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QUADRO 14 – REPORTAGENS INVESTIGATIVAS E REPORTAGENS SOBRE INVESTIGAÇÕES EM 1989, 1994, 1998 E 2002 PUBLICADAS POR Época*, IstoÉ e Veja

ANÁLISE DOS DADOS

QUADRO 14 – REPORTAGENS INVESTIGATIVAS E REPORTAGENS SOBRE INVESTIGAÇÕES EM 1989, 1994, 1998 E 2002 PUBLICADAS POR Época*, IstoÉ e Veja

REPORTAGENS

INVESTIGATIVAS SOBRE INVESTIGAÇÕES TOTAL

1989 6 (75%) 2 (25%) 8 1994 9 (75%) 3 (25%) 12 1998 4 (45%) 5 (55%) 9 2002 13 (34%) 25 (66%) 38

A relação entre reportagens investigativas e reportagens sobre investigações pode ser melhor analisada se os números absolutos forem deixados de lado. Assim, é possível visualizar a mudança do espaço ocupado por cada um desses dois tipos de reportagens no total de matérias jornalísticas, com denúncias, produzidas pelas três revistas nos quatro diferentes anos analisados.

O gráfico 1, a seguir, mostra de forma clara que, em 1989, havia grande predomínio de reportagens investigativas:

Gráfico 1: Divisão das reportagens com denúncias em 1989

1989

75% 25%

Legenda:

Reportagens invest igat ivas

Reportagens sobre invest igações

O gráfico 2 mostra, a seguir, que no ano da eleição presidencial seguinte, 1994, a relação entre reportagens sobre investigações e reportagens investigativas se manteve idêntica:

Gráfico 2: Divisão das reportagens com denúncias em 1994

1994

75% 25%

Legenda: Reportagens invest igat ivas

Reportagens sobre investigações

O gráfico 3, referente a 1998, já mostra uma mudança significativa na relação entre os dois tipos de reportagens, com cada um deles ocupando quase metade do conjunto de matérias jornalísticas com denúncias. Apesar dessa divisão quase igualitária, as reportagens sobre investigações já predominam, como pode ser visto a seguir:

Gráfico 3: Divisão das reportagens com denúncias em 1998

1998

45% 55%

Legenda: Reportagens invest igat ivas

Reportagens sobre investigações

O gráfico 4, a seguir, do ano de 2002, permite observar como se dá a inversão no conjunto de matérias jornalísticas com denúncias. As reportagens sobre investigações passam a ocupar um espaço muito maior que o das reportagens investigativas:

Gráfico 4: Divisão das reportagens com denúncias em 2002

2002

34%

66%

Legenda: Reportagens invest igat ivas

Reportagens sobre invest igações

Ainda que o importante para este estudo seja o conjunto de reportagens das três grandes revistas, é preciso apontar algumas diferenças entre as publicações no que se refere a matérias que tratam de investigações feitas por autoridades. Entre as reportagens com denúncias publicadas por Veja em 1989, 1994 e 1998, a parcela das que trataram de investigações foi respectivamente 20%, 17% e 40%. Em IstoÉ, nos mesmos anos, a parcela ficou em 33%, 33% e 75%. No ano de 2002, o que permite uma comparação entre as três grandes publicações semanais, o quadro se altera. Do total de matérias com denúncias, a parcela de reportagens sobre investigações foi de 62,5% em Veja, 74% em Época e 55% em IstoÉ.

Apesar dos diferentes percentuais, a tendência é a mesma nas três publicações.

A parcela de denúncias que se originam em investigações de autoridades praticamente não se altera em 1989 e 1994 – vai de 17% para 20% em Veja e repete 33% em IstoÉ -, e nas duas publicações essa fatia cresce em 1998, passando para 40% em Veja e 75% em IstoÉ. A tendência de crescimento se mantém em Veja em 2002: a parcela sobe para 62,5%. Em IstoÉ, há um recuo em 2002 em relação a 1998, de 75% para 55%, mas ainda assim a parcela é bem superior aos dois primeiros anos analisados, quando a revista apresentou uma fatia de 33% de reportagens sobre investigações no total de denúncias. Também em 2002, a revista Época desponta na contagem como a que tem o maior percentual de matérias sobre investigações na amostra analisada: foi de 74%.

É muito importante também analisar os dados do quadro 14 em relação às reportagens investigativas. Em termos proporcionais, o número dessas matérias cresce 50% de 1989 para 1994. Depois cai 56% na comparação entre 1994 e 1998 e, finalmente, aumenta 225% de 1998 para 2002, já com a entrada no corpus da pesquisa das reportagens produzidas por Época. Em termos absolutos, a variação é relativamente pequena. Há apenas três matérias investigativas a mais em 1994 que em 1989. Depois, há cinco dessas reportagens a menos em 1998 que em 1994 e, por último, há nove reportagens a mais em 2002 que em 1998, já com a participação de

Época.

Os dados do quadro 14 deixam claro que a variação no número de reportagens investigativas foi muito menor do que a verificada na comparação dos registros de reportagens sobre investigações. O total dessas últimas cresceu 50% em 1994 em relação a 1989. Depois, o crescimento das reportagens sobre investigações foi de 67% de 1994 para

1998. Por último, já com a participação de Época, o volume total de reportagens sobre investigações cresceu 400% em 2002 na relação com 1998. Em números absolutos, o crescimento do volume de reportagens sobre investigações também se mostra bem maior que o das reportagens investigativas no final do período analisado. Essas reportagens passaram de duas, em 1989, para três, em 1994, e cinco em 1998. Em 2002, chegaram a 25.

4.5.2 – Comparação entre fontes de reportagens sobre investigações em 1989, 1994, 1998 e 2002

Como o volume de reportagens sobre investigações e a parcela que esse tipo de matéria jornalística representa no total de denúncias são pequenos nos anos das primeiras eleições presidenciais, também é restrito o número de fontes que estão na origem das apurações das revistas. Em 1989, as duas reportagens sobre investigações divulgam atividades do Serviço Nacional de Informações, da Secretaria do Patrimônio da União e da Justiça do Trabalho. Em 1994, duas das três reportagens sobre investigações saíram do trabalho do Tribunal de Contas da União. A outra tem origem em investigação do Banco Central.

Em 1998 - quando há a virada e a parcela de reportagens sobre investigações supera a fatia de reportagens investigativas -, a pluralidade de fontes aumentou. Há duas reportagens que se originaram no trabalho da Polícia Federal e uma outra que saiu de comissão interna do Ministério da Educação e da Secretaria Federal de Controle. Em 1998, pela primeira vez em anos eleitorais pós-redemocratização, apareceram reportagens retratando investigações de uma promotoria de Justiça e da Procuradoria da República, dois segmentos distintos do Ministério Público.

O ano de 2002, no qual as reportagens sobre investigações se multiplicaram, a pluralidade de fontes aumentou muito. Além da Polícia Federal, do Banco Central e da Procuradoria da República, que já haviam aparecido na origem de denúncias dos anos eleitorais anteriores, surgiu uma série grande de fontes que não foram registradas anteriormente: Comissão de Valores Mobiliários, Exército, Receita Federal, distintos segmentos do Poder Judiciário e uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI).

4.5.3 – Comparação entre origem de fontes de reportagens sobre investigações em 1989, 1994, 1998 e 2002

Nos anos de 1989 e 1994, todas as reportagens sobre investigações relatavam trabalhos de fiscalização realizados nos âmbitos dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Assim, é em 1998 que aparecem pela primeira vez investigações do Ministério Público, fora da esfera dos três poderes da República. Ainda que em termos numéricos as matérias que relataram o trabalho de procuradores e promotores fossem poucas em 1998 – são duas -, em termos proporcionais isso já era representativo. Do total de cinco reportagens sobre investigações, 40% saíram do Ministério Público.

No entanto, foi no ano eleitoral seguinte, o de 2002, que cresceu muito a participação do Ministério Público na parcela de reportagens sobre investigações. Procuradores da República são responsáveis pelo trabalho que deu origem a 14 das 25 reportagens sobre investigações publicadas no primeiro semestre daquele ano pelas três revistas. Isso significa que saíram do Ministério Público 56% de todas as reportagens sobre investigações, restando 44% com origem nos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Veja o quadro 15 a seguir:

QUADRO 15 – ORIGEM DAS FONTES DE REPORTAGENS SOBRE