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TCC - APOIO PSICOSSOCIAL DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19: ESTRA- ESTRA-TÉGIAS DESENVOLVIDAS JUNTO AOS PROFISSIONAIS DA REDE PÚBLICA DE

TCC - TRATAMENTOS PARA PACIENTES COM COVID-19, UMA REVI- REVI-SÃO RÁPIDA DE REVISÕES SISTEMÁTICAS

TCC - APOIO PSICOSSOCIAL DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19: ESTRA- ESTRA-TÉGIAS DESENVOLVIDAS JUNTO AOS PROFISSIONAIS DA REDE PÚBLICA DE

SAÚDE DO MUNICÍPIO DE FRANCO DA ROCHA

Autora: Julia Oliveira Comonian OBJETIVO: Identificar e analisar estratégias de apoio emocional e psicossocial desen-volvidas junto aos profissionais dos diferentes serviços da rede pública de saúde, para o manejo dos impactos gerados pela pandemia de SARS-CoV-2.

METODOLOGIA: Trata-se de um estudo de caso de caráter qualitativo que realizou entrevistas semi-estruturadas com 12 profissionais atuantes no município durante o enfrentamento da pandemia de Covid-19, sendo 4 profissionais da gestão, 3 da Atenção Básica e 5 da atenção especializada. As entrevistas foram realizadas por vídeo chamada pelas plataformas Microsoft Team e Google Meets por conta do isolamento social e risco de contaminação por Sars-CoV-2. Durante as entrevistas foi realizada a leitura do TCLE e aceite pelas participantes. As entrevistas foram gravadas, transcritas e posteriormen-te analisadas por meio de 5 caposteriormen-tegorias pré-estabelecidas a partir da liposteriormen-teratura na posteriormen- temáti-ca estudada, foram elas: Biossegurança, Capacitação, Organização do Cuidado, Perfil do sofrimento mental nos serviços e Cuidado ofertado. A categorização das falas originou sub-categorias de análises, que representaram temáticas relevantes e frequentemente abordadas durantes as entrevistas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os profissionais entrevistados evidenciaram que duran-te o período da pandemia não houve episódio de falta de disponibilidade ou dificuldade de acesso ao uso de EPIs, e a biossegurança no ambiente de trabalho sempre foi uma preocupação da gestão. Entretanto, algumas falas refletiram não haver fiscalização e obrigatoriedade do uso, ressalvando a necessidade de monitoramento.

Foram identificadas ações de capacitação para o uso correto de EPIs, mas quando ques-tionados sobre capacitação relacionada a doença de Covid-19 e preparo para saúde mental do trabalhador nesta situação de crise, alguns profissionais negaram a existên-cia destas ações, enquanto outros afirmaram a existênexistên-cia de reuniões e ações técnicas e pontuais que abordaram tal temáticas. No entanto, essas ações não foram visualizadas como capacitações. Assim, não foram identificadas como ações amparadas na Política Nacional de Educação Permanente em Saúde do Trabalhador, que oferta ações continu-adas com reflexão crítica sobre o problema e a realidade do trabalho. As orientações ou capacitações ofertadas foram em sua maioria realizadas à distância, fator que trouxe uma inequidade no acesso para alguns profissionais por não haver conexão com a inter-net em todas as unidades. Embora a gestão permitisse que os profissionais realizassem estas ações em suas próprias casas, precisamos ressalvar que existem múltiplas reali-dades familiares no país, podendo ser um ambiente que não proporcione o aprendizado.

A rotina de trabalho também passou por significativas alterações, levando profissio-nais a reinventarem em seu trabalho (como os CAPS que passaram de atendimentos em grupo para individuais e ou à distância). Também precisaram se adequar à rees-truturação das equipes (profissionais afastados e novas contratações), e remanejo de funções (remanejo de profissionais em serviço de baixa para alta demanda, exemplo: CAPS para vigilância epidemiológica).

Para lidar com estas alterações e diminuir a elevada rotina, alguns profissionais apon-taram que foi solicitado revezamento de equipes, mas esta proposta não foi atendida pela gestão. O revezamento é visto na literatura como uma estratégia importante nas ações de prevenção ao sofrimento mental no trabalho, assim como a troca de turnos, o atendimento em pares, os plantões alternados, os horários de descanso e espaços de escuta qualificada. Entretanto a gestão atuou de forma a fortalecer as equipes por meio da comunicação entre profissionais e gestores, criando uma rede de confiança, e direcionamento das necessidades de saúde mental, se preocupando não apenas com questões técnicas mas também humanitárias.

Quando questionadas sobre qual categoria acreditavam estar sendo mais afetada no período da pandemia, apenas 3 de 12 acreditaram existir diferenças neste sofrimen-to relacionadas à categoria profissional, citando as profissionais da enfermagem. Tal discussão, embora trazida pela minoria das entrevistadas, vai de encontro com a lite-ratura produzida sobre a pandemia que mostra que a enfermagem apresentou longas jornadas de trabalho, pois foram responsáveis pelo acolhimento dos casos e suspeitos de covid-19, coleta de sangue para testes sorológicos, e assim, são uma das catego-rias mais expostas aos impactos do período.

Quando questionadas sobre as dificuldades encontradas no período, uma profissional relatou a falta de reconhecimento, algumas relataram a dificuldade dos usuários em respeitarem as medidas de segurança dentro das unidades, a falta do período de férias e a elevada carga de trabalho. Todos os profissionais citaram como grandes dificulda-des o adoecimento e a morte de colegas e familiares e o pouco contato com a família. Estas dificuldades geraram sentimento de incapacidade, luto, esgotamento, angústia, desânimo, stress, ansiedade e o medo de se contaminar no transporte e no ambiente de trabalho, e de contaminar familiares e amigos pertencentes aos grupos de risco. Para enfrentamento deste sintomas de adoecimento psíquico, a gestão ofertou servi-ços de atendimento psicológico presenciais individuais e em grupos (grupos de apoio, espaços de conversa, relaxamento em grupo, ginástica laboral), e também, foi ofere-cido apoio psicológico e intervenção psiquiátrica feitos tanto presencialmente, como a distância, por teleatendimento, vídeo chamada e grupos de conversa no WhatsApp.

Essas ações foram importantes para responder as demandas, entretanto faltaram ações estruturadas e intencionais que abrangessem toda a rede de forma organiza-da, coordenada e continuada. Faltaram também ações de identificação e rastreamen-to de adoecimenrastreamen-to psíquico entre os profissionais de rastreamen-todos os serviços. As ações re-alizadas foram centradas no serviços de Saúde Mental como CAPS II CAPS AD, CAPS IJ e CECCO, que se organizaram para atender às necessidades psicossociais dos profissionais, gerando uma procura menor do que a esperada frente a realidade. Isto pode ter ocorrido devido ao receio de exposição, por buscar ajuda entre seus pares, e pela carência de macroplanejamento que contribuísse no envolvimento de todos os profissionais e serviços, de forma a ofertar um cuidado longitudinal e interdisciplinar. CONCLUSÃO: As entrevistas demarcaram a preocupação da gestão municipal em ofertar ações de proteção e cuidado a saúde do trabalhador, principalmente por meio do fortalecimento da rede, e das relações de comunicação entre gestão e pro-fissionais. Buscou-se atender às demandas psicossociais que surgiram no período. Entretanto houve uma carência de estratégias de cuidado psicossocial longitudinais e multiprofissionais que atendessem todos os serviços da rede. Assim, apontamos a falta de um macro planejamento e de ações mais estruturadas, a fim de ofertar um cuidado igualitário e integral. Tais ações são um desafio não apenas para o municí-pio, mas para todo o SUS.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pudemos perceber, pelo resultado das duas investigações, que o município de Franco da Rocha, se mobilizou para enfrentar e lidar com os novos desafios apresentados em relação à saúde mental na pandemia. Assim, se organizou para não interromper totalmente os atendimentos da RAPS, continuou a atuar com porta aberta ao so-frimento mental, mudando sua abordagem de cuidado para adequar-se à este mo-mento. A pandemia potencializou a criatividade e a união dos profissionais da rede do SUS e, de certa forma, contribuiu e impôs a necessidade de maior troca ente os diversos pontos de atenção, fortalecendo o trabalho em rede. Entretanto, a falta de linhas de cuidado em saúde mental e a definição mais clara do papel e atribuições concretas da rede básica e especializada, são desafios importantes. O município teve ainda preocupação em executar ações concretas para atender ao sofrimento emocio-nal dos profissionais da rede, mas percebeu-se que estas ações são pontuais e não estruturadas de forma mais macro e continuada.

2.8 - EIXO TEMÁTICO - SAÚDE DO IDOSO