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PROVISÃO PARA CRÉDITOS DE LIQUIDAÇÃO DUVIDOSA

7. Custo de aquisição é o valor que será registrado contabilmente em conta do grupo Estoques.

4.5 PROVISÃO PARA CRÉDITOS DE LIQUIDAÇÃO DUVIDOSA

Independente do tipo de negócio, do ramo de atividade em que atua, é natural que a empresa apresente um nível específico de inadimplência. Em outros termos, por maior que seja o cuidado dispensado por cada empresa para conceder crédito aos seus clientes, parte do crédito concedido não é realizada, ou seja, o cliente deixa de cumprir a sua obrigação de liquidar a dívida contraída.

Se é provável que dos créditos (ativos) da empresa parte não será realizada (convertida em dinheiro), então se faz necessário que a empresa provisione esta perda provável. A provisão constituída para refletir essa possibilidade de perda é denominada provisão para créditos de liquidação duvidosa ou provisão para devedores duvidosos.

Do ponto de vista da teoria contábil, a provável perda no recebimento de créditos da entidade deve ser imediatamente reconhecida como despesa, cabendo destacar que o registro dessa perda provável no resultado (despesa) independe de qualquer outro aspecto como, por exemplo, de disposições contidas na norma tributária.

Nada obstante, tem sido comum da parte de algumas entidades o reconhecimento dessa perda exclusivamente com base nas normas emanadas do Regulamento do Imposto de Renda. Nesse sentido, deve ser observado o que dispõem o artigo 340 e seguintes do Decreto 9.598/2018 (Regulamento do Imposto de Renda):

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Art. 347. As perdas no recebimento de créditos decorrentes das atividades da pessoa jurídica poderão ser deduzidas como despesas, para fins de determinação do lucro real, observado o disposto neste artigo ( Lei nº 9.430, de 1996, art. 9º, caput ).

As disposições que complementam o citado artigo 347 deixam evidente que nem todas as perdas podem ser deduzidas para efeito de apuração do lucro real. Nesse sentido, veja-se o parágrafo 1º daquele artigo:

§ 1º Poderão ser registrados como perda os créditos (L ei nº 9.430, de 1996, art. 9º, § 1 º):

I - em relação aos quais tenha havido a declaração de insolvência do devedor, em sentença emanada do Poder Judiciário;

II - sem garantia, de valor:

a) até R$ 15.000,00 (quinze mil reais), por operação, vencidos há mais de seis meses, independentemente de iniciados os procedimentos judiciais para o seu recebimento;

b) acima de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) até R$ 100.000,00 (cem mil reais), por operação, vencidos há mais de um ano, independentemente de iniciados os procedimentos judiciais para o seu recebimento, mantida a cobrança administrativa; e

c) superior a R$ 100.000,00 (cem mil reais), vencidos há mais de um ano, desde que iniciados e mantidos os procedimentos judiciais para o seu recebimento;

III - com garantia, vencidos há mais de dois anos, de valor:

a) até R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), independentemente de iniciados os procedimentos judiciais para o seu recebimento ou o arresto das garantias; e

b) superior a R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), desde que iniciados e mantidos os procedimentos judiciais para o seu recebimento ou o arresto das garantias; e

IV - contra devedor declarado falido ou pessoa jurídica em concordata ou recuperação judicial, relativamente à parcela que exceder o valor que esta tenha se comprometido a pagar, observado o disposto no § 6º.

Convém notar que o contido no § 1º se constitui na regra geral, havendo exceções a ela. Portanto, para o tratamento adequado, convém verificar se as exceções se encaixam na situação da empresa. Uma das exceções está contido no § 7º e tem a ver com créditos de empresas relacionadas:

§ 7º Não será admitida a dedução de perda no recebimento de créditos com pessoa jurídica que seja controladora, controlada, coligada ou interligada, e com pessoa física que seja acionista controlador, sócio, titular ou administrador da pessoa jurídica credora, ou parente até o terceiro grau dessas pessoas físicas ( Lei nº 9.430, de 1996, art. 9º, § 6º ).

Deve ser registrado contabilmente como receita o recebimento de créditos que tenham sido considerados como incobráveis e, portanto, lançados, anteriormente, no resultado como perda. Tal procedimento atende do mesmo modo tanto os procedimentos contábeis, quanto a legislação tributária.

112 4.6 EXERCÍCIOS PARA FIXAÇÃO DA MATÉRIA

Exercício 4.6.1

Data: 10/04/X1

Operação: Cobrança Simples Banco: Forte S/A

Instruções: (a) Cobrar 0,105% por dia de atraso; (b) Aguardar até 8 dias após o vencimento para protestar; (c) Custo: R$ 5,00 p/título remetido para cobrança e depósito em D+1.

Títulos:

Nº Valor Vencimento Liquidação

001 3.850,00 30/04/X1 Sacado liquidou dia 05/05/X1

002 1.640,00 05/05/X1 Sacado liquidou dia 05/05/X1

003 4.200,00 25/05/X1 Sacado não liquidou

004 2.600,00 20/05/X1 Sacado liquidou 27/05/X1

005 5.220,00 10/06/X1 Sacado liquidou 10/06/X1, com desconto

autorizado de R$ 261,00

Pede-se:

a) Aponte o tipo de controle que a empresa faz em relação as duplicatas colocadas em poder do banco e justifique.

b) Demonstre todos os lançamentos contábeis efetuados como conseqüência da operação.

Exercício 4.6.2

Data: 05/07/X1

Operação: Desconto de duplicatas Banco: Dinheiro S/A

Instruções: (a) Aguardar até 5 dias após o vencimento para protestar; (c) Taxa de desconto 0,110% ao dia.

Títulos:

Nº Valor Vencimento Liquidação

001 4.000,00 20/07/X1 Liquidada em 23/07/X1, banco cobrou

R$ 14,00 de juros.

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003 3.700,00 31/07/X1 Liquida em 31/07/X1, com desconto de

R$ 185,00.

004 2.500,00 20/08/X1 Não liquidada

005 5.000,00 10/09/X1 Liquidada em 12/09/X1.

Pede-se: demonstre todos os lançamentos contábeis efetuados como conseqüência da operação.

Exercício 4.6.3

Em relação a uma operação de empréstimo com caução de duplicatas, aponte as afirmativas verdadeiras (V) e as afirmativas falsas (F):

( ) - Nesse tipo de operação, a garantia é sempre superior ao valor do principal. ( ) – O banco não pode recusar nenhuma duplicata apresentada para compor a caução. ( ) – Em termos de controle interno da empresa, as duplicatas cedidas em caução recebem o mesmo tratamento que aquelas envolvidas em operação de cobrança simples.

( ) – Enquanto não liquidado o empréstimo, o banco retém o valor recebido das duplicatas dadas em garantia e liquidas pelos sacados, liberando-o tão logo o empréstimo seja liquidado. ( ) – Em relação às duplicatas cedidas em caução, o direito de crédito pertence ao cedente e não ao banco.

114 5 OPERAÇÕES FINANCEIRAS

5.1 INTRODUÇÃO

A dinâmica das empresas pode ser compreendida através da análise dos vários fluxos verificados no interior de cada entidade. Nesse sentido, podemos ter, por exemplo:

Fluxo operativo: que compreende o conjunto das operações relacionadas com o objeto social da entidade;

Fluxo administrativo: que compreende o conjunto das decisões tomadas no sentido m nt r nti “viv ”;

Fluxo financeiro: que compreende o conjunto das entradas e saídas de recursos financeiros na entidade.

É certo que a efetiva sustentação da empresa ocorre como reflexo do seu fluxo op r tivo. Por x mplo, o “n g io” um mpr s om r i l é ompr r r v n r mercadorias. Se seus administradores conseguem realizar de forma eficaz e eficiente as tarefas de compra e venda, muito provavelmente a empresa continuará existindo. Em caso contrário, certamente a empresa correrá sério risco de descontinuidade ou, como dito de forma popul r, “qu br r”.

A despeito do comentado no parágrafo anterior, o equilíbrio do fluxo financeiro é essencial, também, para o bom andamento dos negócios, representando a busca desse equilíbrio uma das maiores preocupações dos administradores, particularmente daqueles que atuam na área financeira das organizações.

Independente do tipo de negócio, da competência dos administradores e de outros fatores inerentes a cada empresa, é improvável que exista uma organização que mantenha por todo o tempo o fluxo financeiro em equilíbrio, isto é, entradas e saídas de recursos financeiros em um mesmo patamar. Diante desse natural desequilíbrio do fluxo financeiro, sempre haverá a necessidade de obtenção de recursos financeiros, para suprir a falta, ou a necessidade de investir recursos financeiros, para aplicar as sobras desses recursos.

Nesse contexto, denominamos por financeiras aquelas operações que têm por objetivo a obtenção e a aplicação de recursos financeiros de uma determinada entidade, podendo tais operações ser divididas em:

115 Operações ativas – aquelas que visam a aplicação de recursos financeiros momentaneamente disponíveis na entidade; e,

Operações passivas – aquelas que visam a obtenção de recursos financeiros momentaneamente em falta da entidade.

Da parte da contabilidade, as principais preocupações com as operações financeiras ativas e passivas repousam em:

 Classificação contábil – que pode ocorrer no Circulante ou no Longo Prazo.

 Momento de registro das variações – que diz respeito a contabilização dos rendimentos e dos encargos.

 Avaliação – que diz respeito ao valor pelo qual a operação deve ser apresentada no balanço patrimonial.