Capítulo 3 Mapas conceituais
3.4.1 Promoção e avaliação da aprendizagem
Maffra (2011), em sua dissertação de mestrado, faz um estudo em que visa demonstrar a aplicabilidade dos mapas conceituais como uma estratégia adicional em um processo didáticopedagógico, ou seja, a qual o professor pode lançar mão em suas atividades de ensino.
Aplicandose esta técnica aos alunos do curso de graduação em Biologia do CEDERJ , 1 pólo de Volta Redonda, Maffra (2011) destaca a relativa facilidade de elaboração de mapas conceituais pelos estudantes, pois estes precisariam apenas de materiais simples como lápis/caneta e papel. Diante dessa facilidade a autora evidencia que essa técnicanão é mais amplamente utilizada pela falta de material que possa ser utilizado como orientação teórica e metodológica para a aplicação dessa técnica nas salas de aula. Ela buscou então:
“(...] aplicar, analisar e desenvolver estratégias diferenciadas de aplicabilidade dos mapas conceituais (...) capazes de possibilitar sua
utilização como uma ferramenta pedagógica geradora da Aprendizagem Significativa.” [MAFFRA, 2011, p.11].
A pesquisa conduzida por Maffra (2011) procurou verificar se ocorriam mudanças significativas no conhecimento adquirido pelos estudantes ao mesmo tempo em que a técnica dos mapas conceituais era estudada como estratégia motivadora. A coleta de dados dessa pesquisa transcorreu com a execução de várias tarefas de construção de mapas conceituais e aplicação de questionários que, posteriormente, foram analisados em um enfoque qualiquantitativo.
Maffra (2011) conclui que os mapas conceituais podem funcionar como mobilizadores e promotores de habilidades que permitam aos estudantes maior desenvoltura em processos de leitura, escrita, e interpretação. Adicionalmente, foi possível constatar que a estratégia dos mapas conceituais em um grupo de estudantes constituise numa atividade motivadora à aprendizagem, na medida em que facilita a interação e as discussões em torno da negociação dos significados dos conceitos adquiridos.
Silva (2007), também em uma dissertação de mestrado, fez um estudo sobre a viabilidade da utilização dos mapas conceituais como estratégia de promoção e avaliação da Aprendizagem Significativa de conceitos de calorimetria nos estudos do Ensino Médio.
Partindo da premissa de que a avaliação não é, ou não deve, ser um procedimento final após um período de estudos, mas sim um meio pelo qual a aprendizagem é proporcionada, Silva (2007) propõe os mapas conceituais como um material auxiliar que permita ao professor avaliar a aprendizagem de seus alunos de modo mais consistente com a realidade. Observando que os estudantes, embora obtenham notas satisfatórias em testes e provas, não conseguem formular respostas aceitáveis para a explicação de determinados fenômenos sobre os quais são indagados, Silva (2007) propõe as seguintes reflexões:
“(...] para que avaliar ou por quê avaliar, se o julgamento que faço de supostas aprendizagens não se reflete na forma de pensar e/ou interpretar do aluno ? Estou avaliando corretamente ? Os alunos realmente aprendem o que ensinamos em nossas aulas ? Então, levando em conta o
contexto, as condições e abordagens nas quais o ensino é desenvolvido (…), que procedimento seria capaz de promover e avaliar a aprendizagem dos alunos ?” [SILVA, 2007, p. 13]
Silva (2007) realizou sua pesquisa em duas turmas do 2º ano do Ensino Médio de uma escola pública de Planaltina DF, numa das quais foi aplicada a metodologia com a utilização dos mapas conceituais de acordo com a Teoria da Aprendizagem Significativa de Ausubel (turma experimental) e na outra não (turma de controle). As aulas em ambas as turmas foram dos tipos expositiva e experimental sendo que a técnica dos mapas conceituais foi aplicada apenas na turma “experimental”.
A coleta de dados nesse trabalho envolveu a aplicação de testes prévios, póstestes, construção de mapas conceituais pelo grupo experimental, aplicação de provas, preenchimento de um “diário de bordo” e o preenchimento de um questionário de opinião dos alunos do grupo experimental.
Nas suas conclusões Silva (2007) comenta os resultados efetivamente alcançados em relação à aprendizagem dos estudantes. Embora mencione que essa aprendizagem tenha ficado aquèm do esperado, apontando como possível causa para isso o pouco tempo de aplicação da técnica, os estudantes conseguiram montar mapas conceituais com boa diferenciação progressiva e integração reconciliativa de conceitos, o que mostrou que havia a ocorrência da Aprendizagem Significativa.
A partir do trabalho desenvolvido por Silva (2007) constatamos que os mapas conceituais podem ser instrumentos úteis tanto na promoção quanto na avaliação da Aprendizagem Significativa. Por meio da análise das respostas dos questionários, Silva (2007) também mostrou que alguns alunos começaram a desenvolver o processo de metaaprendizagem quando os mesmos avaliaram seu desempenho, associando sua evolução à construção destes mapas. A Aprendizagem Significativa, segundo o autor, não se mostrou tão evidente em todos os mapas produzidos, mas foi possível notar uma melhor estruturação e interrelação de conceitos desenvolvidos ao longo das aulas, que só não foram melhores devido a falta de maturidade, natural dos estudantes, para trabalhar com essa técnica.
Almeida e Moreira (2008) pesquisaram as dificuldades dos estudantes de graduação em Física na assimilação de conceitos de óptica Física. Nesse trabalho os autores consideraram a influência das concepções alternativas dos estudantes em seu processo cognitivo e o uso dos mapas conceituais como facilitadores da aprendizagem desse conteúdo. Para tanto foi comparado o tipo de aprendizagem demonstrada por dois grupos de alunos no estudo de Óptica Física: um grupo, denominado experimental, com o qual utilizouse de mapas conceituais para o estudo desse assunto, e outro grupo, denominado de comparação, com o qual foi utilizada uma metodologia de ensino tradicional.
A pesquisa envolveu, inicialmente, 125 estudantes dos quais 61 eram graduandos do curso de Física, que constituiu o grupo experimental, e 64 eram graduandos do curso de engenharia, que constituiu o grupo de comparação. Ambos os grupos já haviam se submetido aos estudos de óptica Física anteriormente. A primeira coleta de dados foi feita no início do período, à título de teste prévio, e consistiu na aplicação de um questionário do tipo “papel e lápis” com 20 questões conceituais. O mesmo questionário, porém com alteração na disposição das questões e dos ítens de resposta, foi novamente aplicado no final do semestre, com o objetivo de fazer uma nova coleta de dados para que fosse possível comparar as evolução do desempenho dos dois grupos analisados.
Somente o grupo experimental foi submetido à elaboração dos mapas conceituais. Para construir seus mapas, os estudantes tinham como critério único utilizar o conteúdo trabalhado nas aulas anteriores. Na aula seguinte à construção dos mapas conceituais, os estudantes ficavam incumbidos de apresentálos, momento no qual também se fazia a discussão dos conceitos que constituíam as proposições. Após as apresentações era permitido que os estudantes modificassem seus mapas. A construção de cada mapa conceitual permitiu saber quais os conceitos que os estudantes foram capazes de construir sem intervenções especiais.
Tanto na análise quantitativa como na qualitativa dos dados obtidos com os pré e póstestes, Almeida e Moreira (2008) concluem que o melhor desempenho do grupo experimental pode ser atribuído ao fato deste ter utilizado como estratégia de ensino a técnica do mapeamento conceitual.
O objetivo principal da pesquisa de Almeida e Moreira (2008) foi investigar se os mapas conceituais poderiam funcionar como instrumentos facilitadores da Aprendizagem Significativa de conceitos relacionados ao tema óptica Física, bem como identificar a mudança conceitual em relação às concepções alternativas dos estudantes sobre o comportamento ondulatório da luz. Com base nos resultados obtidos, os autores concluem que o mapas conceituais são potencialmente eficazes no processo de Aprendizagem Significativa dos conteúdos de óptica Física, assim como podem funcionar também como facilitadores da identificação das dificuldades que prejudicam os estudantes na aprendizagem desses conceitos. Os autores concluem também que, embora o fator mais importante para a aprendizagem seja que o conhecimento prévio do aluno interaja com os conhecimentos novos, para que ocorra mudança conceitual e Aprendizagem Significativa é essencial que o aluno se engage de forma ativa no processo de ensino aprendizagem.