na Rede nacional das áreas protegidas nada tem sido feito para dar seguimento ao quadro legal.

3.4.2. Os instrumentos de gestão do Parque Natural de Rui Vaz e da