3. ESTUDO DE CASO
3.3 RESULTADOS E ANÁLISES
3.3.2 Questões sobre Trabalho em Altura
Para analisar o conhecimento das empresas sobre trabalho em altura foram realizadas algumas questões de cunho mais específico. A Tabela 6 apresenta as respostas sobre quando ocorre o trabalho em altura.
Tabela 6 – A partir de quantos metros considera-se trabalho em altura na construção civil?
Empresa Um metro Dois metros Três metros
Empresa 1 x
Empresa 2 x
Empresa 3 x
Empresa 4 x
Fonte: elaborado pelos autores, 2020.
Com as respostas obtidas podemos perceber que a maioria das empresas têm o entendimento de que para a construção civil segundo a NR 35 já é considerado trabalho em altura a partir de dois metros.
Entre as empresas entrevistadas pode-se verificar que todas promovem algum programa para capacitação dos seus trabalhadores para que estejam aptos a realizar trabalhos em altura. O programa em comum entre elas é a NR 35, conforme observa-se nas respostas demonstradas na tabela 7. Também foi possível averiguar que todas possuem os certificados de treinamento dos seus funcionários e que é comum as empresas contratarem treinamentos de empresas especializadas para realização dos programas para capacitação.
Tabela 7 – Capacitação dos funcionários para o trabalho em altura
Sim Não Não sabe
responder Caso sim, qual é o programa/como foi obtido o certificado? A empresa promove algum programa para capacitação dos trabalhadores para a realização de trabalho em altura?
Empresa 1 x NR 35, curso de resgate em altura,
capacitação de procedimentos para trabalho em altura.
Empresa 2 x NR35 e NR7
Empresa 3 x NR 35
Empresa 4 x NR 35
Empresa 5 x NR 35
A empresa possuí certificado de treinamento dos seus funcionários?
Empresa 1 x Treinamento realizado pela empresa
Empresa 2 x Treinamentos realizados por empresa
terceirizada especializada conforme necessidade
Empresa 3 x Cursos e treinamentos fornecidos pela empresa
Empresa 4 x Treinamentos realizados por empresa
especializada terceirizada
Empresa 5 x Treinamentos realizados por empresa
especializada terceirizada Fonte: elaborado pelos autores, 2020.
Abordando mais o Anexos I - Acesso por cordas e Anexo II – Sistemas de ancoragem, as empresas foram questionadas sobre a utilização dos mesmos e suas respostas estão expostas na tabela 8.
Tabela 8 – Acesso por cordas e sistemas de ancoragem
Sim Não Não sabe responder
Caso sim, os EPI’s foram inspecionados quando adquiridos à fim de verificar possíveis defeitos? Com qual frequência é a realizada a
inspeção? A empresa trabalha com sistema de ancoragem?
Empresa 1 x Sim
Empresa 2 x Não
Empresa 3 x Sim
Empresa 4 x Sim
Empresa 5 x Sim
A empresa realiza trabalho em altura por acesso por cordas?
Empresa 1 x -
Empresa 2 x Não
Empresa 3 x Sim
Empresa 4 x -
Empresa 5 x Sim
A empresa realiza a inspeção e conservação dos equipamentos de proteção individual para trabalho em altura?
Empresa 1 x Mensal
Empresa 2 x Não soube responder (realizado por
empresa terceirizada)
Empresa 3 x A engenheira de segurança se certifica que todos equipamentos estão dentro
do prazo de validade
Empresa 4 x Mensal
Empresa 5 x Não soube responder
Fonte: elaborado pelos autores, 2020.
Pode-se verificar com as respostas obtidas que todas as empresas trabalham com sistema de ancoragem e três delas com acesso por cordas também, porém nem todas estão de
acordo com a NR 35 a qual específica no Anexo I, item “3.3 Os equipamentos e cordas devem ser inspecionados nas seguintes situações: a) antes da sua utilização; b) periodicamente, com periodicidade mínima de seis meses”. Também vale ressaltar que a norma pede ainda no Anexo I que “Em função do tipo de utilização ou exposição a agentes agressivos, o intervalo entre as inspeções deve ser reduzi, e conforme o Anexo II sobre sistemas de ancoragem “Os sistemas de ancoragem devem: a) ser instalados por trabalhadores capacitados; b) ser submetidos à inspeção inicial e periódica.”
Durante a entrevista a uma das empresas foi possível averiguar alguns equipamentos para trabalho em altura e registrar através de imagens exemplos dos acessos por cordas e pontos de ancoragem nessa obra em questão, ressalta-se no entanto, que apesar de não ser possível verificar nas imagens, a norma recomenda que durante a execução de trabalhos em altura o trabalhador esteja conectado a pelo menos duas cordas em pontos de ancoragem independentes.
Figura 1 – Sistema de ancoragem
Figura 2 – Acesso por cordas
Fonte: O Autor (2020)
A fim de saber sobre o histórico de possíveis incidentes relacionados a trabalho em altura as empresas responderam a seguinte questão:
Tabela 9 – A empresa já teve registro de algum acidente relacionado a trabalho em altura?
Empresa Sim Não Não sabe
responder
Caso sim, qual a possível causa?
Empresa 1 x Talabarte preso em peça solta
Empresa 2 X -
Empresa 3 X -
Empresa 4 X -
Empresa 5 x Dois acidentes (um por vento forte e outro por desequilíbrio), ambos ficaram pendurados pelo cinto de
segurança Fonte: elaborado pelos autores, 2020.
As empresas que já tiveram registro de acidentes relataram o que aconteceu, apesar de não saberem ao certo como e qual foi a causa exata dos acidentes.
De acordo com o Anexo II da NR 35 o sistema de ancoragem deve ter um procedimento operacional no qual o mesmo deve a) contemplar a montagem, manutenção, alteração, mudança de local e desmontagem; b) ser elaborado por profissional qualificado
em segurança do trabalho, considerando os requisitos do projeto, quando aplicável, e as instruções dos fabricantes. Para verificar se as empresas possuem algum procedimento em geral para os trabalhos em altura as mesmas responderam a seguinte demonstrada a seguir na tabela 10.
Tabela 10 – A empresa possuí algum procedimento operacional para as atividades rotineiras de trabalho em altura?
Empresa Sim Não Não sabe
responder
Caso sim, qual o procedimento?
Empresa 1 x Procedimento de montagem de
estruturas, montagem de acessórios e execução de travessia aérea.
Empresa 2 x -
Empresa 3 x A engenheira de segurança verifica qualquer trabalho em altura, como montagem de andaimes.
Empresa 4 x Fiscalizar o uso adequado dos EPI’s e EPC’s com o objetivo de evitar ao máximo acidentes decorrentes de trabalhos em altura.
Empresa 5 x Os funcionários recebem um
procedimento operacional com análise de risco, o qual contém orientações a serem seguidas antes de iniciar atividades no andaime, juntamente com um checklist que deve ser preenchido antes de iniciar os serviços diários na obra.
Fonte: elaborado pelos autores, 2020.
Com as respostas obtidas foi possível averiguar que mesmo com as recomendações da norma algumas das empresas ainda não possuem procedimentos operacionais específicos para trabalho em altura para seus funcionários.
Conforme o Anexo I da NR 35 o item resgate especifica que a equipe de trabalho deve ser capacitada para autorresgate e resgate da própria equipe, além de que cada frente de trabalho deve haver um plano de resgate dos trabalhadores. De acordo com o questionário aplicado nem todas as empresas possuem de fato um plano de resgate, conforme respondido na questão a seguir:
Tabela 11 – A empresa possuí alguma conduta para emergências, como técnicas de resgate ou primeiros socorros?
Empresa Sim Não Não sabe
responder
Caso sim, qual a conduta?
Empresa 1 x Temos o PAE (Plano de Atendimento
Emergencial) e Brigada de voluntários, com plano de atendimento.
Empresa 2 x O funcionário que trabalha em espaço
confinado possui o curso de socorrista.
Empresa 3 x -
Empresa 4 x -
Empresa 5 x Avisar o mestre de obras.
Fonte: elaborado pelos autores, 2020.
A norma especifica que para o trabalhador estar autorizado a realizar trabalhos em altura ele deve ter o estado de saúdo avaliado, tendo sido considerado apto para executar essa atividade e que possua anuência formal da empresa. Também ressalta-se que cabe ao empregador avaliar o estado de saúde dos seus trabalhadores que exerçam atividades em altura, e a aptidão para o trabalho deve estar consignada no atestado de saúde ocupacional do trabalhador. Neste caso todas as empresas entrevistadas realizaram a avaliação de seus funcionários praticantes de atividades em altura, conforme as questões respondidas abaixo:
Tabela 12 – Os funcionários que exercem atividades em altura da empresa foram avaliados quanto ao seu estado de saúde?
Empresa Sim Não Não sabe
responder
Caso sim, como foi realizada essa avaliação?
Empresa 1 x Feito checklist diário, aferição de
pressão arterial.
Empresa 2 x Feito por uma empresa terceirizada os exames periódicos em todos os
funcionários.
Empresa 3 x Empresa terceirizada.
Empresa 4 x É realizado sempre na contratação de novo funcionário exame para verificar se este está apto ou não ao serviço que
está sendo contratado.
Empresa 5 x Os funcionários fazem hemograma,
glicemia, eletrocardiograma, psicossocial e acuidade visual. Fonte: elaborado pelos autores, 2020.
Por fim as empresas foram questionadas sobre a implementação da NR 35, se sofreram alguma dificuldade com a implementação da norma, e se haviam alguma opinião sobre a importância da mesma. Das 5 empresas entrevistadas, apenas uma delas relatou dificuldades com a implementação da norma devido aos custos e dificuldade de capacitação dos funcionários.
Tabela 13 – Comentários da importância e as dificuldades de implantação da NR 35 A empresa teve alguma dificuldade na implementação da NR-35?
Empresa Sim Não Não sabe
responder Caso sim, quais foram as dificuldades?
Empresa 1 x
Empresa 2 x
Empresa 3 x
Empresa 4 x
Empresa 5 x Custos e capacitação
Empresa Deixe aqui sua opinião sobre a importância da NR 35 e as dificuldades de implantação da mesma em trabalho em altura
Empresa 1 A capacitação é sempre importante, mitigar os riscos e antecipar possíveis causas de acidentes. Não há dificuldade de implementação. Empresa 2 Maior dificuldade é na própria obra, onde as vezes não tem estrutura para
fazer a própria ancoragem.
Empresa 3 A empresa já está bem habituada com a NR 35. Empresa 4 Implementação burocrática, uma vez na obra a rotatividade de
funcionários é grande, outro problema é quando se opta por contratar terceiro para realizar atividades específicas e exigir dos mesmos a NR é
um determinante para contratação ou não deste.
Empresa 5 As dificuldades foram os custos com equipamentos e capacitação, mudar a mentalidade dos funcionários e fazê-los perceber a importância dos equipamentos - demorou até que eles parassem de arrumar desculpas para
não utilizar os equipamentos. Outra dificuldade no início da implantação os equipamentos não tinham uma boa qualidade.
Fonte: elaborado pelos autores, 2020.