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Conceitua-se como promoção e vigilância à saúde dos servidores, para o SIASS, as ações de saúde que visam intervir no processo de adoecimento em seus aspectos individuais e em suas relações coletivas no ambiente de trabalho. Tais ações se destinam aos trabalhadores e aos gerentes e abrangem mudanças na organização e no ambiente de trabalho, a busca ativa de doenças e a capacitação para a adoção de práticas que melhorem a qualidade de vida e trabalho. Promoção à saúde, portanto deve ser entendida na sua relação com a prevenção dos acidentes e das doenças ocupacionais e no tratamento de possíveis danos e agravos decorrentes.

As ações de promoção e de vigilância previstas para o SIASS devem contemplar uma perspectiva participativa e multidimensional com atitudes que intervenham sobre os determinantes da saúde do servidor no seu ambiente de trabalho, se contrapondo assim, ao modelo assistencialista e de medicalização de sintomas, estes, muitas vezes, relacionados com o trabalho.

As diretrizes da promoção e da vigilância, em fase de implantação, têm como fundamentos: o uso de informações epidemiológicas coletadas pelo Sistema de Informações, o conhecimento transdisciplinar para melhor entender a relação saúde-trabalho e a participação dos servidores em todas as fases do processo de intervenção aos ambientes de trabalho.

As ações de vigilância aos ambientes de trabalho devem prever os levantamentos dos riscos ambientais através de avaliações “in loco”; o uso de questionários; a busca de dados bibliográficos; a investigação dos acidentes de trabalho; a realização de programas e campanhas preventivas de doenças e agravos à saúde; a criação de grupos de apoio e a orientação em saúde mental e dependência química.

O governo federal tem tomado iniciativas no sentido de estabelecer políticas para a área de promoção à saúde do servidor. A instituição do exame periódico na Lei 8112/90 é parte destas iniciativas para o acompanhamento da saúde dos servidores e tem como objetivo básico a prevenção dos agravos instalados e a promoção da saúde. O exame permite avaliar a condição de saúde dos servidores e detectar precocemente doenças relacionadas ou não ao trabalho, através dos exames clínicos (físico e mental), avaliações laboratoriais gerais e específicas com base nos riscos (físicos, químicos, biológicos, ergonômicos, mecânicos, psicossociais, entre outros) a que estão expostos os servidores nas diversas atividades exercidas.

A implantação do exame periódico na Administração Pública Federal é um processo que implica em garantir sua continuidade nos órgãos que já o realizam e a implementação naqueles que ainda não o realizam, sejam ou não seus servidores usuários de planos de saúde. A realização dos exames médicos periódicos com protocolos técnicos básicos para os servidores federais possibilitará o acesso a informações e poderá contribuir para a prevenção de agravos relacionados com o trabalho.

A criação de organizações por locais de trabalho nos órgãos da Administração Pública, a exemplo das Comissões Internas de Prevenção de Acidentes – CIPAs, ou das Comissões de Saúde do Trabalhador – COMSAT em implantação no serviço público de São Paulo, ou da Comissão Interna de Saúde do Servidor – CISS, como proposto pelo grupo de Promoção do Rio de Janeiro, possibilitará o incremento de ações de promoção, pois estas organizações constituem espaços no qual o servidor pode reconhecer os riscos à saúde e à segurança, assim como negociar com a Administração mudanças no ambiente e na organização do trabalho.

O objeto destas comissões deve ser o de desenvolver atividades voltadas para a prevenção de acidentes do trabalho, de doenças profissionais e pela melhoria das condições de vida e trabalho, além de possibilitar um espaço de escuta e observação constante do servidor no ambiente do trabalho.

Principais atribuições das organizações por local de trabalho:

[1] Realizar inspeções nos ambientes de trabalho, estudar as situações de trabalho potencialmente nocivas à saúde e ao bem-estar dos servidores, estabelecer medidas preventivas ou corretivas para eliminar ou neutralizar os riscos existentes;

[2] Investigar as causas e conseqüências dos acidentes e das doenças associadas ao trabalho e acompanhar a execução das medidas corretivas até a sua finalização; [3] Promover a divulgação das normas de segurança e medicina do trabalho zelando pela

sua observância;

[4] Promover campanhas educativas para a saúde, sobre prevenção de acidentes e de doenças em geral para despertar o interesse dos servidores pela promoção da saúde e prevenção aos agravos relacionados ao trabalho; e

[5] Negociar com os gestores a melhoria dos processos e dos ambientes de trabalho.

Serão recepcionadas pela Administração Pública Federal algumas das normas de saúde e segurança estabelecidas pelo Ministério do Trabalho, assim como serão adequadas outras normas visando uniformização de critérios para a melhoria dos ambientes de trabalho.

As ações de promoção e vigilância terão como suporte: as informações sobre a saúde do servidor, as experiências dos serviços de saúde dos servidores levantadas e as propostas elaboradas nos encontros do SIASS. Encontros específicos de promoção e vigilância, envolvendo técnicos da área, têm contribuído para o estabelecimento de diretrizes metodológicas de intervenção nos processos e ambientes de trabalho.

A política de promoção e vigilância à saúde do servidor exige uma construção coletiva, com participação dos vários atores envolvidos: administração central, gestores locais, corpo técnico, representações dos servidores e o próprio servidor como agente pró-ativo deste processo. Exige entender a relação entre o específico e o geral, entre o indivíduo e o coletivo no processo saúde- doença, que considere as peculiaridades envolvidas com o servidor em sua inter-relação constante e dinâmica com o meio laboral.

Elaborar políticas regulares de promoção que produzam impacto positivo sobre a saúde dos servidores e executar ações de vigilância que alterem ambientes e processos de trabalho, constituem os grandes desafios para a construção do SIASS.

AS AÇÕES ESTRATÉGICAS EM ANDAMENTO