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O Tratado da Tríplice Aliança reúne Brasil, Argentina e Uruguai contra o ditador paraguaio López, governante do Paraguai, e tem por objetivos:

o respeito à soberania e à integridade territorial do Paraguai. Assegurar a livre navegação dos rios Paraná e Paraguai. Estabelecer tratados de limites previstos e já existentes. Derrubar o governo López, do Paraguai.

Como resultado, o conflito:

resolve para o Brasil, em definitivo, a questão de limites com o Paraguai e tem assegurada a livre navegação para o Mato Grosso. Custa-lhe o entravamento do progresso e 33.000 mortos.

Encerra a questão relacionada com a independência, para o Uruguai.

Define os limites e extinguiu o sonho da reconstituição do Vice-Reinado do Prata, para a Argentina.

Além de derrotado e de pagar o ônus da derrota, o Paraguai tem para sempre afastado o sonho de expansão.

É interessante observar que esta Guerra envolve exatamente os quatro membros fundadores do MERCOSUL.

Os objetivos implícitos do Tratado de Assunção, deduzidos da posição oficial dos Países signatários procuram:

buscar uma integração mais competitiva das suas economias, num mundo em que se consolidam grandes blocos econômicos e onde o progresso tecnológico se torna essencial para o êxito dos planos de investimento.

Favorecer as economias de escala, o incremento da produtividade e o fluxo de comércio com o resto do mundo

balizar as ações dos setores privados, principais artífices da integração.

O preâmbulo do Tratado de Assunção reza ser desejável promoverem-se o desenvolvimento científico e tecnológico; a modernização das economias para ampliar a oferta e a qualidade dos bens e serviços disponíveis, a fim de melhorar as condições de vida de seus habitantes; pretende-se, igualmente, o aproveitamento mais eficaz dos recursos disponíveis, a preservação do meio ambiente, o melhoramento das interconexões físicas, a coordenação de políticas macroeconômicas e a complementação dos diferentes setores da economia, respeitados os princípios de gradualidade, flexibilidade e equilíbrio.

Um mercado comum compõe-se de certo número de liberdades fundamentais, asseguradas pelos Estados-Membros aos agentes econômicos. Pelo Tratado de Assunção, visa-se instituir a livre circulação de bens, serviços e fatores produtivos dentro de prazos estabelecidos. Estavam obrigados os Estados, salvo exceções previstas no Tratado, a atingir percentual zero de gravames do comércio regional, até 31 de dezembro de 1994, o que se cumpriu, de acordo com o cronograma de redução iniciado em 30 de junho de 1991.

Esse programa de liberalização comercial constitui instrumento básico da consolidação do mercado comum regional. Na medida do necessário, os quatro Países continuam harmonizando as respectivas legislações.

Prudentemente, não se estabelecem programas de liberalização de serviços e fatores produtivos, por ser consenso entre os quatro Países da zona de livre comércio, que deva ser consolidada a circulação de bens para, então, aprofundar o nível de integração.

A estrutura organizacional e o modo de funcionamento adotados, durante o período de transição, são particularmente simplificados e mantidos em nível de governo. Assim, a administração e a execução do Tratado de Assunção estiveram a cargo de apenas dois órgãos: o Conselho do Mercado Comum, órgão superior do MERCOSUL, composto pelos Ministros das Relações Exteriores e pelos Ministros da Economia, cabendo-lhe a condução política do processo de integração e a tomada de decisões para assegurar o cumprimento dos objetivos e prazos estabelecidos; o Grupo do Mercado Comum, órgão executivo do MERCOSUL, integrado por quatro titulares e quatro membros alternos por País, constando, necessariamente, de representantes dos ministérios citados e dos Bancos Centrais, competindo-lhe velar pelo cumprimento do Tratado de Assunção, seus protocolos e acordos firmados, propor projetos de decisão ao Conselho e tomar medidas necessárias ao cumprimento do mesmo.

O Tratado de Assunção institui ainda, onze subgrupos técnicos dos quatro Países para estudar as medidas a serem tomadas nos setores respectivos, visando assegurar a consecução dos objetivos e permitir o bom funcionamento do Mercado Comum. Na ordem, foram criados os seguintes subgrupos, de um a onze: Assuntos Comerciais; Assuntos Aduaneiros; Normas Técnicas; Política Fiscal e Monetária; Transporte Terrestre; Transporte Marítimo; Política Agrícola; Política Industrial e Tecnológica; Política Agrícola; Política Energética; Coordenação de Políticas Macroeconômicas; e Relações Trabalhistas de Emprego e de Seguridade Social.

Assim, por exemplo, no âmbito do subgrupo 1, as delegações começam assumindo o compromisso de comunicar todas as medidas não tarifárias que possam constituir barreiras ao comércio regional e partem para a harmonização da nomenclatura aduaneira; no subgrupo 2, cria-se uma equipe especial para traçar um plano de implantação de aduanas integradas.

Avanço significativo é constatado com a assinatura do Protocolo de Ouro Preto, que adapta a estrutura do MERCOSUL ao seu próprio crescimento e evolução. Além do Conselho e do Grupo do Mercado Comum, já avaliados, surgem a Comissão do Comércio do MERCOSUL, a Comissão Parlamentar Conjunta, o Foro Consultivo Econômico Social, e a Secretaria Administrativa do MERCOSUL. Após o Protocolo de Ouro Preto, além das tarefas originais o Grupo do Mercado Comum passa a criar, modificar ou extinguir subgrupos de trabalho e órgãos, negociar e assinar acordos com terceiros países e organizações internacionais. O Protocolo de Brasília para a Solução de Controvérsias estabelece a intervenção do Grupo, quando Estados-Membros não lograrem resolver uma controvérsia, cabendo-lhe pôr fim às diferenças.

Os novos órgãos criados, cada qual com funções definidas e da maior importância, buscam ampliar o campo de ação e dar praticidade às ações decisórias do MERCOSUL. Assim, as Secretarias Administrativas, que atendia ao Grupo do Mercado Comum, especificamente, passam a prestar serviços a todos os demais órgãos, cabendo-lhes executar o arquivo da documentação do MERCOSUL, publicar e difundir decisões e resoluções, laudos arbitrais de decisões de controvérsia e outros atos do Conselho ou Grupo e traduzir para os idiomas espanhol e português todas as decisões dos órgãos com capacidade decisória, dentre outros. O Protocolo de Ouro Preto avança ainda, no processo ao atribuir ao MERCOSUL personalidade jurídica de Direito Internacional, podendo, assim, no uso de suas atribuições, praticar os atos necessários à realização de objetivos, em especial alienar bens móveis e imóveis, comparecer em juízo, conservar fundos e fazer transferências. Os Estados- Membros obrigam-se a dar cumprimento em seus territórios, das normas emanadas dos 3 órgãos com capacidade decisória: o Conselho, o Grupo e a Comissão de Comércio, todos do Mercado Comum, após a aprovação. Para a tomada de decisões o Protocolo mantém a regra do consenso e da obrigatoriedade da presença de todas as Partes.

A implantação do MERCOSUL, como espaço econômico comum entre os signatários, que implica a neutralidade das fronteiras políticas com relação aos custos das operações econômicas, sem proteção dos governos, foi desencadeada. Em última análise, este fato consiste em transpor ao nível internacional a concorrência existente no nível interno. É sabido que os resultados não podem ser imediatos e a exposição súbita da economia a outros países não depende apenas de regulação do mercado, mas também de políticas macroeconômicas, condições eqüitativas, reciprocidade e equilíbrio. Surgem resistências isoladas, naturais em tais processos, porém há consenso sobre os resultados positivos da integração econômica. A formação de um bloco coeso, com maiores possibilidades de inserção no mercado mundial, além da auto-suficiência nacional e regional, persegue mecanismos de estímulo à produção complementar e às exportações para terceiros países. A queda de barreiras comerciais e a abertura do mercado, se, por um lado, ampliam as vantagens ao consumidor, via qualidade, variedade e preço, por outro, ameaçam monopólios de certos segmentos tradicionais, impedindo-os de cobrar preços injustificáveis.

A consolidação do Mercado Comum, nos quatro Países, tende a fazer com que o estado reduza o gigantismo que o caracterizou no passado, para exercer com maior eficiência as funções de coordenação e controle de metas de longo prazo e o apoio à iniciativa privada, para adaptar-se às novas realidades de um mercado integrado. Os desafios a serem superados, longe de trazer desânimo, foram motivo de aproximação, criatividade e diálogo. As metas globais demandam grande trabalho nas diversas áreas de integração.

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