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2. CONSTRUÇÃO DO PROJETO

2.3. Análise formal e interpretativa das peças a executar

2.3.6. Quatro Estrofes – Luís Lopes Cardoso

Esta peça é composta por quatro andamentos que, segundo a minha opinião, apenas fazem sentido se forem apresentados em conjunto, como se fosse um poema com estrofes.

Ao longo desta peça o compositor utiliza dinâmicas contrastantes e súbitas.

O primeiro andamento desenvolve-se com base em três células presentes no seguinte exemplo:

Ex: 40: Cardoso, Lopes: Quatro Estrofes – 1ºand. (início)

O processo do estudo detalhado desta peça encontra-se no diário de bordo, no anexo 7.

Para conseguir respeitar as dinâmicas que aparecem ao longo da peça, é necessário ter bastante controlo no arco e consciência do sítio e da pressão necessária para o som sair como desejado.

No início desta peça, como se pode verificar no exemplo anterior, há um fortíssimo seguido de um pianíssimo. De modo a conseguir obter este contraste é necessário colocar pressão no arco e coloca-lo próximo da zona do cavalete, retirando rapidamente a pressão e subindo com o arco para a zona da escala. Controlando assim o arco é possível realizar um fortíssimo seguido de um pianíssimo.

Ao longo deste andamento aparecem células rítmicas constituídas por cinco ou quatro fusas, como também é possível visualizar no exemplo apresentado anteriormente. Sendo este andamento moderato com colcheia igual a cento e oito, a velocidade das fusas será rápida. Sendo uma velocidade rápida, o mais indicado é tentar tocar as notas necessárias sempre que possível na mesma corda. Deste modo o arco não tem que mudar de corda e é mais fácil ter velocidade. A par disto, sempre que possível, o mais indicado é tentar tocar o máximo número de notas na mesma posição para assim ser acessível tocar as notas em velocidade rápida.

Também no exemplo anterior é possível constatar que há mínima com crescendo até mezzo-forte. Para conseguir controlar o crescendo até à dinâmica pretendida subdividi a

mínima em colcheias para facilitar a divisão do arco. Desta maneira é possível controlar o arco para conseguir realizar gradualmente o crescendo.

Para interpretar este andamento segui o raciocínio descrito anteriormente, visto que o andamento é todo ele semelhante, o processo de pensamento é o mesmo. Na minha opinião, a maior dificuldade neste andamento é conseguir controlar o arco para realizar todas as dinâmicas. Todavia, tendo consciência dos movimentos necessários para efetuar cada dinâmica, torna-se mais fácil a interpretação deste andamento.

O segundo andamento principia com uma secção lírica, tendo no final uma segunda secção onde é explorada a sonoridade dos harmónicos naturais.

Ex: 41: Cardoso, Lopes: Quatro Estrofes – 2ºand. (início)

Este andamento tem fragmentos musicais semelhantes ao andamento anterior, como por exemplo o início, devido a isso, o processo de estudo foi o mesmo.

Durante este andamento o compositor dá indicação das cordas onde as notas devem ser tocadas. Estas indicações facilitam bastante pois não é necessário escolher pormenorizadamente uma dedilhação.

Sobre as dinâmicas, continuam a existir dinâmicas súbitas e sobretudo crescendos que albergam bastantes notas. Como expliquei anteriormente, na minha opinião, no início do estudo, é necessário subdividir os tempos para conseguir ter uma melhor perceção da divisão do arco assim como controlar melhor o local do arco para este conseguir realizar o crescendo gradualmente.

Na parte final deste andamento a velocidade altera para colcheia igual a oitenta, esta parte tem o nome de onírico. Aqui o compositor explora a sonoridade dos harmónicos naturais como foi referido anteriormente.

Durante esta parte o compositor indica algumas notas que devem ser tocadas em pizzicato e outras em harmónicos. É necessário ter fluidez na mudança dos pizzicatos para o arco. Como é necessário pegar de maneira diferente no arco para tocar pizzicato, ao voltar à posição natural do arco pode haver eventualmente um pequeno atraso devido a essa mudança.

Nesta última parte há notas em harmónico ao mesmo tempo das notas reais, é necessário ter cuidado com o arco para ambas saírem com o som correto.

O terceiro andamento tem intenção de trazer à lembrança o compositor I. Stravinsky.

Ex: 43: Cardoso, Lopes: Quatro Estrofes – 3ºand. (início)

Este andamento apresenta motivos rítmicos semelhantes aos andamentos anteriores e por isso, o processo de interpretação e resolução de possíveis problemas, foi o mesmo dos andamentos anteriores.

Neste andamento está presente na partitura as dedilhações que o compositor pretende, assim não há necessidade de escolher dedilhações. Também é necessário ter em atenção o ritmo, inicialmente não é fácil de entender. Para assimilar melhor o ritmo, na minha opinião, é necessário solfejar várias vezes até o ritmo ser interiorizado para depois ser mais fácil a sua execução no violoncelo.

O quarto e último andamento é uma pequena coda de carácter conclusivo que recorre ao material usado nos andamentos anteriores.

Ex: 44: Cardoso, Lopes: Quatro Estrofes – 4ºand. (início)

Sendo este um andamento que utiliza materiais dos andamentos anteriores, o processo de assimilação e interpretação foi o mesmo utilizado anteriormente. Todavia, no final da penúltima pauta deste andamento, e como se pode verificar no exemplo anterior, há um presto com crescendo até fortíssimo. De modo a conseguir realizar o crescendo à medida do decorrer desta célula rítmica é necessário reduzir a quantidade de arco para haver possibilidade de controlar melhor o arco, assim como, facilitar o uso de pressão necessária para realizar as acentuações que o compositor requer.

No anexo 7, no diário de bordo, encontra-se o estudo pormenorizado destes andamentos.

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