• Nenhum resultado encontrado

MERCOSUL ACESSO AO MERCADO

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "MERCOSUL ACESSO AO MERCADO"

Copied!
43
0
0

Texto

(1)

1

COLEÇÃO ESTUDOS E DOCUMENTOS DE

COMERCIO EXTERIOR

MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES

Departamento de Promoção Comercial

Divisão de Informação Comercial

MERCOSUL

ACESSO AO MERCADO

MERCOSUL

(2)

2

Coleção: Estudos e Documentos de Comércio Exterior

Série: Como Exportar

CEX: 73

Elaboração: Ministério das Relações Exteriores (MRE) Departamento de Promoção Comercial (DPR) Divisão de Informação Comercial (DIC) Embaixada do Brasil em Montevidéu Setor de Promoção Comercial (SECOM)

Coordenação: Divisão de Informação Comercial

Distribuição: Divisão de Informação Comercial

Os termos e apresentação de matérias contidas na presente publicação não traduzem expressão de opinião por parte do MRE sobre o “status” jurídico de quaisquer países, territórios, cidades ou áreas geográficas e de suas fronteiras ou limites. Os termos “desenvolvidos” e “em desenvolvimento”, empregados em relação a países ou áreas geográficas, não implicam tomada de posição oficial por parte do MRE.

Direitos reservados.

(3)

3

Ficha Catalográfica

B823c Brasil. Ministério das Relações Exteriores. Divisão de Informação Comercial.

Mercosul – Acesso ao Mercado. Ministério das

Relações Exteriores. ___Brasília.: O Ministério, 1999.

104 p., il.___ (Coleção estudos e documentos de comércio Exterior;).

1. Brasil – Comércio exterior. 2. Mercosul – Comércio Exterior. I. Título. II. Série

(4)

4 Í N D I C E

INTRODUÇÃO

I – ASPECTOS GERAIS

1. Instrumentos de constituição do MERCOSUL 2. Relações entre o MERCOSUL e o GATT 3. Programa de Liberalização Comercial

4. Limites à Livre Circulação de Mercadorias – Regime de Adequação 5. Eliminação de restrições e medidas de efeitos equivalentes 6. Regime de Origem do MERCOSUL

7. Acordos Setoriais

8. Regime de Solução de Controvérsias

9. Jurisdição Internacional em Matéria Contratual 10. Promoção e Proteção Recíproca de Investimentos 11. O MERCOSUL e os Acordos Bilaterais

II – ASPECTOS COMERCIAIS

1. Instrumentos de Proteção Contra Práticas Desleais

2. Regime Tarifário Aplicado às Importações de Terceiros Países 3. Regimes Especiais de Importação no MERCOSUL

4. Restrições aos Subsídios Intra-regionais

(5)

5

MERCOSUL - ACESSO AO MERCADO

I

NTRODUÇÃO

A entrada em vigor do Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) criou um mercado de 200 milhões de habitantes, que trouxe maiores possibilidades de especialização produtiva, capacidade ampliada de absorção de produtos, serviços e investimentos, e de diversidade de consumidores para colocação das produções regionais.

A médio prazo, tendo em vista o ritmo de renovação dos mercados, da tecnologia, das formas de gestão, da educação e do conhecimento científico, a maioria das atividades, dos produtos e dos serviços sofrerão grandes trans-formações. Os mercados apresentarão novas demandas e ao mesmo tempo passarão a exigir também melhores níveis de qualidade e condições de negociação empresarial.

Os países-membros do MERCOSUL e a sociedade em geral devem incorporar-se agilmente a este novo cenário para adequar os recursos ao tempo futuro e construir o espaço nacional de cada um dos países da região de modo atrativo para os investimentos e o comércio e para novas iniciativas produtivas.

(6)

6

I - A

SPECTOS

G

ERAIS

1. INSTRUMENTOSDE CONSTITUIÇÃODO MERCOSUL

a) Tratado de Assunção (26 de março de 1991)

Tratado para constituição de um Mercado Comum entre a República Argentina, a República Federativa do Brasil, a República do Paraguai e a República Oriental do Uruguai. Tão logo subscrito e terminado o processo de ratificação em cada país, seu Programa de Liberalização Comercial foi incorporado ao sistema da Associação Latino-Americana de Integração (ALADI) e nele protocolizado como Acordo de Alcance Parcial de Complementação Econômica nº 18, de 29 de novembro de 1991.

b) Protocolo de Brasília para Solução de Controvérsias

Decisão do Conselho do Mercado Comum (CMC) (Decisão CMC 1/91).

c) Protocolo de Ouro Preto (dezembro de 1994)

Protocolo Adicional ao Tratado de Assunção, dispõe sobre a estrutura institucional do MERCOSUL.

1.1. Instrumentos

Os principais instrumentos para a constituição do Mercado Comum do Sul, definidos inicialmente no Tratado, compreenderam:

a) Um programa de liberalização comercial, que previa reduções tarifárias progressivas, lineares e automáticas, acompanhadas da eliminação de restrições não-tarifárias ou medidas de efeitos equivalentes, assim como de outras restrições ao comércio entre os Estados Partes, para chegar a 31 de dezembro de 1994 com tarifa zero; b) A coordenação de políticas macroeconômicas, a realizar-se gradualmente e de forma convergente com os

programas de desgravação tarifária e eliminação de restrições não-tarifárias;

c) Uma tarifa externa comum, para incentivar a competitividade externa dos Estados Partes; e

d) A adoção de acordos setoriais, com o objetivo de otimizar a utilização e mobilidade dos fatores de produção e alcançar escalas operacionais eficientes. Ademais, a fim de facilitar a constituição do Mercado Comum, os Estados Partes adotaram um Regime Geral de Origem, um Sistema de Solução de Controvérsias e Cláusulas de Salvaguarda.

1.2. Funcionamento

São os seguintes os órgãos criados para alcançar os objetivos acima descritos:

1.2.1. Conselho do Mercado Comum (CMC)

O Conselho é o órgão superior do Mercado Comum, correspondendo-lhe a condução política e a tomada de decisões para assegurar o cumprimento dos objetivos e prazos estabelecidos para a constituição definitiva do Mercado Comum. O Conselho é integrado pelos Ministros das Relações Exteriores e pelos Ministros da Fazenda, ou seus equivalentes, dos Estados Partes. O CMC se reúne, em média, duas vezes por ano. A presidência do CMC (que corresponde à Presidência Pró Tempore do MERCOSUL) é exercida por rotação dos Estados Partes, e por períodos de seis meses.

1.2.2. Grupo Mercado Comum (GMC)

O Grupo Mercado Comum (GMC) é o órgão executivo do MERCOSUL, sendo coordenado pelos Ministérios das Relações Exteriores dos Estados Partes. O GMC é integrado por representantes dos Ministérios das Relações Exteriores, Fazenda e Bancos Centrais dos quatro Estados Partes. São as seguintes as funções do Grupo:

a) velar pelo cumprimento do Tratado de Assunção;

b) tomar as providências necessárias para o cumprimento das decisões adotadas pelo Conselho do Mercado Comum; c) propor medidas concretas no sentido da aplicação do Programa de Liberalização Comercial, da coordenação de políticas macroeconômicas e da negociação de acordos com Estados não-membros e com agências internacionais; d) fixar programas de trabalho que assegurem o avanço da constituição do mercado comum; e

e) intervir, se necessário, na solução de controvérsias no âmbito do MERCOSUL.

O Grupo Mercado Comum conta com 11 Subgrupos de Trabalho e uma Secretaria Administrativa com sede em Montevidéu, Uruguai.

(7)

7 1.2.3. Comissão de Comércio (CCM)

O Conselho do Mercado Comum criou a Comissão de Comércio do MERCOSUL para assistir o GMC e velar pela aplicação dos instrumentos de política comercial comum acordados pelos Estados Partes para o funcionamento da União Aduaneira. A comissão de Comércio reunir-se-á pelo menos uma vez por mês ou sempre que solicitado pelo GMC ou por qualquer dos Estados Partes. A Comissão de Comércio conta, ainda, com 10 Comitês Técnicos (CT).

1.2.4. Subgrupos de Trabalho (SGT)

O Grupo Mercado Comum colocou em operação os seguintes Subgrupos de Trabalho: Comunicação; Minera-ção; Regulamentos Técnicos; Assuntos Financeiros; Transportes e Infra-estrutura; Meio Ambiente; Indústria; Agricul-tura; Energia; Assuntos Trabalhistas, Emprego e Seguridade; Saúde.

1.2.5. Comitês Técnicos (CT)

Os Comitês Técnicos são órgãos de assessoramento da CCM e dividem-se de acordo com os temas tratados. Atualmente, existem dez CTs em funcionamento: Tarifas, Nomenclatura e Classificação de Mercadorias; Assuntos Aduaneiros; Normas e Disciplinas Comerciais; Políticas Públicas que Distorcem a Competitividade; Defesa da Concor-rência; Práticas Desleais de Comércio; Comitê de Defesa Comercial e Salvaguardas; Defesa do Consumidor; Medidas e Restrições Não-Tarifárias; Setor Automotivo e Setor Têxtil.

1.2.6. Secretaria Administrativa

A Secretaria Administrativa do Grupo Mercado Comum foi constituída de acordo com Artigo 15º do Tratado de Assunção, que também determina que sua sede seja em Montevidéu.

O Conselho do Mercado Comum, em sua primeira reunião realizada em nível presidencial, em Brasília, aprovou a Decisão nº 4/91 referente, entre outros assuntos, ao Regulamento Interno do Grupo Mercado Comum, que estabelece as funções da Secretaria Administrativa.

A principal função da Secretaria é a guarda de documentos e de comunicações do GMC, a publicação de normas, além do apoio logístico a reuniões.

1.2.7. Reuniões Ministeriais

Não tem periodicidade estabelecida e servem, basicamente, para a troca de experiências e o tratamento político de temas selecionados pelos próprios titulares das pastas. Atualmente existem reuniões ministeriais de nove áreas distintas.

1.2.8. Foro Consultivo Econômico e Social (FCES)

Órgão de caráter consultivo, o FCES é o foro de representação dos setores econômicos e sociais.

1.2.9. Comissão Parlamentar Conjunta (CPC)

É o órgão de representação do poder legislativo dos Estados Partes. A CPC é composta por igual número de parlamentares de cada país, perfazendo um total de 64 integrantes.

1.2.10.Reuniões Especializadas

Órgãos de assessoramento do GMC, as Reuniões Especializadas funcionam como os SGTs, sendo que sua pauta negociadora não emana diretamente desse órgão.

1.2.11. Grupos Ad-Hoc

Foram criados pelo GMC para tratamento de algum tema específico. Os referidos Grupos têm duração determi-nada e, uma vez cumprida a tarefa atribuída pelo GMC, são extintos.

1.3. Constituição de uma União Aduaneira

Em dezembro de 1994 os países-membros assinaram o Protocolo de Ouro Preto que estabeleceu as bases institucionais para a criação de uma União Aduaneira, que resultou, nesta primeira fase, em uma “união aduaneira imperfeita”, dada a existência de exceções à Tarifa Externa Comum e do regime de adequação à liberalização do comércio intrazonal.

(8)

8 2. RELAÇÕESENTREO MERCOSULEO GATT

O Artigo XXIV do Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio (GATT) autoriza o estabelecimento, entre seus signatários, de união aduaneira ou zona de livre comércio, assim como a adoção de acordo provisório necessário para esse fim, desde que:

a) no caso de uma união aduaneira ou de acordo provisório para seu estabelecimento, os direitos tarifários, aplicados no momento da formação dessa união ou em que se celebre o acordo provisório, não sejam de uma incidência geral mais elevada, em seu conjunto, para o comércio com os demais países ou regiões que integram o GATT; nem as demais regulamentações comerciais resultem mais rigorosas do que os direitos e regulamentos comerciais vigentes nos territórios constitutivos da união, antes do estabelecimento desta ou da celebração do acordo provisório, conforme o caso;

b) no caso de uma zona de livre comércio ou de acordo provisório para o seu estabelecimento, os direitos tarifários mantidos em cada território constitutivo e aplicáveis ao comércio dos países não participantes do referido território ou acordo, no momento em que se estabeleça a zona ou que se celebre acordo provisório, não sejam mais elevados, nem as demais regulamentações comerciais mais rigorosas do que os direitos e regulamentos comerciais vigentes nos territórios constitutivos da zona antes do estabelecimento desta ou da celebração do acordo provisório , conforme o caso; e

c) todo acordo provisório a que se referem as alíneas “a” e “b” acima compreenda um plano e um programa para o estabelecimento, em prazo razoável, da união aduaneira ou da zona de livre comércio.

De acordo com o entendimento relativo do Artigo XXIV do Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio de 1994, o “prazo razoável” a que se refere o parágrafo 5º, alínea “c”, não deverá ser superior a dez anos, salvo em casos excepcionais. Quando as Partes de um acordo provisório considerarem esse prazo insuficiente, elas estarão obrigadas a justificar a necessidade de um prazo maior ao Conselho do Comércio de Mercadorias

2.1. Definições

Para os efeitos do Acordo Geral, entende-se por:

a) União Aduaneira: a substituição de dois ou mais territórios aduaneiros por um único território aduaneiro, de modo a: ( i ) que os direitos aduaneiros e outras regulamentações comerciais restritivas sejam eliminados com respeito ao essencial dos intercâmbios comerciais entre os territórios constitutivos da união ou, pelo menos, para a parte essencial das trocas comerciais dos produtos originários dos referidos territórios, com o propósito final de alcançar tarifa zero no comércio intrazonal;

( ii ) que cada um dos membros da União aplique ao comércio com os países extrazona direitos tarifários e demais regulamentações de comércio, de maneira idêntica, e que atinja a maior parte do universo dos produtos negociados, mediante a adoção de uma Tarifa Externa Comum.

b) Zona de Livre Comércio: um grupo de dois ou mais territórios aduaneiros entre os quais são eliminadas as taxas aduaneiras e as outras regulamentações comerciais restritivas para a parte essencial das trocas relativas aos produtos originários dos territórios constitutivos da referida Zona.

2.2. Situação atual do MERCOSUL

O progresso na eliminação de tarifas e outras regulamentações restritivas, assim como a adoção da Tarifa Externa Comum, a partir de 1º de janeiro de 1995, outorgaram ao MERCOSUL a condição de União Aduaneira. A União Aduaneira vigente ainda está em consolidação, tendo em vista que está temporariamente isenta da aplicação da Tarifa Externa Comum uma gama de produtos para cada um dos países-membros, situação que resulta das exceções estabelecidas pela Decisão nº 22/94, do Conselho do Mercado Comum.

3. O PROGRAMADE LIBERALIZAÇÃO COMERCIAL

O Tratado de Assunção estabelece que, durante o período de transição, isto é, desde sua entrada em vigor, até 31 de dezembro de 1994, um dos principais instrumentos para a constituição do Mercado Comum seria o Programa de Liberalização Comercial, que consiste em processo de rebaixamento tarifário progressivo, linear e automático, acompa-nhado da eliminação de restrições não- tarifárias ou de medidas de efeitos equivalentes, assim como de outras restrições ao comércio entre seus signatários, para chegar à data indicada com tarifa zero e sem restrições não-tarifárias, para a totalidade do universo de produtos (Tratado de Assunção, Art. 5, alínea “a”).

Para contornar os efeitos da cláusula de Nação Mais Favorecida, evitando a extensão das preferências derivadas do programa de liberalização a terceiros países não-membros do MERCOSUL, foi assinado um Acordo de Alcance Parcial ao amparo do Tratado de Montevidéu de 1980, nas modalidades previstas no referido Tratado.

O Programa de Liberalização Comercial foi cumprido através do Acordo de Complementação Econômica nº 18 (ACE 18), celebrado entre os Estados Partes em novembro de 1991.

(9)

9

GMC

Grupo Mercado Comum Foro de Consulta e Concertação Política Foro Consultivo Econômico e Social Comissão Parlamentar Conjunta do MERCOSUL Secretaria Administrativa do MERCOSUL

CCM

Comissão de Comércio do Mercosul GRUPOS AD-HOC

CMC

Conselho do Mercado Comum Grupo de Serviços Comitê de Cooperação Técnica Compras Governamen-Políticas Públicas que Distorcem a Competividade Aspectos Institucionais Relações Externas SGT 10 Assuntos Tabalhistas, Emprego e Seguridade SGT 11 Saúde SGT 9 Energia SGT 7 Indústria SGT 5 Transportes e Infra-estrutura SGT 3 Regulamentos Técnicos SGT 1 Comunicação SGT 8 Agricultura SGT 6 Meio Ambiente SGT 4 Assuntos Finaceiros SGT 2 Mineração SUBGRUPOS DE TRABALHO Comitês Técnicos CT 1 Tarifas, Nomeclatura e Classificação de Mercadorias CT 7 Defesa do Consumidor CT 2 Assuntos Aduaneiros CT 3 Normas e Disciplinas Comerciais CT 4 Políticas Públicas que Distorcem a Competividade CT 5 Defesa da Concorrência CT 6 Práticas Desleais de Comerciais Comitê de Defesa Comerial e Salvaguardas CT 8 Medidas e Restrições Não Tarifárias CT 9 Setor Automotivo CT 10 Setor Têxtil Autoridades de Aplicação em matéria de Drogas da Mulher de Ciência e Tecnologia de Comunicação Social de Turismo REUNIÕES ESPECIALIZADAS Reunião de Ministros da Indústria Reunião de Ministros do Interior Reunião de Ministros da Cultura Reunião de Ministros da Saúde Reunião de Ministros da Educação Reunião de Ministros da Justiça Reunião de Ministros da Agricultura Reunião de Ministros do Trabalho Reunião de Ministros da Economia e Presidentes de Bancos Centrais

Reuniões

de Ministros

(10)

10

3.1. Principais características do Programa de Liberalização Comercial

3.1.1. Tarifa Aduaneira

As disposições relativas à desgravação tarifária foram cumpridas de acordo com os cronogramas estabelecidos, conforme a natureza dos produtos, em cada uma das seguintes situações:

3.1.1.1. Produtos não-negociados nos Acordos de Alcance Parcial

A partir da entrada em vigor do Acordo de Complementação Econômica nº 18, os Estados Partes assumiram o compromisso de iniciar um programa de desgravação, linear e automático, beneficiando o intercâmbio dos produtos originários dos países signatários, conforme um cronograma semestral que se iniciou em 30 de junho de 1991, com 47% de preferência como ponto inicial de desgravação, até alcançar 100% em dezembro de 1994.

As preferências deveriam recair sobre a tarifa vigente em cada um dos Estados Partes no momento de sua aplicação, consistindo em uma redução percentual dos gravames mais favoráveis, aplicados à importação dos produtos procedentes de terceiros países não-membros da Associação.

3.1.1.2. Produtos negociados nos Acordos de Alcance Parcial

As preferências incluídas nos Acordos de Alcance Parcial, celebrados entre os países do MERCOSUL no âmbito do Tratado de Montevidéu, deveriam aprofundar-se, conforme o programa de liberalização comercial, de acordo com um cronograma semestral que, partindo de um preferência mínima de 40%, em uma série crescente à razão de 5%, deveria alcançar 100% de preferência em 31 de dezembro de 1994.

A desgravação seria aplicada exclusivamente no quadro dos respectivos Acordos de Alcance Parcial, bilaterais ou setoriais, não beneficiando os demais membros do MERCOSUL e não abrangendo os produtos incluídos nas respectivas listas de exceções.

3.1.1.3. As Listas de Exceções

O programa de liberalização comercial previa a exclusão, dos cronogramas de desgravação, dos produtos compreendidos nas listas de exceções apresentadas por cada um dos Estados Partes, contendo determinada quantidade de itens por país integrante.

Essas listas deveriam ser reduzidas ao final de cada ano calendário, da seguinte forma:

a) para a República Federativa do Brasil e a República Argentina, à razão de 20% dos produtos nelas incluídos; redução aplicada desde 31 de dezembro de 1990;

b) para a República do Paraguai e para a República Oriental do Uruguai, a redução deveria operar-se à razão de: 10% na data de entrada em vigor do Tratado;

10% em 31 de dezembro de 1991; 20% em 31 de dezembro de 1992; 20% em 31 de dezembro de 1993; 20% em 31 de dezembro de 1994; e 20% em 31 de dezembro de 1995.

Os produtos retirados das listas de exceção, conforme o cronograma anterior, deveriam beneficiar-se automa-ticamente das preferências que resultaram do programa de desgravação geral para produtos não-negociados em Acor-dos de Alcance Parcial, com o percentual de desgravação mínimo previsto na data em que fossem retiraAcor-dos das referidas listas. As reduções cumpriram-se em 28 de fevereiro de 1992, em 26 de fevereiro de 1993 e em 17 de fevereiro de 1994, restando pendente a última redução relativa à República do Paraguai e à República Oriental do Uruguai, cujo prazo limite havia sido previsto até 31 de dezembro de 1995.

Foram, então, criados os Acordos de Apoio ao Ajuste Estrutural (Decisão do CMC nº 13/93), que deram origem ao “Regime de Adequação Final à União Aduaneira” (Decisão do CMC nº 5/94).

Em conseqüência, concluiu-se, a partir de 1º de janeiro de 1995, o processo de redução das listas de exceções dos Estados Partes, previstas no ACE 18, instituindo-se, a partir de então, o Regime de Adequação Final à União Aduaneira.

3.2. O Programa de Liberalização Comercial em matéria de restrições não-tarifárias

Nesse tema, o Programa de Liberalização Comercial do Tratado de Assunção não foi tão preciso como em relação eliminação das taxas aduaneiras.

A norma limita-se a assinalar que as Partes só poderão aplicar, aos produtos compreendidos no Programa de Desgravação até 31 de dezembro de 1994, as restrições não-tarifárias expressamente declaradas nas Notas Complemen-tares ao ACE 18, Art.11.

(11)

11

3.3. Disposições finais

O Tratado de Assunção estabelece que, a fim de facilitar a constituição do Mercado Comum, os Estados Partes adotem, ademais, um Regime Geral de Origem, um Sistema de Solução de Controvérsias e Cláusulas de Salvaguardas, incorporados em Anexos ao Tratado.

4. LIMITESÀ LIVRE CIRCULAÇÃODE MERCADORIAS - REGIMEDE ADEQUAÇÃO FINALÀ UNIÃO ADUANEIRA

4.1. Antecedentes

O Acordo de Complementação Econômica nº 18, que compreende o Programa de Liberalização Comercial estabe-lecido pelo Tratado de Assunção, prevê rebaixamento tarifário progressivo e linear aplicável ao universo de mercadori-as, exceto para uma lista de produtos qualificados pelos países signatários, como “sensíveis’. A lista deveria ser reduzida a cada ano em 20%.

A eliminação total dos produtos incluídos na referida lista deveria ser completada no final do período de transi-ção, ou seja, em 31 de dezembro de 1994, para os produtos relacionados pela Argentina e o Brasil. Ao Paraguai e ao Uruguai foi concedido um ano adicional, ou seja, a eliminação total seria alcançada em 31 de dezembro de 1995.

Antes do término do período de transição, o Conselho do Mercado Comum determinou novos prazos e condi-ções para facilitar o processo de reconversão de alguns setores produtivos. Foram, então, criados instrumentos que deram origem ao “Regime de Adequação Final à União Aduaneira” (Decisão nº 5/94, do CMC), destinado a acolher os produtos que tiveram de ser excetuados da liberalização comercial pretendida.

4.2. Principais caraterísticas do Regime de Adequação

O Conselho do Mercado Comum aprovou, através da Decisão nº 24/94, as listas de produtos de cada país que integram o Regime de Adequação, nos prazos e condições estabelecidos pela Resolução 48/94 do GMC, assim como os outros aspectos normativos que regulam o Regime.

O Regime de Adequação está vigente desde 1º de janeiro de 1995. Os produtos incluídos na referida lista estão sujeitos a taxas de importação que se reduzem anualmente em forma linear e automática até sua eliminação total, em prazo de quatro anos para a Argentina e o Brasil, e de cinco anos para o Paraguai e o Uruguai.

Dessa forma, a Argentina e o Brasil já alcançaram a liberalização total de direitos à importação em 1º de janeiro de 1999 e o Paraguai e o Uruguai terão prazo até 1º de janeiro do ano 2000.

O ponto de partida para efetuar as respectivas reduções foram as tarifas nominais de cada país, vigentes em 5 de agosto de 1994.

As listas de produtos de cada país compreendem:

a) os itens tarifários incluídos no Regime de Adequação, por país; b) a tarifa nominal total de cada item;

c) a margem de preferência inicial, em vigência a partir de 1º de janeiro de 1995 (Argentina e Brasil) e a partir de 1º de janeiro de 1996 (Paraguai e Uruguai);

d) as alíquotas que serão aplicadas a cada ano no comércio intra-MERCOSUL, até alcançar a alíquota zero;

e) quando seja necessário, as alíquotas que serão aplicadas a cada ano, no comércio com terceiros países, até alcançar uma alíquota definida na Tarifa Externa Comum; e

f) as quotas, quando aplicáveis.

A tarifa aplicada ao comércio intrazonal dos produtos compreendidos no Regime de Adequação não poderá ser superior à aplicada a terceiros países para a mesma classificação aduaneira.

Desse modo, nenhum gravame tarifário ou paratarifário deverá incidir sobre o comércio dos referidos produtos. Durante o período de vigência do Regime de Adequação, os países poderão retirar produtos de suas respectivas listas, assim como incluí-los novamente, ou aumentar as quotas estabelecidas inicialmente para a importação dos produtos que tiveram quotas fixadas, assim como reincluí-los nos seus níveis originais. Poderão, também, antecipar o tratamento previsto no cronograma de desgravação em relação aos produtos compreendidos em suas respectivas listas. A exclusão de produtos ou sua reintegração, assim como o aumento das quotas ou sua reintegração ao nível original, ou a antecipação do cronograma por algum dos países serão resultado de sua própria avaliação e decisão unilateral.

A referida decisão será comunicada às Partes com trinta dias de antecipação no caso de retirada de produtos, aumento de quotas ou aumento de preferências; e com sessenta dias de antecipação, no caso de reintegração de produtos, de retorno ao nível da quota original ou retorno ao nível de preferência correspondente, segundo o cronograma de desgravação. Os produtos retirados do Regime de Adequação gozarão da liberalização total de taxas à importação. Os produtos que sejam reintegrados receberão o tratamento tarifário que lhes corresponda, de acordo com a data de sua reintegração e com a estrita aplicação do cronograma.

(12)

12

Os países poderão recorrer até três vezes, para cada item tarifário da Nomenclatura Comum do MERCOSUL: reintegração ao Regime de Adequação, ao estabelecimento de quotas originais e ao retorno das preferências no cronograma de desgravação, decisão que não poderá ser modificada durante um ano.

5. ELIMINAÇÃODE RESTRIÇÕESE MEDIDASDE EFEITO EQUIVALENTE

5.1. Ajustes Gerais

Dentre os principais instrumentos estabelecidos pelo Tratado de Assunção para facilitar a constituição do Mercado Comum, pode-se citar o Programa de Liberalização Comercial, que determinou a eliminação, até 31 de dezembro de 1994, das taxas e demais restrições aplicadas no comércio intrazonal.

O Tratado define como restrições: “qualquer medida de caráter administrativo, financeiro, cambial ou de qualquer outra natureza, mediante a qual um Estado Parte impeça ou dificulte, por decisão unilateral, o comércio recíproco. Não estão compreendidas no referido conceito as medidas adotadas em virtude das situações previstas no Artigo 50 do Tratado de Montevidéu de 1980”.

A exceção refere-se às medidas destinadas à proteção da moralidade pública; à aplicação de leis e regulamentos de segurança; à regulamentação das importações de armas, munições e outros materiais de guerra e, em circunstâncias excepcionais, todos os demais artigos militares; à proteção à vida e a saúde das pessoas, aos animais e aos vegetais; à importação e exportação de ouro e prata metálicos; à proteção do patrimônio nacional de valor artístico, histórico ou arqueológico; e à exportação, utilização e consumo de materiais nucleares, produtos radioativos ou qualquer outro material utilizável no desenvolvimento ou aproveitamento de energia nuclear.

Os países do MERCOSUL fizeram o levantamento das restrições não- tarifárias aplicadas às suas importações e exportações recíprocas, decidindo a realização de um processo de harmonização que incluiria tanto a compatibilização geral das medidas envolvidas, como a eventual manutenção das restrições não- tarifárias de caráter não econômico, por razões devidamente justificadas, por algum ou alguns dos Estados Partes (Decisão nº 3/94 do CMC).

5.2. Identificação de restrições e processo de eliminação ou harmonização

A primeira providência foi a identificação das medidas que deveriam ser objeto de eliminação, distinguindo-as daquelas suscetíveis de um processo de harmonização e das que se podem manter ou estabelecer por estarem compre-endidas nos conceitos previstos no Art. 50 do Tratado de Montevidéu de 1980, envolvendo restrições não-tarifárias, de caráter não econômico, por razões justificadas.

Enquanto não se alcançar a total harmonização das restrições, os Estados Partes assumem o compromisso de não aplicar a seu comércio recíproco condições mais restritivas do que as vigentes para o comércio interno e externo.

Cabe assinalar que, pela Resolução nº 123/94, o Grupo Mercado Comum identificou uma série de restrições não-tarifárias cuja eliminação deveria efetuar-se antes de 31 de dezembro de 1994, e acordou que, no caso de medidas que requeressem trâmite no poder legislativo, esse trâmite deveria ser iniciado antes daquela data.

5.3. O Acordo de Alcance Parcial de Complementação Econômica nº 18

Assinado em 29 de novembro de 1991, pelos Plenipotenciários da Argentina, do Brasil, do Paraguai e do Uruguai, o ACE 18 reflete várias disposições do Tratado de Assunção e está de conformidade com as disposições do Tratado de Montevidéu de 1980 e com a Resolução n º 2 do Conselho de Ministros da ALADI, onde está protocolizado.

6. REGIMEDE ORIGEMDO MERCOSUL

6.1. Introdução

A emissão dos referidos certificados está a cargo de repartições oficiais dos Estados Partes, designadas por cada um deles, as quais poderão delegar sua competência a outros organismos públicos ou entidades de classe de nível superior, que atuem com jurisdição nacional, estadual ou municipal. Não obstante a delegação de sua competência, a repartição oficial em cada Estado Parte será responsável pelo controle dos certificados emitidos.

Cada Estado Parte deverá enviar comunicado à Comissão de Comércio sobre a repartição pública respectiva e as entidades de classe de nível superior habilitadas a emitir certificados de origem, com o registro e “fac-símile” das assinaturas dos funcionários credenciados para tal finalidade.

(13)

13

6.2. Campo de aplicação das regras de origem

O Oitavo Protocolo Adicional ao Acordo de Complementação Econômica nº 18 substituiu o regime geral de origem que regia o referido Acordo desde sua assinatura, incorporando diferentes disposições adotadas pelo Conselho de Ministros em Decisões específicas ditadas sobre a matéria (Decisões nº 6/94; 7/94; Art.12 número 2; e 23/94).

O Conselho de Ministros adotou uma primeira lista de produtos sujeitos à aplicação do Regime de Origem do MERCOSUL, com os requisitos de origem correspondentes (Decisão nº 5/96, Art. 1º ).

A referida Decisão faculta, desse modo, às Partes exigir o cumprimento do regime de origem em conformidade com o 8º Protocolo Adicional do ACE 18, a itens selecionados da tarifa.

Não obstante ter cumprido a identificação dos produtos submetidos às Regras de Origem do MERCOSUL, na atualidade os Estados Partes exigem o certificado de origem para todos os produtos que gozam de tratamento preferen-cial no intercâmbio intrazonal.

6.3. Critérios gerais para a qualificação de origem

O Regime de Origem do MERCOSUL estabelece diferentes critérios para qualificar a origem das mercadorias objeto do intercâmbio preferencial intra-MERCOSUL, que contemplam tanto as “produzidas” no território dos Estados Partes como as que, ademais de produzidas, devem satisfazer outros requisitos estabelecidos pelas Partes.

Entre os critérios gerais de qualificação, o Regime de Origem do MERCOSUL estabelece que serão considerados como originários:

a) os produtos elaborados integralmente no território de qualquer um dos Estados Partes, quando, em sua elaboração, forem utilizados, única e exclusivamente, materiais originários dos referidos Estados; b) os produtos dos reinos mineral, vegetal e animal, incluindo os de caça e pesca, extraídos, colhidos ou

recolhidos, nascidos e criados em seu território ou em suas águas territoriais, patrimoniais e zonas econô micas exclusivas; e os produtos do mar extraídos fora de suas águas territoriais, patrimoniais e zonas econômicas exclusivas, por barcos de sua bandeira ou arrendados por empresas estabelecidas em seu território, e processados em suas zonas econômicas, mesmo quando tenham sido submetidos a proces sos primários de embalagem e conservação necessários para sua comercialização, e que não impliquem mudança de classificação na nomenclatura;

c) os produtos em cuja elaboração se utilizem materiais não-originários dos Estados Partes, quando resultem de um processo de transformação realizado em seu território que lhes confira uma nova individualidade, caracterizada pelo fato de estarem classificados na Nomenclatura Comum do MERCOSUL, em posição diferente à dos mencionados materiais, exceto nos casos em que se considere necessário utilizar o critério de troca de posição tarifária mais um valor agregado de conteúdo regional de 60%; e

d) os produtos resultantes de operações de união ou montagem realizadas no território de um país do MERCOSUL, utilizando materiais originários de terceiros países quando o valor CIF porto de destino ou CIF porto marítimo desses materiais não exceda 40% do valor FOB (do produto terminado).

O Regulamento prevê que, nos casos em que o critério de troca de classificação tarifária não possa ser cumprido porque o processo de transformação operado não implica troca de posição na Nomenclatura Comum do MERCOSUL, bastará que o valor CIF porto de destino ou CIF porto marítimo dos insumos de terceiros países não exceda 40% do valor FOB das mercadorias em questão.

O Regulamento estabelece uma norma relativa à ponderação do valor CIF dos materiais originários de terceiros países para os Estados Partes sem litoral marítimo, em virtude da qual se considera como porto de destino, para efeitos da determinação do valor CIF das mercadorias originárias de terceiros países, “os depósitos e zonas francas concedidas pelos demais Estados Partes e quando os materiais cheguem por via marítima”.

Com a referida norma, consagra-se a possibilidade de que o país do MERCOSUL sem litoral marítimo deduza do valor CIF dos materiais importados de terceiros países o custo de transporte desde o porto marítimo de chegada das mercadorias até seu lugar de internação ou de destino.

Dessa forma não se computará, em nenhum caso, o frete de uma mercadoria destinada a Assunção, no Paraguai, que tiver chegado por via marítima, por exemplo, ao porto de Montevidéu, encontrando-se em depósito ou zona franca concedida pelo Uruguai ao Paraguai.

6.4. Requisitos específicos de origem

6.4.1. Adoção de requisitos específicos de origem

O Regulamento refere-se a uma categoria de produtos cuja qualificação como originários do território dos Estados Partes não surge da aplicação de qualquer dos critérios gerais analisados acima, e sim para cumprir determina-dos requisitos específicos, estabelecidetermina-dos por norma expressa das autoridades competentes do MERCOSUL.

(14)

14

Os requisitos específicos de origem prevalecem sobre os critérios gerais para a qualificação de um mesmo produto.

6.4.2. Utilização de materiais não-originários

O Regulamento admite a possibilidade de utilizar, na elaboração dos produtos finais a serem exportados, materi-ais não-originários dos Estados Partes, quando os requisitos específicos não possam ser cumpridos por problemas circunstanciais de abastecimento, disponibilidade, especificações técnicas, prazo de entrega e preço (Art. 5).

A norma obriga as autoridades habilitadas do Estado Parte exportador a emitir o certificado correspondente, que deverá ser acompanhado de uma declaração de necessidade expedida pela autoridade governamental competente, informando ao Estado Parte importador e à Comissão de Comércio os antecedentes e circunstâncias que justifiquem a expedição do referido documento.

Frente à contínua reiteração desses casos, o Estado Parte exportador ou o Estado Parte importador comunicará a situação à Comissão de Comércio com vistas a revisar o requisito específico.

6.4.3. Máxima utilização de materiais originários

O Regulamento estabelece que o critério de máxima utilização de materiais e outros insumos originários das Partes não poderá ser considerado para fixar requisitos que impliquem uma imposição de materiais ou outros insumos dos referidos Estados Partes, quando estes não cumpram as condições adequadas de abastecimento, qualidade e preço ou não se adaptem aos processos industriais ou tecnologias aplicadas (Art. 5 parágrafo 4).

6.5. Processos de elaboração insuficientes para a qualificação de origem

O Regulamento estabelece que não serão considerados originários os produtos resultantes de operações ou processos efetuados no território de um Estado Parte para que adquiram a forma final em que serão comercializados, quando nessas operações ou processos forem utilizados exclusivamente materiais ou insumos não- originários dos Estados Partes e consistam apenas em montagens ou união de partes, embalagens, divisão em lotes ou volumes, seleção, classificação, marcação ou composição de variedades de mercadorias ou simples diluições em água ou outra substância, que não alterem as características do produto como originário, ou outras operações ou processos equiva-lentes.

A norma é clara: não são originários os produtos que resultem de operações ou processos nos quais sejam utilizados exclusivamente materiais ou insumos não- originários dos Estados Partes e consistam apenas nas operações ou processos aos quais se refere expressamente.

6.6. Tratamento cumulativo

O Regulamento de Origem prevê a aplicação do tratamento cumulativo, dispondo que, para o “cumprimento dos requisitos de origem, os materiais originários do território de qualquer um dos países do MERCOSUL, incorporados a um determinado produto, serão considerados originários do território deste último” (Art. 7).

6.7. Conceito de expedição direta

Para ter acesso às vantagens do esquema preferencial do MERCOSUL, os produtores e exportadores das Partes deverão cumprir os requisitos de origem que qualificam seus produtos e as disposições relativas à sua expedição.

O Regulamento estabelece que as mercadorias deverão ter sido expedidas diretamente do Estado Parte exporta-dor ao Estado Parte importaexporta-dor e define a expedição direta da seguinte forma:

a) as mercadorias transportadas sem passar pelo território de algum país não- participante do MERCOSUL; b) as mercadorias transportadas em trânsito por um ou mais países não participantes, com ou sem transbordo ou

armazenamento temporário, sob vigilância de autoridade aduaneira competente em tais países, sempre que: ( i ) o trânsito estiver justificado por razões geográficas ou por considerações relativas a requerimentos de

transporte;

( ii ) não estiverem destinadas ao comércio, uso ou emprego no país de trânsito; e

( iii ) não sofram, durante o transporte ou depósito, qualquer operação distinta das de carga e descarga ou manipulação para mantê-las em boas condições ou assegurar sua conservação.

O Regulamento permite que o país importador aceite a intervenção de operadores de terceiros-países, registrados nos certificados de origem, desde que cumpridas as disposições relativas à expedição direta e emitida a fatura comercial pelas autoridades competentes do Estado Parte exportador.

(15)

15

6.8. Declaração, certificação e comprovação da origem

6.8.1. Entidades certificadoras

O certificado de origem é o documento que os Estados Partes anexam ao despacho aduaneiro das mercadorias e com o qual se atesta o cumprimento dos requisitos de origem em todos os casos submetidos à aplicação das normas do Regulamento de Origem do MERCOSUL.

As repartições públicas habilitadas para a certificação de origem das mercadorias ou atribuição de poderes para essa certificação são as seguintes:

Argentina

Ministerio de Economía, Obras y Servicios Públicos

Secretaría de Comercio e Inversiones – Subsecretaría de Comercio Exterior Hipólito Irigoyen nº 250, piso 11 – Oficina 1140

Buenos Aires

Fone: 349-5330/67 – Fax 3495595

Brasil

Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Secretaria de Comércio Exterior – SECEX

Praça Pio X Nº 54 - 11º piso – sala 1102 Cep 20 091-040 - Rio de Janeiro Fone: (021) 216 0258 / 253 7873 Fax: (021) 516 2193

Paraguai

Ministerio de Industria y Comercio Departamento de Comercio Exterior Avda. España 32d3 (Asunción) Fone: 27140/204793 – Fax: 210570

Uruguai

Ministerio de Economía y Finanzas Dirección General de Comercio Exterior Colonia N º 1206 – 2º piso (Montevideo) Fone: 9007195 / 9014115 – Fax: 9021726

No Brasil, normalmente, as Federações ou Confederações da Indústria, do Comércio ou da Agricultura estão habilitadas a emitir os referidos certificados.

6.8.2. Solicitações de certificação

O Regulamento de Origem do MERCOSUL estabelece que a solicitação de um certificado à entidade certificadora deve ser precedida de uma declaração juramentada ou outro instrumento jurídico de efeito equivalente - assinado pelo produtor final, em que se deve indicar as características e componentes do produto e o processo de sua elaboração, ademais de determinados dados de sua empresa.

A descrição do produto incluído na declaração do produtor deve coincidir com a que corresponde à Nomencla-tura do MERCOSUL, com a que se registra na faNomencla-tura comercial, e, obviamente, com a do Certificado do origem que acompanha os documentos apresentados para o despacho aduaneiro. Adicionalmente, poderá incluir a descrição usual do produto.

A declaração do produtor deve ser apresentada com antecipação suficiente à solicitação de certificação.

6.8.3. Vigência e prazo para a emissão do certificado do origem

Os certificados de origem têm uma vigência de cento e oitenta dias contados a partir da data de expedição pela entidade certificadora correspondente.

Sua emissão deverá ser feita exclusivamente no formulário registrado no 14º Protocolo Adicional do ACE 18. O certificado não poderá ser emitido com antecipação à data da fatura comercial correspondente, e sim nos sessenta dias seguintes à emissão da fatura, não podendo superar os dez dias úteis posteriores ao embarque definitivo da mercadoria.

(16)

16 6.8.4. Verificação e controle do certificado

As autoridades encarregadas da aplicação das normas no Estado Parte importador poderão requerer da entidade certificadora do Estado Parte exportador, responsável pela verificação e controle dos certificados, informações adicio-nais no caso de ter dúvidas com respeito à verificação e controle do certificado.

Não obstante, o Estado Parte importador não poderá deter o trâmite da importação podendo, em contrapartida, adotar as medidas que considere necessárias para garantir o tributo fiscal.

A entidade certificadora do Estado Parte exportador deve fornecer as informações solicitadas no prazo de 15 dias. Sua informação é confidencial e somente pode ser utilizada para esclarecer o caso específico. Se a informação requerida não for fornecida, ou for insuficiente, a administração aduaneira do país importador poderá determinar, como medida preventiva, a suspensão do ingresso de produtos da empresa em questão ou de operações vinculadas com a entidade certificadora envolvida (incluídas as que estiverem em trâmite aduaneiro). Os antecedentes serão submetidos imediata-mente à Comissão do Comércio, que deverá adotar decisão dentro de vinte dias corridos, contados a partir da data da comunicação recebida.

O Estado Parte importador pode verificar, por intermédio das autoridades competentes do Estado Parte exporta-dor, se um bem é originário, mediante:

(a) encaminhamento de questionários escritos, dirigidos ao produtor ou exportador do Estado Parte exportador; (b) solicitação ao Estado Parte exportador de gestões necessárias para facilitar-lhe visitas de verificação às instalações

do exportador, com o objetivo de examinar os processos produtivos, as instalações utilizadas na produção do bem, assim como outras ações que contribuam para a verificação de origem;

(c) outros procedimentos acordados pelos Estados Partes para facilitar a realização de auditorias externas recíprocas.

6.8.5. Das sanções por não cumprimento, adulteração e falsificação de certificados

O país receptor das mercadorias amparadas por certificados emitidos sem que se ajustem às disposições regula-mentares, ao verificar sua adulteração ou falsificação, poderá adotar as sanções que estime procedentes para preservar seu interesse fiscal ou econômico.

Nesse caso, a entidade emissora dos certificados compartilha a responsabilidade com quem os solicitou, no que se refere à autenticidade dos dados contidos nos referidos certificados e na declaração do produtor, responsabilidade que não lhe será imputada quando a entidade emissora demonstre ter expedido o certificado com base em informações falsas fornecidas pelo solicitante (fato que esteja fora de suas práticas usuais de controle). Comprovada a falsidade da declaração do produtor, o exportador não poderá realizar operações comerciais no âmbito do MERCOSUL pelo prazo de dezoito meses, sem prejuízo das sanções penais correspondentes conforme a legislação do seu país.

As entidades certificadoras, no que tange à emissão de certificados, poderão ser suspensas pelo prazo de doze meses. Em contrapartida, quando se comprovar a adulteração ou falsificação de certificados, as autoridades competen-tes do país exportador cancelarão a habilitação do produtor final ou do exportador para atuar no âmbito do MERCOSUL. A sanção poderá estender-se à entidade ou entidades certificadoras, quando as autoridades competentes do país assim julgarem.

(17)

17

CERTIFICADO DE ORIGEM DO MERCOSUL

- Declaramos que as mercadorias mencionadas no presente formulário foram produzidas no

BRA-SIL e estão de acordo com as condições de

ori-gem estabelecidas no Acordo de

Complementação Econômica nº 18.

1) Produtor final ou exportador (nome, endereço, país)

2) Importador

(nome, endereço, país)

7) Fatura Comercial (número) (data)

15) Declaração do produtor final ou do exportador:

Carimbo e Assinatura 9) Códigos NCM

4) Porto ou lugar de embarque previsto

8) Nº de ordem ( A ) 3) Consignatário (nome, país) Identificação do Certificado (número)

Entidade emissora do Certificado (nome, endereço, país)

10) Denominação das Mercadorias ( B ) 11) Peso líquido ou Quantidade 12) Valor FOB em dólares (US$) 14) Observações: CERTIFICAÇÃO DE ORIGEM

16) Certificação da Entidade Habilitada: - Certificamos a veracidade da declaração

que antecede, de acordo com a legislação vigente.

Carimbo e Assinatura 5) País de Destino das Mercadorias

6) Meio de transporte previsto

(18)

18 7. ACORDOS SETORIAIS

Ao estabelecer os propósitos, princípios e objetivos para a constituição de um mercado comum entre seus Estados Partes, o Tratado de Assunção previu que, durante o período de transição estabelecido para facilitar a consti-tuição, um dos principais instrumentos seriam os “acordos setoriais”, celebrados “com o fim de otimizar a utilização e mobilidade dos fatores de produção e de alcançar escalas operativas eficientes” entre as Partes (Tratado de Assunção, Art 5, alínea d).

Até o momento, entretanto, o Conselho do Mercado Comum somente definiu a criação de alguns grupos “ad-hoc”, com o objetivo de estudar o regime de adequação dos setores açucareiro e automotivo ao funcionamento da União Aduaneira, considerados de vital importância para a economia das Partes (Decisões n º 19/94 e 29/94).

7.1. Setor automotivo

7.1.1. Introdução

As assimetrias existentes no setor automotivo (entre as quais cabe citar a condição de grandes fabricantes que ostentam a Argentina e o Brasil frente aos demais Membros) e os programas de incentivos vigentes nos Estados Partes tornam a negociação dessa matéria um dos pontos mais complexos para a fixação de uma política comum.

7.1.2. Adequação a um regime automotivo comum

O regime comum para o setor automotivo deveria, conforme a Decisão nº 29/94, do Conselho Mercado Comum, conter (Artigo 6º):

a) a liberalização total do comércio intrazonal para os produtos do setor automotivo; b) uma tarifa aduaneira comum;

c) a ausência de incentivos nacionais que possam distorcer a competitividade na região; d) regime de importação de partes e peças para uso final dos produtores de peças; e) regime de importação de veículos;

f) índices de regionalização dos produtos dos Estados Partes; g) regras de proteção ao meio ambiente e de segurança do usuário; e

h) mecanismo de transição dos regimes nacionais para o regime comum, incluindo a harmonização dos mecanismos de promoção existentes.

A entrada em vigor do regime comum foi prevista para 1º de janeiro do ano 2000. Os Países-Membros chegaram a entendimento quanto à alíquota comum genérica de 35%, que deve vigorar a partir daquela data, para as importações originárias ou provenientes de terceiros países. Permanecem pendentes de solução, entretanto, temas importantes tais como índice de nacionalização das autopeças, compensação ao Paraguai e Uruguai que não dispõem de grandes montadoras, além da questão dos incentivos fiscais concedidos pelos Estados brasileiros com vistas à atração de investimentos de montadoras.

7.1.3. Acordo bilateral Brasil/Argentina

O Acordo entre o Brasil e a Argentina é o instrumento que atualmente regula a questão do setor automotivo no âmbito bilateral, até que se possa definir uma regra comum setorial. Pelo acordo, a Argentina reconhece as partes e peças de origem brasileira como nacionais, sempre que as mesmas forem compensadas com exportações conforme o regime automotivo argentino e com exportações para qualquer outro país.

As exportações de partes e peças argentinas para o Brasil seriam multiplicadas por um coeficiente de 1,2, a partir de 1º de janeiro de 1995, para compensar as partes importadas do Brasil. As partes e peças de origem brasileira destina-das ao mercado de reposição deveriam ser importadestina-das livremente, sem requisito de compensação, pagando tarifa intrazonal zero.

O Brasil, por sua vez, considerou como nacionais as autopeças argentinas, a fim de cumprir com o requisito do conteúdo nacional previsto para o então vigente programa brasileiro de carro popular. Ademais, os veículos fabricados na Argentina, que cumprissem com os requisitos exigidos no regime brasileiro de carro popular, receberiam, no Brasil, tratamento de produto nacional. Também se estabeleceu o livre comércio e tarifa zero para o intercâmbio de automóveis, caminhões e ônibus completos, para usuários finais.

O Brasil aceitou a vigência do regime automotivo argentino até 31 de dezembro de 1999, enquanto que a Argen-tina fez o mesmo a respeito do regime de carro popular e outras regulamentações, até 31 de dezembro de 1996.

As exportações argentinas para o Brasil alcançam, na atualidade, conforme o acordo bilateral entre ambos os países para as montadoras radicadas na Argentina, 40.000 unidades (a Argentina procura manter essa quantidade anual até o ano 2000). Por sua parte, a Argentina abriria seu mercado para 13.000 unidades oriundas de fábricas estabelecidas no Brasil que não tivessem produção similar na Argentina.

(19)

19 7.1.4. Acordo bilateral Argentina/Uruguai

O regime relativo ao setor automotivo argentino-uruguaio é regulado pelo Acordo de Complementação Econômi-ca nº 1, ao amparo do qual seus signatários procederam à formalização, na data de 13/08/97, do Quarto Protocolo Adicional, em que se estabelece o “Regime para o Comércio dos Produtos do Setor Automotivo”.

Dentre as principais disposições do referido regime, cabe destacar:

a) A Argentina assume o compromisso de autorizar, anualmente, a importação, com tarifa zero, de veículos originários e procedentes do Uruguai produzidos em fábricas autorizadas pela Direção Nacional de Indústria do Minis-tério da Indústria, Energia e Mineração, que cumpram os índices de conteúdo nacional e importado estabelecidos, até uma quota equivalente a 5% da produção automotiva argentina no ano imediatamente anterior. Dentro dessa quota, admitir-se-á um número de unidades da categoria B, que poderá ser revisada anualmente, reservando-se o resto da quota para veículos das posições NCM 8703 e das posições NCM 8704.21.90 e 8704.31.90, todos das categoria A, ambas as categorias definidas no Regime Automotivo argentino, no Artigo 3º do Decreto n º 2.677 do Poder Executivo Nacional, de 20/12/91.

A República da Argentina considerará como de origem nacional, de acordo com a regulamentação para a indústria automotiva, as autopeças e os veículos produzidos no Uruguai e importados ao amparo do Acordo, e de conformidade com as condições estabelecidas no Quarto Protocolo. Em razão do Protocolo e considerando os regulamentos estabe-lecidos na Argentina, pela Lei nº 21.930, aos veículos produzidos no Uruguai serão aplicados os mesmos tributos que incidem sobre os veículos com as mesmas características de fabricação argentina.

b) Com referência ao Uruguai, o país autorizará, anualmente, ao amparo do Quarto Protocolo, a importação com tarifa zero de veículos originários e procedentes da Argentina, produzidos em fábricas autorizadas pela Direção Nacional de Indústria da Secretaria de Indústria, Comércio e Mineração, que cumpram os índices estabelecidos de conteúdo nacional e importado, até alcançar uma quota a ser determinada a cada ano.

c) As Direções Nacionais da Indústria dos países signatários efetuarão a distribuição da quota de exporta-ção, acordada para cada ano, entre as empresas instaladas em cada país e comunicarão à Direção Nacional de Indústria do outro país signatário.

d) As normas de origem aplicáveis ao comércio recíproco de produtos do setor automotivo serão aquelas relativas ao conteúdo nacional e importado do Regime Automotivo argentino.

7.1.5. Acordo bilateral Brasil/Uruguai

O regime que regula o comércio do setor automotivo entre o Brasil e o Uruguai, incluído no Acordo de Complementação Econômica nº 2, tem sido objeto de diferentes modificações, todas elas formalizadas em Protocolos Adicionais ao Acordo original. O Protocolo relativo ao ano de 1997 define, entre outros aspectos, as quotas de importação de veículos relativas a cada uma da Partes, da seguinte forma:

a) Brasil outorga ao Uruguai uma quota de 13.000 veículos classificados nas posições 8702, 8703 e 8704, para qualquer categoria.

b) Uruguai outorga ao Brasil, para o mesmo ano, uma quota de 4.000 unidades de veículos classificados nas posições 8703 e 8704 para unidades de até quatro mil quilos de peso bruto total.

c) Como norma de origem, a percentagem fixada é de 60/40% para os modelos em produção; de 55/45% para os novos modelos;

d) a percentagem de peças de origem regional aplicável aos modelos em produção se estabelece em 25%. Cabe ainda assinalar que o regime para a regulamentação do comércio automotivo entre os dois países foi formalizado no Décimo Sétimo Protocolo Adicional do Acordo Original, de 12/07/93.

7.2. Setor Açucareiro

A Decisão nº 7/94 do CMC, em seu Artigo 10, determinou a constituição de um grupo “ad-hoc” encarregado de estudar o regime de adequação do setor, no âmbito da União Aduaneira.

Pela Decisão nº 19/94 o Conselho do Mercado Comum resolveu renovar o mandato delegado ao grupo “ad-hoc”, com vistas a definir um regime para a adequação do setor açucareiro no MERCOSUL, ou seja, Tarifa Externa Comum e livre comércio intrazonal até o ano de 2001. Assim, o setor tem permanecido excluído do regime de adequação, que prevê desgravações lentas e graduais até o ano de 2001 ou de 2006, segundo os produtos.

O grupo “ad-hoc” “deveria apresentar ao Grupo Mercado Comum, até 1º de novembro de 1995, uma proposta para o setor açucareiro”. A referida proposta deveria ter os seguintes parâmetros:

(20)

20

a) a liberalização gradual do comércio intra-MERCOSUL para os produtos do setor açucareiro; e

b) a neutralização de distorções que possam resultar de assimetrias entre as políticas nacionais para o setor açucareiro.

A partir de 1º de janeiro de 1995 e até a aprovação final do regime para o setor, os Estados Partes poderão aplicar suas proteções nominais totais ao comércio intrazonal e às importações provenientes de terceiros países. Em nenhum caso as proteções nominais totais incidentes sobre o comércio intrazonal (incluindo a tarifa “ad-valorem” e outras taxas tarifárias ou paratarifárias) poderão ser superiores à proteção nominal total incidente sobre importações provenientes de terceiros países. São os seguintes os produtos sujeitos à aplicação das proteções nominais totais:

a) açúcar de cana em bruto sem adição de aromatizantes ou colorantes (NCM 1701. 11.00); b) açúcar de beterraba sem adição de aromatizantes ou de colorantes (NCM 1701. 12.00); c) os demais açúcares adicionados de aromatizantes ou de colorantes (NCM 1701. 91.00) ; e d) os demais açúcares (NCM 1701.99.00).

Cabe salientar, nesse quadro, que o Governo argentino aprovou lei que estabelece imposto de importação da ordem de 23% sobre o açúcar brasileiro vendido na Argentina, alegando incentivos concedidos pelo PROÁLCOOL.

8. REGIMEDESOLUÇÃODECONTROVÉRSIASDO MERCOSUL

A adoção de mecanismo regional de solução de controvérsias obedece, em definitivo, a inadiável necessidade de dispor de um sistema que: controle a aplicação das normas emanadas de um Tratado ou de um Acordo; resolva as controvérsias sobre o cumprimento das obrigações e compromissos assumidos pelos países-membros; e interprete os princípios que configuram sua estrutura jurídica.

8.1. Âmbito de aplicação

O procedimento de solução de controvérsias está contido em dois documentos: Protocolo de Brasília e Anexo ao Protocolo de Ouro Preto.

O Artigo 1º do Protocolo fixa as normas a que os Estados Partes estão obrigados e cuja inobservância determina uma falta de cumprimento das disposições do Tratado de Assunção, dos acordos celebrados ao amparo do referido Tratado, das decisões do Conselho Mercado Comum, das resoluções do Grupo Mercado Comum e das Diretrizes da Comissão de Comércio.

8.2. Procedimentos para a solução de controvérsias

8.2.1. Entre Estados

8.2.1.1. Etapas do procedimento

O mecanismo de solução de controvérsias entre Estados, regulado pelo Protocolo de Brasília, desenvolve-se em três etapas, cada uma das quais é pressuposto necessário e obrigatório da seguinte.

••••• Negociações diretas: o Protocolo prevê um prazo máximo de duração de quinze dias, contados a partir da data em

que uma das Partes levantar a controvérsia.

••••• Intervenção do Grupo Mercado Comum: fracassada a instância anterior, o Protocolo habilita qualquer um dos

Estados Partes a recorrer ao Grupo Mercado Comum. O órgão avaliará a situação, ouvirá as Partes e, sempre que considere necessário, poderá recorrer à designação de especialistas para que o assessorem sobre a controvérsia. Esta instância prevê o máximo de trinta dias, ao término dos quais o Grupo Mercado Comum formulará recomenda-ções aos Estados Partes envolvidos na controvérsia, para a solução da questão.

••••• Procedimento de arbitragem: o procedimento se consubstancia perante um tribunal “ad hoc” composto de três

árbitros, cuja competência não é, pois, de caráter permanente. O Estado Parte que resolva iniciar o procedimento deverá comunicar à Secretaria Administrativa sua intenção de recorrer ao mesmo, a qual, por sua vez, deverá comunicá-lo aos Estados restantes envolvidos na controvérsia e ao Grupo Mercado Comum.

8.2.1.2. Procedimento arbitral

a) Legitimação

Tanto a legitimação ativa como a passiva ficam limitadas aos Estados Partes, únicos participantes e demandantes deste procedimento.

b) Objeto

A controvérsia pode versar sobre a interpretação, aplicação ou sobre o não- cumprimento das disposições contidas no Tratado de Assunção e nos acordos celebrados no seu âmbito, nas decisões do Conselho Mercado Comum, nas resoluções do Grupo Mercado Comum e nas Diretrizes da Comissão de Comércio.

(21)

21

c) Trâmite

Cumpridas as duas fases prévias, pode-se constituir um Tribunal Arbitral, por iniciativa de qualquer uma das Partes envolvidas na controvérsia, através da Secretaria Administrativa.

O Tribunal é integrado por três árbitros designados a partir de uma lista elaborada por todos os Estados, um de cada Parte envolvida na controvérsia e um terceiro, escolhido de comum acordo, que presidirá o Tribunal e não poderá ter nacionalidade de nenhum Estado envolvido. Os árbitros deverão ser juristas de reconhecida competência na matéria objeto da controvérsia.

O Tribunal poderá adotar medidas provisórias em caso de urgência, para prevenir danos graves e irreparáveis a alguma das Partes.

O Artigo 19 do Protocolo estabelece a legislação a que deve recorrer o Tribunal Arbitral para dirimir a controvér-sia, isto é, as disposições do Tratado de Assunção, os Acordos celebrados ao seu amparo, as Decisões do Conselho do Mercado Comum, as Resoluções do Grupo Mercado Comum e as Diretrizes da Comissão de Comércio. A jurisprudência e a doutrina vigentes admitem como fontes de direito aplicáveis à solução de controvérsias também os princípios gerais de Direito comunitário e, em sua ausência, os Princípios Gerais do Direito Internacional.

O prazo para emitir o laudo é de sessenta dias, prorrogáveis por trinta dias. A sentença será adotada pela maioria, devendo ser justificada e assinada por todos seus integrantes. Não se admite a justificativa de voto dissidente.

d) Efeitos do laudo arbitral

A sentença é inapelável e obrigatória para os Estados Partes envolvidos, a partir do recebimento da respectiva notificação. O laudo deve ser cumprido no prazo máximo de quinze dias e, se não for cumprido, o Artigo 23 do Protocolo estabelece a possibilidade de aplicar medidas compensatórias, tais como a suspensão de concessões ou outras medidas equivalentes, para seu cumprimento. A equivalência das medidas compensatórias deve ser estabelecida em função da gravidade do prejuízo provocado e do grau de não cumprimento cometido pelo Estado omisso.

Dentro do prazo de quinze dias, admite-se a possibilidade de solicitação de esclarecimento ou informações sobre a interpretação, o que não significa modificar os termos do laudo. A solicitação deverá ser respondida dentro dos quinze dias subseqüentes. Se o Tribunal Arbitral considerar que as circunstâncias o exigem, poderá suspender o cumprimento do laudo até que se decida sobre a solicitação apresentada.

8.2.2. Reclamações de Particulares

a) Legitimação

Este procedimento reservado aos particulares (pessoas físicas ou jurídicas) aplicar-se-á às reclamações efetuadas em razão da sanção ou utilização, por qualquer dos Estados Partes, de disposições que violam as Normativas MERCOSUL.

b) Objeto

O procedimento constitui uma reivindicação motivada pela sanção ou aplicação de medidas legais ou administra-tivas, de efeitos restritivos, discriminatórias ou de competição desleal, que violem o Tratado de Assunção, os Acordos celebrados a seu amparo, as Decisões do Conselho do Mercado Comum, as Resoluções do Grupo Mercado Comum ou as Diretrizes da Comissão de Comércio, ainda que não se apliquem a um caso concreto.

Salienta-se, entretanto, que a ação é dirigida unicamente contra medidas legais ou administrativas, tendo âmbito mais limitado do que o previsto para o procedimento entre Estados.

c) Procedimento

Os particulares deverão formalizar as reclamações perante a Seção Nacional do Grupo Mercado Comum do Estado Parte onde tenha sua residência ou a sede de seus negócios. A Seção Nacional de um país é constituída pelos quatro membros titulares e seus respectivos substitutos, que integram o Grupo Mercado Comum. Os particulares deverão fornecer elementos que permitam à referida Seção Nacional determinar a veracidade da violação e a existência ou ameaça do prejuízo.

A Seção Nacional que tenha admitido a reclamação poderá, em consulta com o particular afetado, estabelecer contatos diretos com a Seção Nacional do Estado a que se atribui a violação, a fim de alcançar uma solução imediata, ou elevar a reclamação, sem outros trâmites, ao Grupo Mercado Comum.

Se a Seção Nacional — de conformidade com o particular — tiver optado por estabelecer contatos diretos e não tiver obtido resposta em quinze dias, a Seção, por solicitação do particular afetado, poderá encaminhar a reclamação ao Grupo Mercado Comum.

O GMC avaliará os fundamentos sobre os quais se baseou a admissão pela Seção Nacional e, se concluir que não estão reunidos os requisitos necessários para dar-lhe curso, recusará a reclamação sem mais exame.

Por outro lado, se o GMC não rejeitar a reclamação, procederá de imediato à convocação de um grupo de especialistas que deverá emitir um parecer sobre sua procedência, no prazo improrrogável de trinta dias, a partir da sua designação.

(22)

22

O parecer dos especialistas é submetido ao Grupo Mercado Comum e não tem caráter obrigatório: se no mesmo se verificar a procedência da reclamação formulada contra um Estado, qualquer outro Estado poderá requerer-lhe a adoção de medidas corretivas ou a anulação das medidas questionadas. Se esse requerimento não for atendido, o Estado Parte que o formulou poderá recorrer diretamente ao procedimento arbitral.

(23)

23

solicitação de qualquer uma das Partes

- audiência com as Partes em reunião do GMC

- assessoria de especialistas

- medidas de urgência

- inapelável

- força de coisa julgada 60 dias (prorrog. + 30)

DIAGRAMA DO FLUXO DE PROCEDIMENTOS PARA A SOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIAS ENTRE ESTADOS

negociações diretas intervenção do GMC recomendações do GMC procedimento arbitral constituição do Tribunal Arbitral (3 árbitros) laudo arbitral notificação esclarecimentos adicio-nais sobre a sentença

cumprimento da sentença ou decisão não cumprimento: medidas compensatórias 15 dias 15 dias 30 dias

(24)

24 DIAGRAMA DO FLUXO DE PROCEDIMENTOS PARA A

SOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIAS DOS PARTICULARES

Seção Nacional do GMC reclamação de particulares aporte de provas pelos particulares aceitação da reclamação, pela Seção Nacional

consulta à Seção Nacional do Estado que iniciou a violação

convocação de especialistas

Parecer

se procedente se não procedente

qualquer Estado Parte pode pedir medidas

corretivas

não-cumprimento: fase arbitral

cap. 4, Protocolo de Bra

intervenção do GMC

recusada por unanimidade com a concordância dos particulares é encaminha-da a reclamação

15 dias

Referências

Documentos relacionados

Após a limpeza, desinfecção, realizada após cada uso do produto, todos as caixas e bandejas cirúrgicas devem ser submetidos a uma inspeção técnica, para garantir que

Realização de inspeção visual e emissão de relatório técnico com parecer sobre as condições de segurança e comportamento das barragens e estruturas civis

O benefício consistente na possibilidade de depreciar integralmente, no próprio ano de aquisição, os bens do ativo imobilizado, exceto a terra nua, adquiridos por pessoa jurídica

Trabalho realizado pelo Grupo de Coluna Vertebral do Pavilhão “Fernandinho Simonsen” do Departamento de Ortopedia e Traumatologia, Faculdade de Ciências Médicas, Santa Casa

Todas estas referências - tanto dos dicionários quanto das enciclopédias gerais e de música - são muito carentes de informação sobre o estilo musical do siriri

Este estudo pretende avaliar se o uso de salbutamol inalatório através de ID acoplado a espaçadores de grande volume com tratamento antiestático na prova broncodilatadora modifica

• Funcionamento em on-line: quando o equipamento estiver operando em modo on-line, é permitido realizar o cadastro de inúmeras escalas, tabelas de horário e matrículas para lista de

Foram selecionados, de forma voluntária, asmáticos persistentes em tratamento regular de manutenção, que não participaram previa- mente de programas educacionais e