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uma medida em geral quantitativa dotada de significado social substantivo, usado para substituir, quantificar ou operacionalizar um conceito social abstrato, de interesse teórico (para a pesquisa

65 indicador cultural é um indicador social capaz de produzir um conhecimento relevante sobre a realidade, referido a teoria e conceitos, traduzido em sua expressão matemática ou estatística, geralmente diferenciado do dado bruto ou de uma ou mais variáveis, produz a síntese da informação, refere-se ao tempo e ao espaço, aos segmentos sociais, articula-se a uma temática, procura suprir a ausência ou irracionalidade da ação, assim como avaliá-la (Alkmin e Lins 2008).

O campo dos indicadores econômicos encontra-se consolidado com a produção de diversas informações estatísticas oficias dos sistemas nacionais. Entretanto, as atividades que compõem o campo cultural, pertencem a diversos setores da vida econômica e social e, nem sempre podem ser desagregadas e isoladas das classificações das atividades econômicas¹ apresentadas de acordo com o segmento industrial, comercial e de serviços que tinham relação com a cultura. Em uma definição de indicador cultural, podemos dizer que

acadêmica) ou programático (para formulação de políticas). É um recurso metodológico, empiricamente referido, que informa algo sobre um aspecto da realidade social ou sobre mudanças que estão se processando na mesma (Jannuzzi 2001, p.15).

1 As classificações de atividades econômicas são construídas para organizar as

informações estatísticas sobre os fenômenos relacionados com a contribuição das unidades produtivas (empresas) no processo econômico. No Brasil, a Classificação Nacional de Atividades Econômicas é usada no Sistema Estatístico Nacional e na

Administração Pública, e adota como referência a International Standard Industrial

Classification -ISIC, Revisão 3, das Nações Unidas, equivalente em Espanhol à Clasificación Industrial Internacional Uniforme –CIIU. A CNAE 2.0, Revisão 4 da ISIC, em vigência desde janeiro de 2007, identifica, em consonância com as classificações internacionais,com mais detalhe as atividades relativas ao setor cultural, uma vez que foram introduzidas novas seções, como a de Informação e Comunicação e de Arte, Cultura, Esporte e Recreação.

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No caso do Brasil, estamos desenvolvendo a construção de um sistema de informações culturais permanente, articulado, pertinente, flexível e comparável com estatísticas nacionais e internacionais, a exemplo das propostas da UNESCO (2007). Iniciando um exercício de possibilidades (ver quadro 1), partimos de distintas fontes de estatísticas econômicas e sociais que são úteis para avaliar a contribuição econômica da cultura. Por exemplo, é possível saber o percentual de gasto em cultura realizado pelas famílias – a aquisição dos equipamentos domésticos, o poder aquisitivo por classe de renda, além da investigação de itens de despesa relativos a cultura e lazer – através da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF); sobre a questão

Quadro 1 - Exemplos de Indicadores para medir a contribuição socioeconômica da cultura

Contribuição Indicador Unidade deMedida Fonte IBGE

Componente da atividade econômica representado pelo setor cultural Volume de atividade econômica por valor Valor agregado / valor da transformação industrial Pesquisa econômica anual da indústria, do comércio e dos serviços Emprego no setor

cultural Participação noemprego total % do empregototal

Pesquisa econômica anual da indústria, do comércio e dos serviços Pesquisa econômica anual da indústria, do comércio e dos serviços Número de empregados por conta própria Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Gasto das famílias

com o setor cultural Volume do gasto em cultura, aquisição dos equipamentos domésticos e despesa relativos à cultura e lazer % do gasto em

cultura Pesquisa deOrçamento Familiar

Equipamentos culturais Quantidade de bibliotecas existentes % de bibliotecas por municípios Pesquisa Informações Básicas Municipais - MUNIC

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O grande desafio em analisar a realidade cultural consiste em dispor de recursos estatísticos e modelos analíticos que ajudem a dar visibilidade à diversidade e às particularidades do setor cultural, de forma a permitir uma maior objetividade no desenvolvimento de políticas públicas.

O IBGE, em convênio com o Ministério da Cultura, vem atualmente executando um projeto conjunto de sistematização das informações culturais, o que permitirá um diagnóstico mais aprofundado do quadro atual e a identificação de lacunas. Ao mesmo tempo, estão sendo traçadas novas linhas de pesquisa, como a pesquisa sobre gestão cultural estadual, uma pesquisa piloto sobre o uso do tempo e criando-se as condições para a construção da conta satélite de cultura no país. Este esforço constitui uma importante contribuição para ampliar o conjunto de dados e indicadores culturais, de forma mais abrangente e sistemática para um dos temas que, apesar da sua crescente importância do ponto de vista social e econômico, ainda representa uma lacuna na produção de estatísticas do país. do emprego e mão de obra, pode-se obter informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD).

ALKMIM, Antonio Carlos e LINS, Cristina. P de C., “O Sistema e o ‘Sistema’ – O Projeto em curso no IBGE e o estudo sobre a cultura”. Revista Observatório Itaú Cultural / OIC – N.4, (Jan./Mar. 2008). São Paulo: Itaú Cultural, 2008

BAUER, Raymond A. (Ed.), Social Indicators. Cambridge: The MIT Press,

1966

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_____“Sistema de informações e indicadores culturais 2003- 2005”. Rio de Janeiro: IBGE, 2007

JANNUZZI, Paulo de M., Indicadores Sociais no Brasil. Campinas: Ed. Alínea, 2001

LINS, Cristina P. de C., “Indicadores Culturais: possibilidades e limites. As bases do IBGE”. Ministério da Cultura, 2006. Página oficial. Disponível em http://www.cultura.gov.br/upload/EdCristinaPereira 1148588640.pdf Acesso Setembro,2009.

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Criativa: uma nova perspectiva. Fortaleza: anais do Seminário Nacional de Economia Criativa, 2007

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Informações, 2005

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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As políticas existentes para a Economia da Cultura no Brasil são gestadas nas macroestruturas fazendárias federal, estaduais e municipais. Vale citar três exemplos históricos brasileiros:

- a não tributação do papel destinado à impressão de livros, jornais e revistas (imunidade constitucional no papel, existente desde a constituinte de 1946);

- a não tributação na importação de equipamentos sem similar nacional para TVs abertas (convênio aprovado pelo Conselho Nacional de Política Fazendária, para os anos de 1995/2000);

- a não tributação de gravação de discos musicais com conteúdo brasileiro (Benefício Fiscal da Música Brasileira, autorizava 100% de desconto no Imposto de Circulação de Mercadorias - ICMS,decreto que vigorou entre os anos de 1969/1990).

Essas autorizações foram ferramentas que impulsio- naram a economia do texto, a economia da imagem e a economia do som, ao longo dos últimos 50 anos. Três setores estruturantes da economia da cultura.

Mas falta ao Brasil um instrumento de política cultural que articule esse poder econômico com o social, para garantir a livre circulação de todos os bens e serviços culturais. Nos cursos

FLUXOS ECONÔMICOS E