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ANÁLISE DOS DADOS

QUADRO 10 – REPORTAGENS COM DENÚNCIAS EM 2002 REVISTA REPORTAGENS

INVESTIGATIVAS SOBRE INVESTIGAÇÕES TOTAL

Época 5 14 19 IstoÉ 5 6 11 Veja 3 5 8 TOTAL 13 (34%) 25 (66%) 38 (100%)

Assim, no primeiro semestre de 2002, dois terços de todas as reportagens com denúncias publicadas pelas três grandes revistas informativas tiveram como base investigações oficiais.

4.4.1 – Reportagens investigativas em 2002

Entre as 13 reportagens investigativas publicadas pelas três revistas em 2002, estão cinco matérias sobre as denúncias envolvendo Roseana Sarney. Três delas foram publicadas por IstoÉ, uma por Veja e uma por

Época. Duas reportagens – uma de Veja e outra de Época - envolvendo o

ex-diretor do Banco do Brasil Ricardo Sérgio também entram nessa categoria. São também investigativas, das matérias de IstoÉ, uma das que tratou de Gloria Trevi – ‘A segunda armação’ - e a que mostrou ligações de um delegado da PF com o ex-governador Mão Santa. De Época, ainda compõem o bloco a reportagem sobre Costa Leite, a denúncia envolvendo o então advogado-geral da União e a revelação do caso da dengue. E Veja também publicou uma reportagem investigativa sobre o laboratório campeão da venda de genéricos.

4.4.2 – Reportagens sobre investigações em 2002

Dentre as reportagens que trataram de investigações em andamento ou mesmo concluídas, feitas por autoridades em 2002, há um pacote de seis matérias jornalísticas que divulgam trabalhos de mais de um órgão ou instituição encarregado de algum tipo de fiscalização. É o caso da reportagem de Época sobre irregularidades na compra de uniformes para militares. As informações principais da reportagem saíram de investigações da Receita Federal e do Comando do Exército. A mesma Receita aparece, junto com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), na reportagem ‘Fora de combate’, também de Época. Na mesma revista, a reportagem sobre o envolvimento de assessores do senador Ney Suassuna têm informações da Polícia Federal e da Procuradoria da República.

Os procuradores e policiais envolvidos na investigação identificaram o senador Ney Suassuna como provável retrato falado do chefe da turma.” (Época, 20/05/2002, p.36)

A revista IstoÉ usou na reportagem ‘O elo perdido’ informações da CPI do Banestado e do Ministério Público. Época retomou o caso de Suassuna com ‘Flagra no esquema’, também com base em investigações da Polícia Federal e da Procuradoria da República. E Veja, em ‘Tem famosos no meio’, revelou investigações também dos dois órgãos, Polícia Federal e Procuradoria da República.

Entre as reportagens que se limitam a investigações de uma única instituição, o maior bloco é o originário no trabalho de procuradores da República e outros membros do Ministério Público. Como ocorreu nos anos anteriores de eleições presidenciais, as menções às autoridades responsáveis pelas investigações reproduzidas pelas revistas são claras nos textos jornalísticos. Esse bloco de reportagens é aberto no ano por ‘Rastro no paraíso’, de Veja, sobre recursos do ex-prefeito Paulo Maluf.

Na semana passada, o promotor Silvio Marques e dois procuradores, Pedro Pereira Neto e Denise Abade, viajaram à Suíça para pedir a liberação de documentos bancários. O que ainda não veio a público é que os investigadores estão atrás de um elo preciso. Suspeitam que parte dos 200 milhões de dólares que estavam depositados na Suíça, e depois migraram para a Ilha de Jersey, um paraíso fiscal britânico, foi parar nos cofres da Eucatex, empresa da família do ex-prefeito Paulo Maluf. Esse elo, se existir, provaria que Maluf seria dono da fortuna que os procuradores buscam com tanto interesse no exterior. (Veja, 20/02/2002)

A reportagem de Época ‘A devassa contra Murad’, tratando do marido da ex-governadora Roseana Sarney, tem vários trechos referindo o trabalho de procuradores da República. Um dos trechos:

O Ministério Público também investiga as relações da Lunus Participações com um projeto da Sudam, batizado de Nova Holanda Agropecuária S..A, que recebeu R$ 33 milhões. (Época, 04/03/2002, p.32)

Na reportagem ‘A fraude está até na placa’, de Veja sobre o mesmo tema, outra referência:

O que primeiro chamou a atenção dos procuradores que hoje investigam a encandalosa empreitada maranhense foi justamente o fato de esse megaprojeto (...). (Veja, 13/03/2002, p.52)

A reportagem ‘Aprontaram ou não?’, sobre Ricardo Sérgio, afirma logo abaixo do título:

Ministério Público abre nova frente de investigação sobre a Telemar e descobre ligação com caso Marka-FonteCindam. (Época, 01/04/2002, p.38)

A reportagem ‘A política como ela é’, de Época´, trata de investigação do Ministério Público Federal; ‘Xerife investigado’, da mesma revista, tem frases e foto de um procurador da República; ‘A última da Sudam’, também de Época, faz referência direta ao Ministério Público Federal; ‘Jogada ao mar’, de IstoÉ, tem frases, foto e menção a outro procurador da República; ‘Guerra no Porão’, de Época, trata de documentos

recebidos pelo Ministério Público Federal; ‘A internação tucana’, de IstoÉ, tem foto e afirmações de um procurador-geral da República; ‘Um torpedo contra Garotinho’, de Veja, trata de depoimento colhido pelo Ministério Público Federal; e ‘Operação maluco’, de IstoÉ, é também sobre o trabalho de procuradores da República.

Há um outro bloco de reportagens sobre investigações que trata basicamente do trabalho da Polícia Federal. A reportagem ‘Por dentro dos envelopes’, publicada por Época em 11 de março, no começo do escândalo envolvendo Roseana Sarney, conta o que há em caixotes de documentos, protegidos por sigilo determinado pela Justiça e sob a guarda da Polícia Federal, que os apreendeu. ‘Surpresa para todos’, também de Época, publicada no dia 17 de junho, reproduz um relatório de um delegado da Polícia Federal a seus superiores, que envolve o senador Jorge Bornhausen em remessas de recursos ilegais para o exterior. E Veja reproduziu descobertas da Polícia Federal na reportagem sobre os parlamentares de Tocantins que desviavam recursos públicos por meio de emendas ao Orçamento da União.

De uma investigação específica da CVM, controlada pelo governo federal, saiu a reportagem sobre manipulação em bolsas de valores.

Na semana passada, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) descobriu três empresas especializadas em lavagem de dinheiro envolvidas com o grupo.(Época, 04/03/2002, p. 34)

Já uma fiscalização do Banco Central foi a base da matéria ‘Instituição usou BB para golpe’, publicada por Época em 20 de maio.

Houve também nos primeiros meses de 2002 duas reportagens que relatavam investigações feitas no âmbito do Judiciário. ‘Fim do Silêncio’, sobre a atriz Gloria Trevi, é uma delas.

Um documento que chegou às 15h03 do dia 26 de março às mãos do ministro Nery da Silveira, no STF, rompeu esse silêncio. Na petição 37.471, em que responde a um mandado de notificação da 4ª Vara Criminal de Brasília, Gloria afirma, e assina embaixo, que manteve relações sexuais não consentidas com o delegado Fransciso Moura Velho. Foram três relações sexuais entre Moura e Gloria enquanto a cantora esteve presa. (Época, 17/04/2002, p.36)

A reportagem que tirou do deputado Henrique Alves a indicação para concorrer como vice na chapa de José Serra à Presidência também reproduziu trabalho em andamento no Judiciário.

O processo de separação litigiosa de Mônica e Henrique Eduardo Alves, que corre na Justiça de Brasília desde outubro de 2000, está recheado de provas mostrando que o deputado declara rendimentos de classe média, mas tem hábitos e movimentação bancária de milionário. (IstoÉ, 22/05/2002, p.25)

4.4.2.1 – Fontes das reportagens sobre investigações de 2002 As matérias jornalísticas publicadas pelas três revistas no primeiro semestre de 2002 sobre investigações em andamento mostraram resultados da atividade de distintos órgãos e instituições encarregados do trabalho de fiscalização. É o que mostra o quadro 11, a seguir:

QUADRO 11 – FONTES DE REPORTAGENS SOBRE INVESTIGAÇÕES EM