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Visita técnica para aplicação profissional Objetivos:

• Realizar atividade de culminância da Sequên-

cia Didática e aplicabilidade do que foi estu- dado em sala de aula sobre o conhecimento científico em Biologia;

• Demonstrar na prática a abordagem dos fungos

como atração do Ecoturismo e Turismo Gas- tronômico nas montanhas capixabas.

• Integrar os conteúdos das disciplinas técnicas na

prática de um profissional de Guia de Turismo;

• Estimular a interação social entre os estudantes

e o debate crítico de diferentes assuntos fora do ambiente formal de aprendizagem;

• Contribuir para a formação integral dos estu-

dantes, através de conteúdos e espaços que permeiam a vida social deles;

• Proporcionar aos estudantes momentos diversi-

ficados de aprendizagem que contribuam para sua formação física, intelectual e emocional.

Problematização:

Após o estudo de obras renomadas, estudiosos da área da educação profissional e Mártires da formação humana, como Marx e Gramsci, a quarta etapa é aqui entendida como a fase mais importan- te da Sequência Didática, por poder proporcionar uma experiência que poucos dos presentes já tivera oportunidade de vivenciar e também por envolver um momento de interação e cooperação entre os estudantes, além da contextualização e aplicabilidade de tudo o que foi tratado em sala de aula. Trata-se da visita técnica à propriedade Vivenda Verde, que produz e comercializa cogumelos do tipo champig- non paris, localizada na Rota do Lagarto em Pedra Azul - ES, local conhecido por seu elevado potencial turístico e que recebe muitos destes t uristas para fins ecológicos e gastronômicos (Figura 16).

Vale ressaltar que o roteiro da visita deve ser planejado colaborativamente pelos docentes das dis- ciplinas envolvidas, de forma a aproveitar o máximo que aquela visita pode proporcionar aos estudantes nas diferentes áreas de conhecimento, sempre de forma integrada, é claro!

FIGURA 16 – Estudantes no Parque Estadual Pedra Azul - ES

Aqui, o roteiro foi planejado para iniciar com aco- lhimento e informações básicas na Casa do Turista (Figura 17), atividade rotineira dos profissionais que atuam naquela região, por ser ponto de apoio da Prefeitura de Domingos Martins, no início da Rota do Lagarto e finalizar na produção de cogumelos Vivenda Verde, com algumas paradas estratégicas no percurso, para que os estudantes pudessem conhecer os pontos turísticos e estabelecimentos comerciais destinados a esse fim.

Não podemos esquecer que muitos estudantes atendidos pelo Proeja iniciaram bem cedo no merca- do de trabalho, por necessidades familiares, sociais ou mesmo por falta de oportunidade de prosseguir com suas atividades escolares.

Sob essa ótica e, considerando que o trabalho como princípio educativo de Marx é uma coluna de sustentação do autorreconhecimento do sujeito como ator importante na construção do processo produtivo da sociedade e da superação da dicotomia do trabalho manual e trabalho intelectual, a integra- ção curricular no momento da visita técnica nessa

Sequência Didática, por mais que possa parecer complexo e trabalhoso para quem a organiza, é uma janela de libertação para muitas mazelas interiores daqueles sujeitos que serão contemplados e também abarca as mais diferentes atribuições sociais de um indivíduo, quando observada a formação integral do sujeito.

Outrossim, a Visita Técnica se mostra uma ex- celente complementação pedagógica para todo o conhecimento adquirido pelo estudante durante o curso, visto que no Curso Técnico em Guia de Tu- rismo as Visitas Técnicas são exigência para apro- vação do curso pelo Ministério da Educação - MEC, o que comprova mais uma vez sua relevância para a formação profissional. Tal proposta metodológica baseia-se em Araújo e Frigotto (2015), que promove a apropriação do conhecimento histórico-crítico e

FIGURA 17 – Estudantes sendo recepcionados na Casa do Turista em Pedra Azul - ES

científico-tecnológico, através do posicionamento crítico do estudante, utilizando-se do conhecimento intelectual adquirido durante a formação profissional e promovendo sua participação direta em cada etapa desenvolvida, colocando-o como ator dos processos sociais e culturais que o envolvem e retirando-o da posição de mero expectador expectador, conformado com sua condição passiva.

A partir da visita técnica abre-se caminhos para os sonhos e desenvolve-se novas estratégias de aprendizagem, colocando o estudante como centro do processo e demonstrando na prática a importân- cia dele para o processo educativo e para o meio profissional em que será inserido. É fundamental destacar no momento dessa prática, que tal contextu- alização não se justifica apenas pela capacitação do estudante como profissional, mas de sua formação como trabalhador, que conhece todos os meios que abarcam sua profissão e compreende sua posição política e social nesses meios.

Para isso, é fundamental que a visita técnica tenha seus objetivos e trajetos apontados e cuidado-

samente explicados antes que aconteça, de forma a não deixar dúvidas sobre seu propósito, pois enten- demos que qualquer pessoa, em atividade estudantil num ambiente diferente do habitual, pode desfocar sua atenção da finalidade proposta e não alcançar os objetivos traçados para tal.

Chegando na produção de cogumelos Vivenda Verde, destino final da visita técnica, os relatos de experiência externados pelo proprietário do estabe- lecimento deixaram o grupo extasiado e deslumbrado por ver como um jovem senhor lida com seu trabalho diário e o amor e dedicação dispensado a essa ativi- dade e ao tratamento com o próximo, transparecendo ser aquele trabalho muito além do que um emprego ou uma fonte de renda (Figuras 18 e 19).

No momento da recepção, o proprietário explicou como foi sua trajetória de vida, desde o cultivo e comercialização de hortaliças, deixado parcialmente de lado por conta dos altos impostos e custos de transporte, até o cultivo de cogumelos, que além de propiciar renda, atrai turistas e com eles, novas experiências.

FIGURA 19 – Estudantes recebendo orientações na propriedade Vivenda Verde em Pedra Azul - ES

Fonte: acervo da autora

FIGURA 18 – Estudantes na produção de cogumelos

Com toda paciência, ele conduziu o grupo por sua propriedade, demonstrando os processos que envolvem o cultivo dos cogumelos, como também abrindo as portas de sua produção. Abrir as portas, neste caso, de forma literal, pois os cogumelos de- vem ser mantidos em local escuro e com umidade elevada, além de todo o cuidado para não haver contaminação do ar e do solo. Com certeza essa foi uma experiência enriquecedora, por aplicar o conte- údo de Biologia estudado durante o desenvolvimento da SD juntamente como aprendizado de todas as particularidades de um cultivo de cogumelos, além do conhecimento sobre os vegetais que também são cultivados em sua horta. Percebemos assim que, despretensiosamente, naquela breve aula informal, foi abordado o desenvolvimento em todas as áreas da formação humana, quando embasada na visão de Gramsci.

Dentro do galpão onde se cultiva os cogumelos foi possível visualizar os processos biológicos, até então estudados na teoria, associados aos processos econômicos que envolvem o meio turístico, discutidos

em sala de aula ao longo do curso, a partir dos relatos de experiência do proprietário.

Note, os relatos provenientes deste estudo e descritos neste material, demonstram a relevância da realização de visita técnica na complementação da aprendizagem e como instrumento de integração e aplicação de conhecimento em um curso técnico de Guia de Turismo para jovens e adultos, porém é necessário reconhecer que nem todos têm a opor- tunidade de realizá-la. Ainda assim a Sequência Didática não deve ser desconsiderada como prática integradora se não houver a possibilidade de execu- ção de uma visita técnica, podendo essa metodolo- gia ser adaptada de acordo com a criatividade e as condições reais de cada um.

QUINTA ETAPA

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