Proposta de UEPS para ensino de cinemática escalar no ensino de física

A proposta de UEPS a ser apresentada, como produto deste trabalho, segue os pressupostos estabelecidos por Moreira (2011). Na sua elaboração foram integrados três métodos ativos de ensino para subsidiar a abordagem dos conteúdos de cinemática escalar no ensino de física.

A previsão inicial para aplicação da UEPS foi de 12 horas-aula, e a fim de garantir as mesmas condições de horário das demais disciplinas, as atividades foram desenvolvidas no horário regular da aula de física, i.e., 02 horas-aula semanais no período da manhã.

Acredita-se que esta é uma estratégia facilitadora de uma aprendizagem significativa, por essa razão foi investigada e aplicada em duas turmas do 1º ano do ensino médio regular a fim validá-la e verificar se será exitosa ou não.

Busca-se com essa UEPS fugir do modelo clássico de ensino, onde o professor é detentor do conhecimento e as aulas são meras memorizações de fórmulas, conteúdos etc. Desta maneira, propõe-se uma forma de aprender e ensinar que priorize o diálogo e a interação entre os alunos, para isto, os conteúdos foram organizados de tal maneira a facilitar o desenvolvimento da sua autonomia, e a incentivá-los a participar ativamente do processo ensino e aprendizagem.

Assim, este trabalho está propondo o desenvolvimento de método alternativo de ensinar os conceitos de cinemática escalar e propiciar situações problematizadas de discussão teórico- prático acerca dessa temática.

Nesta perspectiva, a proposta da UEPS foi norteada pelas seguintes questões:

− Os alunos do ensino médio regular têm interesse pela aula de física ao participarem de uma atividade que promova a interação social?

− Quais as estratégias que os alunos utilizam para compreender os fenômenos físicos nessa situação de ensino e aprendizagem?

− Os alunos conseguem articular o conhecimento escolar com as situações em seu cotidiano?

Deste forma, foi possível investigar os seguintes objetivos específicos:

− Identificar tanto as concepções prévias quanto a compreensão do posicionamento que o aluno tem sobre o tema de cinemática escalar;

− Avaliar o potencial dessa proposta didática para a desestabilização das concepções prévias do aluno;

− Verificar indicativos de ocorrência de AS com relação ao tema de cinemática escalar.

Cabe ressaltar, que a temática cinemática escalar já havia sido ministrada por um outro professor na disciplina de física e, devido as dificuldades demonstradas na avaliação trimestral, no qual somente 35,42 % apresentou rendimento igual ou superior a média escolar (a nota 6,0 é a média da escola) referente a essa temática, motivou a escola e o professor a considerar o desenvolvimento de uma abordagem com maior atribuição de significados.

Neste propósito, cada passo da UEPS foi planejado e construído, utilizando recursos instrucionais e pedagógicos, respeitando os princípios da diferenciação progressiva, da reconciliação integradora, da consolidação, e, também, levando em conta as dificuldades conceituais e procedimentais evidenciadas na avaliação trimestral. Cabe ressaltar, que esses recursos, também, serviram como instrumento de coleta de dados.

Na tentativa de contemplar uma variedade de atividades colaborativas que promovessem a mediação, apreensão e negociação de significados entre os alunos, a UEPS foi construída utilizando diversos recursos para elaboração de uma sequência lógica e sistematizada do conteúdo, tais como: vídeos, simulações, experimentos, mapas conceituais, figuras em quadrinhos, entre outros,

A descrição completa da UEPS será realizada no próximo item desse capítulo. Em continuidade, a elaboração da UEPS seguiu a seguinte sequência:

Figura 5 – Sequência da elaboração da UEPS do produto educacional.

Fonte: Adaptado de Moreira, 2011.

Recorreu-se a utilização de TDIC ao longo da SEA para disponibilizar eletronicamente (e-mail, WhatsApp) as Tarefas de Leitura Semanal (TLS) do material de apoio (Texto, artigo ou outros tipos de materiais) que abordassem o conceitos de cinemática escalar, no qual os alunos utilizaram como base para responder eletronicamente (Google Forms) algumas questões conceituais (TC), com prazo pré-estabelecido, de no máximo 12 horas antes da aula. Desta

forma, foi possível conhecer as concepções prévias do aluno e elaborar uma “aula sob medida” focando nas dificuldades apresentadas no questionário eletrônico.

Todas TLS foram disponibilizadas em arquivos no formato Portable Document Format (PDF) e os Testes Conceituais (TC) realizados pela web através do Google Forms foram impressos e distribuídos no dia da aula subsequente a sua aplicação.

Os TC foram aplicados individualmente ou em pequenos grupos, e para cada teste verificou-se qual a porcentagem de acerto para proceder da seguinte forma:

• Maior que 70%, → breve exposição (3 a 5 min.) sobre a questão; • Menor que 70% e maior que 30% → Instrução por Colegas:

− Sem informar a alternativa correta retornar os alunos para os seus grupos a fim de discutirem suas respostas

− Após 2 a 4 minutos nova votação, se a faixa de acerto for maior que 70%, → breve discussão (3 a 5 min.) sobre a questão com exposição da resposta e depois segue para próxima questão ou novo tópico.

• Menor que 30% → Revisão do conceito:

− Breve exposição dialogada para revisão do conceito;

− Reiniciar o teste conceitual com uma nova questão acerca do tema.

Assim de posse dos dados obtidos através dos TC foram montadas as “aulas sob medida”, realizadas de forma expositivas dialogadas, que consistiram numa breve exposição de algumas respostas (transcrevendo ou não, resguardando o anonimato das respostas), e, também, acerca dos conceitos contemplados na TLS do questionário eletrônico e nas reflexões, opiniões e dificuldades na construção do projeto.

Já nas atividades experimentais os alunos foram organizados em grupos de cinco participantes e cada grupo realizou o tratamento de medidas para responder as questões contidas no roteiro pertinente a cada experimento apresentado.

Cabe ressaltar que os relatórios experimentais, a participação tanto na realização dos experimentos quanto nos TC e as observações realizada pelo professor consistiram na avaliação formativa.

Visando integrar os conceitos envolvidos no estudo de cinemática escalar, utilizou-se a capacidade do ser humano de realizar e desenvolver projetos, desta forma a ABP foi realizada através do desenvolvimento de um projeto pelos alunos ao longo dos encontros previstos na UEPS e para propiciar aos alunos um ambiente exposição de suas reflexões, opiniões e dificuldades foi utilizado o aplicativo WhatsApp na construção do projeto.

Optou-se pelo aplicativo WhatsApp como ambiente virtual para o fórum de discussão do projeto, devido a sua versatilidade de ser usado no PC, tablet e smartphone. Neste fórum os alunos tiveram a chance de expor semanalmente suas reflexões, opiniões e dificuldades na construção do projeto, e também possibilitou ao professor gerenciar todo o processo a fim de orientá-los e conduzi-los a construir habilidades e estratégias para elaboração do produto.

A construção do projeto de movimento vertical pelos alunos foi dividida em seis fases de evolução, são elas:

 Fase de iniciação ou concepção;  Fase de planejamento;

 Fase de execução;

 Fase de monitoramento e controle;  Fase de conclusão ou finalização;  Fase de apresentação.

Os grupos registraram no livro de evolução do projeto cada decisão tomada pelos participantes, assim como dúvidas, fonte de pesquisa, reuniões etc.