Proposta de desenho 1

3.7.1.1. Contextualização da proposta

A primeira proposta de desenho aqui apresentada, teve lugar no dia 11 de novembro de 2017. Esta proposta surgiu na sequência de uma atividade sobre o livro “Nadadorzinho”, do autor Leo Lionni, inserida num projeto sobre os peixes, que surgiu e foi realizado durante a PPS II, este pode ser analisado no Anexo J. . A mesma foi uma das primeiras atividades a ser desenvolvida durante o projeto. Tinha como sugestão a leitura e dramatização do conto “Nadadorzinho”, através de fantoches, com o principal objetivo de aquisição de vocabulário sobre o tema. Grande parte das atividades propostas durante a minha intervenção tiveram como mote a leitura de um conto, pois segundo Katz e Chard (1997, p.51), “as crianças podem aprender muito com histórias e livros, desde que possam relacionar os conhecimentos que estes transmitem com as suas próprias experiências directas”. Desta forma, uma das rotinas mais valorizadas com o grupo de crianças com quem intervim foi a leitura de histórias.

Tal como planeado, a atividade iniciou-se com a leitura do conto e a dramatização do mesmo, com o recurso a fantoches. Após a leitura, questionei o grupo de forma a conseguir um breve reconto sobre a mesma. De seguida, propus que cada criança assumisse um personagem do conto e dramatizasse o mesmo (cf. Anexo F). Após a dramatização, teve lugar o desenho sobre o conto.

3.7.1.2 Análise dos resultados

Durante o questionamento do grupo e a dramatização do conto, o grupo reconheceu todas as personagens, mas não nomeou todos os nomes. Dos que não nomearam nomes, explicaram as suas características, conforme ilustra a nota de campo seguinte:

(…). Reconheceram e nomearam o nome do peixe preto (o Nadadorzinho), o cardume (de peixes vermelhos), o atum (o peixe preto e mau, que comeu os amigos

31 do Nadadorzinho), a lagosta, os peixes coloridos (no livro caracterizados, como os peixes estranhos). Reconheceram as características, mas não nomearam o nome da medusa (que dá choques), das algas (que encontramos na praia), da enguia (aquela que parece uma cobra, mas não é), as anémonas (aquelas que parecem umas árvores pequenas) (Nota de campo 50, 21-11-2017).

Durante o questionamento do grupo de crianças que foi realizado com o intuito de conseguir obter um reconto da história, apenas cerca de um quarto do grupo (quatro/cinco crianças), recontaram a mesma. Na realização da dramatização, todos quiseram participar, mas não apresentando os personagens e dramatizando a história oralmente, tendo de ser eu a assumir o papel de narradora, enquanto cada um, na sua vez, apresentava o seu personagem no fantocheiro (cenário). Para concluir a atividade, propus a realização de um desenho sobre a história, poderia ser por exemplo, um acontecimento da história ou as personagens da história, de forma a que, de seguida, me conseguissem contar o que desenharam. A proposta do desenho foi que desenhassem sobre a história que trabalhámos anteriormente, sem imposições nem restrições. Foram utilizadas folhas brancas e canetas de feltro. Todas as crianças presentes elaboraram os desenhos e, no final, todos conversaram comigo sobre os mesmos, sendo que uns transmitiram mais informações oralmente do que outros. Apresento, de seguida, alguns desenhos representativos da proposta e a transcrição dos mesmos.

32 A Figura 1 é um desenho realizado pelo Alexandre, de 5 anos de idade que, normalmente, não tem problemas em falar em grupo, desde que solicitado. Realizou um desenho que, a nível visual, está muito rico nas formas e cor. Quem conhecer a história, reconhece facilmente muitas personagens no seu desenho, com as cores corretas; contudo, o que importa aqui perceber é o que a criança me descreveu sobre o desenho. Disse-me que desenhou peixinhos vermelhos (desenhou um grupo de peixes, portanto deveria querer transmitir que era um cardume), um dos peixes de cor diferente descreveu- o, dizendo: “é o peixinho que é amigo deles”, o outro peixe que desenhou diferente descreveu-o como sendo o atum. Indicou-me no desenho a “cobra do mar” (enguia), “aquela que parece a árvore” (anémona), mas representou-a em forma de algas e a “amémola” (anémona), mas, o que efetivamente representou, foi uma medusa.

Figura 2. Proposta de desenho sobre o conto "Nadadorzinho".

O Pedro D. desenhou a Figura 2; a criança tem 5 anos de idade. Trata-se de uma criança que costuma falar nas reuniões em grande grupo, aliás, procura com frequência a presença do adulto para conforto e segurança. Desenhou o personagem principal em grande plano, descreveu-o como sendo o “nadador”, três peixes vermelhos que os descreveu como “os peixinhos” e o outro elemento descreveu-o como sendo “a medusa”.

33 Figura 3. Proposta de desenho sobre o conto "Nadadorzinho".

A autora da Figura 3 não costumava intervir muito em grupo, demonstrando dificuldade em recontar histórias ou acontecimentos do passado; chama-se Sara e tem 5 anos de idade. Realizou uma composição que ocupa toda a folha, repleta de elementos que se parecem com a representação do rosto humano, mas identificou-os como sendo peixes. Uma mancha roxa identificou-a como sendo água; de seguida, apontou para um risco em volta de um desses elementos que se parecem com a representação do rosto humano e disse, “isto é para voar” e uma figura que desenhou de forma retangular afirmou, “é uma coisa para os peixinhos entrarem”.

34 O último exemplo desta primeira proposta de desenho pertence à Eduarda, de 4 anos de idade, a Figura 4. Este desenho, visualmente, aparenta ter muitas figuras representadas. A criança que desenhou a figura em questão comunica em grupo, mas não costuma ser a própria a tomar iniciativa, tem de ser o adulto mediador a questioná-la e, normalmente, repete respostas já dadas pelos colegas. A nível individual, é muito comunicativa. Segundo a mesma, representou um atum, “aquela coisa que é tipo uma cobra do mar” (enguia), “o peixe que era muito rápido”, os peixes que eram rápidos”,” aquela árvore” (anémonas), “as melgas do mar” (algas) e uma “anémona”, mas o que representou foi uma medusa.