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QUADRO XIV PROGRAMA DE FRANCÊS DO ENSINO COLEGIAL CLÁSSICO E CIENTÍFICO DE

1ª SÉRIE 2ª SÉRIE

I – Noções de história da literatura francesa

Unidade I – Era medieval: 1. A poesia, a crônica, o teatro. 2. Humanismo e Renascimento; Ronsard e sua escola, Rabelais, Montaigne, Calvino, S. Francisco de Sales.

Unidade II – o século XVII: 1. A reforma da poesia: Malherbe. 2. A reforma da prosa: Guez de Balzac e Descartes. 3. Pascal. 4. O teatro: Corneille, Racine, Molière. 5. A crítica: Boileau. 6. A fábula: La Fontaine. 7. A eloquência sagrada: Bossuet, Bourdaloue. 8. Cartas: memórias e máximas. 9. Período de transição: La Bruyere, Fenelon.

Unidade III – o século XVIII: 1. Montesquieu. 2. Voltaire. 3. Buffon. 4. J J Rousseau. 5. Diderot e a Enciclopédia. 6. O romance: Lesage, l’Abbé Prévost, Bernardin de Saint-Pierre. 7. O teatro: Beaumarchais, Marivaux. 8. O fim do Classicismo: Chénier.

II – Gramática

Unidade I – 1. Sintaxe do substantivo. 2. Dos artigos. 3. Do adjetivo. 4. Dos numerais.

Unidade II – 1. Sintaxe dos pronomes pessoais. 2. Dos possessivos. 3. Dos demonstrativos. 4. Dos relativos. 5. Dos

I – Noções de história da literatura francesa

Unidade I – O Romantismo: 1.Os precursores: Madame Stael, Chateaubriand. 2. A poesia lírica: Lamartine, Victor Hugo, Vigny, Musset. 3. Teatro. 4. O romance. 5. A história: Augustin Thierry, Michelet. 6. A eloquência: Lamennais, Lacordaire. 7. A crítica: Villeman, Sainte-Beuve.

Unidade II – O Realismo: 1. Precursores do romance realista: Balzac, Stendhal, Mérimée. 2. O romance realista: Flaubert, Maupassant. 8. O romance naturalista: Zola. 4. Precursores do teatro realista: Dumas Filho, Angier.5. o teatro realista: Henri Becque. 6. A poesia parmasiana: Leconte de Lisle, Gautier, Banville. 7. Baudelaire. 8. A crítica e a história: Taine, Renan, Fustel de Coulanges. 9. A eloqüência parlamentar e a sagrada. Unidade III – O Simbolismo: 1. A poesia: Mallarmé, Verlaine, Rimbaud. 2. O teatro: Maeterlinck. 3. Depois do Simbolismo: a poesia, o romance, o teatro, a história e a crítica.

II – Gramática

Unidade I – 1. . Concordância do verbo com o sujeito. 2. Casos particulares de concordância.

Unidade II – 1. Estudo do emprego dos verbos: o modo e os

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www.francophonie.com, acessado em 21 de junho de 2013

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interrogativos. 6. Dos indefinidos.

Unidade III – 1. Sintaxe dos advérbios. 2. Das preposições. 3. Das conjunções.

III – Leitura

Far-se-á em paginas de autores das épocas de que tratam as três unidades de história da literatura francesa (de preferência de autores do século XVIII), e será acompanhada de análise literária na própria língua francesa. Dando-se, ao mesmo tempo, grande atenção ao estudo do vocabulário e da sintaxe. IV – Outros exercícios

Além da leitura dos exercícios próprios de cada unidade de história da literatura francesa e de gramática, haverá:

1. Exercícios de exposição oral.

2. Exercícios de redação e composição sob a forma de cartas, narrativas, descrições e dissertações. 3. Tradução oral e escrita e versão escrita em trechos

de prosa.

tempos. 2. Estudo da regência dos verbos.

Unidade III – Esbôço da evolução histórica da língua francesa. III – Leitura

Far-se-á em paginas de autores das épocas de que tratam as três unidades de história da literatura francesa e será acompanhada de análise literária na própria língua francesa, dando-se, ao mesmo tempo, grande atenção ao estudo do vocabulário e da sintaxe. IV – Outros exercícios

Além da leitura dos exercícios próprios de cada unidade de história, da literatura francesa e de gramática, haverá:

1. Exercícios de exposição oral.

2. Exercícios de redação e composição, constantes, sobretudo, de biografias de grandes vultos da literatura francesa e de ensaios de críticas.

3. Tradução oral e escrita e versão escrita em trechos de prosa e verso.

Como se pode observar, o programa de francês para o ensino clássico e científico tem duração de dois anos e se divide no estudo do que o programa chama de Noções de história da literatura francesa, gramática, leitura e outros exercícios.

Nesse momento do ensino secundário, como vimos na Lei Orgânica do Ensino Secundário, o objetivo do ensino colegial “é consolidar a educação ministrada no curso ginasial e bem assim desenvolvê-la e aprofundá-la”. O curso clássico “concorrerá para a formação intelectual, além de um maior conhecimento de filosofia, um acentuado estudo das letras antigas; no curso científico, essa formação será marcada por um estudo maior de ciências”.

Nessa perspectiva de aprofundamento dos fundamentos do ensino ginasial apontando para a filosofia e as letras, de um lado, ou para as ciências, de outro, o estudo do francês está igualmente posto para os dois cursos.

Nas Noções de história da literatura francesa o programa propõe um período histórico que vai da Idade Média ao século XVIII, na 1ª série e o século XIX, na 2ª série. O comparecimento dessas noções de literatura francesa nos permite retomar o fato de que a Literatura, como um símbolo nacional, remete ao legado intelectual da língua francesa (da França, é preciso dizer), trazendo para o programa, os grandes nomes e os importantes momentos históricos dessa literatura. Incluindo-se o século XIX, que

196 somente depois de concluído, pode ser interpretado e colocado na literatura nacional francesa, comparecendo no programa de 1942, o que ainda não acontecia nos programas anteriormente analisados.

Ainda sobre a inclusão do século XIX nesse programa de ensino, retomamos o que afirma Savatovsky (1995) no capítulo 2 desta tese, ao esclarecer que pelo decreto de 28 de janeiro de 1890, na França, um conselho decide que o ensino clássico moderno não deveria se restringir aos autores do século XVII, mas deveria também abranger os autores dos séculos XVIII e XIX. Mais uma vez os programas brasileiros absorvem as transformações dos programas franceses, seguindo as transformações que ditam o que deveria ser tomado como clássico, neste programa de 1942 para o ensino clássico e científico. A literatura do século XIX passa a integrar os saberes sobre a língua francesa que compõem este programa nacional de ensino no Brasil.

Nos chama a atenção o volume de conteúdos que o programa apresenta sob a forma de “noções” de história da literatura. Da Idade Média ao século XIX, os principais nomes e escolas da literatura francesa estão presentes, sendo significados, pela forma do item I, como um estudo na forma de “noções” dessa literatura. Se o programa traz sob a forma de “noções”, o que é dessa literatura, produz-se o efeito de que há ainda muito mais a se saber sobre esse legado literário; produz-se o efeito de uma nação com um vasto legado literário, tão vasto que não cabe nos dois anos de ensino colegial. É uma grandiosidade literária nacional francesa que se produz com esse recorte denominado como “noções” desses saberes.

Por outro lado, só essas noções já são suficientes para “consolidar a educação ministrada no curso ginasial e bem assim desenvolvê-la e aprofundá-la” (Lei Orgânica do Ensino Secundário, capítulo II, artigo 3º), o que garante o potencial formativo desses saberes sobre a literatura francesa. Basta se ter noções dessa literatura para o pretendido aprofundamento dos fundamentos do ensino ginasial. Não mais sob a forma de uma pedagogia apologética (Collinot, 1989), como no método tradicional gramática/tradução, os saberes de literatura desse programa podem consolidar a formação do curso ginasial, remetendo ao legado literário da França.

Se no século XIX, tínhamos a literatura clássica como forma de “tocar os espíritos” (Collinot, 1989) e de se aprender a boa forma gramatical da língua francesa pelos clássicos, agora é o potencial formativo do conhecimento da literatura francesa,

197 nos modos do aprofundamento dos fundamentos do ginasial, a forma de inscrição desses saberes nesse programa.

No entanto, não são necessárias somente noções sobre a língua francesa para se estar no ensino colegial do Colégio Pedro II neste momento histórico. O programa de leitura prevê que ela será feita “em páginas de autores das épocas de que tratam as três unidades de história da literatura francesa e será acompanhada de análise literária na própria língua francesa”. (programa de francês de 1942 do ensino colegial, III- leitura)

Colocada dessa maneira, a função formadora dos fundamentos da língua francesa do ensino ginasial fica significada como uma etapa que deverá preparar o aluno para ler os autores da literatura francesa, em seus textos em francês do século XVIII - “(de preferência de autores do século XVIII)”, na 1ª série, e XIX, na 2ª série. O pressuposto de que os alunos devem passar pelo ensino ginasial e a partir dele dominar a língua francesa se coloca nesse programa de leitura.

O método direto também se deixa marcar nesse programa do colegial. Primeiramente temos o estudo do vocabulário e da sintaxe em dependência dos textos literários lidos. Parte-se da leitura e do texto para se chegar ao vocabulário e às regras de construção da língua. Também os exercícios orais de exposição dos textos trabalhados apontam para o método direto, além dos exercícios de redação e composição com o caráter prático de construção de cartas, narrativas, descrições, dissertações e biografias.

As traduções orais (IV, 3) trazem também para o programa um resto do método tradicional, fazendo conviver tradução e oralidade na forma de exercícios. Este item do programa ainda prevê traduções escritas e versões em trechos em prosa e verso, o que aponta também para um ponto de permanência do método tradicional.

Nos atendo, então, ao que podemos observar sobre gramática a partir do programa ginasial e colegial de 1942, temos uma representação de gramática da língua francesa que começa no ensino ginasial com as unidades mínimas da escrita, o alfabeto, passando pela morfologia da língua, com suas regras, formas e formações, chegando aos estudos da sintaxe e da morfossintaxe da língua. No ensino colegial, começa-se na sintaxe, passando pela morfossintaxe, chegando-se à história da língua.