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Sob a perspectiva de qualificação dos agentes do desenvolvimento regional, constata-se a possibilidade de análise pela proposta do modelo em que competitividade da organização (agente) é igual à qualificação das pessoas pertencentes à organização, pelo produto (vezes) o grau de tecnologia que esta utiliza. Então, a qualificação dos agentes de desenvolvimento, de uma forma ou de outra, deve influenciar de modo positivo um desses dois aspectos. De modo geral, qualquer ponto mencionado como importante na competitividade do agente está contemplado em um desses aspectos. Mas o que tem sido evidenciado como fatores preponderantes com que a IES pode contribuir com a qualificação dos agentes, está relacionado à

forma de gestão, garantia da qualidade e eficácia do sistema de produção. Logo, se a IES possui no seu quadro profissionais com expertise nesses fatores, ela pode contribuir significativamente na qualificação dos agentes do desenvolvimento.

Nesse contexto, a qualificação dos agentes não necessita obrigatoriamente de aplicação de inovação conforme conceito usual da palavra, mas inovação pode ser a aplicação de técnicas, conceitos e tecnologias que já são de domínio acadêmico e empresarial. A inovação ou a inovação tecnológica são mais pertinentes para cadeias produtivas maduras e altamente competitivas.

Assim, analisando a IES como um centro integrador dos agentes de desenvolvimento, sob o conceito da Tríplice Hélice, segundo o qual a universidade promove o desenvolvimento disponibilizando sua estrutura e capital humano, pode-se estrategicamente conceber a sua atuação na qualificação dos agentes do desenvolvimento, em primeiro lugar em termos de qualificação da gestão do agente. Os professores e estudantes, como já fora mencionado, podem contribuir com a implementação de planejamento estratégico e indicadores de desempenho como forma de contribuir com um mínimo de direção e controle gerencial do agente, ou aperfeiçoamento dos que possuírem algum planejamento e controle. Fica evidente na afirmação que estratégia pode ser entendida como decisão entre escolhas, pois essas decisões determinam a direção da organização com relação a uma visão de futuro. Essas decisões são pertinentes com mudanças que ocorrem no ambiente externo, mediante o que a empresa define suas metas, objetivos, determina recursos, formas de atuação no mercado e ações relacionadas à sua própria sobrevivência (MINTZBERG; QUINN, 2001). Os indicadores de desempenho também devem refletir as condições e o tamanho do agente, respeitando as particularidades, mas são de suma importância para monitorar o agente. Conforme Yoneda (2004), os indicadores são ferramentas básicas para o gerenciamento do sistema organizacional, e as informações que fornecem são essenciais para o processo de tomada de decisão. Podem ser obtidos durante a realização de um processo ou ao seu final.

Em segundo lugar, a IES pode contribuir com a garantia da qualidade e serviços dos agentes. Para isso, os professores e estudantes podem fazer uso de uma infinidade de ferramentas e métodos, como: Metodologia de Modo e Efeito de Falha (FMEA), Solução de Problemas em 8 Disciplinas (8D), Metodologia de Análise e Solução de Problemas (MASP).As 7 Ferramentas da qualidade, Six Sigma etc. Esta contribuição depende do domínio por parte dos professores na

prática de aplicação em realidades, de modo a mensurar a real necessidade de cada agente. A aplicação desses métodos não é nova; ela é apenas ratificada em organizações mais estruturadas. As técnicas relacionadas com a qualidade existem há milhares de anos, pois os egípcios utilizavam sistemas de medição das pedras usadas na construção das pirâmides. Os gregos e romanos mediam suas construções e aquedutos a fim de conferirem se as mesmas estavam conforme as especificações (MIGUEL, 2001). A qualidade evoluiu muito a partir da revolução industrial, pois esta trouxe uma nova visão de produção, na qual a padronização e a produção em grande escala substituíram a customização (CARVALHO et al, 2005). Nos últimos anos, os conceitos relacionados à qualidade vêm evoluindo devido à grande quantidade de produtos no mercado, à competitividade entre as empresas e a motivos de ordem econômica. Diante disso, a concepção da qualidade é focada no cliente. Conforme o Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (2012), os sistemas de gestão da qualidade são utilizados em todo o mundo há aproximadamente meio século.

Finalmente, a IES tem a possibilidade de ajudar na qualificação dos agentes de desenvolvimento, aumentando sua produtividade, ou seja, tornando seu sistema de produção mais eficaz. Neste ponto, o modelo de sistema de produção deve ser adequado ao processo do agente, sem propostas pré-concebidas pelos professores e estudantes. Deve ter clara a visão de que esse processo se comporta de forma sistêmica cujas operações estão em constante mudança, exigindo dos responsáveis esforços cada vez mais apurados para conseguir melhores resultados. Nesse contexto, a área produtiva não poderia estar excluída. Ela é uma das mais exigidas no cumprimento das prioridades competitivas. Com isso, a importância da gestão da produção fica ressaltada dentro das empresas e tem a responsabilidade de alcançar melhores custos, melhores prazos de entrega, flexibilidade do sistema e atendimento às necessidades do cliente (ROCHA, 2008). Ainda, segundo Slack, Chambers e Johnston (2002), administrar o sistema de produção é interessante e desafiador. Interessante porque está no centro de muitas mudanças que afetam o mundo da organização, como mudanças na preferência do consumidor, nas redes de suprimento trazidas por tecnologias baseadas em internet, no que se faz no trabalho, como se faz, onde se faz e assim por diante. Desafiadora, pois promove a criatividade que permite às empresas responder a tantas mudanças.

Como sistema, pelo próprio conceito, apresenta entropia, ou seja, perdas e o modelo de sistema de produção que foi concebido para combater as perdas e por uma ordem (organização) no mesmo é conhecido como produção enxuta (lean manufacturing). As perdas são as seguintes:

 Perda por superprodução (quantidade e antecipada);  Perda por espera;

 Perda por transporte;

 Perda no próprio processamento;  Perda por estoque;

 Perda por movimentação;

 Perda por fabricação de produtos defeituosos (OHNO, 1997).

De modo a trazer o sistema para ordem, por eventuais desordens, e combater os desperdícios alguns métodos devem ser considerado como: Tatk Time, Just In Time, Balanceamento e nivelamento da produção, TPM, Poka Yoke, VSM, Kanban, SMED etc. A manufatura enxuta é uma abordagem disciplinada, que visa aprimorar a produtividade global e eliminar os desperdícios. Dessa forma, possibilita a produção eficaz em termos de custo, assim como o fornecimento apenas da quantidade correta, no momento e locais corretos, utilizando o mínimo de instalações, equipamentos, materiais e recursos humanos. Este fica conjugado entre o balanço e a flexibilidade do fornecedor e a demanda do cliente.

As IES podem dar ênfase ao apoio às PME pelas formas já mencionadas, como a transferência de conhecimento e acesso à estrutura das IES, pois as PME possuem grande representatividade no contexto econômico e são as empresas que necessitam de atualização de gestão e do sistema de produção. Essas padecem principalmente de falta de direção e organização funcional, enfrentam dificuldades para obter conhecimento, identificar novas oportunidades de negócios, penetrar em novos mercados, adotar novas tecnologias, adquirir e ampliar o seu know-how. Porém, possuem grande flexibilidade e enorme potencial inovador. Para essas empresas, acesso a financiamentos é o ponto central, mas não suficiente para aumentar a sua produtividade, competitividade e eficiência operativa (AMORIM; MOREIRA; IPIRANGA, 2004). Assim, as IES transformam-se em agentes potenciais do desenvolvimento quando somam esforços no apoio às PMEs para atuarem no sistema de produção, utilizando toda expertise acadêmica (JOHNSON, 1994). Segundo Castro (1996, p. 22), a cadeia produtiva é vista como “o conjunto das atividades, nas diversas etapas de processamento ou montagem, que transforma matérias-primas básicas em produtos finais”. Conforme Alvim (1998), o porte das empresas é definido principalmente pelo número de empregados permanentes, porém algumas instituições ainda avaliam pelo nível de faturamento.As parcerias com as grandes empresas não estão descartadas, mas normalmente estas possuem

centros de pesquisas próprios altamente avançados, o que gera uma transferência de conhecimento que pode ser da empresa para a IES e vice-versa. Essas empresas necessitam aprimorar a capacidade técnica e empresarial, conhecimentos de gestão e comerciais; precisam ter acesso a informações sobre mercado, processos produtivos inovadores, novas tecnologias e, ainda, sobre instrumentos de financiamento e crédito. Para minimizar o impacto dessas forças, muitas empresas buscam novas estratégias e formas de organização, como a parceria e a cooperação (TRZECIAK, 2009). As pequenas e médias empresas são mencionadas na literatura como empresas que se destacam pela grande capacidade empreendedora, flexibilidade e rápida adaptação às mudanças pela agilidade do processo de tomada de decisão (BORINI; SADZINSKI, 2004). Assim, as IES transformam-se em agentes facilitadores do desenvolvimento quando somam esforços no apoio às PMEs para atuarem no sistema de produção e gestão, utilizando toda expertise acadêmica.

Este ponto é onde o NAEMP tem mais atuado, por meio de processos de assessoria direta na empresa conveniada por professores e estudantes. Assim, juntam-se todas as formas de atuação, como os projetos desenvolvidos nas disciplinas, o uso dos TFCs para solucionar e qualificar os agentes econômicos. Enfim, pode-se colher mais informações no desenrolar do capítulo 4.