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6 A) Condições dos Factores

QUADRO FACTOR

Evolução do Emprego Global por Níveis de Qualificação Níveis Hierárquicos (%) 1991 1982 Quadros Superiores Quadros Médios 2,2 2,0 1,8 1,4 Prof. Alt. Qualificados

Prof. Qualificados Prof. Semi-Qualificados 4,0 51,1 30,4 3,4 46,8 35,0 Prof. Não Qualificados 10,3 11,6 Fonte: Quadros de Pessoal, MESS

O baixo nível das qualificações dos trabalhadores é sustentado por um baixo grau de instrução da sua grande maioria. Deste modo, verificava-se em 1990 que 68% daqueles possuíam no máximo 6 anos de escolaridade, representando no entanto uma evolução relativamente aos 76,8% de 1985. Esta dinâmica foi acompanhada pelo aumento dos jovens (até aos 25 anos) empregados com o ensino secundário, que passaram de 15,9% dos jovens empregados em 1984 para 24,8% em 1991.

Este panorama resulta da situação de considerável atraso educativo de Portugal comparativamente com os outros países da CEE. O MPAT constata assim que (G15):

1) o nosso país regista o mais baixo nível de escolarização, situando-se em 1991 a taxa de analfabetismo em cerca de 11,2%, apesar da redução significativa relativamente ao valor de 20,5% de 1981 ( valor retirado de

(G12)).

2) o nível de formação da população com idade compreendida entre os 25 e os 64 anos é dos que regista pior situação, reflectindo as debilidades do sistema educativo vindas do passado. A média de anos de estudo naquela faixa de idade situava-se em 6,0 anos de estudo em 1990. A média daquele valor na CE situava-se em 9,8 , sendo para Espanha e Grécia respectivamente 6,8 e 6,9

(St11).

3) o número de diplomados em áreas científicas em proporção da população activa com idade entre os 25 e 34 anos é da ordem dos 243 por cada 100 mil activos, o que constitui um valor modesto. Tal facto reflecte a situação de escassez de recursos humanos com preparação científica e tecnológica, essencial num contexto de dinâmica competitiva.

4) O valor da alínea anterior é complementado por uma taxa de escolarização no ensino superior reduzida comparativamente aos outros países da Comunidade Europeia. Assim, dos jovens portugueses entre os 18 e os 24

anos, 18% frequentavam em 1989 o ensino superior (St11). Na CE aquele valor ascendia a 31%, na Espanha era 32% e na Grécia 28%. Esta situação tornar-se-ia preocupante na perspectiva de recuperação do atraso estrutural em termos de recursos humanos especializados e da criação de uma capacidade científica e tecnológica nacional. No entanto, as vagas na primeira matrícula no ensino superior têm sofrido um aumento notável entre os anos lectivos de 1987/88 e !992/93 (mais de 150%). Tal facto permitiu o aumento da taxa de escolarização para 25,2% no escalão etário 20-24 anos em 1992 (G15).

5) em 1989 os diplomados pelas áreas de engenharias e dos ramos científico-tecnológicos (engenharias, ciências naturais e arquitectura) abarcavam 22,7% do total dos diplomados por instituições do ensino superior. Tal valor era de 28,4% na Alemanha, de 19,8% em Espanha e 22,3% na Grécia (Sc9). Constatava-se deste modo um elevado peso relativo dos ramos científico-tecnológicos na formação superior. Tal induz boas perspectivas na criação de uma dinâmica científica e tecnológica endógena. O MPAT confirma a manutenção daquele peso, referindo o valor de 23% (G15).

As alíneas 1 e 2 permitem sustentar o baixo nível de preparação dos recursos humanos. As alíneas 2 a 5 poderá apoiar uma tese relativa ao atraso ao nível de recursos humanos especializados, sob a forma de licenciados e bacharéis. No entanto, uma análise mais profunda e um estudo mais amplo seria necessário para a compreensão do desenquadramento da oferta de recursos humanos com formação universitária e as necessidades do tecido empresarial. Vejamos, no entanto o que o estudo do IHD (G5) nos diz:

«Verifica-se, no entanto, que os diplomados que saem do sistema (universitário), embora sejam em certas áreas excedentários em relação à oferta

de emprego, continuam a não satisfazer certos domínios e, sobretudo, certos níveis de qualificação nomeadamente técnicos médios e intermédios, para cuja oferta continua a existir carências nítidas que no futuro, se não forem tomadas certas medidas, terão tendência a aumentar.»

Este texto apoia a tese relativa à existência de uma desenquadramento da oferta de licenciados em relação ao tecido empresarial existente, proposta na hipótese 4. Confirma igualmente a hipótese 3, anteriormente debatida, sobre a carência da oferta de quadros médios.

O estudo realizado pela Tecninvest (T9) suporta a segunda hipótese proposta, no âmbito do universo das PME's. Constata aquele trabalho que o nível de formação dos gestores e, em particular, a carência de quadros médios e superiores constitui um factor que dificulta o processo de modernização e crescimento das PME's. Assim, de acordo com um inquérito feito pelo IAPMEI ali referido, 18,5% dos empresários e gestores tinham instrução primária e 44,2% tinham instrução secundária (completa ou não).

Debateram-se assim as quatro primeiras hipóteses, que foram assim enquadradas no contexto do tecido empresarial português. A quinta hipótese será avaliada no contexto da análise da mentalidade individual, estudada no capítulo B-1.1. No entanto, vejamos o que nos diz Mira Amaral (P2):

«Mas a mão-de-obra portuguesa não é apenas barata em termos europeus. É também uma das mais flexíveis, com maior capacidade de adaptação e com maior predisposição para compreender os desafios que lhe são propostos de forma inteligente.»

Mas a vantagem comparativa assente na mão de obra também parece se esbater, como o gráfico seguinte nos demonstra. Nele se pode verificar uma tendência a partir de 1989 para uma aproximação dos custos de pessoal como percentagem do volume de vendas relativamente à CEE. Tornar-se-ia necessário confirmar se essa tendência de aproximação se tem mantido.

GRÁFICO FACTOR 2