• Nenhum resultado encontrado

que deve ser realizada daí em diante 249 até um eventual reexame é a que

sendo pressuposto adicional e sine qua non para todos os vários supra requisitos referidos que um desses mesmos acórdãos contrários já tenha transitado em julgado e considerando que não se verifica a excepção de inadmissibilidade de recurso já supra-referida. Destarte, o «recurso de fixação de jurisprudência propriamente dito (art.ºs 437.º a 445.º), visa combater a jurisprudência por vezes flutuante e variável dos nossos tribunais superiores, geradora de incertezas no mundo do Direito e altamente desprestigiante para as instituições encarregadas da administração da Justiça. O sistema foi, pois, inspirado pela necessidade de irmanar a certeza do Direito com o respeito pela Justiça (...)» SANTOS, M. Simas e LEAL-HENRIQUES, M. - Código de Processo Penal Anotado, 2.ª Edição – Reimpressão (Letra da Lei actualizada), Lisboa: Editora Rei dos Livros, Agosto de 2004, Vol. II, ISBN 972-51-0904-X, p. 993.

249 Com efeito, na nossa ordem jurídica já vigoraram os Assentos, tal como se referiu na Introdução, contudo apesar da

sua revogação certo é que os AFJ são “percepcionados” como verdadeiros “Assentos” quanto à interpretação e aplicação da lei ao caso concreto (aliás, a este propósito, já assim se pronunciou o STJ: « (...) 3- Com efeito, só se justifica o recurso extraordinário de decisão proferida contra jurisprudência fixada pelo STJ, regulado nos art.ºs 446.º e 448.º do CPP, quando a decisão já não é susceptível de recurso ordinário, visando o recurso obrigatório para o Ministério Público, previsto no art. 446.º do CPP garantir o controle do respeito pela jurisprudência fixada, por via do reexame pelos Tribunais Superiores, pois que, com revogação do carácter obrigatório daquela jurisprudência, não se pretendeu desautorizar o STJ na sua função uniformizadora da aplicação da lei, mas sim aumentar a margem de iniciativa dos tribunais de instância, no provocar seu eventual reexame. 4- Nesta lógica de controlar a aplicação da jurisprudência fixada pelos Tribunais Superiores, através do recurso, não faz sentido o recurso directo da 1.ª instância para o Supremo Tribunal de Justiça, antes de esgotada a possibilidade da 2.ª Instância repor o "respeito" pela jurisprudência fixada pelo STJ.») Processo n.º 07P2259. Relator: SIMAS SANTOS. 21-06-2007 [Consult. 20 de Janeiro

de 2016]. Disponível na Internet:

<URL:http://www.dgsi.pt/jstj.nsf/954f0ce6ad9dd8b980256b5f003fa814/1d4efcedc7143f6580257302003f1652?OpenDoc ument>; Assim, verifica-se o “proteccionismo” (além do estabelecido no recurso ordinário e conforme acórdão supra citado) inserido no art. 446.º do CPP através do recurso extraordinário de “decisão proferida contra jurisprudência fixada pelo Supremo Tribunal da Justiça” com a excepção introduzida de “alteração” quanto à jurisprudência fixada de se “proceder ao seu reexame se entender que está ultrapassada” (Cfr. segunda parte do n.º 3 do art. 446.º do CPP) - pelo próprio STJ e após iniciativa dos tribunais inferiores - naquele mesmo impulso processual; bem como, com o mecanismo tipificado e inserido no art. 447.º do CPP que estabelece o recurso extraordinário “no interesse da unidade do direito” em que aqui a legitimidade e iniciativa pertence ao Procurador-Geral da República (n.º 1 do art. 447.º do CPP ) se considerar que a “jurisprudência está ultrapassada” (Cfr. n.º 2 do mesmo artigo) para que o STJ proceda ao reexame da Jurisprudência Fixada. Pelo que se impõe distinguir os “AFJ” dos “Assentos”, estes últimos surgiam no art. 2.º [entretanto revogado pelo DL n.º 329-A/95 de 12 de Dezembro ( DR I-A Série, Suplemento, 285 (12-12-1995) 7780 (2) – 7780 (138)] que quanto à sua redacção original do Código Civil de 1966 PIRES DE LIMA e ANTUNES VARELA na sua anotação àquele preceito legal afirmaram: «O Assento tanto pode uma das várias interpretações possíveis da lei, como preencher uma lacuna do sistema, criando a norma correspondente, para depois fazer aplicação dela ao caso concreto sub iudice. Em qualquer das situações, o que vale como fonte (mediata) de direito é o preceito genérico, proclamado em forma de disposição normativa, e não a aplicação dele ao caso real que serve de base ao recurso. (…) Os assentos só caducam quando forem revogados por um preceito legislativo posterior ou quando for modificada a legislação no âmbito da qual foram proferidos – salvo, nesta última hipótese, se a legislação anterior «for substituída por outra que contenha textos idênticos, não havendo razões para excluir que o sentido dos novos textos seja igual ao dos antigos. (…) Para valerem como disposição normativa, com força obrigatória geral, os assentos têm de ser publicados no jornal oficial (Diário da República).» In Código Civil Anotado, 4.ª Edição revista e actualizada, Coimbra: Coimbra Editora, L.da, 1987, Vol. I, p. 52 e 53. Sucede que, mesmo antes da revogação do art. 2.º do CC através do DL supra referido, o Tribunal Constitucional já se havia pronunciado pela inconstitucionalidade dos Assentos nos Acórdãos n.º 810/93 de 07 de Dezembro [ DR II Série, 51 (02-03-1994) 1984 – 1994], 407/94 de 17 de Maio [publicado em www.tribunalconstitucional.pt [Consult. 21 de Janeiro de 2016]. Disponível na Internet: <URL:http://www.tribunalconstitucional.pt/tc/acordaos/19940407.html>], 410/94, de 18 de Maio [publicado em

<URL:http://www.tribunalconstitucional.pt/tc/acordaos/19940410.html>] e através do Acórdão n.º 743/96 de 28 de Maio [DR I- Série A, 165 (18-07-1996) 1995 – 200], - pois, o DL n.º 329-A/95 só entrou em vigor no dia 15 de Setembro de 1996 através do diferimento do início da sua vigência com a Lei n.º 6/96 de 29 de Fevereiro- em que deste último acórdão referido e do qual se extrai relativamente aos Assentos o seguinte quanto à sua evolução histórica, nomeadamente que: « (...) a) Os assentos da Casa da Suplicação constituíam interpretação autêntica das leis e tinham força legislativa; b) Desde a sua instituição em 1832, até à entrada em vigor do Decreto n.º 12353, de 22 de Setembro de 1926, o Supremo Tribunal de Justiça não dispunha de competência para proferir assentos, mas tão somente para uniformizar a jurisprudência, através da interpretação e aplicação da lei nos casos concretos que lhe eram submetidos; c) O artigo 66º deste último diploma instituiu um recurso inominado de uniformização de jurisprudência para o pleno do Supremo Tribunal de Justiça; d) A jurisprudência estabelecida por estes acórdãos era obrigatória para os tribunais inferiores e para o Supremo Tribunal de Justiça enquanto não fosse alterada por outro acórdão da mesma proveniência; e) Apesar de o Decreto nº 12353 não atribuir, explícita ou implicitamente, a estes acórdãos a designação de assentos, o Supremo Tribunal de Justiça assim passou a chamá-los a partir de Dezembro de 1927; f) O Código de Processo Civil de 1939 consagrou a denominação de assentos para os acórdãos proferidos pelo pleno do Supremo Tribunal de Justiça, mantendo no mais o regime do Decreto nº 12353; g) O Código de Processo Civil de 1961, eliminou a faculdade de alteração dos assentos pelo próprio Supremo Tribunal de Justiça; h) O artigo 2º do Código Civil de 1967, veio atribuir à doutrina fixada pelos assentos força obrigatória geral; i) O Decreto-Lei nº 47690, de 11 de Maio de 1967, na redacção dada ao artigo 769º nº 2, do Código de Processo Civil, eliminou a referência que ali se fazia a respeito da eficácia dos assentos.» Destarte, poder-se-á verificar que pelo percurso histórico a “uniformização de jurisprudência” começou a “confundir-se” e a “misturar-se” com os “Assentos”, ou seja, o STJ de intérprete e de administrador de Justiça e de Direito veio a assumir gradualmente uma posição de fonte mediata de Direito, o que não é aceitável para o Tribunal Constitucional que afirma: « A Constituição não proíbe o legislador de estabelecer institutos adequados à uniformização da jurisprudência - era essa a primeira e essencial vocação dos assentos - mas veda-lhe seguramente a criação de instrumentos ali não previstos que, com eficácia externa (e, por maioria de razão , com força obrigatória geral) interpretem, integrem, modifiquem, suspendam ou revoguem normas legais. A colisão daquela norma com o texto constitucional radica assim, no facto de os assentos se arrogarem o direito de interpretação ou integração autêntica da lei, com força obrigatória geral, assumindo a natureza de actos não legislativos de interpretação ou integração das leis. (…) Nestes termos, decide-se declarar a inconstitucionalidade com força obrigatória geral, da norma do artigo 2º do Código Civil, na parte em que atribui aos tribunais competência para fixar doutrina com força obrigatória geral, por violação do disposto no artigo 115º, nº 5, da Constituição.» Pelo que se verificando pelo teor deste mesmo excerto e fazendo o devido realce que actualmente a norma do n.º 5 do art.115.º da CRP corresponde ao artigo 112.º, n.º 5 que apresenta a seguinte redacção: «Nenhuma lei pode criar outras categorias de actos legislativos ou conferir a actos de outra natureza o poder de, com eficácia externa, interpretar, integrar, modificar, suspender ou revogar qualquer dos seus preceitos.» Assim sendo, a principal distinção entre os Assentos e os AFJ é que os primeiros podiam fixar doutrina obrigatória com força geral, dessa forma estabelecendo normas, enquanto que os últimos procuram a uniformização de jurisprudência e são susceptíveis de reexame – quando e se o STJ o entender e caso haja iniciativa por parte dos tribunais inferiores ou do Procurador-Geral da República - perante novos argumentos ou se considerar que a jurisprudência fixada se mostre já ultrapassada; aliás, foi a ausência de reexame um desses mesmos fundamentos usados para declarar a inconstitucionalidade dos Assentos no Acórdão n.º 810/93 do Tribunal Constitucional: «A referida norma deixará de conflituar com o nº 5 do artigo 115º da Constituição se for entendida no sentido de que os tribunais podem fixar, por meio de assentos, doutrina obrigatória para os tribunais integrados na ordem do tribunal emitente, susceptível de vir a ser alterada por este.» Todavia, apesar dos mecanismos de reexame prescritos legalmente, verifica-se que os AFJ apenas – em circunstâncias muito excepcionais – é que são alvo de reexame e modificação, ou seja, “teoricamente são susceptíveis de alteração”, na “prática deverão ser considerados como normas”: «I - A lei indica com suficiente clareza que os Acórdãos para fixação de jurisprudência têm um peso próprio, que lhes é dado pelo facto de provirem do Pleno das Secções Criminais do Supremo Tribunal de Justiça. Há, pois, que lhes conceder o benefício, para não dizer a presunção, de que foram lavrados após ponderação exaustiva, face à legislação, à doutrina e à jurisprudência existentes sobre o assunto. II - Deste modo, embora os tribunais sejam livres de seguirem a jurisprudência que julgam mais adequada, já que o STJ não “faz lei”, parece estultice tomar outro caminho que não o acolhido no Pleno do STJ, a não ser que se invoquem argumentos novos, não considerados na

melhor se coaduna com a justiça a ser feita para com o agente que se encontra