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2.6 DIAGNÓSTICO

2.6.2 Exames de diagnóstico por imagem

2.6.2.1 Radiografia

A radiografia pode auxiliar em casos suspeitos da doença onde microfilárias não foram demonstradas nos exames laboratoriais (CICARINO, 2009).

Radiografias torácicas podem auxiliar na avaliação do estado cardiopulmonar do animal doente. Doenças tromboembólicas são comuns em cães infectados por Dirofilaria

immitis que apresentam sinais clínicos e que possuem sinais radiográficos de obstrução na

artéria pulmonar (AHS, 2018).

O exame radiográfico é o método mais objetivo de avaliar a gravidade da doença cardiopulmonar secundária a infecção do parasita e os sinais típicos são dilatação e aspecto tortuoso dos vasos, com obstrução dos ramos periféricos intralobares e interlobulares das artérias pulmonares (figura 13). Conforme a gravidade da infecção e aumento da cronicidade da doença, os sinais de doença pulmonar arterial são evidenciados nos ramos maiores (figura 14) e nos casos muito graves, o coração direito pode apresentar se dilatado (AHS, 2018).

Figura 13 – Radiografias lateral (A) e dorsolateral (B) de doença moderada de dirofilariose.

Fonte: AHS, 2018.

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Figura 14 – Radiografias lateral (A) e dorsolateral (B) de um cão da raça Pastor Alemão com dirofilariose avançada. É possível ver o aumento das artérias pulmonares, especialmente na vista

dorsoventral (ponta de setas).

Fonte: NELSON e COUTO, 2015.

No início da doença, o exame radiográfico pode apresentar-se normal, porém, em animais infectados com elevada carga de parasitas, as alterações mais atribuídas são o aumento do ventrículo direito, tortuosidade e dilatação acentuada das artérias pulmonares, principais e lombares, obstrução das artérias pulmonares periféricas e doença perivascular (CICARINO, 2009).

2.6.2.2 Ecocardiografia

No exame ecocardiográfico é mais comum encontrar hipertrofia de parede, dilatação ventricular direita e ecodensidades paralelas lineares, nas artérias pulmonares, no ventrículo e átrio direitos. Nos cães com infecção grave é mais comum a hipertrofia ventricular direita e distúrbios do ritmo cardíaco (CICARINO, 2012)

É altamente ecogênica a parede do corpo de nematoides adultos, sendo possível observar todo o parasita. O ecocardiograma pode fornecer a evidencia definitiva de dirofilariose, também, desta forma, permitir a avaliação das consequências patológicas cardíacas causadas pela doença (figura 15). No entanto, em cães com baixa carga parasitária, onde os nematoides são localizados nos ramos periféricos das artérias pulmonares, a

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ecocardiografia não é um método eficiente de diagnóstico (AHS, 2018). Por outro lado, quando a carga parasitaria é alta, é fácil a observação de um aglomerado de parasitas no interior do coração (SALGUEIRO, 2016).

Figura 15 – Imagem ecocardiográfica de coração de paciente com dirofilariose. Observa-se a artéria pulmonar (PA) aumentada e visualização da aorta (Ao) e átrio direito (RA).

Fonte: AHS, 2018.

2.6.2.3 Eletrocardiograma

É comum o eletrocardiograma de um cão com dirofilariose se apresentar sem alterações, mesmo que a doença avançada possa causar arritmia ou desvio do eixo direito (SALGUEIRO, 2016).

Em quadros de a doença ser severa, pode se observar padrões de hipertrofia ventricular direita (no ecocardiograma) adjunto de distúrbios no ritmo cardíaco no eletrocardiograma (CICARINO, 2009).

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2.7.1 Tratamento médico

Os pilares para o tratamento da dirofilariose em pequenos animais são a terapia adulticida com malarsomina e a profilaxia com lactonas macrocíclicas, além da remoção cirúrgica do verme (SALGUEIRO, 2016).

2.7.1.1 Tratamento adulticida

Como regra geral, recomenda-se o tratamento adulticida para cães infectados com dirofilária. O di-hidrocloreto de melarsomina (Immiticide®) é o adulticida de escolha (figura 16), sendo eficaz contra os vermes do coração imaturos e maduros e é atualmente recomendado o uso para todos os cães infectados por dirofilárias, não somente os casos mais graves (NELSON e COUTO, 2015). É a única droga adulticida aprovada pela Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA), que é administrada por injeção intramuscular (IM) profunda na musculatura epaxial lombar, entre as vertebras lombares L3 e L5. É extremamente necessário a restrição do exercício físico durante o período de recuperação para minimizar as complicações cardiopulmonares (AHS, 2018).

O protocolo do Immiticide® para casos de classe 3 (grave) é de três doses (dose inicial, outra após 24 horas e outra após um mês ou mais) inclui mais gastos, maior exposição ao arsênico e requisito de restrição a exercício mais prolongada, porém, esse protocolo faz com que metade dos vermes morra na primeira dose e após as outras duas doses, 98% dos vermes estejam mortos. O protocolo de duas doses é uma opção para casos menos graves (classes 1 e 2), quando o proprietário não possui recursos financeiros e quando há doença renal ou hepática (já que há maior potencial de toxicidade por arsênico). Mesmo assim, este protocolo em duas doses eliminará até 90% dos vermes adultos e é possível a melhora clinica sem eliminação total dos vermes (NELSON e COUTO, 2015).

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Figura 16 – Caixa de 5 frascos de Immiticide® de 50mgr com diluente.

Fonte: http://portalmascota.net/pt/2639-immiticide-5-frascos-de-50-mgr.html

O uso de outros medicamentos como levamisol não mata os vermes adultos do coração, mas tem relativa eficácia com vermes machos e pode esterilizar os vermes fêmeas adultas (NELSON e COUTO, 2015).

2.7.1.2 Terapia microfilaricida

Para cães que possuem microfilárias circulantes, o tratamento específico pode ser fornecido de 3 a 4 semanas após a terapia adulticida, mas não é necessário, devido ao efeito microfilaricida gradual dos medicamentos preventivos mensais (NELSON e COUTO, 2015). Os fármacos preventivos comercializados atualmente são ivermectina, milbamicina oxima, moxidectina e selamectina (tabela 1), os quais pertencem a classe das lactonas macrocíclicas (AHS, 2018).

É preferível o tratamento preventivo com uso de ivermectina oral (50µg/kg) ou milbemicina oxima. Doses preventivas de moxidectina e selamectina também matam microfilárias, mas em velocidade diminuída (NELSON e COUTO, 2015).

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Tabela 1 – Fármacos atualmente disponíveis para profilaxia da dirofilariose em cães.

Fármaco Dose Administração

Ivermectina 6-12 mg/kg Mensal-Oral

Oxima Milbemicina 0,5-1 mg/kg Mensal-Oral

Moxidectina 3 mg/kg Mensal-Oral

Selamectina 6-12 mg/kg Mensal-Tópico

Fonte: SALGUEIRO, 2016.

Os medicamentos preventivos mensais a base de lactona macrocíclica reduzem e eliminam a microfilaremia, porque impedem a função reprodutiva das fêmeas e, consequentemente, dos machos. A maioria dos machos se torna amicrofilarêmico no período de 6 a 8 meses após o início do tratamento com esses medicamentos (NELSON e COUTO, 2015).

Após o uso da terapia microfilaricida específica pode causar morte rápida de muitas microfilárias causando efeitos sistêmicos em 3 a 8 horas após a primeira dose, levando a sinais de letargia, salivação excessiva, inapetência, ânsia de vômito, palidez, defecação e taquicardia que normalmente são efeitos leves (NELSON e COUTO, 2015), mas em cães com alto número de microfilárias, podem serem acometidos por um colapso sistêmico e para reduzir riscos, pode ser usada terapia prévia com glicocorticoides (prednisona) e anti-histamínicos, os quais também ajudam a controlar sinais de tromboembolismo pulmonar (AHS, 2018).

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