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Os dados demográficos são elementos essenciais para compreender as características da amostra analisada, tornando-se necessários para apreender melhor os resultados obtidos. Dito isso, serão discutidos as características demográficas dos participantes da pesquisa, com o intuito de expor quais os tipos de demografias foram cobertos com este estudo, comprovando a validade da pesquisa para um grupo heterogêneo de pessoas com deficiência visual.

A maioria dos participantes desta pesquisa tinha entre 18 e 40 anos de idade, valor correspondente a 70,1% dos entrevistados. Esta afirmação é confirmada pelo fato de as pessoas nessa faixa etária terem mais contato com TICs do que pessoas com idades mais elevadas. Tal constatação pode ser verificada também na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD, haja vista que nesta pesquisa constatou-se que o número de usuários de

Internet no Brasil é inversamente proporcional ao aumento da faixa etária (IBGE, 2018).

Como todos os participantes desta pesquisa fazem uso da Internet, conforme é apresentado na Tabela 3, era esperado que a maioria dos respondentes fosse pessoas nessa faixa etária.

Além do mais, é possível inferir que existe relação do uso de Internet com o nível de instrução das pessoas com deficiência visual que participaram deste estudo, pois 52,71% dos participantes declararam ter ensino superior completo e 89,92% afirmaram ter ao menos ensino médio completo. Esses dados confirmam a tendência de que o nível de instrução é uma característica que também impacta a decisão de usar de Internet, e, por sua vez, a intenção de uso de serviços de e-Gov. Essa afirmação coaduna com os dados expostos no PNAD do ano de 2017 pelo IBGE (2018), em que foi evidenciado que o número de cidadãos brasileiros que usam Internet é mais elevado para aqueles com nível mais alto. Dessa forma, o nível de escolaridade alto e idade na faixa de 18 a 40 anos são fortes indicadores para que uma pessoa seja usuária de Internet, bem como usuários de sistemas de e-Gov.

No Censo Demográfico do ano de 2010 também foi exposto que o número de mulheres com deficiência visual alfabetizadas é superior ao número de homens com deficiência visual alfabetizados. No entanto, a maioria dos participantes desta pesquisa eram pessoas do sexo masculino, ou seja, 59,% dos respondentes, contrapondo também os resultados apresentados pelo IBGE (2018), em que o número mulheres brasileiras que usam

Internet é superior ao número de homens brasileiros que usam Internet. Dessa forma, não é

possível inferir sobre a relação entre o uso de serviços de e-Gov e o tipo de sexo das pessoas com deficiência visual.

A maioria dos participantes da pesquisa, cerca de 82,95%, declarou ter habilidade entre média e alta para usar Internet, sendo que mais de 30,23% deles declararam ter habilidade alta para usar Internet. Esse nível de habilidade satisfatória pode ser uma tendência entre as pessoas com deficiência visual que usam Internet, pois existem muitas barreiras que podem dificultar o uso de serviços eletrônicos na Internet. Assim, é possível que as pessoas com deficiência visual sejam obrigadas a aprimorar suas habilidades para conseguir atingir seus objetivos. Contudo, verifica-se também que as pessoas que não conseguem usar a

Internet deixam de usar os serviços eletrônicos na Internet, justificando o motivo de haver

uma grande proporção de pessoas com habilidade média ou alta no espaço amostral daquelas que navegam constantemente na Internet. Vale ressaltar que a amostra deste estudo foi composta de pessoas com alguma habilidade para uso da Internet. A validação empírica do modelo mensuração exige que o método da amostragem inclua opinião de pessoas com deficiência visual que possuem experiências de navegação na Internet. Pessoas sem experiência ou habilidade para uso da Internet podem expressar opiniões que não expressem a real influência sobre a aceitação e intenção de uso do serviço de e-Gov.

Dos respondentes que informaram o valor da renda familiar, cerca de 67,33% declararam que suas famílias possuem rendimento mensal de até R$ 3.000,00. Vale ressaltar que nessa amostra foram incluídas também pessoas com deficiência visual que moram desacompanhadas. Isso indica, a nosso ver, que as famílias compostas por pessoas com deficiência visual, em sua maioria, não possuem orçamento elevado para custear produtos e serviços para manutenção de necessidades de suas famílias. Essa afirmação é um reflexo do Brasil, pois, nos dados levantados pelo IBGE (2010), foi exposto que grande parte das pessoas com deficiência visual possui rendimento financeiro inferior a 3 salários mínimos. O provimento de serviços de e-Gov também pode contribuir para a redução de gastos com deslocamentos e otimizar o tempo das pessoas para que elas possam exercer outras atividades.

Apesar de o smartphone ser o instrumento preferido para conectar com a Internet, em relação à amostra analisada, o notebook também foi citado pelos participantes como um tipo de equipamento bastante utilizado por eles. Esse resultado elucida a necessidade de investigar o motivo de as pessoas com deficiência visual preferirem determinados equipamentos em detrimentos de outros, como o smartphone e notebook.

Cerca de 82,95% das pessoas que participaram desta pesquisa já fizeram uso de serviços de e-Gov, não necessariamente o site da Receita Federal. Esses usuários necessitam de que serviços de e-Gov, como o site da Receita Federal, sejam acessíveis e compatíveis com diferentes dispositivos, como smartphones, computador desktop e tablets. Nem todos os participantes fazem uso de vários tipos de dispositivos, devido ao poder aquisitivo e preferência pessoais que podem interferir na escolha dos dispositivos. Por fim, constatou-se que a maioria dos respondentes estava concentrada na Região Sudeste; somente o Estado do Amazonas e Espírito Santo não tiveram nenhum participante na pesquisa. Pode-se inferir que as pessoas de todas as regiões estão conectadas e demonstraram interesse em participar desta pesquisa.

5.2 Identificação de fatores que podem interferir na aceitação e intenção de uso de