6. ANÁLISE CRITICA E PROPOSTAS
6.4. PROPOSTA DE TRABALHO FUTURO
Tendo em conta as análises críticas feitas acima, propõem-se:
1. Criação de uma incubadora comunitária de negócios para a produção sustentável de bioenergia afecta a uma plantação. Este projecto deveria incluir:
Estudo das melhores áreas em Maputo e Gaza para a implementação de uma plantação para a produção industrial de carvão com tecnologias eficientes, incluindo a definição de tecnologia, logística, projecto de dimensionamento e de impacto;
Definição, junto da comunidade, sector privado e entidades de ensino e investigação (UEM), de esquemas de participação e co-responsabilização no design do projecto, implementação, gestão e monitorização;
Utilização da incubadora como plataforma de troca de conhecimento, experimentação e definição de estudos de investigação participada (e.g. estágios académicos, trabalhos de fim-de-curso, ideias da comunidade).
Uma vez que em Mabalane e Guijá já foi desenvolvido trabalho nestas propostas estas seriam áreas privilegiadas (mas não exclusivas) para implementar esta proposta.
2. Estabelecer o estudo de base para a criação de um sistema de formalização, de certificação, de padronização de bioenergia (esta proposta já parece no ECUSED como: Estudar um modelo para introduzir um sistema de certificação para carvão vegetal produzido de forma sustentável). As perguntas a ter em conta incluem:
Como se parece um sistema de formalização, de certificação e de padronização de bioenergia adequando a Moçambique?
Quem deveria participar?
E porquê estes participantes e não outros?
3. Realização de estudos sociológicos e económicos centrados na bioenergia, incluindo:
Estudo vertical para criação e um modelo de negócio inovador que não separasse a cidade no meio rural como um ponto final de um trajecto, mas como parte de uma realidade dinâmica. Este estudo tentaria perceber o que levaria um consumidor urbano a comprar briquetes, ou carvão verde? Como integrar o produtor rural de outro modo na cadeia de valor, para que a ele se sinta parte da solução? E como integrar tudo isto?
Estudo sobre a economia política da produção de carvão. O objectivo é perceber a contabilidade e efeitos económicos da produção de carvão nos vários níveis de agregação (desde os agregados familiares ao país) e fazer a ligação com as políticas em vigor e com as redes de poder político nas zonas de produção;
Estudo sobre a transferência de conhecimento no sector do carvão, de forma a perceber quais as barreiras e oportunidades para a disseminação, criação e adopção por parte dos carvoeiros de novos conhecimentos. O objectivo final é criar estratégias mais efectivas e participadas de troca de conhecimentos nas tecnologias de produção de carvão.
REFERÊNCIAS
ABIODES (2009): Avaliação Da Quantidade De Lenha Necessária Para A Produção De Carvão Em
Cabo Delgado, Associação para A Biodiversidade e Desenvolvimento, Pemba.
BEST (2012): Mozambique Biomass Energy Strategy, ECO-Consult e MARGE para o FUNAE,
Maputo.
BM (2010): Economics of Adaptation to Climate Change Mozambique, O Banco Mundial,
Washington.
Cecelski, E. (2004): Re-thinking gender And energy: Old And new directions, ENERGIA/EASE
Discussion Paper, Energy, Environment and Development, disponível em www.energia.org [March 2012].
CEPAGRI (2014): Conjunto De Dados E Informações Não Publicados Mas Constantes De
Relatórios Internos Consultado No CEPAGRI, Centro de Promoção da Agricultura, Maputo.
Chavana, R. (2014): Estudo Da Cadeia De Valor De Carvão Vegetal No Sul De Moçambique,
Relatório Preliminar de Pesquisa Nº. 10P, Direcção de Formação, Documentação e Transferência de Tecnologias, Instituto De Investigação Agrária De Moçambique, Marracuene.
Cleanstar (2010): Maputo Household Energy Market Analysis, Maputo.
Cumbe, F.; Sharma, D.; Lucas, C. (2005): The Status Of “Clean Cooking Fuels” In Mozambique,
University of Technology, Sydney, available online www.saee.ethz.ch [September 2009].
DPA (2014): Conjunto De Dados E Informações Não Publicados Mas Constantes De Relatórios
Internos Consultado Na DPA De Gaza, Direcção Provincial de Gaza, Xai-Xai.
Drigo, R.; Cuambe, C.; Lorenzini, M.; Marzoli, A.; Macuacua, J.; Banze, C.; Mugas, P.; Cunhete, D. (2008): WISDOM Mozambique, Wood Energy Supply/Demand Analysis Applying The
WISDOM Methodology, Agiconsulting para Direcção Nacional de Terras e Florestas,
Ministério da Agricultura, Maputo.
EES (2014a): Sustainable Charcoal Value Chain Mozambique, Literature And Field Research On
Sustainable Charcoal Production Options That Can Be Supported Under The Framework Of The UN Framework Convention On Climate Change, a report by De Koning, P. (Editor);
EES (2014b): Sustainable Charcoal Value Chain Mozambique, Feasibility Study On Climate
Financing For A Sustainable Charcoal Production Chain, a report by De Koning, P. (Editor);
Atanassov, B.; Heidemann, F., Jorritsma, M. to Energy Engineering Solutions, Oosterhout.
EES (2014c): Sustainable Charcoal Production- Mozambique, Phase 3: Summary Of Discussions
With Government Officials On The Project Options Identified, a report by Atanassov, B. to
Energy Engineering Solutions, Oosterhout.
Entr. Alexandre Zimba (2014): Entrevista com o Sr. Alexandre Zimba, funcionário dos Serviços
Províncias de Terras e Florestas de Gaza, Xai-Xai.
Entr. Argentina Cossa (2014): Entrevista com a Sra. Argentina Cossa, funcionário do
Departamento Provincial de Agricultura de Maputo, Cidade da Matola.
Entr. Gare de Mercadorias (2014): Entrevista conduzida na gare de mercadorias à Sra. Biatriz
Thovele (cliente), Sr. Essineta Nema (comerciante) e Sra. Rosa Maposse (Produtora/comerciante), Maputo.
Entr. Grupo ACs (2014): Entrevista de Grupo com representantes das Assocoaçóes de Carvoeiros
de Combumune e Chicualacuala, Combumune.
Entr. Machuza, Rungo e Zucule (2014): Entrevista com os Srs. Machuza, Rungo e Zucule,
funcionários dos Caminhos de Ferro de Moçambique, Maputo.
Entr. Madliwa Hochane (2014): Entrevista com a Sra. Madliwa Hochane, representante da
Associação Conjunta de Carvoeiros de Combumune Geres, Combumune.
Entr. Mário Beca (2014): Entrevista com o Sr. Mário Beca, funcionário dos Serviços Províncias
de Terras e Florestas de Gaza, Xai-Xai.
Entr. Mário Falcão (2014): Entrevista com o Dr. Mário Falcão, Docente na Universidade
Eduardo Mondlane, Maputo.
Entr. Natasha Ribeiro (2014): Entrevista com a Dra. Natasha Ribeiro, Docente na Universidade
Eduardo Mondlane, Maputo.
Entr. Paulo Macco (2014): Entrevista com o Sr. Paulo Macco, funcionário do iTC, Cidade de
Maputo.
Entr. Romana Bandeira (2014): Entrevista com o Dra. Romana Bandeira, Docente na
Universidade Eduardo Mondlane, Maputo.
Entr. Rosa Maposse (2014): Entrevista com a Sra. Rosa Maposse, Carvoeira privada em
Entr. Sophia Baumert (2014): Entrevista com a Dra. Natasha Ribeiro, Pesquisadora na
Universidade Eduardo Mondlane, Maputo.
Entr. Xiquelene (2014): Entrevista conduzida no Mercado do Xiquelene ao Sr. Amizade, Sra.
Esperança e Sr. Arnaldo, Maputo.
FAO (2005): Special Report: Crop And Food Supply Assessment Mission To Mozambique, Food
and Agriculture Organization, Rome, available online at [www.fao.org].
Gatto, D. (2003): Forest Law Enforcement In Mozambique: An Overview, Mission Report,
Direcção Nacional de Florestas e Fauna Bravia e FAO, Maputo.
GdDG (2014): Plano Local De Adaptação, elaborado por uma equipa técnica para o Governo do
Distrito do Guijá, Guijá.
GdPM (2015): Plano Económico E Social E Orçamento De Estado 2015, Governo da Província de
Maputo, Matola.
Greenlight Projects (2013): Historical Record Of Maputo City Charcoal Prices, Maputo. Greenlight Projects, SNV & GiZ (2013): Maputo Province Cook-Stove Baseline Study, Maputo. Hanlon, J.; Cunguara, B. (2010): Poverty Is Not Being Reduced In Mozambique, LSE Crisis States
Research Centre.
INE (2007): Third General Population and Housing Census- 2007, Instituto Nacional de
Estatística, Maputo [também disponível em www.ine.org.mz].
INE (2015): Moçambique em Números 2014, Instituto Nacional de Estatística, Maputo. Kerr, G. (2012): Uma Breve História de África, Bertrand Editora, Lisboa.
Levy, C.; Kaufmann, B. (2014): Charcoal For Food Livelihood Diversification In Two Peasant
Communities In Mozambique, in Socio-Economic Insecurity, in Fakier, K.; Ehmke, E. [Eds.]:
Emerging Economies: Building New Spaces, Routledge, p.: 68-82.
MAE (2005a): Perfil Do Distrito De Mabalane- Província De Gaza, Ministério da Administração
Estatal, Maputo.
MAE (2005b): Perfil Do Distrito De Magude- Província De Gaza, Ministério da Administração
Estatal, Maputo.
Martins, R. (2014): The Wood Fuel Energy Systems Conceptual Design Metamodel, A Novel
Approach To Participatory Design Contextualised To The Case Of Mozambique, PhD Thesis,
Marzoli, A. (2007): Inventário Florestal Nacional, Relatório Final, Avaliação Integrada Das
Florestas De Moçambique, Cooperazione Italiana, Rural Consult Lda. and Agroconsulting, para o Ministério da Agricultura, Direcção Nacional de Terras e Florestas, Maputo.
MIREME (2014): Estratégia De Conservação E Uso Sustentável Da Energia Da Biomassa Para O
Período 2014-2025, (ECUSEB 2014-2015) Ministério da Energia (actual MIREME), Maputo.
MITADER (2007): Legal Framework For Environmental Licensing In Mozambique, Ministério
para a Coordenação Ambiental, Maputo.
NAPA (2007): National Adaptation Programme Of Action, Ministério para a Coordenação
Ambiental, Maputo.
Quenhe, C. (2014): Forest Dynamics Mabalane District (DRAFT), Universidade Eduardo
Mondlane, Maputo.
Saket, M (1994): Report on The Updating of the Exploratory National Forest Inventory,
FAO/UNDP, Moz/92/013, Direcção Nacional de Flora e Fauna Bravia, Maputo.
Tragett, C. (2012): From romanticized Women to politicized Gender: How has the literature
addressed Gender and Natural Resource Use?, Master Thesis, Imperial College London,
London.
USAID (2011): Livelihoods Baseline Profiles, Limpopo Basin, Mozambique, United States of
America Agency for Development, Washington.
van Wyk, A. (1996): Biodiversity Of The Maputaland Centre, in: van der Maesen, L.; Rooy, J.
[Eds.]: The Biodiversity of African Plants, Springer, London, p.: 198-207.
WL (2005): Growers Handbook, Developing And Managing Dryland Woodlots, Woodlands 2000
ANEXOS
ANEXO A- LISTA DE ENTREVISTADOS
ANEXO B- DEFINIÇÕES FLORESTAIS
ANEXO A- LISTA DE ENTREVISTADOS
TABELA A.1-Lista de entrevistados para este trabalho.
NOME INSTITUIÇÃO
Marcelina Mataveia Ministério da energia e Recursos Minerais (MIREME)
Marta Penicela Ministério da energia e Recursos Minerais (MIREME)
Rosa Benedito Ministério da energia e Recursos Minerais (MITADER)
Osvaldo Manso Ministério De Agricultura E Segurança Alimentar (MASA)
Albazine Direcção Nacional de Terra e Florestas
Argentina Cossa Direcção Provincial da Agricultura de Maputo
Mário Beca Direcção Provincial da Agricultura de Gaza
Alexandre Zimba Direcção Provincial da Agricultura de Gaza
Romanda Bandeira Universidade Eduardo Mondlane
Natasha Ribeiro Universidade Eduardo Mondlane
Sophia Baumert Universidade Eduardo Mondlane
Mário Falcão Universidade Eduardo Mondlane
Pedro Macamo Representante do Comércio Grossista na Gare de Mercadorias (Maputo)
Dique Bacar Centro de Promoção do Investimento
Marta Langa Caminhos de Ferro de Moçambique
Entrevista de Grupo Associação de Carvoeiros de Gereze
Entrevista de Grupo Associação de Carvoeiros de Kulhuvuca
Entrevista de Grupo Associação de Carvoeiros de Chicualacuala B
Entrevista de Grupo Associação de Carvoeiros de Hitalhula Dingue
Entrevista de Grupo Associação de Carvoeiros de Hitalhula Varime-Mapuvule
Entrevista de Grupo Associação de Carvoeiros de Kulh- Núcleo de Mabuiapanse
Entrevista de Grupo Associação de Carvoeiros de Kulh- Núcleo Nhone
Entrevista de Grupo Associação de Carvoeiros de Kulhu- Núcleo de Niza
Entrevista de Grupo Associação de Carvoeiros de Ligomo
Entrevista de Grupo Associação de Carvoeiros de Mafacitela
Entrevista de Grupo Associação de Carvoeiros de Marhave- Sungantcheca
Entrevista de Grupo Associação de Carvoeiros de Mepuze
Entrevista de Grupo Associação de Carvoeiros de Mucachane
Entrevista de Grupo Associação de Carvoeiros de Pfucane Litlatla
ANEXO B- DEFINIÇÕES FLORESTAIS
Definições relevantes para entender o inventário florestal (§3.2.1).Floresta- Terra com uma cobertura de copa (ou seu grau equivalente de espessura) com mais de 10% da área, uma superfície superior a 0,5ha e árvores com uma altura mínima de 5m na maturidade in situ.
Floresta Densa- São florestas onde as árvores de diferentes alturas e o sub-bosque cobrem mais 40% e não têm um extrato herbáceo denso contínuo. Podem ser florestas controladas ou não, primárias ou em estado avançado de reconstituição, que podem haver sido exploradas uma ou várias vezes, porém conservam suas características de talhões florestais, possivelmente com uma estrutura e composição modificadas.
Floresta Aberta- São formações com uma distribuição descontínua de árvores, mas com uma cobertura de copa de entre 10-40%. Geralmente tem uma cobertura contínua de grama, que permite o pastoreio e a propagação de incêndios.
Arbustos- Refere-se aos tipos de vegetação onde os elementos madeireiros predominantes correspondem aos arbustos, ou seja, plantas florestais perenes, com uma altura que geralmente entre os 0,5-5m em sua madurez e sem uma copa definida. Os limites na altura deveriam ser interpretados com flexibilidade, especialmente a altura mínima da árvore e a máxima do arbusto, que podem variar entre 5-7m, aproximadamente.
Matagal- Terreno, com área maior ou igual a 0,5 hectares e largura maior ou igual a 20 metros, onde se verifica a ocorrência de vegetação espontânea composta por mato (por ex.: urzes, silvas, giestas, tojos) ou por formações arbustivas (ex.: carrascais ou medronhais espontâneos) com grau coberto igual ou superior a 25% e altura igual ou superior a 50 cm.
Agricultura- Terrenos ocupados por culturas agrícolas incluindo todas as culturas temporárias ou perenes, assim como as terras em pousio (i.e. terras deixadas em repouso durante um ou mais anos, antes de serrem cultivadas novamente).
Águas Interiores e zonas húmidas- Superfície, com mais de 0,5ha e 20m de largura, coberta ou saturada de água durante a totalidade, ou uma parte significativa, do ano.~
Pradarias. Terreno, com área maior ou igual a 0,5 hectares e largura maior ou igual a 20 metros, ocupado com vegetação predominantemente herbácea, semeada ou espontânea, utilizável para pastoreio in situ, e que acessoriamente pode também ser cortada em determinados períodos do ano.
Mangal. Ecossistema costeiro, situado nas regiões tropicais e subtropicais, ocorrendo junto a desembocadura de rios, estuários e lagunas costeiras, até onde houver influência de marés. Os mangais são ecossistemas de transição entre os ambientes oceânico e terrestre.
Retirado de:
FAO (1998): FRA 2000, Termos E Definições, Organização das Nações Unidas para a Agricultura
e Alimentação, Roma.
MITADER (2015): Estratégia E Plano De Acção Nacional Para A Restauração Do Mangal, 2015-