Alcançar e mensurar a qualidade na educação não é tarefa fácil. Por esse motivo o
tema antigo é constante nas discussões por parte dos governantes que por meio de políticas
públicas, almejam alcançar a qualidade educacional em seus países. No Brasil, em 2007, o
Ministério da Educação lançou o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), com o
objetivo de melhorar a qualidade do ensino. No plano, foi proposta a inserção do cálculo e
acompanhamento do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, o IDEB (AMARAL,
2011), como meio de identificar e controlar a qualidade no desempenho educacional,
conforme proposto pela LDB.
Assim, para o melhor entendimento do que seja educação, a LDB a definiu como
sendo a aglomeração de processos de formação que se desenvolvem na convivência humana,
estando presentes na vida familiar, no trabalho, nas instituições de ensino, nos movimentos
sociais, nas manifestações culturais e na própria organização da sociedade civil. Sendo assim
“a educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social”, respeitando
os padrões mínimos de qualidade do ensino definido como a variedade e quantidade mínimas,
por aluno, de insumos imprescindíveis ao desenvolvimento do ensino e aprendizagem
(BRASIL, 2010, p. 7.).
Neste sentido a UNESCO (2005), vem afirmar que apesar de ainda existir uma
grande discrepância sobre o que seja uma educação de qualidade na prática, a maioria das
tentativas de definir qualidade da educação caracteriza-se por dois princípios: o primeiro
aponta como principal objetivo de todos os sistemas educacionais o desenvolvimento
cognitivo dos alunos. Já o segundo, enfatiza a promoção dos valores compartilhados em
comum e o desenvolvimento criativo e emocional dos educandos.
Ainda segundo a UNESCO (2005), as diferentes abordagens da qualidade da
educação estão fundamentadas em distintas tradições do pensamento pedagógico. A corrente
humanista, que acredita na bondade essencial do ser humano e que as desigualdades
existentes entre eles, advêm de circunstâncias anteriores a suas vindas ao mundo. Para essa
corrente, cada individuo desempenha um papel essencial na definição de sua própria
existência. Já o Behaviorismo, influenciou a reforma da educação durante a primeira metade
do século XX, afirmando que o comportamento humano possa ser configurado, previsto e
controlado por meio de recompensas e reações (por exemplo, teste e exames). No entanto,
sociólogos de várias escolas criticam essas duas correntes por acreditarem, que uma boa
educação é o fator com o maior potencial para promover a mudança social.
Se nos anos que se seguiram a aprovação da LDB, houve significativos avanços
no atendimento escolar, presentes em todos os níveis educacionais, no que diz respeito às
informações disponíveis sobre a qualidade do ensino não se podem dizer o mesmo. Mesmo
em avaliações de abrangência internacional, são apontadas as deficiências da educação básica
brasileira, onde os estudantes brasileiros se posicionaram entre os de pior desenvolvimento,
segundo o Programme for International Student Assessment - PISA (CASTRO, 2007).
Neste contexto, Dourado et. al. (2007) afirma que a análise da Qualidade da
Educação deve se dar em uma perspectiva polissêmica, sendo necessária uma análise de
vários fatores para qualificá-la, destacando a produção, organização, gestão e disseminação de
saberes e conhecimentos fundamentais ao exercício da cidadania.
Já para a UNESCO e a OECD (Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico), para discorrer sobre a qualidade na educação, deve ser
utilizado o protótipo insumos-processo-resultados, o que implica dizer que a qualidade da
formação é definida em relação aos recursos materiais e humanos nela investidos, definem
também a qualidade como sendo os resultados educacionais, representado para o desempenho
do aluno (UNESCO, 2003).
Sin embargo, la calidad de la educación es un fenómeno complejo y multifacético y por lo tanto, {...}, requiere ser observada desde varias perspectivas. Desde la perspectiva pedagógica, es importante que exista eficácia em el cumplimento de los currículos. Desde la perspectiva cultural es preciso que los contenidos partan de las condiciones, posibilidades y aspiraciones de las distintas poblaciones a lasque se dirigen. A su vez, del punto de vista social, la educaciónes de calidad cuando contribuye a la equidad mediante la generación de igualdad de oportunidades. Finalmente, em el ámbito económico la calid adrefiere a la eficiência em el uso de los recursos (UNESCO, 2005, p. 12).
Seguindo essa perspectiva que será adotada para nortear este estudo, serão
utilizadas a princípio às categorias que são essenciais segundo a UNESCO (2003) para se
alcançar uma educação de qualidade, sendo elas: pedagógica, cultural, social e econômicas.
Do ponto de vista pedagógico, uma educação de qualidade necessita que se
desenvolva um currículo condizente com os dilemas enfrentados pela população,
proporcionando o alcance do equilíbrio entre o mundial e o local, o que implica dizer,
proporcionar ao individuo tornar-se cidadão do mundo e ao mesmo tempo participar
ativamente na vida da sua comunidade. Assim como, contribuir para a sua inserção no
mercado de trabalho e o seu desenvolvimento pessoal (UNESCO, 2008). A UNESCO (1998)
acrescenta ainda que:
É desejável que se aumente a mobilidade dos professores — no interior da profissão e entre esta e as outras profissões — de modo a ampliar a sua experiência. Para poderem fazer um bom trabalho os professores devem não só ser profissionais qualificados, mas também beneficiar-se de apoios suficientes. O que supõe, além dos meios de trabalho e dos meios de ensino adequados, a existência de um sistema de avaliação e de controle que permita diagnosticar e remediar as dificuldades, e em que a inspeção sirva de instrumento para distinguir e encorajar o ensino de qualidade (UNESCO, 1998, p.165).
Nas perspectivas cultural e social, exige-se que se assegure que a educação
oferecida seja significativa para todas as pessoas, independente dos diferentes extratos sociais
e culturais, sendo flexível e adaptando-se às necessidades e características dos estudantes.
Para isso, é necessário que a pedagogia caminhe de homogênea para uma pedagogia da
diversidade e otimize o desenvolvimento pessoal e social (UNESCO, 2008).
De acordo com a UNESCO (1998):
O respeito pela diversidade e pela especificidade dos indivíduos constitui, de fato, um princípio fundamental, que deve levar à proscrição de qualquer forma de ensino estandardizado. Os sistemas educativos formais são, muitas vezes, acusados e com razão, de limitar a realização pessoal, impondo a todas as crianças o mesmo modelo cultural e intelectual, sem ter em conta a diversidade dos talentos individuais. Tendem cada vez mais, por exemplo, a privilegiar o desenvolvimento do conhecimento abstrato em detrimento de outras qualidades humanas como a imaginação, a aptidão para comunicar, gosto pela animação do trabalho em equipe, o sentido do belo, a dimensão espiritual ou a habilidade manual. De acordo com as suas aptidões e os seus gostos pessoais, que são diversos desde o nascimento, nem todas as crianças retiram as mesmas vantagens dos recursos educativos comuns. Podem, até, cair em situação de insucesso, por falta de adaptação da escola aos seus talentos e às suas aspirações (UNESCO, 1998, p. 54-55).