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3.4. Procedimento de análise dos textos

3.4.2. Quadro metodológico da pesquisa

O quadro abaixo mostra, de forma esquemática, as relações entre objetivos específicos, problemas, hipóteses e categorias de análise:

Quadro 9: relações entre objetivos, problemas, hipóteses e categorias de análise

Objetivos específicos

Problemas Hipóteses Categorias de análise

(referências teórico- metodológicas) 1. Analisar as

figuras de ação internas e

externas que dão forma ao trabalho de ressignificação do papel do professor em um encontro de formação de educadores. 1. Como as figuras de ação dão forma ao trabalho de ressignificação do papel do professor em encontros de formação docente no ProJovem Urbano?

1. No dizer dos professores, haverá a ocorrência de várias figuras de ação. Estas diferentes figuras

evidenciam a variedade de representações que o

professor assume de seu agir profissional. 1. Conteúdo temático, Tipo de discurso, relações de temporalidade, mecanismos enunciativos.

2. Investigar, a partir das noções de figuras de ação internas e externas, relações de descompasso e de compasso entre as representações dos professores em relação à tarefa dada na formação de educadores. 2. Como as diferentes figuras de ação são mobilizadas pelos professores na realização da tarefa dada pela equipe de formadores?

2. Os professores terão representações diferentes da tarefa. Essas diferentes representações são

expressas no texto, a partir de figuras de ação e têm relação com a aproximação ou não das instruções dadas pelo comando. 2. Conteúdo temático e Figuras de ação. Analisar a influência da formação de educadores na tomada de consciência do professor do ProJovem Urbano de seu agir profissional.

Até que ponto o comando dado pela equipe de formação influencia o professor no desenvolvimento de um agir reflexivo?

A re-elaboração dos saberes dos professores, ocasionada pela formação de

educadores, possibilita a tomada de consciência do professor de seu agir profissional. Esta re-

elaboração pode ser flagrada pela mobilização de todas as figuras de ação, na medida em que a construção delas possibilita um

distanciamento crítico do agir do professor.

Conteúdo temático e Figuras de ação

No próximo tópico, fazemos análise das figuras de ação que dão forma ao trabalho do professor em situação de formação.

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REPRESENTAÇÕES DO PAPEL DO PROFESSOR E DE SEU

TRABALHO EM ENCONTROS DE FORMAÇÃO DOCENTE

Em nossa investigação, temos como objetivo geral analisar as representações do papel do professor em encontros de formação de educadores no ProJovem Urbano. Para isso, analisamos as figuras de ação interna s e externas que dão forma ao trabalho de ressignificação do papel do professor, seguindo o método descendente de análise dos textos, adotado pelo ISD.

Como já foi explicitado, em nossa metodologia, nesta investigação, traçamos três objetivos específicos:

1. Analisar as figuras de ação internas e externas que dão forma ao trabalho de ressignificação do papel do professor em um encontro de formação de educadores.

2. Investigar, a partir das noções de figuras de a ção internas e externa s, relações de descompasso e de compasso entre as representações dos professores em relação à tarefa41 dada na formação de educadores.

3. Analisar a influência da formação de educadores na tomada de consciência do professor do ProJovem Urbano de seu agir profissional.

Em relação aos objetivos traçados em nossa investigação, nós os cumprimos, em etapas, no decorrer das análises. O primeiro deles é analisar, a partir dos indícios relacionados ao conteúdo temático, tipos de discurso e aos mecanismos enunciativos, as figuras de ação internas e externa s que dão forma ao trabalho de ressignificação do papel do professor e da tarefa a ser realizada por ele em um encontro de formação de educadores. Realizamos, no tópico 4.1, o cumprimento desse objetivo específico 1.

Nesse tópico, analisamos e caracterizamos, primeiramente, as figuras de ação interna s e externa s, verificando os indícios da reconfiguração do agir nos textos e pelos textos. Para isso, empreendemos uma análise micro dos blocos temáticos segmentados em uma primeira análise, descrita em nossa metodologia no tópico 3.4.1. Tratamento temático, a partir dos indícios linguísticos - discursivos caracterizadores das figuras de a ção. Nesta análise, além de realizarmos a caracterização das figuras de ação encontradas, verificamos a funcionalidade da

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Consideramos que a tarefa está relacionada à prescrição do trabalho a ser realizado pelo trabalhador, ou melhor, está relacionada aos objetivos esperados do trabalho. No caso da formação de educadores, a tarefa é dada pela equipe de formação, através do comando ou instrução.

mobilização de cada figura para o cumprimento dos objetivos interacionais dos actantes manifestados no texto. Após a efetivação dessa análise micro, realizamos uma análise quantitativa que privilegia a relação entre figuras de ação e a segmentação temática. Esta análise nos dará pistas para compreendermos as possíveis relações entre o conteúdo temático e as figuras de ação.

A análise micro dará suporte para análise macro, realizada no tópico 4.2 deste capítulo de análise. Por último, empreendemos uma análise do movimento do texto de uma maneira mais global, levando em consideração a teia discursiva envolvida na construção dos diálogos estabelecidos na formação de educadores para a realização ou não da tarefa estabelecida pela equipe de formadores. Essa análise macro nos dará pistas para revelar relações de compasso e descompasso entre representações da tarefa a ser realizada pelos professores.

A segmentação temática do corpus, que foi descrita em nossa metodologia no tópico intitulado Tratamento temático, teve como base a noção dos três planos de análise do agir propostos Bronckart (2007), o plano da motivação, da intencionalidade e dos recursos do agir42, e as características interacionais dos textos que constituíram o nosso corpus.

Analisamos partes dos encontros 3, 5, 6 e 8,privilegiando os momentos de socialização e a exposição das experiências profissionais dos educadores. Realizamos análises apenas de dois professores em cada encontro. No encontro 3, analisamos o dizer dos professores alunos (PA1 e PA10); no encontro 5, analisamos o dizer dos professores alunos (PA14 e PA15); no encontro 6, analisamos o dizer dos professores alunos, (PA15 e PA 14)e no encontro 8, analisamos o dizer dos professores alunos (PA1 e PA10).

Esse recorte aconteceu, por não haver, nos encontros de formação, uma intervenção dos formadores com relação ao turno de fala dos professores. Isso resultou em uma descontinuidade na fala dos participantes, sendo esta descontinuidade relacionada ao contexto de produção que deu origem aos textos analisados. A exposição dos resultados das tarefas solicitadas era realizada por um interlocutor (professor) escolhido pelo grupo de professores, e, muitas vezes, esse interlocutor não era o sujeito da nossa pesquisa. Essa descontinuidade tornava a análise bastante fragmentada, na medida em que não tínhamos porções de fala de todos os professores analisados na tese no mesmo encontro de formação ou ainda não tínhamos falas suficientes que nos permitissem realizar uma generalização. Para resolver esse

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problema, optamos por padronizar as análises, focalizando dois professores em cada encontro de formação.

Também é importante salientarmos que levamos em consideração, principalmente, o contexto de produção particular de cada encontro de formação. Cada encontro tinha um contexto particular diferente, tendo em vista que os objetivos da interação eram também distintos. Devido a essa diferença em relação ao contexto particular, resolvemos dividir as análises micro e macro por encontro de formação.

Vejamos agora a análise e a caracterização das figuras de ação que dão forma às representações que os professores têm de seu papel e da tarefa a ser realizada por eles.

4.1 Análise micro das figuras de ação: o trabalho linguageiro de ressignificação