• Nenhum resultado encontrado

Capítulo III – Apresentação dos resultados

4. Questionário final

Aproximadamente duas semanas após a saída de campo, foi entregue aos alunos o QF com o principal objetivo de verificar qual o impacto que a realização desta atividade teve nos alunos. No que se refere ao nível dos conteúdos, o QF era igual ao QI, excetuando as questões 1, 12 e 13. Este questionário é o nosso principal instrumento de recolha de dados, pois permite verificar se com esta aula de campo houve, ou não, uma evolução por parte dos alunos. Ao acontecer essa evolução, ela iria estar refletida na melhoria substancial dos resultados referente ao QI

A aplicação deste questionário duas semanas após a saída, foi com o objetivo de verificar se os alunos realmente tinham retido algumas aprendizagens adquiridas durante a mesma. Sendo assim, optamos por dar um espaço de tempo que permitisse aos alunos refletirem mais calmamente sobre a saída de campo.

Este QF foi respondido por 38 alunos e tal como no QI, foi elaborada uma grelha (Anexo 10) onde constam os resultados discriminados de cada aluno para facilitar a sua leitura. Tal como aconteceu na entrega do QI, foi referido novamente aos alunos que este questionário não contaria para a nota, pelo que não interessava que algumas respostas fossem copiadas. Foi esclarecido também que caso não soubessem responder a alguma questão para deixar em branco, pois seria muito mais interessante e fiável para o estudo em questão.

Tal como referi anteriormente, este questionário era exatamente igual ao QI, exceptuando as questões 1, 12 e 13. Na primeira questão, os alunos foram confrontados com o seguinte: Alguma vez tinhas efetuado aula de campo? O resultado acaba por ser bastante interessante e permite retirar algumas reflexões. A seguinte tabela demonstra o resultado desta questão.

Tabela nº8: Resultados à questão 1 do QF

Dos 38 alunos inquiridos, 63

% (24 alunos) nunca tinha efetuado

uma aula de campo, sendo apenas 37% (14 alunos) o tinham realizado. Este resultado acaba por nos dar dados interessantes, pois reflete um pouco o que se passa em todas as escolas. Se analisarmos que estes alunos possuem as disciplinas de História e Geografia separadamente desde o 7º ano, e cerca de 63% nunca tinha efetuada uma aula de campo, dá para elaborar algumas questões interessantes.

Desde logo, podemos elaborar a seguinte questão:

Que tipo de ensino se pratica em História e Geografia nas escolas portuguesas?

Esta pergunta acaba por ser pertinente e de grande reflexão, pois na nossa opinião o tipo de ensino que se pratica acaba por se refletir nestes resultado. Analisando a minha experiência particular enquanto aluno, e tendo frequentado a disciplina de História desde o 7º ano até ao 12º e a de Geografia desde o 7º até ao 11º, durante estes seis anos somente fiz uma aula de campo em Geografia no 11º. Resumidamente, durante os seis anos em que frequentei a disciplina de História, nunca efetuei qualquer aula de campo, sendo que em Geografia onde o trabalho de campo é considerado fundamental, apenas realizei uma aula em cinco anos.

Se na disciplina de História se compreende que haja pouco trabalho de campo porque foi sempre associada à teoria, em que os programas são muito extensos e as aulas muito expositivas, no que diz respeito à Geografia acaba por ser mais difícil a sua explicação. Se Geografia deveria ser associada à prática, através da observação e análise do espaço, é cada vez mais associada pelos alunos a uma disciplina teórica.

Com este estudo, pretendemos demostrar como a prática acaba por ser fundamental não só em Geografia, como também na disciplina de História.

Sim Não

Após esta pequena reflexão, é importante também referir quais os principais motivos para que atualmente o ensino de História e Geografia seja efetuado desta maneira. Será culpa dos professores, das escolas, dos programas, nas poucas horas letivas das disciplinas?

Com a minha experiência no ensino durante este ano, posso afirmar que acaba por ser um pouco todos estes fatores. No que respeita aos professores, o facto de cada vez mais verificarmos que os corpos docentes das escolas estão cada vez mais envelhecidos, pode ser um fator. Para além deste facto, tal como referimos anteriormente, o professor é cada vez mais confrontado com um maior número de exigências, o que acaba por provocar uma menor disponibilidade para planificar este tipo de atividades. No que se refere às escolas, podemos verificar que muitas delas não têm tanta disponibilidade ou interesse em participar e ajudar nestas atividades. Por fim, temos a extensão dos programas em História e Geografia quer no Ensino Básico e Secundário que são alvo de muitas críticas dos professores. O facto de serem programas muito alargados, e o número de horas letivas das disciplinas serem reduzidas, acaba por ser difícil para um professor conciliar a teoria com a prática.

Estas são algumas reflexões que no nosso entender são necessárias serem discutidas com o objetivo de melhorar e diversificar o ensino de História e Geografia.

No que diz respeito à análise do QF, elaboramos uma tabela que nos permite verificar a evolução que os alunos tiveram nas diferentes questões presentes no questionário.

Tabela nº9: Percentagem de sucesso obtida pelos alunos nas questões respondidas no QI E QF

Os critérios de correção utilizados foram iguais aos do QI, ou seja, 2 pontos para as respostas corretas, 1 ponto para as repostas incompletas, 0 pontos para as respostas erradas e N/R para as não respondidas.

Numa análise geral, podemos verificar que os resultados são bastante satisfatórios e que corresponderam positivamente às nossas expectativas. Se no QI apenas quatro questões superaram os 50% de sucesso, no QF apenas duas questões não superaram esse objetivo. Podemos verificar uma evolução bastante positiva em todas as questões, excetuando a questão número 7, na qual os alunos obtiveram resultados piores do que no primeiro questionário.

Analisando um pouco a evolução dos acontecimentos, podemos desde logo verificar a evolução no que diz respeito ao saber localizar corretamente a cidade de Peso da Régua. Se no QI foi relacionado o facto de grande parte dos alunos nunca terem estado no concelho para justificar o resultado negativo, no QF podemos concluir que o facto de os alunos terem conhecido este concelho, permitiu que soubessem mais tarde o localizar corretamente. Podemos então concluir que no que diz respeito à localização houve uma evolução bastante positiva.

Ao constatar os dados, podemos verificar que duas questões tiveram uma grande evolução entre o antes e o depois da saída de campo. As questões 3 e 4, relacionadas com a história da região tiveram uma grande evolução, com especial destaque para a questão 4 onde no QI nenhum aluno tinha respondido corretamente e no QF cerca de 84% já consegue identificar a ordem religiosa que se fixou no Norte de Portugal com a Reconquista Cristã. A questão 5 embora no QI tenha tido um resultado bastante positivo, podemos verificar que no QF todos os 38 alunos que realizaram o mesmo, souberam identificar corretamente o tratado que Portugal

Questão

2

3

4

5

5.1

6

7

8

9

10

11

QI % sucesso da tarefa

44,4

5,5

0

80,5

36,1

36,1

27,7

52,7

72,2

33,3

58,3

QF % sucesso da tarefa

65,8 60,5 84,2

100

42,1

50

21,0 86,8

100

52,6

71

assinou com a Grã-Bretanha em 1703. Porém, na questão seguinte onde se pretendia que os alunos justificassem qual a importância deste tratado, apesar de existir uma ligeira melhoria, o resultado é negativo devido ao facto de muitos destes alunos não terem respondido à pergunta.

Entre as questões 6 e 11 que estão relacionadas com a Geografia, podemos verificar uma evolução significativa em todas as questões excetuando a questão 7. As que merecem mais destaque são as questões 6 e 10, uma vez que no QI os seus resultados foram bastante negativos. Apesar das percentagens de sucesso serem relativamente mais baixas em comparação com as demais, não deixa de ser mais um exemplo de melhoria por parte dos alunos.

Relativamente às questões 8, 9 e 11, apesar de estas já terem tido uma taxa de sucesso positiva, sofreram uma evolução também bastante positiva, destacando a questão 9 onde todos os alunos reponderam corretamente.

No que diz respeito à pergunta 7 aconteceu algo curioso, os alunos obtiveram um resultado mais negativo do que no QI. O que se passou foi muito semelhante ao QI, ou seja, alguns alunos identificaram três fatores mas apenas dois estavam corretos. Sendo assim, e como se pode constatar na grelha de correção do QF, apenas 8 dos 38 alunos responderam com os três fatores corretos obtendo assim 2 pontos. Dos restantes alunos, 27 obtiveram a resposta incompleta, dois 0 pontos por terem respondido erradamente e apenas um aluno não respondeu à pergunta.

Por fim, a questão 13 tinha como o objetivo verificar se os alunos tinham sentido que tinham aprendido com esta atividade. Dos 38 inquiridos, todos responderam afirmativamente. Apesar de alguns aspetos negativos que os alunos apontaram, acabamos por verificar que todos eles aprenderam com ela, reforçando ainda mais o papel e a importância que as saídas de campo têm em História e Geografia.

Em conclusão, podemos verificar que a utilização deste questionário foi fundamental para saber a evolução que o aluno desde o antes e o depois da saída de campo. A evolução que se verificou do QI para o QF é bastante significativa, o que correspondeu aos objetivos e às expectativas geradas. Esta evolução dos conhecimentos de todos os alunos, vem reforçar as ideias que temos vindo a desenvolver ao longo do presente estudo sobre os efeitos que estas aulas têm sobre os alunos. São aulas muito mais apelativas, cativantes e os alunos encontram-se num espaço diferente e mais motivados para aprender.