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36 4 R ESTRIÇÃO AOS S UBSÍDIOS I NTRA R EGIONAIS

No documento MERCOSUL ACESSO AO MERCADO (páginas 36-41)

4.1. Situação dos incentivos no MERCOSUL

Os mecanismos sobre incentivos às exportações previstos na legislação nacional dos Estados Partes deverão convergir no ano 2001.

A Decisão nº. 10/94 do Conselho Mercado Comum, admite a permanência de alguns incentivos no comércio intra- regional, até a harmonização das condições tributárias no MERCOSUL. Nesse sentido, os Estados Partes se comprome- teram a respeitar as disposições resultantes dos compromissos assumidos no âmbito do Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT) com referência aos incentivos às exportações que apliquem.

A criação ou concessão de novos incentivos por alguns Estados Partes, a partir de janeiro de 1995, assim como a manutenção dos já existentes, deverão ser objeto de consulta entre os países integrantes do MERCOSUL.

Os países signatários abster-se-ão de utilizar incentivos de natureza cambial que impliquem a outorga de subsí- dios, entendendo-se como tais os sistemas cambiais múltiplos ou outros que discriminem em favor de operações de exportação ou de importação ou de determinados produtos de exportação ou importação.

As partes signatárias poderão conceder a seus exportadores esquemas de “drawback” ou admissão temporária, compreendendo a suspensão, isenção ou restituição dos impostos que incidem sobre as mercadorias destinadas ao aperfeiçoamento, fabricação, complementação ou acondicionamento de outra a ser exportada.

Poderão, no entanto, conceder créditos de fomento e financiamento às exportações, quando os mesmos forem outorgados em condições de prazos e taxas de juros compatíveis com as aceitas internacionalmente em operações equivalentes.

No que se refere ao comércio intrazonal, o artigo 12º da Decisão em exame estabelece que não se poderão aplicar incentivos às exportações, salvo as exceções analisadas no item 4.1.4., a seguir.

4.1.1. Restituição de impostos indiretos

Os países do MERCOSUL poderão reintegrar os seguintes impostos indiretos, conforme as disposições do GATT:

• os pagos pelos exportadores; ou

• os acumulados ao longo das etapas anteriores de produção dos bens exportados.

A reintegração pode ser total ou parcial, porém o nível da mesma não poderá exceder a incidência dos impostos indiretos sobre as vendas ou sobre o consumo, efetivamente pagos pelos exportadores ou acumulados em etapas anteriores de produção.

Do mesmo modo, admite-se a exoneração de tributos internos indiretos aos bens destinados à exportação.

4.1.2. Regime de “Drawback”

Os membros do MERCOSUL poderão autorizar seus exportadores à operação de esquemas de “drawback” ou admissão temporária, segundo a terminologia utilizada pelos Estados Partes. Assim, o “drawback” pode compreender diferentes modalidades:

••••• Suspensiva: consiste na suspensão do pagamento dos impostos exigíveis quando da importação de mercadorias

destinadas ao aperfeiçoamento, fabricação, complementação ou acondicionamento de outra mercadoria a ser expor- tada. O prazo máximo da suspensão será de dois anos, podendo ser prorrogado até cinco anos no caso de importa- ção de mercadorias destinadas à produção de bens de capital de longo ciclo de fabricação.

••••• Isenção: consiste na exoneração dos impostos exigíveis na importação de mercadorias em qualidade e quantidade

equivalentes às utilizadas para o aperfeiçoamento, fabricação, complementação ou acondicionamento de produtos exportados.

••••• Restituição: consiste na reintegração parcial ou total dos impostos que tiverem sido pagos para a importação de

mercadorias ou utilizadas no aperfeiçoamento, fabricação, complementação, ou acondicionamento de outras merca- dorias exportadas.

Também poderá ser concedido o regime de “drawback” para matérias-primas e outros produtos que, embora não integrem o item exportado, sejam utilizados em sua fabricação em condições que justifiquem a concessão.

4.1.3. Regime de depósitos aduaneiros

Os países-membros do MERCOSUL poderão conceder a seus exportadores o regime de depósito aduaneiro na exportação, que consiste em permitir o depósito de mercadorias sob certas condições: em local determinado; com a suspensão do pagamento de impostos; com a finalidade exclusiva de depósito; sem transformação das mercadorias; sob controle fiscal; pelo prazo de um ano, prorrogável até o limite de 3 anos. O depósito aduaneiro pode ser permitido em duas modalidades, quais sejam, o depósito aduaneiro comum e o depósito aduaneiro em regime extraordinário. Este

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último permite a utilização de incentivos fiscais às exportações a partir da data de saída da mercadoria do estabelecimen- to vendedor.

Cabe mencionar, ainda, o regime de depósito industrial, pelo qual se concede a uma indústria o direito de importação, com suspensão de tributos e sob controle aduaneiro, de certas mercadorias que, depois de serem subme- tidas a operações de industrialização, sejam destinadas ao mercado externo. O prazo de depósito será determinado pelas necessidades de cada caso.

Finalmente, o regime de depósito aduaneiro de distribuição permite a guarda de mercadorias sob certas condi- ções, mencionadas a seguir:

• que se trate de empresas industriais estabelecidas no território dos países do MERCOSUL, beneficiárias habituais do regime aduaneiro especial de “drawback” ou autorizadas a operar o regime de depósito industrial;

• que as mercadorias tenham sido importadas sem cobertura cambial;

• que se destinem à exportação ou à reexportação para terceiros países;

• que as mercadorias importadas sejam da mesma marca adotada pela beneficiária e produzidas por empresas locali- zadas no exterior e vinculadas à beneficiária, independentemente de sua origem ou procedência.

4.4.4. Incentivos ao comércio intrazonal

Os países integrantes do MERCOSUL se comprometeram a tomar as medidas necessárias para evitar que os incentivos setoriais, regionais ou tributários, reconhecidos pela legislação interna para beneficiar as atividades produ- tiva e exportadora, sejam aplicados ao comércio intra-regional.

Os incentivos às exportações, no comércio intrazonal, não serão utilizados, salvo nas seguintes exceções:

• financiamento às exportações de bens de capital a longo prazo: poderá ser outorgado sob as condições do Artigo 4º da Decisão nº. 10/94, relativo à concessão de créditos de fomento e financiamento;

• devolução ou isenção de impostos indiretos: poderão ser reintegrados ou isentos nas condições previstas nos Artigos 5º e 6º da Decisão nº. 10/94, até que fiquem harmonizadas as condições que garantam um tratamento em forma tributária igualitária às produções localizadas no âmbito dos países signatários;

• regimes aduaneiros especiais: poderão ser concedidos, sob as condições estabelecidas nos Artigos 9º, 10º e 11º da Decisão 10/94, para os insumos, partes ou peças utilizados na elaboração de bens sujeitos às disposições dos parágrafos primeiro e segundo do Artigo 2º referente ao Âmbito de Aplicação do Regime de Origem MERCOSUL. A Comissão de Comércio analisará os alcances e limitações da utilização destes regimes no comércio intrazonal e proporá os ajustamentos que resultem necessários para preservar a proteção derivada da Tarifa Externa Comum.

5. ACORDOSDE LIVRE COMÉRCIOCOM TERCEIROS PAÍSES

5.1. O Acordo Quadro Inter-Regional de Cooperação entre a Comunidade Européia e o Mercado Comum do Sul

(MERCOSUL)

O Acordo Quadro Inter-Regional de Cooperação entre a Comunidade Européia e o MERCOSUL, celebrado em dezembro de 1995, mesmo que não constitua um acordo de livre comércio propriamente dito, explicita a crescente importância, tanto econômica quanto política, do MERCOSUL no contexto internacional.

O Acordo encontra-se em aplicação provisória até sua ratificação. Seu Artigo 34 estabelece que o Acordo terá duração indefinida e entrará em vigor no primeiro dia do mês seguinte à data em que as Partes notificarem a conclusão dos procedimentos necessários a tal efeito. Estabelece que as Partes deverão determinar a oportunidade, o momento e as condições para iniciar as negociações sobre a conformação da Associação Inter-Regional.

Durante a etapa de aplicação provisória, os órgãos estabelecidos conforme a estrutura institucional do Acordo são a Comissão Mista de Cooperação e a Subcomissão Comercial.

A Comissão Mista (COMIX) terá, durante a fase de aplicação provisória do Acordo, três competências funda- mentais, quais sejam: zelar pelo cumprimento dos objetivos previstos durante a etapa de aplicação provisória; definir e seguir os programas de cooperação conjunta e fixar as linhas básicas; e supervisionar os trabalhos da Subcomissão Comercial.

No âmbito comercial, as Partes determinarão, em conjunto, as áreas de atuação de cooperação comercial, sem excluir nenhum setor.

Por último, cabe assinalar que, entre os fundamentos do Acordo Quadro, destaca-se a necessidade de dar continuidade às ações realizadas ao amparo do Acordo de Cooperação Inter-Institucional celebrado entre o Conselho do Mercado Comum e a Comissão das Comunidades Européias, em 29 de maio de 1992.

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5.2. Os acordos de livre comércio celebrados pelo MERCOSUL

Fundamentando-se na necessidade de fortalecer o processo de integração da América Latina, e a fim de alcançar os objetivos previstos no Tratado de Montevidéu de 1980, o MERCOSUL celebrou com o Chile e com a Bolívia, através do esquema 4+1, acordos de complementação econômica ao amparo do Tratado de Montevidéu de 1980. Tais acordos têm a finalidade de estabelecer um quadro jurídico e institucional de cooperação e integração econômica e física que contribua para a criação de um espaço econômico ampliado, com vistas a facilitar a livre circulação de bens e serviços e a plena utilização dos fatores produtivos.

5.3. Acordo de Complementação Econômica entre MERCOSUL e Chile

O Acordo de Complementação Econômica nº 35 (ACE 35), celebrado entre o MERCOSUL e o Chile, vigente desde 1º de outubro de 1996, tem como objetivo a formação de uma zona de livre comércio entre os cinco países, em um prazo máximo de 10 anos.

O principal instrumento do Acordo é o Programa de Liberalização Comercial, que consistirá em desgravações progressivas e automáticas aplicáveis sobre as tarifas vigentes para terceiros países no momento do despacho das mercadorias (não há, portanto, consolidação de tarifas aplicadas a terceiros países).

De acordo com o referido Programa, uma extensa gama de produtos (cerca de 90% do universo) estarão liberados em 1º de janeiro de 2004. A margem inicial de preferência era de 40% em 1º de outubro de 1996 e, em dezembro de 1997, já

havia atingido 48%.

Os produtos restantes, com esquemas de desgravação que se concluirão em prazos que oscilam entre 10, 15 e 18 anos, incluem produtos altamente “sensíveis” na economia dos países signatários. Os chamados produtos “sensíveis” terão um período de dez anos para se adequar à desgravação, ao passo que outro grupo de produtos denominado “sensíveis especiais” terão um prazo de 15 anos.

No caso do setor agrícola — que demandou negociações mais intensas — o prazo de adequação será entre 16 e 18 anos, como é o caso do trigo, das farinhas e das carnes, entre outros.

Os diferentes esquemas de desgravação (doze no total) envolvem ritmos que, em alguns casos, começam depois de transcorridos os primeiros 4, 10 e 11 anos, estando previsto que a Comissão Administradora definirá, antes de 31 de dezembro do ano de 2003, a incorporação ao Programa de Liberalização Comercial de determinados produtos que, a partir de 1º de janeiro de 2014, gozarão de 100% da margem de preferência frente a terceiros países (farinha e trigo).

Cabe assinalar, por último, que a liberalização estabelece que produtos e mercadorias usadas não se beneficiarão das preferências estabelecidas no Acordo.

5.3.1. Regulamentação normativa baseada na Organização Mundial do Comércio (OMC) e nas disposições do Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT)

São os seguintes os temas regulados pelas normas estabelecidas no âmbito da OMC e do GATT: a) tratamento nacional em matéria de tributação e regulamentação interna;

b) práticas desleais de comércio e aplicação de medidas compensatórias ou “anti-dumping”; c) valoração aduaneira, opções e reservas;

d) normas e regulamentos técnicos, medidas sanitárias e fitossanitárias; e) aplicação e utilização de incentivos à exportação;

f) serviços; e

g) direitos da propriedade intelectual relacionados com o comércio.

5.3.2. Outras disposições que regulam o funcionamento do Acordo

5.3.2.1. Regime de origem

O Acordo estabelece que as Partes aplicarão regime de origem às importações realizadas ao amparo do Programa de Liberalização Comercial, para fins de:

• qualificação e determinação da mercadoria considerada como originária;

• emissão dos certificados que comprovem a qualificação correspondente; e

• processos de verificação, controle e sanções por falsificação, adulteração ou qualquer outra circunstância que resulte em prejuízo fiscal ou econômico.

Ainda com relação à matéria, cabe mencionar que o Chile outorga ao Paraguai um tratamento diferencial na qualificação de determinadas mercadorias, às quais será aplicado regime de origem de 50% do conteúdo regional, até 31 de dezembro do ano de 2003. A partir de 1º de janeiro de 2004, entretanto, essa qualificação deverá ajustar-se ao regime combinado no Acordo.

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Cabe salientar ainda que, no geral, o regime de origem acordado com o Chile guarda similaridade com o Regime estabelecido entre os Estados Partes do MERCOSUL.

5.3.2.2. Cláusulas de salvaguarda

Embora as Partes tenham assumido o compromisso de fazer vigorar o Regime de Medidas de Salvaguarda a partir de 1º de janeiro de 1997, o assunto ainda está sendo examinado pela Comissão Administradora do Acordo.

Até a entrada em vigor do regime, as preferências negociadas, conforme o Programa de Liberalização Comercial não serão objeto de salvaguardas.

5.3.2.3. Solução de controvérsias

As controvérsias que venham a surgir no que diz respeito à interpretação, à aplicação e ao cumprimento do Acordo e dos Protocolos, celebrados em março de 1997, serão dirimidas de conformidade com o regime de Solução de Controvérsias, que prevê uma etapa de consultas prévias e/ou negociações diretas, seguida de intervenção da Comis- são Administradora do Acordo e, se for o caso, será convocada, uma reunião do grupo de peritos “ad hoc”.

O Acordo com o Chile não prevê o procedimento de arbitragem como última etapa. Entretanto, o Artigo 22 estabelece um prazo para que a Comissão Administradora conduza as negociações necessárias, com o objetivo de definir e acordar procedimento arbitral, a partir do quarto ano de vigência do Acordo. Se nesse prazo não se definir a matéria, adotar-se-á o procedimento fixado no Protocolo de Brasília.

O Acordo não prevê reclamações de particulares, já que o Artigo 1º somente se refere às controvérsias que surjam

entre as Partes signatárias, isto é, entre Estados.

5.3.2.4. Integração física

Cientes da importância do processo de integração física como instrumento imprescindível à criação de um espaço econômico ampliado, as Partes assumiram o compromisso de facilitar o trânsito de pessoas e a circulação de bens, assim como de promover o comércio recíproco e em direção a terceiros mercados, mediante o estabelecimento e a plena operação de vínculos terrestres, fluviais, marítimos e aéreos.

Com essa finalidade, foi assinado, na mesma data do Acordo, um Protocolo de Integração Física, que consagra o compromisso de realizar um programa coordenado de investimentos em obras de infra-estrutura física.

5.3.2.5. Investimentos

Os acordos bilaterais de promoção e proteção recíproca de investimentos, acordados entre o Chile e os Estados Partes do MERCOSUL, manterão sua plena vigência.

5.4. Acordo de Complementação Econômica nº. 36 entre a Bolívia e o MERCOSUL

O Acordo assinado entre o MERCOSUL e a Bolívia, vigente desde 28 de fevereiro de 1997, tem por finalidade alcançar a formação de uma área de livre comércio entre seus signatários, mediante a expansão e diversificação do intercâmbio comercial e a eliminação das restrições tarifárias e não-tarifárias que afetam o comércio recíproco.

Seu principal instrumento também é o Programa de Liberalização Comercial que se aplicará aos produtos originá- rios e procedentes dos territórios das Partes contratantes. Tal programa consistirá em desgravações progressivas e automáticas, aplicáveis às tarifas vigentes para terceiros países, no momento do despacho das mercadorias objeto de intercâmbio (não existe, em conseqüência, no Acordo MERCOSUL-Bolívia, consolidação de tarifas aplicadas a terceiros países). (Art. 2º parágrafo 1º).

O Acordo incorpora as preferências tarifárias anteriormente negociadas em Acordos Parciais ou Regionais no âmbito da ALADI, cujas preferências ficaram sem efeito.

O Programa contempla eliminação tarifária não-imediata de 100% (tarifa zero) para um grupo importante de produtos (bens de capital e insumos); produtos da Lista de Abertura de Mercados (LAM) em favor da Bolívia, com comércio efetivo; produtos registrados no ACE 34 em favor da Bolívia; e produtos compreendidos na oferta nacional exportável, que antes não contavam com preferências.

Adicionalmente, foram estabelecidos no Programa outros esquemas (quatro no total) de desgravação para produtos específicos, com ritmos mais lentos devido à sua “sensibilidade” diante de uma eventual concorrência de produtos similares de importação da Bolívia ou do MERCOSUL e à necessidade de um período de adaptação maior para algumas indústrias efetivamente instaladas, com vistas à entrada em um mercado mais aberto e mais competitivo. Os produtos compreendidos em tais esquemas alcançarão uma desgravação total em 1º de janeiro de 2006.

Também se estabeleceram listas tentativas de produtos de “maior sensibilidade”, que começarão a ser desgravados no ano de 2005, de forma progressiva e automática, até alcançar a desgravação total em seis anos, em um caso, e em nove anos no segundo caso, ou seja, nos anos 2011 e 2014, respectivamente.

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Cabe assinalar que alguns produtos que integram a oferta exportável da Bolívia terão prazo de desgravação de 15 anos: embutidos, palmitos, frutas e sucos de frutas em conserva, produtos lácteos, azeites e tortas oleaginosas (exceto as de soja), algodão, farinhas e produtos de padaria, lâminas e chapas de madeira, caixas de papelão, vestuário, mantas, roupas desportivas e calçados, entre outros. A soja e o açúcar integram a lista de desgravação em 18 anos.

5.4.1. Regulamentação normativa baseada na OMC e no GATT

As normas da OMC e do GATT também regulamentam questões tais como práticas desleais de comércio, incentivos às exportações e valoração aduaneira. Quanto aos regulamentos técnicos, medidas sanitárias e fitossanitárias, as Partes observarão as disposições do Acordo sobre Obstáculos Técnicos ao Comércio e do Acordo sobre a Aplicação de Medidas Sanitárias e Fitossanitárias da OMC, com vistas a não criar óbices desnecessários ao comércio.

5.4.2. Outras disposições que regulam o funcionamento do Acordo 5.4.2.1. Regime de origem

O Acordo estabelece que as Partes aplicarão o regime de origem às importações realizadas ao amparo do Programa de Liberalização Comercial, para:

• qualificação e determinação das mercadorias originárias;

• emissão dos certificados de origem; e

• processos de verificação, controle e sanções por falsificação, adulteração ou outra circunstância que acarrete prejuízo fiscal ou econômico.

5.4.2.2. Complementação e intercâmbio por setores produtivos

Esse campo configura uma das principais matérias reguladas pelo Acordo. As Partes assumiram o compromisso de promover a complementação e a integração industrial, comercial e tecnológica, com a finalidade de obter o máximo aproveitamento dos recursos disponíveis, incrementar o comércio entre as Partes e possibilitar a exportação, para terceiros mercados, de bens produzidos em seus territórios.

5.4.2.3. Cláusulas de salvaguarda

As Partes poderão aplicar, em caráter excepcional, medidas de salvaguarda à importação de produtos benefici- ados no Programa de Liberalização Comercial, entendendo-se por tais medidas a suspensão total ou parcial do cumpri- mento dos compromissos em matéria de preferências tarifárias resultantes do Acordo.

Salvo entendimentos entre as Partes, tais medidas não poderão ser utilizadas uma vez conformada definitivamen- te a zona de livre comércio, isto é, quando todos os produtos do universo tarifário alcançarem a desgravação de 100%. O disposto nessa matéria não impedirá a aplicação, pelas Partes Contratantes, quando corresponder, das medi- das previstas no artigo XIX do GATT (medidas de urgência sobre a importação de produtos determinados), conforme a interpretação dada pelo Acordo Sobre Salvaguardas da OMC.

5.4.2.4. Solução de controvérsias

O Acordo estabelece que as controvérsias que venham a surgir entre as Partes com relação à interpretação, aplicação ou não cumprimento das suas disposições serão submetidas ao mecanismo de Solução de Controvérsias, conforme o seguinte procedimento, que se desenvolve em duas etapas:

- consultas prévias e/ou negociações diretas: a apresentação de solicitação deve ser comunicada à Comissão Adminis- tradora do Acordo. Em seguida, as Partes tratarão confidencialmente a informação fornecida e realizarão negociações, no prazo de trinta dias;

- intervenção da Comissão Administradora do Acordo: a Comissão avaliará a situação, ouvirá as Partes e, se necessário, poderá requerer informações técnicas sobre o caso. Essa etapa poderá estender-se por até quarenta e cinco dias. Se a intervenção não tiver sido satisfatória, a Comissão convocará imediatamente um grupo “ad hoc” de especialistas integrado por três peritos, que deverão apresentar suas conclusões no prazo de trinta dias contados a partir da sua constituição. Essas conclusões serão submetidas à apreciação da Comissão que, no prazo máximo de quinze dias, formulará suas recomendações.

O Acordo com a Bolívia não prevê o procedimento de arbitragem. Contudo, ao término de três anos de sua vigência, dever-se-á estabelecer um procedimento de arbitragem, ou aplicar o julgamento arbitral previsto no Protocolo de Brasília.

O Acordo tampouco prevê reclamação de particulares, de vez que o Artigo 1º somente se refere a controvérsias

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