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Radioterapia

No documento Tese Rita Zef._VF 5.5.19 (páginas 36-39)

I. INTRODUÇÃO

1. Carcinoma das Células Escamosas

1.5. Opções Terapêuticas para tratamento do CCE Cutâneo e Oral

1.5.3. Radioterapia

Quando a cirurgia não é uma opção devido a limitações anatómicas ou à preferência do tutor, a radioterapia deve ser uma modalidade terapêutica a considerar (Turek & Pellin,

2016). A principal desvantagem desta modalidade terapêutica é a disponibilidade limitada, o custo associado e a necessidade de realização sob efeito de anestésicos (Thomson, 2007).

No caso do CCE cutâneo está descrita a utilização de radioterapia em lesões no plano nasal (Goodfellow et al., 2006; Hammond et al., 2007). O CCE oral felino, devido à rápida taxa de crescimento, tende a responder à radioterapia. No entanto, as células neoplásicas resistentes à radiação tendem a repovoar rapidamente o local após o tratamento (Thrall, & LaRue, 1995). Sendo assim, dada a sua natureza agressiva e a fraca resposta a protocolos radioterápicos com intenção curativa, geralmente são utilizados protocolos radioterápicos com intenção paliativa (Evans et. al., 1991; Fidel et al., 2007; Bregazzi et al., 2011; McDonald et

al., 2012; Turek & Pellin, 2016).

Tanto nos CCE cutâneos como orais, está descrita a utilização de braquiterapia e radioterapia de feixe externo.

Nos CCE cutâneos, a utilização de braquiterapia com radiação de estroncio-90 beta (Sr-90) está descrita em lesões superficiais de CCE do plano nasal com estadio Tis, T1 e T2, no

entanto Murphy (2013) sugere que este tipo de terapia pode ser aplicada com sucesso também em lesões de CCE palpebral. A braquiterapia tem como principal vantagem o facto de não agredir o tecido não neoplásico e de poder ser facilmente repetida. O animal é submetido a anestesia geral e é utilizado um aplicador impregnado com Sr-90 que entra em contacto com a lesão por um determinado período de tempo de modo a fornecer a dose de radiação predefinida (Murphy, 2013). No estudo realizado por Goodfellow et al. (2006) foi aplicada uma dose total de 50 Gy em cinco frações ao longo de dez dias, a 15 gatos com lesões superficiais de CCE no plano nasal (estadios Tis e T2). Treze gatos obtiveram remissão

completa com duração mediana de 692 dias. O estudo realizado por Hammond et al. (2007) que incluiu uma amostra maior de gatos (n=49) com lesões superficiais de CCE no plano nasal, submetidos a tratamento com Sr-90 (uma única fração ou múltiplas aplicações sobrepostas a uma dose mediana de 128 Gy), verificou que 43 gatos apresentaram remissão completa com uma duração mediana de 1071 dias. Neste estudo, 16 gatos desenvolveram novas lesões com localização diferente da inicial, o que se considera expectável, uma vez que todo o plano nasal esteve sujeito ao mesmo factor de risco. Recentemente, foi descrita a aplicação de Sr-90 em CCE orais em dois gatos, em que a dose superficial por tratamento variou de 75 a 150 Gy e a dose total variou de 200 a 500 Gy. Este estudo obteve um tempo de sobrevivência de cinco anos e nove meses num dos gatos e de sete meses no outro. No entanto, este estudo é bastante limitado uma vez que a amostra é reduzida, os gatos não foram

avaliados de forma padronizada, a dose e o tipo e número de tratamentos entre os gatos variou, sendo que, um dos gatos, para além da radioterapia também realizou quimioterapia com mitoxantrona e piroxicam (Nagata et al., 2011).

Relativamente à utilização da radioterapia de feixe externo está descrita a sua utilização em CCE do plano nasal e periocular de estadios Tis, T1, T2, T3 e T4. Esta terapia,

comparativamente com a cirurgia, apesar de ser menos comprometedora do ponto de vista estético, está associada a uma maior taxa de recorrência (Murphy, 2013). O estudo de Théon,

et al. (1995) que incluiu 90 gatos com CCE do plano nasal submetidos a radioterapia

(ortovoltagem, 40Gy, dez fracções de 4 Gy) verificou que 60% dos gatos estavam vivos um ano após o tratamento e que o estadio estava diretamente relacionado com estes resultados, uma vez que 85% dos gatos com estadio T1 estavam vivos um ano após o tratamento,

comparativamente com apenas 45,5% dos gatos com estadio T3. Num estudo mais recente,

realizado por Melzer et al. (2006), em que foram avaliados 17 gatos com CCE no plano nasal e periocular (seis de estadio T2b, cinco de estadio T1b, três de estadio T1a e três de estadio T2a)

submetidos a radioterapia de feixe externo (48 Gy, dez frações de 4,8 Gy ao longo de cinco dias consecutivos), verificou-se que 16 gatos, obtiveram remissão completa com uma duração mediana de 414 dias. Também está descrita por Trivillin (2007) a remissão parcial dos três gatos incluídos no estudo, com lesões avançadas de CCE no plano nasal, submetidos a terapia de captura de neutrões pelo boro. Já um estudo em que foi utilizada radioterapia com protões (40 Gy, oito frações iguais durante quatro dias consecutivos) em 15 gatos com CCE no plano nasal, obtiveram-se nove remissões completas e cinco remissões parciais, sendo que um dos animais não respondeu ao tratamento. O estudo verificou ainda que 64% dos animais estavam livres de doença um ano após o tratamento, sendo que obtiveram uma mediana de sobrevida de 946 dias (Fidel, 2001).

Em CCE orais, a utilização de radioterapia de feixe externo como terapia única não parece obter resultados duradouros, independentemente do local ou protocolo utilizado, uma vez que, apesar das neoplasias responderem inicialmente, recidivam rapidamente (Bregazzi et

al., 2001). Este estudo sugere ainda que a principal desvantagem da aplicação deste protocolo

de radioterapia são os efeitos adversos induzidos pela radiação (Bregazzi et al., 2001). Num estudo em que 21 gatos com CCE oral (estadios T1N0M0 a T3N0M0) foram tratados com uma

dose total de 48 Gy (dez frações diárias de 4,8 Gy), verificou-se que sete gatos apresentaram remissão completa e cinco gatos apresentaram remissão parcial. A mediana de tempo livre de doença foi de 105 dias e a mediana de sobrevida foi de 174 dias (Poirier et al., 2013). Fidel et

al., (2007) reportaram, em nove gatos com CCE oral (14 frações de 3,5 Gy duas vezes ao dia

durante 9 dias), seis remissões parciais e três remissões completas, com uma mediana de sobrevida de 86 dias.

No documento Tese Rita Zef._VF 5.5.19 (páginas 36-39)

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