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CARACTERIZAÇÃO DA BACIA DO RIO GRAMAME

3.6.5 Qualidade da Água

a) Principais Pontos de Lançamento de Despejos

Conforme visto anteriormente, de modo geral, as condições ambientais são desfavoráveis em alguns trechos dos rios da bacia do rio Gramame. Nos cursos d’água a jusante do sistema de reservatórios Gramame-Mamuaba, a poluição hídrica vem crescendo cada vez mais, principalmente no riacho Mussuré, em virtude do crescimento do número de indústrias geradoras de efluentes no Distrito Industrial de João Pessoa e do seu respectivo lançamento, sem tratamento, no referido riacho. Além disso, os municípios de Conde e Pedras de Fogo não possuem esgotamento sanitário. Outro agravante é o uso indiscriminado de agrotóxicos na agropecuária e irrigação, e as atividades de mineração, principalmente a montante dos reservatórios Gramame-Mamuaba.

Entretanto, para avaliação dos impactos das cargas poluidoras nas águas superficiais da bacia, por não haver dados disponíveis das demais fontes de poluição, SEMARH (2000) considerou apenas os lançamentos de esgotos domésticos provenientes das cidades situadas nas margens do rio Gramame e da carga de efluentes industriais do Distrito Industrial de João Pessoa, quais sejam:

No Baixo Mumbaba, no qual o riacho Mussuré recebe as cargas poluidoras do Distrito Industrial de João Pessoa (PC 48);

No rio Água Boa, onde são lançados os efluentes domésticos do Conde (PC 194); No Alto Gramame, que recebe os esgotos domésticos da cidade de Pedras de

Os Pontos de Controle (PCs) acima citados são identificados e mostrados mais adiante (item 3.6.7).

Porém, cabe lembrar que a desconsideração de outros poluentes, como os agrotóxicos provenientes da irrigação e os resíduos das atividades de mineração, torna possível a obtenção de um quadro irreal sobre a qualidade das águas superficiais da bacia do rio Gramame, bem menos grave do que realmente é.

Na Tabela 3.13 são mostradas as cargas orgânicas e as vazões de lançamento em cada uma das fontes de poluição.

TABELA 3.13. Vazões Médias de Esgoto e Cargas Orgânicas lançada na bacia do rio Gramame.

Hipótese I Hipótese II Ponto de Lançamento Vazão do Lançamento (l/s) Carga Orgânica DBO (toneladas/mês) Vazão do

Lançamento (l/s) Carga Orgânica DBO (toneladas/mês)

48 40,0 66,173 - -

194 1,1 0,840 50,0 40,0

347 2,4 1,900 50,0 40,0

FONTE: SEMARH (2000).

Para os esgotos domésticos, as hipóteses consideradas de vazão de lançamento e carga de DBO são as seguintes:

Hipótese I: O lançamento de esgotos corresponde à parcela da população atual das cidades de Pedras de Fogo e Conde que não adotam sistema individual de tratamento de esgoto;

Hipótese II: O lançamento corresponde aos esgotos de toda a população das referidas cidades para o horizonte de 2020.

As vazões médias dos esgotos domésticos foram calculadas com base na população das cidades, considerando uma das hipóteses acima e a concentração de DBO de 300 mg/l. As cargas poluidoras dos efluentes industriais foram estimadas com base no cadastro das indústrias.

Os níveis de eficiência considerados no tratamento dos esgotos domésticos pelo estudo efetuado em SEMARH (2000) foram 0%, 50% e 80%.

b) Monitoramento da Qualidade das Águas Superficiais

A SUDEMA (Superintendência de Administração do Meio Ambiente do Estado da Paraíba) tem efetuado o monitoramento da qualidade dos cursos d’água da bacia do rio

GR 03 MS 03

MB 03 MB 01

BACIA DO RIO GRAMAME

Convenções: Local de Coleta: Escala Gráfica: 3 0 1 2 4 5 km GR 05 AB 01 AB 00 GR 01 MB 02

Gramame desde 1991 (SUDEMA, 2002). As estações de amostragem com dados de concentração de DBO disponibilizados (período de 1993a 2001) são as seguintes:

AB 00 no rio Água Boa, localizado 20 m a montante da confluência com o rio Gramame;

MS 03 no riacho Mussuré, 10 m a montante da confluência com o rio Mumbaba.

MB 01 no rio Mumbaba, 10 m a montante da confluência com o riacho Mussuré.

MB 03 no rio Mumbaba, 10 m a montante da confluência com o rio Gramame. GR 01 no rio Gramame, 5 m a montante da barragem de nível da CONPEL. GR 03 no rio Gramame, 10 m a montante da confluência com o rio Mumbaba. GR 05 no rio Gramame, 100 m a montante da confluência com o rio Boa Água

(Mituassú).

Na Figura 3.6, são localizadas as estações de amostragem de qualidade das águas superficiais acima citadas.

FIGURA 3.6. Estações de amostragem (existentes e propostas) da qualidade das águas superficiais na bacia do rio Gramame.

FONTE: SEMARH (2000).

Para a estação de amostragem AB 01 (rio Água Boa, Ponte PB BR 101/Conde), é fornecido apenas o valor médio de concentração de DBO para o ano de 1999 (0,9 mg/l O2) e, para a estação GR 02, não foram fornecidas informações.

Nos cursos d’água não contemplados pelo monitoramento, a DBO considerada foi de 2 mg/l de O2.

c) Depuração dos Cursos d’Água

Para avaliar os impactos das cargas poluidoras lançadas nos PCs 48, 194 e 347 e o processo de autodepuração dos cursos d’água, SEMARH (2000) fez uso do modelo matemático QUAL2E, distribuído pela EPA (Environmental Protection Agency).

O modelo QUAL2E tem a capacidade de simular simultaneamente 15 parâmetros de qualidade da água, quais sejam: OD, DBO, temperatura, alga (clorofila A), nitrogênio orgânico, amônia, nitrito, nitrato, fósforo orgânico, fósforo dissolvido, coliformes, um constituinte não conservativo e outros três conservativos. Para a avaliação da bacia do rio Gramame, o modelo foi empregado com suas componentes OD, DBO e coliformes fecais.

Para efeito de modelagem, a bacia foi dividida em seis regiões: Alto Gramame, Médio Gramame, Baixo Gramame, Água Boa, Alto Mumbaba e Baixo Mumbaba. A Figura 3.7 apresenta os pontos de cálculo das simulações, sendo usadas nessas simulações as vazões com probabilidade de 98% de permanência mensal.

FIGURA 3.7. Localização dos pontos de simulação do modelo QUAL2E. FONTE: SEMARH (2000).

Como os lançamentos de efluentes afetam o Baixo Mumbaba, o rio Água Boa e o Alto Gramame, apenas nos interessa a autodepuração (perfis de DBO) nos cursos d’água dessas regiões. Entretanto, devido à ausência de usos a jusante, apenas essas duas últimas

regiões foram analisadas em SEMARH (2000), no que se refere à autodepuração no curso d’água.

São mostrados nas Tabelas 3.14 e 3.15 os cenários simulados com o QUAL2E para as regiões do rio Água Boa e do Alto Gramame, respectivamente, para os quais se obteve os perfis de DBO necessários ao emprego da autodepuração nesse estudo.

TABELA 3.14. Cenários de qualidade da água analisados para o rio Água Boa.

Nome do Cenário Vazão no Rio Carga Poluidora Tratamento

AB1 Vazão com 98% de permanência Hipótese I 0,0%

AB2 Vazão com 98% de permanência Hipótese II 0,0%

AB3 Vazão de 100 l/s na seção 194 e para as demais seções acréscimo de vazão similar ao com 98% de permanência

Hipótese II 0,0%

FONTE: SEMARH (2000).

TABELA 3.15. Cenários de qualidade da água analisados para o Alto Gramame.

Nome do Cenário Vazão no Rio Carga Poluidora Tratamento

AG1 Vazão com 98% de permanência Hipótese I 0,0%

AG2 Vazão com 98% de permanência Hipótese I 50,0%

AG3 Vazão com 98% de permanência Hipótese I 80,0%

AG4 Vazão com 98% de permanência Hipótese II 80,0%

AG5 Vazão com 98% de permanência Hipótese II 0,0%

AG6 Vazão de 1,0 m3/s no ponto 346 e para as demais seções acréscimo de vazão similar ao com 98% de permanência

Hipótese II 0,0%

AG7 Vazão de 0,77 m3/s (vazão

média) no ponto 346 e para as demais seções acréscimo de vazão similar ao com 98% de permanência

Hipótese II 0,0%

FONTE: SEMARH (2000).

d) Enquadramento dos Corpos d’Água

A Diretriz Estadual que delibera sobre o enquadramento dos corpos d’água da bacia do rio Gramame é a DZ 208 – Enquadramento dos Corpos D’água da Bacia Hidrográfica do Litoral e Zona da Mata, aprovada pelo COPAM em março de 1988.

Conforme visto no Capítulo 2, o enquadramento da DZ 208 segue a classificação estabelecida na DZ 201 – Classificação das Águas Interiores do Estado da Paraíba, e adota os critérios mostrados na Tabela 3.16.

TABELA 3.16. Critérios de Enquadramento adotados na DZ 208.

Trecho do Curso d’Água Classe

Nascentes de rios e riachos, numa extensão que depende da ocupação da bacia em

estudo. 1

Rios de pequeno, médio e grande porte, a partir do trecho de Classe 1. 2

Lagos e lagoas 2 ou 3

Riachos que atravessam cidades, povoados ou vilas, a jusante do trecho de Classe 1. 2 ou 3

Riachos que nascem nos limites de cidades, povoados ou vilas, em toda sua

extensão. 2 ou 3

Cursos d’água intermitentes, em toda sua extensão, dependendo da disponibilidade

de água na região, e usos prioritários. 2 ou 3

Riachos que atravessam regiões sem atividades econômicas e urbanas 1

FONTE: PARAÍBA (1988c).

No anexo da DZ 208, encontram-se enquadrados os seguintes trechos da bacia de interesse para nosso estudo (localizados a jusante dos pontos de lançamento de despejos destacados no item anterior):

Rio Mumbaba e afluentes, do encontro com o riacho Gavião até a confluência do riacho Mussuré, inclusive Classe 2;

Rio Mumbaba e afluentes, do encontro com o riacho Mussuré, inclusive, até o deságüe no rio Gramame Classe 3;

Rio Gramame e afluentes, da nascente até o encontro com o riacho Santa Cruz, inclusive Classe 1;

Rio Gramame e afluentes, do encontro com o riacho Santa Cruz até a confluência com o rio Mumbaba Classe 2;

Rio Gramame, do encontro com o rio Mumbaba até o deságüe no mar Classe