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Quem são os servidores técnico-administrativos em educação da UFMG?

Capítulo 2 A constituição do corpo técnico-administrativo da UFMG e sua inserção institucional

2.3 Quem são os servidores técnico-administrativos em educação da UFMG?

Conforme visto anteriormente, os 4.404 servidores técnico-administrativos em educação do quadro permanente da UFMG ocupam 140 cargos de denominações e atribuições diferentes42 e encontram-se distribuídos em cinco níveis de classificação, conforme demonstrado pelo quadro abaixo:

Quadro 1: Distribuição de servidores técnico-administrativos em educação da UFMG por níveis de classificação:

Nível de Classificação Exigência de ingresso Exemplos de cargos Quantitativo de servidores A Alfabetizado até fundamental incompleto Auxiliar de Limpeza,

de Marcenaria, Operador de Máquinas de Lavanderia.

58

B Alfabetizado até fundamental completo Auxiliar de Farmácia, Carpinteiro, Bombeiro Hidráulico.

235

C Fundamental incompleto até médio completo com profissionalizante

Auxiliar de Enfermagem,

Eletricista, Motorista.

890

D Médio completo até médio com

profissionalizante Técnico de Laboratório, Assistente em Administração, Vigilante. 2161

E Curso superior na área** Administrador,

Psicológo, Médico, Músico.

1060

Fonte: PCCTAE e dados da Comissão Interna de Supervisão do PCCTAE da UFMG de abril de 2013 e sistematizados pelo autor.

Na definição dos cargos por nível de classificação, ou a hierarquia dos mesmos, além da escolaridade, foram considerados outros fatores, tais como: responsabilidade, risco, esforço

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físico, conhecimentos e habilidades específicas necessárias ao desempenho das atribuições. No nível E, por exemplo, onde estão os cargos de nível superior, há também o Comandante de Lancha e Comandante de Navio (não existentes na estrutura de cargos da UFMG), para os quais inexistem cursos superiores, mas são profissões (regulamentadas por lei específica) que demandam alto risco, responsabilidade e habilidades específicas.

O PCCTAE definiu também a concessão de incentivo à qualificação no caso de servidores que tenham escolaridade formal superior exigência do cargo, além de outras exigências, em percentual calculado sobre o vencimento básico. Na UFMG, a distribuição de servidores nesta situação é a seguinte:

Gráfico 1: Escolaridade dos servidores técnico-administrativos em educação da UFMG em 2013

Fonte: Dados da Comissão Interna de Supervisão do PCCTAE da UFMG de abril de 2013 e sistematizados pelo autor.

Três mil e cinquenta e dois servidores recebem o incentivo, o que nos permite afirmar que quase 70% tem escolaridade formal superior à exigência do seu cargo. Já o ensino superior, incluindo graduação e pós-graduação, foi alcançado por 54%. Praticamente 70% dos servidores já progrediram na carreira em função de treinamentos e outras formas de capacitação (excluídas as ações de educação formal) que realizaram. Estes dados representam um quadro bem

43 356 251 694 1357 285 76 1352

satisfatório da qualidade potencial que tais trabalhadores têm e que são, em maior ou menor grau, disponibilizadas institucionalmente. Pesquisa realizada por VALLE e VIEIRA (1996), corroborada em parte por pesquisas circunstanciadas em duas Unidades da UFMG43 realizada pelo autor, indicam que a iniciativa individual é elemento importante para a constituição deste quadro, aliada a um esforço recente da instituição nesta área, representado pelo programa de bolsas nas modalidades de pré-vestibular e graduação, bem como pelo curso de pós-graduação lato sensu “Gestão das Instituições Federais de Ensino Superior” o GIFES, sob a responsabilidade da Faculdade de Educação da UFMG.

A distribuição dos servidores por idade apresenta-se da seguinte maneira:

Gráfico 2: Distribuição de servidores técnico-administrativos em educação por idade, em abril de 2013:

Fonte: Dados da Comissão Interna de Supervisão do PCCTAE da UFMG de abril de 2013 e sistematizados pelo autor

Há uma distribuição equitativa de servidores ao longo das faixas etárias. Para a faixa etária entre 31 e 40 anos a expectativa laboral está entre 15 e 24 anos para as mulheres e entre 25 e 34 anos para os homens, se considerarmos somente os limites de idade (55 para mulheres e 65

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Tratam-se de pesquisas por amostragem desenvolvidas nos cursos de Introdução à Gestão Pública e Universitária, coordenados pelo autor em 2009 e 2011, respectivamente.

ATÉ 30 ENTRE 31/40 ENTRE 41/50 ENTRE 51/60 60 OU + 13,88 21,68 29,70 29,42 5,30 D I S T R I B U I Ç Ã O ( %) IDADE

para homens) definida pelas reformas da previdência dos Governos Fernando Henrique Cardoso e Luís Inácio Lula da Silva.

As atividades dos servidores são realizadas em diferentes ambientes de trabalho e vão desde atribuições de manutenção e conservação até a participação em projetos de pesquisa de ponta, estando presente praticamente em todas as atividades da Universidade. Trabalhadores que realizam matrículas em Seções de Ensino, que auxiliam os alunos nas pesquisas em bibliotecas, orientam pesquisas bibliográficas, dirigem ou secretariam Unidades, Departamentos e Seções, processam e auditam documentos, informações e contas, gerenciam espaços institucionais, prestam atendimento médico e ambulatorial, controlam folhas de pagamentos, tramitação de processos, dirigem comissões, coordenações e grupos de trabalho, representam a universidade, mantém laboratórios, fazem pesquisas laboratoriais, restauram patrimônios materiais e imateriais, proporcionam as condições para o ensino, a pesquisa e a extensão, pesquisas de campo, coordenam projetos e eventos, enfim, fazem a ‘engrenagem’ universitária girar. Esta heterogeneidade de atividades exigiu dos servidores, como já dito, um esforço no sentido da apropriação da natureza do seu trabalho e das finalidades da universidade.

O Estatuto da UFMG apresenta uma visão restrita das atividades dos servidores, indicando que cabem aos mesmos, segundo o Art. 83., aquelas atribuições relacionadas com a permanente manutenção e adequação do apoio técnico, administrativo e operacional necessário ao cumprimento dos objetivos institucionais e as inerentes ao exercício de direção, chefia, coordenação, assessoramento e assistência na própria Instituição. Portanto, atribuições que em seu aspecto geral se limitam ao suporte às atividades finalísticas da instituição, desconhecendo ou mesmo omitindo uma gama de outras atribuições que não se restringem ao apoio, mas que se relacionam diretamente aos fins, ou são os próprios fins, como, por exemplo, atividades de pesquisa e extensão. Esta situação encontrará amparo no PCCTAE, que no Art. 8º. define como atividades dos servidores técnico-administrativos em educação as relacionadas ao planejamento, organização, execução ou avaliação das atividades inerentes ao apoio técnico-administrativo ao ensino; planejamento, organização, execução ou avaliação das atividades técnico-administrativas inerentes à pesquisa e à extensão nas Instituições Federais de Ensino; execução de tarefas específicas, utilizando-se de recursos materiais, financeiros e outros de que a Instituição Federal de Ensino disponha, a fim de assegurar a eficiência, a eficácia e a efetividade das atividades de ensino, pesquisa e extensão das Instituições Federais de Ensino. Há aqui uma ampliação

qualitativa do conjunto das atribuições, ainda que em seu aspecto mais geral, mas que significa uma constatação da própria abrangência do espaço de atuação institucional dos servidores e uma compreensão mais ampla de seu papel, não limitado às atividades de apoio, ou mera execução de atribuições que lhes são determinadas. Elas envolvem planejamento e avaliação e, neste sentido, são portadoras de (e mesmo impõem) uma apreensão e reflexão consciente, orientada para um fim.

Obviamente que até chegar a este patamar de compreensão do seu lugar na instituição universitária, os servidores tiveram que empreender uma trajetória marcada por avanços e retrocessos, permeada por mediações de diferentes naturezas em um ambiente pouco favorável, determinadas pelos debates com os sucessivos governos, as diferentes concepções do Estado e da importância que, em decorrência destas concepções, são atribuídas aos servidores técnico- administrativos das universidades; e no próprio interior dessas, em função, conforme mencionado anteriormente, da permanência de uma hegemonia docente, que legitimando determinados saberes, deslegitima outras práticas e vivências sociais, enfim, outros segmentos que compõem a comunidade universitária. A autonomia relativa que os servidores têm na execução de suas próprias atividades, determinada por rígidos esquemas hierárquicos, a rotina e a padronização de procedimentos, a necessidade da obediência a normas, impõem limitações a uma compreensão mais ampla do seu trabalho. Esta situação é diferente no caso dos docentes, ainda que mais recentemente estejam sujeitos a controles exteriores, impostos por critérios de produtividade e performance. Entretanto, aqui há maior capacidade de definir o conteúdo do próprio trabalho e a direção que o mesmo tomará, dentro de uma política mais geral, favorecendo a identificação deste com os fins da universidade.