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CAPÍTULO V – A UNIDADE DIDDÁTICA: CONCEÇÃO, IMPLEMENTAÇÃO E AVALIAÇÃO

5.2. A intervenção pedagógica e o desenvolvimento do processo de ABP

5.2.1. Estratégias de ensino-aprendizagem adotadas

5.2.1.3. Qual a pertinência do role-playing na prática pedagógica?

Uma vez decorridas as etapas referentes à preparação da intervenção pedagógica, bem como as aulas que visavam a preparação dos alunos para a realização do trabalho de campo, na sexta aula, a realização de um ponto de situação sobre as tarefas desenvolvidas até à data tornava-se crucial. Esta necessidade, aliada à obrigatoriedade de envio da referida informação

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para a equipa coordenadora do Projeto Nós Propomos!, impôs aos alunos o preenchimento de uma ficha, reflexo de uma avaliação intermédia dos trabalhos a decorrer, a qual seria posteriormente submetida através do endereço eletrónico do Projeto, em relação à qual os discentes teriam que indicar a constituição do seu grupo de trabalho, o problema a ser investigado, a pesquisa já realizada e o trabalho ainda por concretizar.

Após conclusão do preenchimento da ficha sobre o ponto de situação dos trabalhos, o segundo momento da aula foi marcado pela concretização de uma atividade proposta pela professora-estagiária, de acordo com a qual cada grupo teria que proceder à elaboração do documento identificativo da freguesia em estudo. Por outras palavras, o propósito era que, fazendo apelo à condição de filiados da associação de moradores, os discentes apresentassem a sua freguesia, produzindo no momento, para o efeito, um documento no qual constasse uma breve contextualização histórica da mesma. A par desta, requeria-se que fosse realizada uma resumida caraterização social da freguesia, apontando, sempre que possível, dados alusivos ao perfil dos seus moradores, bem como os principais direitos e deveres da respetiva associação. Os alunos podiam, também, mencionar outras informações ou notícias de caráter pertinente para complemento ao conhecimento da área em estudo. Desta forma, as equipas, no papel de representantes de um bairro da cidade de Lisboa, além de terem que possuir conhecimento face ao território em questão, deviam estar a par dos problemas de natureza pluridimensional que assolam ou inquietam a respetiva comunidade, levando o debate em torno destes até às entidades oficiais responsáveis, por forma a garantir a adoção de medidas resolutórias. Desta feita, há uma constatação nítida da importância de uma associação, como seja, neste caso, a de moradores, habilitada a simbolizar e salvaguardar os interesses, em particular, da população residente, e, em geral, da sociedade civil, em prol do aumento da qualidade de vida dos seus cidadãos. Esta representação de papéis, ou o também designado role-playing, constitui uma técnica pedagógica capaz de possibilitar, no discente, a vivência de um determinado papel, diferente daquele que é exercido habitualmente no quotidiano. Nesta aula, em particular, era essencial que os discentes tivessem empatia pela posição e sentimento enquanto membros de uma associação de moradores, sendo, desta forma, impelidos a agir em conformidade com a função por eles desempenhada. É neste contexto que se justificam as estratégias adotadas na oitava e nona aulas asseguradas pela docente-estagiária, já que também nestas se incentivou a tomada de decisões face ao trabalho a realizar, com base na representação de papéis.

Na verdade, partindo da ideia que os alunos deveriam imaginar-se enquanto efetivos habitantes das freguesias por ele estudadas, pois só desta forma poderiam experienciar e sentir os problemas urbanos identificados como sendo reais entraves à sua qualidade de vida, a oitava aula, tendo sido iniciada com a verificação, por parte da professora-estagiária, do cumprimento das etapas até então realizadas, destinou-se à exploração, em conjunto, da importância de uma

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associação de moradores. Assim, depois de proceder à distribuição de uma ficha de orientação para a constituição daquela última (Anexo 10), a professora-estagiária, à semelhança do que sucedeu noutras aulas anteriores, solicitou a leitura da mesma, em voz alta, por parte de alunos voluntários, tendo-se clarificado que as associações de moradores são de extrema importância e constituem um dispositivo de alerta fundamental no que respeita à reivindicação dos direitos da comunidade junto dos órgãos de decisão, dado que são entidades que têm por objetivo a promoção da solidariedade e da união dos moradores de uma determinada localidade, com o intuito de preservar a qualidade de vida dos mesmos e de zelar pela gestão e resolução dos problemas existentes que afetem a comunidade. Neste sentido, tendo por base a informação recolhida sobre as caraterísticas do bairro em estudo (funções, perfil da população, problemas, entre outros), os alunos deviam constituir a associação de moradores, com o objetivo de torná- lo melhor. Como tal, a estruturação da associação devia considerar aos seguintes tópicos:

1. Denominação e objetivos; 2. Breve história e ano de fundação; 3. Contactos e localização;

4. Direitos e deveres; 5. Perfil dos moradores;

6. Protocolos com outras entidades; 7. Estatutos;

8. Documentos de apoio aos moradores, bem como novidades, notícias e atividades relacionadas.

Desta feita, estava então concluída a etapa referente ao conhecimento das caraterísticas territoriais e sociais da área em estudo, tão pertinente para uma adequada identificação dos problemas existentes.

A nona aula, por sua vez, pressupunha a identificação e análise dos problemas urbanos das freguesias estudadas por cada grupo, tendo como referência a noção de que, ao falar-se das condições de vida urbana, é possível apontar, além das questões urbanísticas e ambientais, os aspetos socioeconómicos. Ainda que as primeiras, resultantes da concentração da população em grandes aglomerações urbanas, sejam aquelas que mais têm agravado, progressivamente, as condições de vida nas cidades, importa referir um conjunto de fenómenos emergentes nas sociedades urbanas atuais, como sejam o desemprego, a marginalidade, a mendicidade, a toxicodependência, a insegurança e a exclusão social, que se refletem na vida das cidades e da população, ao provocar uma diminuição da qualidade de vida e bem-estar dos seus habitantes. Logo, era solicitado a cada grupo, i.e., a cada Associação de Moradores, que identificasse os problemas que mais afetavam a vida dos habitantes dos respetivos bairros, e cuja resolução ou

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atenuação justificaram, num primeiro momento, a constituição das referidas Associações. Na identificação dos problemas, apelava-se que os grupos, aquando da realização do trabalho de campo, falassem com residentes do bairro, com os comerciantes e demais pessoas que sobre as dificuldades identificadas podiam ter a sua opinião.

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