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2. Que fatores favoreceram ou obstaculizaram a consecução das metas da ENED?

2.4. Que fatores contribuíram/influenciaram a consecução das metas?

Nesta questão damos expressão quer a i) fatores assinalados pelos interlocutores da avaliação como tendo constituído facilitadores da ação dos promotores e que, como tal, contribuíram para que as Metas pudessem ter sido atingidas, quer a ii) fatores que a avaliação destacou igualmente como facilitadores e que são inerentes aos modos definidos para a operacionalização da ENED. Assim, destacamos:

ENED como enquadramento legal da ED em Portugal

A existência legal da ENED trouxe aos promotores de ED efeitos positivos, não só para o enquadramento, como para a legitimação da sua ação, designadamente auxiliando ao estabelecimento de relações com potenciais e efetivos parceiros institucionais, dentro e fora do campo da ED, no contexto nacional. O seu reconhecimento a nível internacional como “boa prática” - não só pela sua existência como pelas caraterísticas do processo da sua conceção, construção e implementação - teve também importantes efeitos simbólicos. O reconhecimento da ENED como “boa prática” por atores de estratégias nacionais de outros países e por entidades europeias de referência no campo da ED, trouxe um acréscimo de legitimidade às entidades do setor e constituiu um elemento de valor acrescido presente nos processos de alargamento das redes de parceria das entidades e nas candidaturas a financiamento europeu, com repercussões nas suas possibilidades de desenvolvimento de iniciativas de ED. Portanto, o “enquadramento” e a “legitimação” legal e o papel “simbólico” da ENED foram importantes para potenciar o envolvimento das entidades promotoras em atividades de ED, a nível nacional e internacional, e, como tal, facilitaram a consecução das metas.

As Metas formuladas para a ENED

É reconhecido por muitos dos interlocutores do processo de avaliação que sendo a Estratégia ambiciosa nos seus Objetivos, é bastante parcimoniosa nas Metas que define. Não existindo uma baseline da ED em Portugal no momento da sua formulação, as metas são definidas prudentemente em termos de indicadores quantitativos e que a avaliação pôde constatar que

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A este respeito há um percurso a prosseguir que solicita a continuação de um trabalho de ligação próxima às entidades que reportam dados, alterações a introduzir nos processos de acompanhamento, designadamente os centrados na recolha e análise de dados, mas ainda na possível reformulação das próprias metas, na sua forma e conteúdo.

33 foram amplamente superados. A formulação escrita das Metas, em regra, permite que a sua concretização seja reconhecida se existir uma adição de ações de diferentes promotores reportadas para uma mesma Tipologia de Atividade. Se a apreciação da consecução das Metas se realizar numa lógica de prestação de contas, considerando apenas a sua dimensão quantitativa, é inegável que foram não só concretizadas, como amplamente suplantadas. É pois neste sentido que “o como” e “o que” se definiu como Metas para o horizonte temporal da ENED facilitou o seu próprio cumprimento. Numa perspetiva de continuidade da Estratégia, poder-se-á admitir que as metas definidas para este período de vigência da ENED (2010-2015) constituiram uma linha de base que agora se pode confrontar com o realizado para criar metas mais adequadas às dinâmicas da ED em Portugal. Mas importará clarificar a sua formulação e desenvolver um mecanismo que permita efetivamente assegurar o controlo da relação de pertinência entre o reportado e as TA e Medidas para que tal se faz.

A inclusividade da ENED em termos de promotores de ED

Os documentos fundadores da ENED reconhecem o estatuto de potenciais promotores de ED a uma grande diversidade de entidades, para além das que já haviam sido envolvidas no processo da sua conceção e construção. O desenvolvimento da ENED, em particular, o processo de acompanhamento na sua vertente de sensibilização e mobilização para a ED e as atividades transversais promovidas, contribuíram para que agentes e entidades, anteriormente não presentes no campo, se envolvessem individualmente ou em parceria em ações e projetos. Considerando que algumas da Metas formuladas antecipavam a necessidade de promoção do envolvimento na ED de novos atores, esta ampliação e diversificação dos atores do campo da ED foi seguramente um facilitador para a concretização das Metas definidas.

As características do processo de acompanhamento na gestão da consecução das metas

Não constituindo um documento “impositivo”, a ENED, designadamente através do processo de acompanhamento desenhado, permitiu fornecer pistas para a orientação da ação das entidades promotoras. A possibilidade que o processo de monitorização/acompanhamento abriu de identificação de Objetivos Específicos e Tipologias de Atividades menos salvaguardadas por iniciativas já desenvolvidas permitiu que, ao longo da vigência da ENED, algumas entidades se orientassem, ainda que indiretamente, para dar resposta a Metas que estariam de outra forma a descoberto.

O modo de reporte de ações de ED no âmbito do processo de monitorização da ENED

Este é provavelmente o ponto mais crítico para quem tem de analisar a concretização das metas da ENED. É perfeitamente legítimo, e em muitas circunstâncias desejável até, que uma mesma atividade/iniciativa ou projeto sejam reportados para diferentes TA. Mas também é

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inegável que este processo induz uma multiplicação da ação desenvolvida, exigindo um outro tipo de análise qualitativa, ação a acão, centrada na aferição da “adequabilidade” do que é reportado. Neste sentido, o reporte de ações que simultaneamente são inscritas em múltiplas tipologias é um elemento facilitador do cumprimento das metas (na sua expressão quantitativa), na medida em que uma mesma atividade pode ser contabilizada em simultâneo para o cumprimento de diferentes Metas. Este aspeto poderia, no entanto, ser também considerado como obstaculizador (cf. subquestão 2.5) na medida em que o tipo de informação disponibilizada no reporte dificulta a apreensão qualitativa da relação entre o esperado e o realizado.

A existência de uma linha pública de cofinanciamento a projetos de ED

Considerando o contexto de estrangulamento financeiro do Estado, como o vivido durante o período de implementação da ENED, a manutenção de uma linha de cofinanciamento pública para a ED – com exceção de um dos anos de vigência da ENED – com financiamentos relativamente similares ao longo da sua vigência para apoio a projetos de ED desenvolvidos por ONGD foi garante da continuidade da atividade de entidades e capaz de sustentar a prossecução de algumas das metas definidas.

As parcerias estratégicas estabelecidas através de contratos-programa

O contrato programa com a ESE-IPVC (especificamente na sua vertente de capacitação) e o protocolo de colaboração entre o Camões, I.P. e a DGE (no caso da produção do Referencial de ED para a educação escolar) estabeleceram condições para o incremento de ações de ED.

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