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Propostas Político-Pedagógicas (PPP): considerações preliminares

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O PROJETO SESC LER

2.1 Propostas Político-Pedagógicas (PPP): considerações preliminares

A partir da LDB 9394/96 passou a ser exigido que as unidades escolares elaborassem e executassem um plano de ação que traduzisse suas intenções educativas, atendendo a diversidade existente na comunidade, adequando-se à realidade institucional, com colaboração de todos os sujeitos envolvidos nesse processo.

O Projeto Político Pedagógico – PPP estabelece critérios para orientação da prática educativa da escola, é como se fosse uma identidade. Toda instituição educativa, seja ela de caráter formal ou informal, quando cria o projeto materializa sua intenção educativa. A organização do trabalho pedagógico está dividida em dois níveis, um envolve a organização da escola como um todo, e o outro, a organização da sala de aula (VEIGA, 1995). O Projeto Político Pedagógico, portanto, envolve ambos os níveis, micro e macro (BRANDÃO, 2001).

Libâneo (2000, p.93) afirma que ao se construir um PPP, algumas perguntas podem ser consideradas: que tipo de escola ou curso os profissionais querem? Que objetivos e metas interessam? Que necessidades precisam atender em termos de formação dos alunos e alunas para a autonomia, cidadania, participação? A resposta a tais perguntas contribuirá para o estabelecimento do que Vasconcellos (1999, p. 182) chama de “marco referencial”, ou seja, “posição da instituição que planeja em relação à sua identidade, visão de mundo, utopia, valores, objetivos, compromissos”. Kramer (1997, p. 7), acrescenta que “é preciso propor caminhos, levantando perguntas e gerando perguntas, experimentando caminhos”.

Vasconcellos (2004) apresenta quatro características do Projeto Político-Pedagógico: abrangência, duração, participação, concretização. O PPP é abrangente no sentido de que todos os outros projetos da escola são acolhidos nele; quanto à duração, geralmente é longa, podendo prever as atividades que serão trabalhadas durante todo o ano; e em decorrência disso, a participação deve ser coletiva e democrática, afinal, é o projeto da instituição como um todo; o que significa que a concretização acontecerá de maneira processual, articulando ação-reflexão-ação. É um verdadeiro trabalho de construção e reflexão.

Um Projeto Pedagógico, segundo Veiga (2002, p.13), não deve ser restrito ao agrupamento de planos de ensino e de atividades. Muitas vezes ocorre que há uma empolgação total no momento da construção do Projeto, e logo depois, é arquivado e reduzido ao simples fazer burocrático. O PPP precisa ser vivenciado e retomado constantemente por todos os envolvidos no processo educativo da escola.

O projeto Educativo não é algo que se coloca como um “a mais” para a escola, como um rol de preocupações que remete para fora dela, para questões “estratosféricas”. Pelo contrário, é uma metodologia de trabalho que possibilita ressignificar a ação de todos os agentes das escolas. (VASCONCELLOS, 1999, p.172).

Por sua vez Kramer (1997, p. 5) ao conceber uma proposta pedagógica como um caminho escreve:

[...] Uma proposta pedagógica é construída no caminho, no caminhar. Toda proposta pedagógica tem uma história que precisa ser contada. Toda proposta contém uma aposta. Nasce de uma realidade que pergunta e é também busca de uma resposta. Toda proposta é situada, traz consigo o lugar de onde fala e a gama de valores que a constitui; traz também as dificuldades que enfrenta, os problemas que precisam ser superados e a direção que a orienta. E essa sua fala é a fala de um desejo, de uma vontade eminentemente política no caso de um proposta educativa, e sempre humana, vontade que, por ser social e humana, nunca é uma fala acabada, não aponta “o” lugar, “a” resposta, pois se traz “a” resposta já não é mais uma pergunta. Aponta, isto sim, um caminho também a construir. (Grifos nossos)

Em relação à denominação, muitos usam a terminologia Proposta Pedagógica, Projeto Pedagógico, Projeto de Escola, entre outros. Embora a nomenclatura por si só não garanta uma prática educativa de qualidade, Vasconcelos (2004, p. 19) ao destacar a importância da dimensão político registra:

“desta dimensão tão decisiva do nosso trabalho, não nos esquecermos dos coeficientes de poder presentes nas práticas educativas e nas suas interfaces com a sociedade como um todo. Da mesma forma, para não perdermos de vista que a algum interesse político nós sempre servimos, que não há neutralidade; se não temos um projeto explícito e assumido, com certeza estamos seguindo o projeto de alguém.

Para o autor a importância atribuída a dimensão política, não deve ser associada a uma ideia doutrinária ou partidária, e sim, a tomada de uma posição que todos os indivíduos enquanto cidadãos precisam assumir mediante os conflitos presentes no contexto.

Nesse sentido, é importante que um referencial teórico que represente a intencionalidade do PPP seja usado no momento da construção. Há, no entanto, um alerta quanto a isso. Os pressupostos devem partir da prática social, compromissados em solucionar problemas da educação e do ensino, ligados aos interesses da coletividade. Para tanto, não basta para a concretização do plano que essas bases teórico-metodológicas estejam escritas no decorrer do texto da proposta. Para que haja efetivação os sujeitos envolvidos precisam ter domínio/conhecimento dessa concepção assumida coletivamente. (VEIGA, 2002).

A partir do entendimento dos autores já citados, uma proposta educativa deve ser

Portanto, as propostas para a modalidade da EJA, também devem seguir esses preceitos, dialogando com as dimensões que envolvem os sujeitos da Educação de Jovens e Adultos, garantindo-lhes um espaço significativo que permita desenvolver suas potencialidades.

A seguir, far-se-á uma explanação das propostas do SESC para a EJA, incluindo a Proposta Pedagógica do Projeto SESC LER e algumas pontuações a respeito da Proposta Curricular para o 1º segmento da EJA do Ensino Fundamental do Ministério da Educação – MEC.

2.2 As Propostas Pedagógicas, Curricular e o Projeto Político-Pedagógico do Projeto

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