• Nenhum resultado encontrado

5 A NÁLISE E A PRESENTAÇÃO DOS R ESULTADOS

5.2 I NDÍCIOS DE C APACIDADE D INÂMICA

5.2.1 R ECURSOS TECNOLÓGICOS UTILIZADOS

De acordo com Teece (2007, 2009), existe uma considerável evidência de que o sucesso das empresas depende da inovação organizacional e da seleção das tecnologias. Para identificar o uso das tecnologias nas corretoras, foi feita a seguinte pergunta: (Q6) Em termos de recursos tecnológicos, quais têm sido utilizados pela corretora?

Nessa categoria, o grande desafio foi realmente identificar quais tecnologias são utilizadas, pois a grande maioria dos entrevistados apontava para todos os recursos, tanto de software quanto de hardware. De acordo com as respostas encontradas, praticamente todos os entrevistados apontaram tecnologias de operacionalização, gerenciamento, monitoramento e segurança.

 Tecnologia fornecida pela BMF&BOVESPA

De uma forma geral, as corretoras usam os sistemas comuns, a maioria dos recursos é fornecida pela BM&FBOVESPA, com plataformas de negociação via internet. Entre as formas de acesso à infraestrutura tecnológica, a BM&FBOVESPA, segundo o manual de acesso à infraestrutura tecnológica da BM&FBOVEPA (BM&FBOVEPA, 2011), disponibiliza aos seus participantes quatro conexões de acesso: a RCCF, a RCB, a VPN Internet e a LAN Co- location, que possuem diferentes características, limites e formas de acesso. Também disponibiliza o Sinacor, composto por módulos que oferecem um sistema totalmente integrado, o que resulta na automação de processos, racionalização do tempo e economia de recursos, além de tratar informações on-line. Além do Acesso Direto ao Mercado (DMA), que é o acesso direto para o cliente final.

do ponto de vista de sistemas a gente trabalha com todas as plataformas, todas as soluções, o cliente escolhe. (C1).

A partir da Bolsa você tem duas redes: RCB, RCCB e tal, tudo isso fazia conexão através desses cabos de fibra ótica, tal e tudo. Aí, você tem aqui todo um CPP para os seus servidores, com as máquinas nas pontes, com várias portas de negociação que

separam institucional do varejo, vamos dizer, e cada uma acessando umas tipo portas. (C2).

A gente tem bastante coisa, a gente tem DMA4 (acesso direto ao mercado), tem co-

location na Bolsa, para os grandes clientes, os clientes institucionais, é um

superdiferencial, pois isso dá uma agilidade que poucos têm hoje em dia, o sistema está ao lado e isso garante uma velocidade de colocação de ordem, não só de colocação, mas do próprio trade muito maior, é um sistema terceirizado pela Bolsa. (C7).

Além dos recursos tecnológicos oferecidos pela Bolsa, as corretoras utilizam seu próprio Home Brokercomo recurso para seus clientes realizarem as operações.

 Home Broker

O Home Broker é um recurso tecnológico, um modelo tradicional de DMA. As ofertas enviadas pelo cliente trafegam pela infraestrutura tecnológica da corretora antes de alcançarem a plataforma de negociação GTS ou Mega Bolsa. O cliente conecta-se diretamente à infraestrutura tecnológica da corretora, e esta, à Bolsa. É um recurso utilizado por todas as corretoras, e em algumas se torna seu principal canal de operação.

Possuir o selo Home Broker identifica a corretora que possui foco nas pessoas físicas. Para o investidor utilizar esse sistema, é necessário estar cadastrado a uma corretora em que se pretende operar, a qual fornece o software do Home Broker, que, por sua vez, pode diferir de várias formas. Alguns oferecem análises gráficas, análises fundamentalistas, vídeos informativos e até mecanismos automáticos de negociação, sendo que a maioria absoluta possui cotações em tempo real de tudo que é negociado na BM&FBOVESPA e os papéis dispostos na carteira do usuário.

Tenho um muito bom Home Broker. Pelo menos ganhou aí os prêmios todos. Os selos e ganhou os prêmios. (C3).

Home Broker é sem dúvida um recurso tecnológico importante. (C5).

 Tecnologia desenvolvida internamente

O que também foi identificado é que algumas corretoras desenvolvem seus próprios recursos tecnológicos, compatíveis com suas necessidades de gestão de risco, agilidade e

compliance (conjunto de disciplinas para fazer cumprir as normas legais, regulamentares e

políticas, bem como evitar, detectar e tratar qualquer desvio ou inconformidade que possa ocorrer nas corretoras).

a gente tem uma equipe de oito profissionais totalmente dedicados ao desenvolvimento e infraestrutura de sistemas... em termos de tecnologia a gente usa serviço de ponta, igual aos bancos, só que em escala menor... estrategicamente a gente tem hoje aqui dentro dos cruciais, os principais para uma corretora, o roteamento, o Home Broker, o desktop nosso, sistema de risco, sistema de compliance... toda a parte de infraestrutura a gente tem interna, a gente ainda não terceirizou a parte de servidores... a gente utiliza todas as tecnologias de ponta de roteamento, de balanceamento, de redundância, de nuvem... do ponto de vista de sistemas a gente trabalha com todas as plataformas, todas as soluções, o cliente escolhe... telefonia é o maior gargalo das corretoras hoje, hoje tem poucas teias de telefonia no Brasil e elas estão se fundindo então o custo e o pacote negocial acaba sendo difícil, você não tem poder de barganha. (C1).

Outra coisa que a gente foca muito aqui é fazer todo o desenvolvimento interno da nossa plataforma, do Home Broker. Então, toda a ferramenta nova, tudo o que a gente coloca dentro do site de ferramenta para os clientes usarem, inovação, produto novo e tal, é tudo desenvolvido aqui dentro, porque isso dá uma agilidade, uma perfeição no negócio que é uma vantagem competitiva grande. (C6).

Algumas corretoras fazem essa opção pelo desenvolvimento interno, visando principalmente à diferenciação frente aos concorrentes:

Porque o sistema vira commodity, o CMA, todo o mundo tem o CMA. Broadcast, todo o mundo tem o Broadcast, todo o mundo tem. Qual é o diferencial? Se a gente é uma corretora de Home Broker, é uma corretora on-line, a sua plataforma tem que ser diferente. (C6).

Então, tem negociação, tem comunicação, tem trade, tem pós trade, tem sistemas de extra net, sistema onde nossos agentes autônomos utilizam todos os serviços de compra, reserva, aplicações e resgates da corretora, em todos os segmentos. Nós temos no nosso grupo uma empresa de tecnologia, nós criamos uma com 200 funcionários para suprir nossa necessidade. (C9).

Além da diferenciação há também a questão da falta de confiança em relação ao fornecedor:

Os fornecedores que existem não são confiáveis. Você não pode basear um negócio que é tecnologia, num externo, porque o externo pode estar envolvido, mas não está comprometido com seu lucro ou seu prejuízo. (C9).