f) Inspecção sobre monitorização do erro médico e acções judiciais com pedido de indemnização por deficiente assistência médica.
A presente acção inspectiva, teve por objecto a monitorização do erro médico e acções judiciais com pedido de indemnização por deficiente assistência médica, nos estabeleci‐ mentos e Serviços do Serviço Nacional de Saúde (âmbito nacional).
Destaca‐se, entre outras as seguintes conclusões:
− No domínio das acções judiciais emergentes de alegada assistência médica deficiente
nos estabelecimentos hospitalares do SNS, no triénio em análise, foram seis as especiali‐ dades médicas mais visadas, designadamente, as seguintes: Obstetrícia; Ortopedia; Cirurgia Geral; Ginecologia; Oftalmologia e Medicina Interna;
− Os montantes indemnizatórios requeridos ascendem, no seu conjunto, a mais de 29
milhões de euros,.
− Quanto à natureza jurídica dos processos em causa é largamente maioritária a vertente
jurídico‐administrativa (92 em 155);
− No que tange à existência de seguros de responsabilidade profissional celebrados pelos
estabelecimentos, enquanto beneficiários institucionais, no período em apreço, só um número reduzido – 7.58% ‐ declarou ter celebrado contratos desta natureza;
− Noutra vertente ‐ número de médicos que, a título individual, possuía seguros daquela
natureza ‐ só 21 estabelecimentos responderam, pelo que os dados são insuficientes para atingir conclusões sedimentadas;
71% 29%
− Relativamente à existência de sistemas de gestão de risco e segurança do doente, o inquérito dirigido aos estabelecimentos permitiu constatar que em 64 entidades avalia‐ das, 51 afirmaram possuir o sistema de triagem no SU, maioritariamente o sistema “Manchester”;
− Ainda sobre a mesma temática, a maioria dos estabelecimentos avaliados (53,13%),
assumiu não ter protocolos escritos de prevenção de erro médico; − Finalmente uma maioria significativa dos estabelecimentos avaliados (73,44%), declarou não possuir sistemas informatizados de alerta e prevenção de riscos. g) Inspecção ao funcionamento das Comissões de Controlo da Infecção nos estabelecimentos hospitalares públicos e privados
Esta intervenção teve por objecto efectuar uma avaliação sobre a implementação e cumpri‐ mento das disposições da Circular Normativa n.º 18/DSQC/DSC, de 15/10/2007, da Direcção‐ Geral da Saúde, que veio determinar a constituição/operacionalização das Comissões de Con‐ trolo de Infecção (CCI) em todas as unidades de saúde públicas e privadas, dotadas dos recur‐ sos humanos e logísticos necessários ao cumprimento das vertentes essenciais de um Plano Operacional de Prevenção e Controlo de Infecção.
Apresenta‐se, em síntese, as seguintes conclusões:
− No que se refere à composição e funcionamento da Comissão de Controlo de Infec‐
ção (CCI), nos estabelecimentos hospitalares integrados no SNS, em 68 das institui‐ ções (97,14%), encontrava‐se organizada e em funcionamento a respectiva CCI, regis‐ tando‐se apenas 2 instituições em que tal não acontecia; − No sector privado, 12 (75%) dos estabelecimentos inquiridos afirmaram terem a res‐ pectiva CCI organizada e em funcionamento, em conformidade com o estatuído pela Circular Normativa referenciada; − Quanto ao funcionamento das CCI nos estabelecimentos hospitalares do SNS, 58 ins‐
tituições (85,29%) afirmaram terem as suas CCI implementado políticas e procedi‐ mentos de prevenção e controlo de infecção, procedendo à sua monitorização atra‐ vés de auditorias periódicas, enquanto 10 instituições (14,71%) se pronunciaram pela não implementação;
− No sector privado, 10 (62,50%) entidades afirmaram que as respectivas CCI têm
implementadas políticas e procedimentos de prevenção e controlo de infecção, pro‐ cedendo à sua monitorização através de auditorias periódicas, enquanto que 4 (25%) instituições deram uma resposta negativa a esta questão e 2 estabelecimentos não assinalaram qualquer resposta;
− No âmbito do SNS, 55 (80,88%) entidades responderam que as respectivas CCI pro‐
cedem a vigilância epidemiológica segundo os padrões preconizados pelo PNCI, enquanto que 12 (17,65%) responderam que essa vigilância não é efectuada;
− No que se refere ao sector privado, 8 das entidades auditadas (50%), responderam
que as respectivas CCI não procedem a vigilância epidemiológica (VE) de acordo com os programas preconizados pelo PNCI; enquanto que outras 6 (37,50%) vieram referir proceder a essa vigilância epidemiológica e 2 não assinalaram qualquer resposta a esta questão;
− Quanto às atribuições das CCI, relativamente às instituições hospitalares do SNS, 59
aprovisionamento na definição das características do material clínico e não clínico, com reflexos no controlo e prevenção das Infecções Associadas aos Cuidados de Saúde, enquanto que 9 (13,24%) entidades responderam não existir a colaboração referida;
− No âmbito das instituições hospitalares do SNS, em 47 estabelecimentos (69,12%) a CCI
participa no planeamento e acompanhamento da execução de obras tendo em vista a prevenção da infecção hospitalar, enquanto que em 21 instituições (30,88%) tal não acontece;
− Em 46 (67,65%) das entidades do SNS avaliadas verifica‐se a participação e apoio das CCI
nos programas de investigação relacionados com as Infecções Associadas aos Cuidados de Saúde, a nível nacional e internacional, enquanto que o mesmo não sucede em 22 instituições (32,35%);
− No que se refere ao sector privado da saúde, 6 entidades inquiridas (37,50%) vieram
referir a participação e o apoio das respectivas CCI nos programas de investigação rela‐ cionados com as Infecções Associadas aos Cuidados de Saúde, enquanto que outras 9 (56,25%) responderam negativamente. h) Inspecção Temática sobre Planos de Emergência em instituições hospitalares, para fazer face a situações de catástrofe (Follow‐up) A acção referenciada constitui o “follow‐up” de uma Inspecção Temática realizada em 2007 que teve por objecto avaliar a existência, nos estabelecimentos hospitalares e serviços do SNS, de Planos de Emergência implementados, para fazer face a situações de catástrofe e, bem assim, verificar a capacidade, prontidão e adequação desses Planos. A referida acção abrangeu inicialmente 43 instituições que, de acordo com os dados obtidos anteriormente, não dispunham de Plano de Prevenção e Combate a Incêndio (Plano de Emergência Interno), das quais 4 não responderam ao questionário elaborado pela IGAS.
Destaca‐se, entre outras, as seguintes conclusões:
− Dos 39 estabelecimentos hospitalares, integrados no SNS, que responderam ao questio‐
nário, 18 (46,15%), procederam à elaboração do Plano de Prevenção e Combate a Incêndio (plano de emergência interno), registando‐se 21 (53,85%) que não deram cum‐ primento ao recomendado pela IGAS; − No mesmo universo, 25 entidades (64,10%) afirmaram ter procedido à nomeação de um responsável pela segurança contra incêndio, enquanto 14 (35,90%) responderam nega‐ tivamente à questão colocada; − Apenas 6 instituições (15,38%), das 39 avaliadas, informaram ter o seu Plano de Emer‐ gência Interno aprovado pelo Serviço Nacional de Bombeiros ou Autoridade Nacional de Protecção Civil, enquanto que as restantes 33 instituições (84,62%) referiram não ter o Plano aprovado, não tendo, assim, sido dado cumprimento ao legalmente estipulado no n.º 2 do artigo 4º, do n.º 1 do artigo 16º e do n.º 1 do artigo 18º da Portaria n.º 1275/2002, de 19 de Setembro;
− No que se refere à questão de serem efectuadas, pelos bombeiros, vistorias aos estabe‐
lecimentos hospitalares, foi possível apurar que, das 39 instituições que responderam ao questionário, 12 (30,77%) têm sido alvo de vistorias, enquanto que nas restantes 27 (69,23%) tal não aconteceu;
− Das 39 respostas recebidas resulta que somente 4 instituições (10,26%) realizaram ou realizam este tipo de exercício para teste dos seus Planos de Emergência Interna, enquanto que as restantes 35 instituições (89,74%) se pronunciaram no sentido da não realização de simulacros.
− Os organismos inspeccionados foram sensibilizados para a necessidade de dar cumpri‐
mento integral ao novo regime jurídico da segurança contra incêndios em edifícios (SCIE), regulado pelo Decreto‐Lei n.º 220/2008, de 12 de Novembro, em vigor desde 1/1/2009.
i) Controlo da circulação de utentes e visitantes nos hospitais que disponham de Serviços de Obstetrícia e Neonatologia (sequência de follow‐up)
A realização da referida acção insere‐se no âmbito das acções de carácter pedagógico ‐ preventivo levadas a cabo pela IGAS com vista ao incremento das medidas de segurança a nível das instituições, e que têm resultado numa melhoria global das condições existentes. Das cinco instituições visitadas, todas elas dispunham, com especial incidência nos Serviços de Pediatria e Obstetrícia, de sistemas e procedimentos de segurança instalados, tendo em vista a prevenção de eventuais situações de rapto de crianças e recém‐nascidos, nomeadamente con‐ trolo do acesso das visitas e sistemas de videovigilância ligados a Centrais de Segurança, com monitorização contínua.
À excepção de uma instituição, as restantes quatro instituições tinham em funcionamento o sistema de pulseira electrónica colocada nas crianças e recém‐nascidos, com bloqueio de aber‐ tura de portas e accionamento de sinal sonoro sempre que a pulseira, que não tenha sido desactivada e o seu portador, ultrapassam uma zona previamente determinada.
Constatou‐se, ainda, que no Serviço de Pediatria de uma das instituições inspeccionadas não se encontrava activo o sistema de pulseira electrónica, com a consequente diminuição das condi‐ ções de segurança das crianças ali internadas, tendo sido recomendada a correcção da referida deficiência.
Em 2 das 4 instituições, no momento da atribuição das senhas de visita, não era solicitada qualquer identificação pessoal ao visitante nem registo da mesma.
Finalmente, a IGAS colaborou activamente nos trabalhos que antecederam a elaboração e publicação do despacho n.º 20730/2008 da Ministra da Saúde, publicado no DR, 2.ª Série, n.º 152 de 7/8/2008, que definiu os procedimentos e meios a adoptar de forma integrada, em todos os estabelecimentos hospitalares do SNS, no âmbito do controlo e segurança dos uten‐ tes e visitantes, em geral, e das parturientes, recém‐nascidos e crianças, em particular.
j) Avaliação das medidas adoptadas, na sequência das novas normas sobre o tabaco, por prestadores de cuidados de saúde, públicos e privados – articulação com a DGS A acção que visou identificar e avaliar as medidas adoptadas na sequência da entrada em vigor da Lei n.º 37/2007, de 14 de Agosto, por comparação com a realidade existente anteriormente, foi realizada por uma inspectora com o apoio técnico da DSIP.
Destaca‐se as seguintes conclusões, entre outras:
− Cerca de 28% a 30% do total dos CS asseguraram consultas de desabituação e/ou cessa‐
ção tabágica, em 2007, e após a entrada em vigor da nova Lei do Tabaco, e ainda no decurso do 1.º semestre de 2008, o número de CS que se disponibilizou para as assegu‐ rar aumentou para 151 (44% do universo referenciado);