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Anexo 3 - Artigo

Artigo

VULNERABILIDADE DE ADOLESCENTES À GESTAÇÃO: estudo desenvolvido em uma UBS de um município paulista.

VULNERABILITY OF ADOLESCENTS TO PREGNANCY: study developed in a UBs of a municipality In São Paulo.

MAGALINI, Teresa Cristina3 CANO, Maria Aparecida Tedeschi4

Resumo

O objetivo desta pesquisa foi o de conhecer a vulnerabilidade de adolescentes à gestação em uma Unidade Básica de Saúde de um município paulista. Trata-se de um estudo descritivo que teve como amostra adolescentes que procuraram a Unidade Básica de Saúde com o intuito de realizar o teste para confirmação de gravidez. Os dados foram coletados através da aplicação de questionário e posteriormente analisados através do uso de estatística descritiva. Das 27 adolescentes participantes do estudo, (44,4%) tinha 16 anos e destas 92% eram solteiras. 51,8% haviam parado de estudar e a escolaridade predominante foi o ensino médio 68%. Prevaleceu também a baixa escolaridade dos pais, com o ensino fundamental. A maioria vive em casas próprias, com uma renda de 01 a 02 salários mínimos, pertencendo à classe econômica C1. Em relação à vida sexual, a menarca aconteceu predominantemente aos 12 anos (33,3%) e o início da vida sexual aos 13 e 14 anos (29,6%). Receberam educação sexual através da escola e da mãe (33,3%). Os métodos anticoncepcionais são conhecidos, porém 20,6% das adolescentes relataram não usá-los e a gravidez aconteceu principalmente por achar que não aconteceria com ela (35,2%) ou por não ter se prevenido (29,4%). Referente à vulnerabilidade, podemos inferir que a dimensão social é a mais frequente, pois se relaciona aos aspectos materiais, culturais e políticos que dizem respeito à vida social, como região de residência das adolescentes deste estudo.

Palavras chave: adolescência, gravidez, vulnerabilidade.

3

Enfermeira. Mestre. Curso de Mestrado/Doutorado em Promoção de Saúde. Universidade de Franca.

4

Enfermeira. Doutora. Docente do Curso de Mestrado/Doutorado em Promoção de Saúde. Universidade de Franca.

Abstract

The objective of this research was toshearch the vulnerability of adolescents to pregnancy in a Basic Health Unit of a paulista municipality. This is a descriptive study that took as a sampleteenagers who sought a Basic Health Unit in order to perform the test for confirmation of pregnancy. The data were collected through questionnaires andanalyzed through the use of descriptive statistics. Of the 27 teenagers study participants (44,4%) was 16 years old and of these 92% were single. 51,8% hadstopped studying and predominant education level was high school (68%).Prevailed also at low educational level of the parents, with the elementary school. Most live in houses of their own, with an income of 01 to 02 minimumwages, belonging to economy class C1. In relation to sex life, menarchehappened predominantly to 12 years (33,3%) and the beginning of sexual life atthe age of 13 and 14 years (29,6%). Received sex education through the schooland mother (33,3%). The contraceptive methods are known, but 20,6% of the teens reported not using them and the pregnancy happened mainly because they thoughtit wouldn't happen with them (35,2%) or for not having prevented (29,4%).Regarding the vulnerability, we can infer that the social dimension is the most frequent, as it relates to the material, cultural and political aspects whichrelate to social life, such as region of residence for the teens of this study

Keywords: adolescence, pregnancy, vulnerability.

Introdução

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define a adolescência como uma etapa da vida compreendida entre os 10 e os 19 anos, marcada pelas rápidas mudanças da puberdade, influenciada por fatores hereditários, ambientais, nutricionais e psicológicos (WHO, 2002).

Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2010, a população adolescente de 10 a 19 anos alcançou 17,9% da população total do país, representando cerca de 34 milhões de jovens nessa faixa etária representando um importante grupo populacional para diversas ações de saúde voltadas para a promoção e a prevenção de agravos à saúde (IBGE, 2010).

Em outro estudo, os autores referiram que no contexto da saúde pública, evidencia-se uma crescente preocupação na atualidade com partos na faixa etária dos 10 aos 14 anos, pois além do registro do aumento de notificações, o último Censo Demográfico do ano 2000 registrou o nascimento de cerca de 40 mil crianças filhas de mulheres nesta faixa etária (FARIAS; MORE, 2012).

Observa-se nesta população na atualidade que a atividade sexual se inicia cada vez mais precocemente. Em 2006, no Brasil, a média de idade da primeira

relação sexual do sexo feminino era de 15 anos. As consequências desse início precoce da vida sexual se refletem no número de gestações (BRASIL, 2006a).

Frequentemente os estudos apontam a gravidez e maternidade na adolescência associadas à baixa renda e escolaridade, mas ela pode acontecer em todos os estratos sociais e pode ser fruto da falta de informação adequada sobre saúde reprodutiva e métodos contraceptivos ou da falta de acesso a eles. Podem estar relacionada com aspectos comportamentais, como a inabilidade da jovem negociar o uso do preservativo com seu parceiro (MANDÚ, 2002).

A gravidez na adolescência, nessa perspectiva, apresenta-se como produto da vulnerabilidade das adolescentes, considerada a partir de elementos traçados pelo próprio contexto social, tais como nível de escolaridade, vínculo com o mercado de trabalho, renda, acesso à saúde, situação da família de origem e o apoio social (CRUZ NETO, 2000).

Portanto a vulnerabilidade pode ser entendida como um conjunto de fatores (individuais ou coletivos) que acometem as adolescentes, expondo-as de maneira mais frágil e/ou decorrendo de maiores dificuldades de acesso aos meios de prevenção e proteção (MORAES; VITALLE, 2012).

O adolescente é um ser vulnerável, frágil e susceptível, em risco de sofrer danos. A vulnerabilidade é conceituada como “indicador de ini uidade ou desigualdade social”. Existem três dimens es para analise de vulnerabilidade a individual, a social e a programática (COSTA, 2003). A dimensão individual refere-se aos modos de vida das pessoas, que podem contribuir para a exposição. A social refere aos fatores contextuais como “estrutura jur dico-política, diretrizes governamentais dos países, as relações de gênero, as relações raciais, as relações entre gerações, as atitudes diante da sexualidade, as crenças religiosas, a pobreza, etc. [...]” (AYRES, 2009). A dimensão program tica da vulnerabilidade considera ue o processo de vida em sociedade está permeado pelas diversas instituições sociais. Assim, o enfrentamento da vulnerabilidade não ocorre somente no nível individual ou social, “mas é mediado pelas aç es institucionais ampliando assim a percepção do processo de vida das pessoas e, consequentemente, do processo saúde-doença-cuidado”(AYRES, 2009).

A gravidez, nestas circunstâncias, apresenta-se como um fator intrínseco no interesse social e como um problema de saúde pública, dadas as consequências apresentadas, precisando, portanto, de apoio social, de

atendimento especializado e multidisciplinar nos serviços de saúde (COSTA, 2003).

O Objetivo desta pesquisa foi conhecer a vulnerabilidade de adolescentes à gestação em uma Unidade Básica de Saúde de um município paulista.

Materiais e Métodos

Esta é uma pesquisa descritiva quantitativa que foi realizada com adolescentes grávidas na faixa etária dos 10 aos 19 anos, que foram atendidas pela UBS de um município paulista e aceitaram participar do estudo.

O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) foi assinado por um responsável e a pesquisa foi aprovada pelo Comitê Ética em Pesquisa da Universidade de Franca – UNIFRAN.

Os dados foram coletados através da aplicação de um questionário desenvolvido pelas pesquisadoras. A coleta foi feita na própria UBS durante as consultas de pré-natal no período de março a novembro de 2014.

Os resultados foram analisados através do uso da estatística descritiva e porcentagem. A análise final dos dados foi feita através da inserção dos mesmos em planilhas do programa Excel 2010.

Resultados e Discussão

Participaram da pesquisa 27 adolescentes, na faixa etária de 13 a 19 anos. Sendo que a maior incidência foi observada na idade de 16 anos, refletindo a realidade brasileira onde se estima que aproximadamente 20-25% do total de mulheres gestantes são adolescentes, apontando que uma em cada cinco gestantes são adolescentes entre 14 e 19 anos de idade (SANTOS JÚNIOR, 1999; BRASIL, 2006b).

A idade das adolescentes grávidas desta pesquisa, como mostra a tabela 1, foi de 16 anos (44,4%) e este dado é semelhante ao encontrado no estudo realizado por Chalen et al (2007) com adolescentes grávidas internadas em um hospital Maternidade na periferia de São Paulo a média de idade das participantes foi de 17 anos, variando de 11 a 19 anos e 17% tinham até 15 anos. E ainda em outro estudo realizado por Belo e Silva (2004) com o objetivo de estudar o conhecimento, a atitude e a prática em relação ao uso prévio de métodos anticoncepcionais em adolescentes gestantes estas apresentaram média de idade de 16,1 anos.

Em relação ao número de pessoas por residência a maioria das famílias são numerosas compostas por 4 a 6 pessoas (74%), entre 1 a 3 pessoas (22,2%) e entre 7 a 9 pessoas (3,7%).

No estudo de Cerqueira-Santos et al. (2010) os autores ressaltam também que embora a maioria das adolescentes-mães tenha afirmado morar com seu próprio filho (68,2%), os dados revelaram que essas jovens e seus companheiros, ainda mantinham relações de dependência econômica e domiciliar com as famílias de origem para poder cuidar do filho. O pai ou a mãe, os avós, foram indicados como principais responsáveis pela moradia dos filhos.

Quanto ao tipo de moradia, verificou-se que 26 delas moram em casa e uma em apartamento. A maioria possui casa própria (44,4%) e as demais casas alugadas (40,7%), cedidas (11,1%) ou financiadas (3,7%).

Na tabela 1, verifica-se que 16 adolescentes (59%) frequentavam o ensino médio, 11 (40,7%) o ensino fundamental, mas quando questionadas à respeito do estudo, 14 delas (51,8%) relataram que haviam parado de estudar.

Arcanjo et al. (2007), acrescentam que a baixa escolaridade, futuramente, diminui a oportunidade de uma profissionalização e como consequência de um trabalho seguro e bem remunerado. A presença da adolescente na escola formal diminui a ociosidade e consequentemente ajuda no planejamento de projetos para o seu futuro, gerando a necessidade de auto realização e satisfação pessoal.

Em pesquisa realizada nos Estados Unidos, a questão da gravidez na adolescência segue nesta mesma linha, o autor examinou relatos de dezenove mães adolescentes, estudantes antes e após o parto, e o impacto da maternidade nos seus objetivos educacionais e em seu progresso na escola. O significado da escola na vida dessas adolescentes tornou-se evidente em sua decisão de formar-se, no entanto, seu compromisso renovado com a escola foi muitas vezes frustrado por demandas de trabalho concorrentes, responsabilidades familiares, cuidados com o filho e condições de ensino (SMITH, 2007).

Segundo a Fundação Seade (2004) a proporção de jovens de 15 a 17 anos que não frequentam a escola gira em torno de 25% para o Município de São Paulo. Neste estudo, porém, o índice de evasão escolar observado (51,8%) foi muito elevado. A evasão escolar associada à gestação precoce traz graves consequências para a adolescente e seu filho e para a sociedade em geral, principalmente porque, nessa faixa etária, uma das poucas opções de inserção social e de ascensão

econômica se dá por intermédio do sistema educacional.

Para Martinez et al. (2011) esse é um importante resultado, uma vez que a profunda relação entre a educação e a gravidez precoce traz como consequência a manutenção do estado de pobreza de uma comunidade, já que as adolescentes grávidas tendem a abandonar a escola e o retorno ao estudo muitas vezes não ocorre, com posteriores dificuldades em conseguir empregos bem remunerados.

No que se refere ao grau de escolaridade dos pais e mães das gestantes prevaleceu o ensino fundamental, as mães (85,1%) e os pais (62,9%).

Em relação à renda familiar mensal a maioria das famílias das gestantes vivem com uma renda de 1 a 2 salários mínimos (70,3%) , revelando o baixo nível econômico em que se encontram estas famílias.

Através da utilização do critério de classificação econômica das gestantes, com a aplicação da tabela ABEP, observou-se que a classe econômica C1 predominou (46,1%),seguida pela classe C2 (26,9%),classe D (15,3%) e B2 (11,5%).

Corroborando com esta pesquisa, um estudo sobre a estreita relação entre a gravidez na adolescência e fatores econômicos e sociais no Estado de São Paulo, encontra-se que os percentuais de gravidez na adolescência apresentaram-se maiores nos municípios de menor Produto Interno Bruto (PIB), maior incidência de pobreza, menor tamanho populacional e maior percentual de indivíduos com Índice Paulista de Vulnerabilidade Social (IPVS) igual a 5 ou 6, ou seja, são os mais vulneráveis (MARTINEZ et al., 2011).

Para Ferreira et al. (2012) as pesquisas relacionadas com a vulnerabilidade apontam que apesar de haver uma redução do número de gestações na adolescência, na atualidade, a mesma não ocorre de forma uniforme, apresenta desigualdades, de acordo com o desenvolvimento social, o território, sendo maior a incidência nas classes sociais mais excluídas. De acordo com o mesmo autor onde há maior densidade de vulnerabilidade é maior o percentual de mães, em todas as faixas etárias, com menos de oito anos de estudo, excluídas ou inseridas precariamente no mercado de trabalho.

A seguir apresentamos os dados sobre a gestação, a vida sexual e a motivação para a gravidez foram agrupados na tabela 2.

Quanto à idade da primeira menstruação, ela se concentrou nas idades de 12 (33,3%) e 13 (22,2%).Dados próximos a estes foram encontrados por Belo e Silva (2004) em pesquisa sobre conhecimento, atitude e prática sobre métodos

anticoncepcionais entre adolescentes gestantes, quando a idade média da menarca foi 12,2 anos.

Já o início da vida sexual se deu principalmente aos 13 e 14 anos (29,6%) e aos 15 anos (25,9%). Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), 32,8% dos jovens brasileiros entre 12 e 17 anos já haviam iniciado a sua vida sexual, sendo que destes 61% eram rapazes e 39% moças (UNESCO, 2004).

O início precoce da atividade sexual e, principalmente, de forma desprotegida, associado com o alto índice de gestações não planejadas decorrentes de relacionamento com parceiro igualmente jovem são dados que desencadeiam reflexões sobre nossos adolescentes, que, apesar de razoável nível de escolaridade e de alguma informação sobre sexualidade, não conseguem traduzi-los em sexo protegido e mudanças de comportamento.

Quanto aos aspectos relacionados à fecundidade na adolescência, sabe-se que um dos importantes determinantes do seu aumento nos últimos 30 anos diz respeito à iniciação sexual precoce nos diferentes contextos socio- econômicos e à freqüente associação deste comportamento com o desconhecimento ou conhecimento inadequado de adolescentes sobre saúde reprodutiva e anticoncepção, aliado à pouca participação da família, escolas e serviços de saúde na educação para a sexualidade dos adolescentes (COSTA et al., 2001).

Ainda com relação ao uso do preservativo, para Teixeira et al. (2006), apesar do uso do preservativo ter aumentado entre os jovens, ele ainda não é utilizado por todos e nem em todas as relações sexuais. A informação sobre os métodos anticoncepcionais existente não implica necessariamente no seu uso adequado ou regular

No que se refere às fontes de informação sobre a educação sexual as mais citadas pelas adolescentes foram escola/professores (33,3%), família/mãe (33,3%) e escola/amigos (16,6%).

Em um estudo na cidade de Catanduva-SP, também se encontrou a escola como o maior veículo de orientação sexual para adolescentes, seguida pelo serviço de saúde e pela família. Adolescentes que recebem orientações dos pais ou da escola apresentam menos comportamentos de risco para aquisição de uma DST ou gravidez não planejada (MANFREDO et al., 2012).

Dentre as adolescentes desta pesquisa, verificou-se que 14 (51,8%) delas participaram de palestras ou grupos de discussão sobre sexualidade, sendo que o tema mais abordado foi gravidez na adolescência, seguido pelo tema doenças sexualmente transmissível e fisiologia.

Em estudo de Moura et al. (2011) que tinha como objetivo descrever as fontes de informação sobre sexualidade e contracepção utilizadas por adolescentes que vivenciaram uma gravidez, revelou que antes de engravidar, 89,5% das adolescentes possuíam informações sobre contracepção e doenças sexualmente transmissíveis e 55% tinham alguém com quem se sentiam seguras para conversar sobre sexo e gravidez, sendo as amigas (36,6%) a fonte de informação mais citada. Após a gestação, 75,5% delas receberam informações sobre contracepção e sexualidade, sendo o serviço de pré-natal (70,3%) a principal fonte citada.

Além disso, é importante ressaltar a situação de pais de adolescentes que não sabem como lidar com a sexualidade emergente de seus filhos (BELO; SILVA, 2004). Para exacerbar a gravidade da situação, escolas e serviços de saúde que deveriam ser o apoio da família e complementar a educação sexual e o autocuidado mostram-se limitados na qualificação de mostram-seus profissionais, com demonstram os resultados do estudo de Jardim e Brêtas (2006) que apesar de considerarem a importância do tema, a maioria dos professores não dispõe de conhecimentos suficientes para promoverem orientação sexual aos adolescentes, atendo-se muito mais no aspecto biológico da sexualidade do que nos sentimentos e valores que a envolvem.

No que se refere ao planejamento da gravidez verificou-se que oito (29,6%) das adolescentes quiseram engravidar e 19 (70,3%) não planejaram a atual gestação. Quanto ao vinculo com o pai de seu filho, 18 (66,6%) adolescentes responderam que é o atual namorado, sete (25,9%) que é o companheiro com quem mora, uma (3,7%) ue o pai de seu fil o é um amigo e outra (3,7%) ue é um “ficante”.

Segundo Persona et al. (2004), O desejo de engravidar pode se mostrar de forma inconsciente ou consciente, visto que muitas vezes as adolescentes que engravidam são filhas de mães que também passaram por esta experiência na adolescência, o que demonstra um fenômeno psicológico da adolescente de repetição da história vivenciada por sua mãe.

Quanto aos métodos anticoncepcionais conhecidos os mais citados pelas gestantes foram camisinha masculina (25%) e pílula (23%), lembrando que cada gestante poderia citar mais de um método. Quase todas as gestantes (96,2%)

conheciam a camisinha masculina.Estes dados são semelhantes aos encontrados também na pesquisa realizada por Manfredo et al. (2012), na cidade de Catanduva/São Paulo.

Quando questionadas sobre se faziam uso de algum método contraceptivo, 21(77,7%) das adolescentes responderam que sim e seis (20,6%) que não. Dentre as que usaram algum método anticoncepcional (44,8%) optaram pela camisinha masculina seguida pela pílula (31%) e também pelo coito interrompido (3,4%).

Estudo realizado no interior paulista mostrou que dentre as adolescentes, que tiveram uma gravidez, seis em cada dez afirmaram conhecer algum tipo de anticoncepcional, porém só uma em cada dez informou ter utilizado algum método, demonstrando que, apesar de ser elemento-chave, apenas a informação não é suficiente para o uso consistente de métodos anticoncepcionais pelos adolescentes (SCHOR; LOPEZ, 1990).

Em pesquisa que envolvia o perfil social, reprodutivo e sexual de adolescentes atendidas em um Ambulatório de Ginecologia de Campinas/São Paulo, revelou que quanto ao conhecimento e prevenção das doenças sexualmente transmissíveis, a maioria dos adolescentes referiu esclarecer suas dúvidas com pais e amigos e conhecia as formas de transmissão da Síndrome de Imunodeficiência Adquirida; entretanto metade das adolescentes não usava camisinha (camisa-de-vênus, condom) para prevenção de doenças sexualmente transmissíveis (COSTA et al., 2004).

Almeida et al. (2003) em estudo sobre o comportamento contraceptivo de adolescentes relata ue os fatores associados positivamente ao uso consistente de contraceptivos por rapa es inclu ram a iniciação sexual mais tardia, com parceria est vel, contando com a fam lia como fonte potencial para a compra de contraceptivos e acesso a serviços de saúde; entre as moças, inicio da vida sexual pouco tempo e ter o pai como fonte de informação sobre sexualidade, contracepção e prevenção de doenças sexualmente transmiss veis. Estes resultados confirmam a complexidade da determinação do comportamento contraceptivo entre adolescentes e a necessidade de ue os programas educativos incorporem as múltiplas dimens es da uestão para que tenham efetividade.

Dentre os motivos que levaram as adolescentes da pesquisa a engravidarem os mais citados foram: achar que não aconteceria com ela (35,2%), a falta de prevenção (29,4%) e porque queriam engravidar (23,5%).

Para as adolescentes de um estudo realizado nas maternidades do Rio de Janeiro, a proporção de mulheres que não desejava ter engravidado, poderia ser justificado pela percepção, por parte das jovens, da falta de estrutura para constituir uma nova família naquele momento (GAMA et al., 2002).

Tradicionalmente, a gravidez na adolescência era descrita como um problema social, associada à pobreza, encarada como comprometedora de um desenvolvimento saudável, tanto para a mãe, como para o seu filho. Contudo, estudos mais recentes descrevem o fenômeno de forma distinta, como resultante de múltiplas características e variáveis influenciadoras do desenvolvimento (CERQUEIRA SANTOS et al., 2010). A maternidade adolescente é descrita como um produto de vários fatores de risco, nomeadamente, a história dos pais, nível socioeconômico, redes de apoio, recursos psicológicos, idade dos pais e as características de temperamento do bebê (JACARD; et al., 2003).

Os dados encontrados no presente estudo permitem também reconhecer a vulnerabilidade decorrente de comportamentos sexuais desprotegidos, no qual, muitas vezes, está associada à falta de conhecimento por parte dos adolescentes e Berlofi et al. (2006) reforçam a importância do estabelecimento de políticas públicas e programas voltados para a saúde sexual e reprodutiva dos adolescentes e jovens que englobem a educação, os conceitos e o uso correto dos métodos contraceptivos, que ofereçam além do método, o acompanhamento médico e de enfermagem, visto a necessidade destes de informações e meios de prevenção de gravidez.

Ainda referente à vulnerabilidade, podemos inferir que a dimensão social é a

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