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4 DOS ASPECTOS DO JULGAMENTO DA AÇÃO

4.4 Réu não citado

Não obstante, a problemática maior deste tópico é de que quando é possível a apreensão do veículo, mas não foi possível a localização do réu e por isso não foi citado a ação não prossegue.

Por vezes, a apreensão do veículo ocorre com a realização de guincho por ter sido encontrado estacionado ou até mesmo por apreensão em razão de blitz policial. Ocorre nesses casos que o processo não pode prosseguir sem a citação do réu mesmo que o veículo tenha sido apreendido ou ainda mais, faz-se necessário o mesmo procedimento através do sistema Bacenjud, Renajud e Infojud para tentar a localização de novos endereços do réu.

Por consequência lógica, com a apreensão do veículo, o devedor deveria consentir e assim entrar em contato com a autora para se informar do procedimento, contudo, no país onde a inadimplência é costumeira, as pessoas abandonam o veículo e as dívidas.

Desta forma, a autora tem como consequência jurídica pedidos a serem realizados ao juízo para validar a citação ainda que o réu não tenha sido encontrado para conseguir a efetividade da ação por meio de sentença procedente.

4.4.1 Citação por hora certa

A citação por hora certa também uma forma de citação ficta quando não é possível realizar a citação real por meio de carta com aviso de recebimento ou a realizada por Oficial de Justiça em que o réu tem a citação pessoal e por isso tem conhecimento efetivo da ação que esta ajuizada em seu desfavor, neste caso, pelo inadimplemento da parcelas do contrato de alienação fiduciária do qual inclusive o veículo foi retomado para a posse da credora.

Esta modalidade de citação é admissível quando atendido os requisitos legais previstos no art. 252 do Código de Processo Civil que prevê que poderá ser realizada quando por 2 vezes o oficial de justiça tentar intimar e houver suspeita de ocultação do réu a fim de não receber a intimação.

O procedimento previsto nesta modalidade tem forma certa que deve ser conforme o art. 253 do Código, onde o Oficial de Justiça intimará qualquer pessoa da família ou em sua falta, o vizinho, comunicando que voltará para realizar a citação em dia e hora marcada, cujo caso esteja ausente, será citado em nome dos indicados neste artigo deixando contrafé declarando o nome do recebedor.

Dentre o procedimento, o mandado deve constar expressamente que será nomeado curador especial se houver revelia, ou seja, se não houver pronunciação no prazo legal.

Por fim, feita a citação no prazo de 10 dias da juntada do mandado que o réu foi citado por hora certa, diz o art. 254 que deverá ser enviado no prazo de 10 dias dando-lhe ciência de todo o ocorrido.

Nesta hipótese, caso ocorrido a citação por hora certa deverá prosseguir a ação com a nomeação de defensor dativo que poderá apresentar a defesa em nome da parte, sendo a autora intimada para apresentar a réplica e em seguida será proferida à sentença.

4.4.2 Citação por edital

A citação do réu não é um pressuposto do processo e sim uma condição de eficácia como ato de validade, e essa uma descrição expressa no art. 239 do Código de Processo Civil vez que é um ato realizado depois de ajuizado a ação, ou seja, após já regularizada a formação do instrumento do processo.

Deve ser a citação realizada pessoalmente em nome do réu em atenção ao art. 242 do Código de Processo Civil e desta forma é que completa a estrutura tríplice da relação jurídica pois torna a coisa litigiosa ao réu que não tinha conhecimento da ação.

Como já estudado e debatido, por diversas a situação, o réu não é citado mesmo que o veículo tenha sido apreendido o que faz com que o ato válido da ação não seja concretizado e se a sentença por proferida desta forma, padece de vicio.

Portanto, visando sanar o vício da citação do réu, o legislador previu a citação ficta do qual tem como fundamento nas citações por edital e por hora certa onde presumem que o réu foi citado mesmo sem tomar ciência da ação.

A regra do Código de Processo Civil é a citação real quando são realizadas pessoalmente ao réu por meio do correio através de carta com aviso de recebimento ou por oficial de justiça do qual lhe é entregue cópia da inicial da ação.

Neste caso, a citação por edital é admitida nos termos do art. 256 do Código de Processo Civil:

Art. 256. A citação por edital será feita: I - quando desconhecido ou incerto o citando;

II - quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar em que se encontrar o citando; III - nos casos expressos em lei.

§ 2o No caso de ser inacessível o lugar em que se encontrar o réu, a notícia de sua citação será divulgada também pelo rádio, se na comarca houver emissora de radiodifusão.

§ 3o O réu será considerado em local ignorado ou incerto se infrutíferas as tentativas de sua localização, inclusive mediante requisição pelo juízo de informações sobre seu endereço nos cadastros de órgãos públicos ou de concessionárias de serviços públicos.

Desta forma, a citação por edital é o meio pelo qual em que a pare autora poderá dar como citado o réu quando não localizado diante de diversas tentativas de citação, quando está em lugar ignorado ou incerto, bem como quando desconhecido, pondo assim validade e prosseguimento a ação com a sentença procedente após apresentado a defesa por meio de defensor dativo nomeado pelo juízo.

4.4.3 Curador Especial

As citações fictas ensejam o direito de defesa da parte independentemente de estarem pessoalmente no processo exercendo o direito constitucional garantido dos quais preservam os princípios da ampla defesa e do contraditório.

Ocorrendo as citações por edital e hora certa no curso do processo, deve ser nomeado curador especial exercendo o direito previsto no inciso II do art. 72 do Código de Processo Civil a fim de que fique devidamente representado no processo.

O curador especial no caso das citações fictas deve ser atendido pela Defensoria Pública conforme o art. 4º, inciso XVI da Lei Complementar nº 80/94 que organiza a Defensoria Pública da União, do Distrito Federal e dos Territórios e que prescreve normas gerais para a sua organização nos Estados e de outras prioridades.

As contestações nos casos de curadores especiais não seguem o entendimento convencional da impugnação especifica das alegações da inicial por desconhecerem o réu e não terem conhecimentos dos fatos da causa, é concedido o direito de impugnar as alegações por meio da negativa geral conforme descreve o parágrafo único do art. 324 do Código de Processo Civil.

Como prerrogativa, segundo o inciso I do art. 44 da Lei Complementar nº 80/94 assegura aos Defensores Públicos o prazo em dobro nos casos em que atuarem, ou seja, teoricamente os curadores especiais para apresentar a contestação utilizariam do prazo em dobro, no entanto, o Supremo Tribunal Federal entende que a prerrogativa do prazo em dobro

nos casos de intimações para cumprimento de atos judiciais quando exercentes como curadores especiais não são aplicáveis, conforme precedentes Pet. 932-SP (DJU de 14.09.1994) e AG 166.716-RS (DJU de 25.05.1995).

Assim, quando é realizada a citação ficta, deverá ser nomeado curador especial exercente taxativamente nestas hipóteses de cabimento pela Defensoria Pública que poderão apresentar a contestação como negativa geral diferente da regra geral por justamente não conhecer o réu e os fatos da ação, contudo esta prerrogativa foi limitada pelo quanto a exercer o prazo em dobro no exercício de curador especial.

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